terça-feira, 18 de maio de 2010

Dar prioridade à agricultura para eliminar fome

Dom Renato Volante, observador permanente da Santa Sé na Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura, propôs dar prioridade à agricultura para eliminar a fome, na 31ª Conferência Regional da FAO para a América Latina e Caribe, realizada na Cidade do Panamá, de 26 a 30 de abril. O representante vaticano disse que "a garantia da segurança alimentar continua sendo um tema central" e realçou que nesta região há sinais positivos "que demonstram a eficácia das estratégias gerais de desenvolvimento rural, das políticas de reforma agrária e das várias iniciativas atuais em áreas concretas que buscam eliminar a fome e a desnutrição".
Tudo isso, reconheceu, tem sido possível pelo esforço combinado dos governos e da FAO, como também do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e do Programa Mundial de Alimentação (PAM), e permite à região "apresentar um nível de insegurança alimentar menos preocupante, com relação a outras situações regionais, embora não possamos nos esquecer das necessidades relacionadas à segurança alimentar em toda a área".
Neste sentido, fez alusão à atual situação do Haiti, que "convida todos os países à responsabilidade de proteger as populações mais pobres do iminente e constante risco da fome".
O prelado assinalou que no compromisso futuro "parece emergir com maior força o papel central da agricultura na atividade econômica e sua contribuição decisiva para um desenvolvimento realmente sustentável".
E sublinhou que "a Santa Sé está convencida de que a falta de atenção para tal orientação pode limitar os resultados esperados, principalmente onde prevalece o subdesenvolvimento, a desnutrição e a degradação ambiental".
Lembrou que, com as exigências do mundo rural, duas perguntas importantes se conectam. Em primeiro lugar, "a proteção dos ecossistemas agrícolas e florestais, condicionados às mudanças climáticas, aos quais se atribui eventos fora de época ou a rápida desertificação que está atingindo também áreas que eram imunes até então".
Em segundo lugar, "o papel crescente das novas técnicas de trabalho agrícola e o apoio que recebem". "A pesquisa - especificou - deve buscar o reforço da produção agrícola por causa da demanda crescente por alimentos, sem esquecer jamais que o uso dos alimentos é, como a própria palavra indica, a alimentação; e também reconhecendo a sustentabilidade da produção agrícola e a proteção do meio ambiente".
O representante vaticano agradeceu a atenção prestada pela conferência à propriedade familiar agrícola e a sua função como sujeito econômico. Mas advertiu que "isso não deve fazer esquecer que a família rural, além de participar diretamente dos processos e decisões, deve ser considerada em sua realidade natural, que a configura como detentora de valores, de senso de solidariedade, de amor ao mais fraco e, ao mesmo tempo, como garantia do uso de métodos de produção que correspondam às características do território e dos ecossistemas".
Concluiu reiterando a "prontidão da Igreja Católica, de suas conhecidas estruturas e formas de organização" para contribuir com o esforço da FAO, conscientes - disse, mencionando a encíclica Caritas in Veritate - de que "eliminar a fome no mundo se tornou, na era da globalização, uma meta a se perseguir para salvaguardar a paz e a estabilidade do planeta".

Fonte: Zenit.

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