quinta-feira, 30 de junho de 2011

CNBB saúda Bento XVI pelos 60 anos de ordenação sacerdotal

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, enviou mensagem de saudação ao papa Bento XVI pelos 60 anos de sua ordenação sacerdotal comemorados nesta quarta-feira, 29, festa dos apóstolos Pedro e Paulo.

Veja a íntegra da carta


Aparecida, 29 de junho de 2011


Beatíssimo padre,

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB se une a toda a Igreja, em ação de graças, pela celebração do 60º aniversário de ordenação sacerdotal de Vossa Santidade.

A CNBB louva e bendiz ao Senhor da messe pelo dom de sua vocação sacerdotal e pela sua generosa e incondicional resposta a este chamado, que culminou, pelo desígnio da Providência, com a eleição de Vossa Santidade para Supremo Pastor da Igreja.

Ao assegurar nossas preces, pedindo ao Espírito Santo que o ilumine e Nossa Senhora Aparecida o proteja no serviço à Igreja que o Senhor confiou a Vossa Santidade, peço respeitosamente a bênção apostólica para a Igreja no Brasil.
Com afeto filial,


Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, SP
Presidente da CNBB

Fonte: CNBB

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Aos ortodoxos: que comunhão se faça plena unidade

“A comunhão não completa que já nos une deve crescer até alcançar a plena unidade visível”, afirmou Bento XVI no discurso que dirigiu nesta terça-feira a uma delegação do patriarcado ecumênico de Constantinopla, a quem recebeu no Vaticano por ocasião da festa dos santos Pedro e Paulo.

Todo ano, representantes desse patriarcado ortodoxo viajam a Roma para a festa de 29 de junho. Por sua vez, o patriarca Bartolomeu I recebe uma delegação enviada pelo Papa para a festa do padroeiro da Igreja de Constantinopla, o apóstolo André, irmão de Pedro, a 30 de novembro.

“A íntima proximidade espiritual que experimentamos cada vez que nos reunimos é, para mim, um motivo de profunda alegria e de gratidão a Deus”, destacou o Papa.

O diálogo avança – pode ser que devagar, dada a complexidade dos temas que se debatem – e deve continuar avançando, afirmou Bento XVI.

“Estamos chamados a continuar juntos, na caridade, este caminho, invocando do Espírito Santo luz e inspiração, na certeza de que Ele quer nos conduzir ao pleno cumprimento da vontade de Cristo: que todos sejam um”, disse.

Nesse sentido, o pontífice expressou seu agradecimento “a todos os membros da Comissão Mista, em particular aos copresidentes, Sua Eminência o Metropolitanos de Pérgamo, Ioannis, e a Sua Eminência o cardeal Kurt Koch, por sua infatigável dedicação, paciência e competência”.

O Papa indicou a urgência deste testemunho comum no mundo atual. “Em um contexto histórico de violência, indiferença e egoísmo, muitos homens e mulheres da nossa época se sentem perdidos”.

“E é exatamente com o testemunho comum da verdade do Evangelho que poderemos ajudar o homem de hoje a reencontrar o caminho que conduz à verdade. A busca da verdade, de fato, é sempre também uma busca da justiça e da paz.”

Neste contexto, o Papa se referiu a seu convite a Assis para o próximo dia 27 de outubro – aos responsáveis cristãos e de outras religiões e a personalidades do mundo da cultura e da ciência –, seguindo as pegadas de João Paulo II, para um “dia de reflexão, diálogo e oração pela paz e pela justiça no mundo”.

Este encontro terá como tema “Peregrinos na verdade, peregrinos na paz”. Para o Papa, “caminhar juntos pelas ruas da cidade de São Francisco será o sinal da vontade de continuar percorrendo o caminho do diálogo e da fraternidade”.

Fonte: Zenit.

Projeto de lei de “morte digna” permite eutanásia

Finalmente se deu a conhecer o texto do projeto de lei reguladora dos direitos da pessoa diante do processo final da vida que o governo espanhol remitiu às cortes sem divulgar seu conteúdo.

O texto passa à comissão de Saúde e Consumo do congresso dos deputados e poderá ser modificado mediante emendas até o próximo dia 6 de setembro.

A novidade mais importante do novo texto, com relação ao anteprojeto aprovado no dia 13 de maio pelo governo, é que na Exposição de Motivos se indica expressamente que não cabe incluir a eutanásia entre os direitos dos pacientes.

No entanto, no articulado do projeto de lei se mantêm os artigos que de fato permitem a eutanásia de maneira encoberta, segundo afirma a associação “Profissionais pela Ética”.

Estes artigos são os seguintes: 15, que obriga o profissional a cumprir a vontade do paciente até o ponto de eximi-lo de responsabilidade se levar a cabo atuações inadequadas ou puníveis; 11, que define a sedação paliativa como direito sem limites e não como tratamento sujeito a indicações concretas propostas pelo médico; a Disposição Final 1ª, que anula os limites estabelecidos à vontade do paciente, existentes na legislação até agora vigente.

No novo texto, também se explicita concretamente como o médico pode realizar a incapacitação “de fato” do paciente terminal se tiver dificuldades para compreender a informação que lhe é dada. Esta prática é muito comum no final da vida, mas no projeto de lei se modificou a redação anterior.

Assim, por exemplo, para a incapacitação de fato: substitui-se a frase “buscará a opinião de pelo menos outro profissional envolvido” por “poderá contar com a opinião de outros profissionais envolvidos”; muda-se a frase “consultará a família” por “poderá consultar a família”.

“Com isso – afirma Santiago Díez, porta-voz da campanha 'Vida Digna', organizada pela associação – se está outorgando um poder ainda maior ao médico, pois ele poderá tomar decisões no final da vida do paciente sem ter de consultar outros médicos e nem mesmo a família, como incluía o rascunho inicial.”

“Em definitivo – conclui –, as sucessivas modificações que foram sendo incorporadas ao rascunho do texto legislativo mantêm o risco de que exista uma eutanásia encoberta que, com toda probabilidade, constitui o eixo central do novo modelo assistencial que o governo pretende implementar.”

Para saber mais: www.profesionalesetica.org.

Fonte: Zenit.

“Sim” definitivo do Senado francês à lei de bioética

A França concluiu a revisão da lei de bioética de 2004. O caminho legislativo, precedido em 2009 por uma ampla consulta popular ou "Estados Gerais" da bioética, concluiu, no último dia 23 de junho, com a votação final pelo Senado. Com 170 votos a 157, o Palais du Luxembourg aprovou, de fato, o texto comum da Comissão Mista Paritária (MPC), Assembleia-Senado, que na terça-feira, 21 de junho, havia recebido 94 votos a 68, o “sim” da Assembleia Nacional.

A CMP adotou, no último dia 15, com 7 votos a 6, um texto unificado do projeto da lei, mantendo o (debatido) sistema da proibição, com um conjunto de exceções, da investigação com embriões humanos e uma cláusula para revisar a normativa dentro de 7 anos. A MPC, composta por 7 senadores e 7 deputados, pode ser chamada (como previsto no artigo 45 da Constituição de 1958), quando persiste um "desacordo" entre as duas assembleias em um projeto de lei, neste caso, entre as condições da nova lei sobre bioética adotadas, respectivamente, na primeira e segunda leituras pela Assembleia Nacional (15 de fevereiro e 31 de maio) e pelo Senado (8 de abril e 9 de junho).

O mesmo princípio de proibição com exceções para a pesquisa com embriões humanos ou células-tronco obtidas de embriões humanos foi um dos elementos de maior impacto ético debatido neste processo. As pressões para abandonar a proibição com derrogações e consentir, pelo menos, uma investigação "limitada" com os embriões (a modalidade aprovada em primeira leitura pelo Senado, mas depois removida em uma segunda leitura) foram muito fortes.

Outro elemento da lei que gerou um acalorado debate na sociedade civil foi o dépistage ou diagnóstico pré-natal (PND). A MPC sancionou, de fato, a obrigação dos médicos de informar todas as mulheres grávidas de maneira "clara, justa e adequada à sua situação" - como diz a fórmula escrita na lei em segunda leitura pelo Senado - sobre a possibilidade de recorrer aos diversos métodos e análises de diagnóstico pré-natal.

Este é um procedimento que observa principalmente os fetos com trissomia 21 ou síndrome de Down. Enquanto hoje quase 96% dos fetos Down são abortados na França - como revelou em maio de 2009 um relatório do Conselho de Estado -, os críticos dizem que o objetivo da obrigação é claro, ou seja, "extirpar 4% de crianças trissômicas que passam todos os anos através do filtro", como disse amargamente o presidente da Fondation de Service politique, Francis Jubert (Décryptage, 10 de junho).

Em um comunicado de imprensa emitido em 7 de junho, o Collectif des Amis d'Eléonore- uma associação criada em fevereiro de 2010 por um grupo de pais de crianças Down, que tem como porta-voz uma jovem trissômica, Eléonore - rejeitou fortemente o dépistage sistemático da síndrome de Down, definido-o como um "movimento de eugenia". A obrigação de informar as mulheres - lê-se no texto - é "estigmatizadora com as pessoas afetadas pela trissomia 21". “Sendo, após o decreto de 23 de junho de 2009, da então ministra da Saúde, Roselyne Bachelot, a única patologia que é objeto de um dépistage sistemático, a síndrome de Down aparece, implícita ou explicitamente, como uma doença a ser extirpada", continua o comunicado do Collectif.

Houve reações negativas após o “sim” definitivo, especialmente por parte da Câmara Alta, à nova lei de bioética. De acordo com Alain Milon, a normativa representa um "retrocesso indiscutível - de ideologia, não de direito" (AFP, 23 de junho). "Mantendo o anonimato da doação de gametas, rejeitando a transferência de embriões após a morte do pai, opondo-se à gestação por terceiros e ao acesso à assistência médica para a procriação para casais homossexuais, deixamos de fazer evoluir o nosso direito com a sociedade francesa", disse o senador UMP após a votação.

Para Françoise Laborde, do Agrupamento Democrático e Social Europeu (RDSE), o Parlamento francês "faltou ao encontro". "Uma parte da maioria cedeu finalmente às ordens do governo, formuladas sob a influência de círculos religiosos conservadores", disse o expoente dos radicais, referindo-se à posição clara da Igreja Católica.

Desde os primeiros momentos do debate, a Conferência Episcopal da França (CEF) fez ouvir a sua voz. Em 30 de novembro, o cardeal arcebispo de Paris e presidente da CEF, André Vingt-Trois, chamou a atenção, por exemplo, em uma entrevista com o semanário La Vie, na qual definiu como "certa incoerência" por parte do governo francês, por um lado, declarar que quer proibir a pesquisa com embriões, mas, por outro, admitir exceções. A proibição é, de fato, simbólica: a Agência de Biomedicina (ABM), que tem a faculdade de autorizar "a título derrogatório" projetos de pesquisa com embriões, aprovou, em 2004, mais de 58 dos 64 protocolos apresentados.

"Pobre embrião humano - observou recentemente, em uma reflexão divulgada no site da CEF, o porta-voz do organismo, Dom Bernard Podvin. Eu diria que neste momento, em Bruxelas e na Europa, têm muito respeito pelo seu ‘homólogo’ animal! Haverá um critério ético mais favorável para os seres animais que para os seres humanos?", perguntou o prelado, que lembrou que "a grandeza de uma nação se baseia também na defesa daquele que não pode se defender".

Fonte: Zenit - (Paul De Maeyer)

Trinta anos de AIDS: dados e estratégias

Por ocasião dos 30 anos da descoberta da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o médico Martín Patrito, da Associação Argentinos Alerta, revisou três documentos que contêm estatísticas valiosas sobre o avanço da doença no âmbito mundial.

Os documentos são: “Trinta anos de AIDS: as nações em um ponto chave do caminho”, do programa conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (UNAIDS); “Estratégia nacional do HIV/AIDS para os Estados Unidos”, 13 de julho de 2010; e a Recomendação 1959 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre políticas preventivas de saúde dos estados membros do Conselho da Europa.

A associação, em seu site, apresenta as estatísticas mais importantes destes documentos sobre o avanço da doença no âmbito mundial, especialmente no continente americano.

Da mesma forma, realiza uma análise crítica sobre as recomendações para a prevenção da doença nestes documentos e compara tais recomendações com as do programa nacional de luta contra a AIDS, do Ministério de Saúde da Argentina.

O primeiro caso de AIDS foi detectado em 5 de junho de 1981. Os primeiros sinais da doença se deram principalmente em países de altos ingressos, onde os novos casos aumentaram de maneira significativa no início dos anos 80. Na verdade, o HIV estava se difundindo de maneira inadvertida durante décadas, especialmente na África Subsaariana.

Entre 1981 e 2000, o número de pessoas que vivem com o HIV aumentou de menos de 1 milhão a cerca de 27,5 milhões. Em 2010, havia 34 milhões de pessoas infectadas com o HIV. Em 2005, a cifra pareceu estabilizar-se, mas, nos últimos anos, o número continuou crescendo. Em 2009, foram infectadas 2,6 milhões de pessoas no mundo. UNAIDS informa que, entre 1970 e 2009, a AIDS provocou 29 milhões de mortes.

Enquanto pelo menos 1% dos adultos no sul da África viviam com o HIV em 1990, 16,1% passaram a viver com o vírus uma década depois. Durante o mesmo período, a prevalência (porcentagem do total da população afetada) do HIV aumentou de menos de 1% a 24,5% em Lesotho e de 3,5% a 26% em Botswana.

O presidente da Uganda,Yoweri Musevini, deu início a uma mobilização nacional de grande escala contra o HIV, promovendo políticas e programas baseados em mudanças de comportamento que permitiriam que a Uganda reduzisse o tamanho da epidemia durante os anos 90, ainda quando se expandia rapidamente em outros países subsaarianos.

A novidade da campanha foi que, longe de apostar no preservativo de forma exclusiva, a política sanitária e educativa se baseou na promoção da abstinência sexual, na fidelidade dentro do casamento e na castidade, especialmente entre os mais jovens.

No continente americano, há pouco mais de um milhão de infectados, mas o número continua crescendo. Desde o início da epidemia até 2008, foram notificados 75.009 casos de HIV na Argentina. Estima-se que hoje haja 130 mil pessoas infectadas, das quais somente a metade conhece sua condição, o que supõe um risco adicional.

Nos últimos anos, a curva epidemiológica de novas infecções tem sido constante: cada ano, o Ministério da Saúde argentino recebe notificações de cerca de 5 mil novos diagnósticos de infecção pelo HIV. Em 2008, a taxa anual de infecção pelo vírus se situou em um valor de 13 pessoas por cada 100 mil habitantes.

A epidemia continua afetando principalmente os grandes conglomerados urbanos, em todas as capitais do país. Em Buenos Aires, registram-se 23,2 infecções por cada 100 mil habitantes; em Mar del Plata, 27,5 infecções por cada 100 mil habitantes. Entre 2007 e 2009, 40% dos novos diagnósticos continuavam afetando os residentes de Buenos Aires e o conurbano bonaerense. Tomando como unidade de análise as jurisdições provinciais, 70% da epidemia se concentra na província e cidade de Buenos Aires, em Santa Fe e em Córdoba.

A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa aprovou, no último dia 28 de janeiro, a Recomendação 1959, intitulada “Políticas de cuidados preventivos de saúde nos estados-membros do Conselho da Europa”, na qual recolhe até 25 diretivas para proteger a saúde dos europeus e convida a que todos os governos do continente a adotem. O ponto 9.5 afirma: “Promover uma educação sexual integral da saúde, incluída a abstinência, para prevenir a propagação de doenças sexualmente transmissíveis”.

Certamente, em todos os casos se recomenda também o uso do preservativo. Mas o documento da estratégia nacional de luta contra a AIDS, aprovado pela Administração Obama, afirma, na página 16, que “o uso correto e consistente do preservativo masculino reduz o risco de transmissão do HIV em 80%”.

“Ninguém pegaria um avião se lhe dissessem que apenas 80% dos aviões chegam ao seu destino. O risco é altíssimo. Por isso, sustentamos que as campanhas de 'sexo seguro' baseadas no preservativo só geram um clima de falsa confiança”, afirma o Dr. Patrito.

“O fato de que, pelo menos no papel, já se comece a falar sobre a necessidade de mudanças de conduta, de fidelidade, de abstinência, certamente é um avanço. No entanto, os líderes da saúde pública ainda continuam evitando enfatizar as mudanças de conduta acima das 'soluções técnicas', como a distribuição massiva de preservativos”, acrescenta.

Com uma eficácia de apenas 80%, o preservativo gera uma sensação de falsa segurança, que leva ao aumento dos encontros sexuais e à promiscuidade. Neste contexto, as infecções pelo HIV continuarão aumentando.

“Os programas de prevenção não devem se centrar em tentar convencer o mundo de que um comportamento de risco faz parte de um estilo de vida aceitável, mas sim em evitar o risco. O único método seguro e fiável de prevenir a transmissão sexual do HIV é a abstinência antes do casamento e o respeito e a fidelidade mútua dentro dele”, afirma o médico argentino.

Em definitivo, como declarou a delegação do Vaticano frente à declaração política da ONU sobre o HIV/AIDS, “o que se faz necessário é um enfoque baseado nos valores para enfrentar a doença do HIV/AIDS, um enfoque que proporciona os cuidados necessários e o apoio moral aos afetados, bem como a promoção de uma vida conforme as normas da ordem moral natural, um enfoque que respeite totalmente a dignidade inerente da pessoa humana”.

Para saber mais: http://www.argentinosalerta.org.


Fonte: Zenit.

Espanha: oração por militares mortos no Afeganistão

Os bispos espanhóis “acompanham com a oração e os sufrágios as famílias dos falecidos” em um atentado no Afeganistão nesse domingo.

A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) enviou cartas nesse sentido à ministra da Defesa, Carme Chacón, e ao arcebispo castrense, Dom Juan del Río Martín, após o assassinato de dois militares do exército espanhol.

No ataque terrorista morreram o sargento Manuel Argudín Perrino e a soldado Niyireth Pineda Marín. Ficaram feridos outros três militares.

Nas cartas enviadas, os bispos expressam suas condolências e agradecem os soldados da Espanha pelo serviço prestado em favor da paz e da justiça, “o que às vezes, como nesta ocasião, lhes custa a vida”.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eucaristia humaniza a globalização

A Eucaristia, como presença do amor de Deus e canal de difusão do amor para os cristãos, humaniza a globalização, ajudando a construir uma sociedade solidária, justa e fraterna, considera o porta-voz vaticano.

O Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, apresentou esta reflexão ao comentar as palavras que Bento XVI dirigiu na quinta-feira de Corpus Christi, antes de presidir a procissão de Jesus Eucaristia pelas ruas de Roma.

Da Eucaristia, segundo o Papa, procede “esse dinamismo que transforma a realidade em suas dimensões cósmicas, humanas e históricas”, recordou o porta-voz vaticano no editorial do último número de Octava Dies, semanário do Centro Televisivo Vaticano.

“Um dinamismo de amor que tem origem na vida trinitária de Deus, que chega a nós através do coração de Cristo. E é tão forte, que pode superar as divisões, que nos atrai à união da vida de Deus, que abre e liberta nossa individualidade do seu egocentrismo”, acrescentou o Pe. Lombardi, sintetizando o pensamento do Santo Padre.

“A Eucaristia é o caminho concreto mediante o qual este amor se difunde na Igreja e no mundo; a fonte contínua que alimenta a presença social da Igreja; o compromisso responsável dos cristãos na construção de uma sociedade solidária, justa e fraterna, em particular no tempo da globalização”, indica.

Segundo Lombardi, “é necessário fazer presente o verdadeiro amor no tempo da crescente globalização da humanidade, para que esta não se perca na confusão, no individualismo e no atropelo de todos contra todos”.

O Pontífice disse: “Sem ilusões, sem utopias ideológicas, nós caminhamos pelas ruas do mundo, levando dentro de nós o Corpo do Senhor, vislumbrando o mundo novo, no qual reinam a paz e a justiça, no mundo que é nossa verdadeira pátria”.

E o Pe. Lombardi concluiu explicando que, “verdadeiramente, na fé, a dimensão humana, histórica e cósmica se entrelaçam e se fundem. A comunhão eucarística é para o bem de todos, para o bem do mundo e para que todo crente encontre, no final, seu sentido e sua salvação”.

Fonte: Zenit.

Belo Horizonte terá Catedral Cristo Rei

Dentro das comemorações de seus 90 anos, a arquidiocese de Belo Horizonte apresenta aos fiéis o projeto da Catedral Cristo Rei - Santuário da Divina Misericórdia.

O projeto, elaborado por Oscar Niemeyer, prevê a edificação de um grande templo, que terá capacidade para receber, em sua parte interna, 5 mil fiéis.

A praça externa, que compõe o complexo arquitetônico, poderá acolher outras 15 mil pessoas.

A Catedral será a sede definitiva da Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte e reunirá todas as Pastorais, além dos meios de comunicação e o Memorial Arquidiocesano.

No próximo sábado, dia 2 de julho, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, vai apresentar aos fiéis os detalhes da catedral definitiva da Arquidiocese.

A apresentação ocorrerá durante um momento de espiritualidade, no ginásio do Mineirinho, que também contará com a presença do bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte dom Joaquim Mol, do padre Fábio de Melo e da cantora de músicas católicas Celina Borges.

O encontro está marcado para 13h30. Os fiéis podem buscar os convites, que são gratuitos e limitados, em suas respectivas paróquias.

Ideia

A ideia de construir a Catedral Cristo Rei em Belo Horizonte é antiga, vem desde o início da Arquidiocese, com seu primeiro arcebispo, Dom Antônio dos Santos Cabral.

Quando o primeiro arcebispo chegou à capital mineira, no dia 30 de abril de 1922, para instalar a diocese criada pelo Papa Bento XV em 11 de fevereiro de 1921, encontrou muitos desafios.

Um deles era a construir a Catedral da cidade, que contava com três igrejas: São José, Nossa Senhora da Boa Viagem e Nossa Senhora do Rosário.

Dom Cabral escolheu a nova edificação da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem para ser a Catedral provisória de BH.

Em 1936, após realização do Congresso Eucarístico Nacional na capital mineira, Dom Cabral decidiu iniciar a construção da Catedral Definitiva, a Catedral Cristo Rei, que seria edificada onde hoje se localiza a Praça Milton Campos. Porém as circunstâncias adiaram por décadas esse grande sonho.

Retomada

Em 2004, o arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, ouvindo perguntas sobre a Catedral Definitiva, decidiu retomar o projeto e o desafio de refletir o papel importante da Catedral para a região: lugar da espiritualidade, da cultura e da educação, da arte e do cuidado com os pobres, do pensamento e do diálogo.

A partir de avaliações, ficou definido que o projeto só valeria a pena se fosse edificado num lugar que marcasse o epicentro da região metropolitana.

Assim, foi adquirido um terreno em frente à estação do Metrô Vilarinho, na Av. Cristiano Machado.

Em 2005, Dom Walmor viajou ao Rio de Janeiro e pediu, pessoalmente, ao arquiteto Oscar Niemeyer que concebesse o projeto da Catedral Cristo Rei.

Convite aceito, um ano depois, em 2006, o arquiteto apresenta uma arrojada proposta que, nos anos seguintes, ainda seria retrabalhada e discutida.

Até que, em 2010, Oscar Niemeyer assina o contrato referente aos projetos do Conjunto Arquitetônico Catedral Cristo Rei.

De acordo com Oscar Niemeyer, será a última catedral que ele fará. O projeto, de acordo com ele, “tem tudo o que um arquiteto pode querer: aspectos relacionados à estrutura, luz, contraste da forma e da natureza. É uma arquitetura rica, complexa e abrangente”.

Dom Walmor enfatiza a importância do projeto, não só para a região metropolitana, mas para todo o estado, lembrando que “cada Catedral é compromisso com o Reino de Deus”.

Ele lembrou que, ao escolher Oscar Niemeyer para conceber o projeto, considerou a importância do renomado arquiteto para Belo Horizonte.

A partir dos traços de Niemeyer surgiu o complexo arquitetônico da Pampulha, um dos principais cartões postais da capital mineira, obra que projetou internacionalmente o nome do arquiteto.


Fonte: Zenit.

Bento XVI: o valor da fidelidade

Bento XVI afirmou que a sociedade atual precisa mais do que nunca de fidelidade. O Papa fez essa consideração nesse sábado, ao receber na Basílica de São Pedro os sócios da Associação Santos Pedro e Paulo.

“Hoje mais do que nunca se necessita da fidelidade – disse –. Vivemos em uma sociedade que perdeu este valor. Exalta-se muito o comportamento de mudança, a “mobilidade”, a “flexibilidade”, por motivos organizativos também legítimos”.

“Mas a qualidade de uma relação humana se vê na fidelidade! A Sagrada Escritura nos mostra que Deus é fiel”, afirmou.

O Papa exortou: com a graça de Deus “e a ajuda de Maria, sejam, portanto, fiéis a Cristo e à Igreja, preparados para suportar com humildade e paciência o preço que isso implica”.

O pontífice demonstrou apreço aos seus ouvintes. “Vocês dedicam parte de seu tempo, harmonizando-o com os compromissos de família e tomando-o, frequentemente, de seu descanso, para vir ao Vaticano e colaborar com a boa ordem das celebrações”.

“Além disso, vocês dão vida a várias iniciativas caritativas, em colaboração com as religiosas Filhas da Caridade e com as Missionárias da Caridade” – afirmou, no encontro celebrado por ocasião do 40º aniversário da fundação da associação.

Para o Papa, “estes compromissos exigem uma motivação profunda, que se renova sempre, graças a uma intensa vida espiritual”.

“Para ajudar os demais a rezar, é necessário ter o coração dirigido a Deus; para pedir o respeito aos lugares santos e às coisas santas, é necessário que vocês mesmos tenham o sentido cristão da sacralidade; para ajudar o próximo com verdadeiro amor cristão, temos de ter um ânimo humilde e uma visão de fé”, disse.

“Pressupõe-se em tudo isso sua formação pessoal” – destacou –, e se mostrou “particularmente agradecido” pela ênfase formativa dos membros da Associação.

Esse agrupamento – assinalou – “como toda autêntica associação eclesial, antes de tudo, propõe-se a formação de seus membros, nunca como substituição ou alternativa das paróquias, mas de forma complementar a elas”.

“Ao mesmo tempo, satisfaz-se o fato de que a associação seja, em sua justa medida, exigente em prever específicos períodos formativos para os que desejam ser sócios efetivos, e ofereça regularmente momentos oportunos em apoio da perseverança”, afirmou.

Fonte: Zenit.

Três mártires de Lübeck são beatificados

Três sacerdotes que formaram um grupo de resistência ao Terceiro Reich (o quarto membro foi o pastor protestante Karl Friedrich Stellbrink) foram beatificados no último sábado em Lübeck, na Alemanha. A cerimônia foi presidida pelo cardeal Angelo Amato SDB, em representação do Papa Bento XVI.

Os três foram julgados pelo “Tribunal do Povo” (Volksgerichtshof) e condenados à morte em 10 de novembro de 1943, na guilhotina.

ZENIT falou com o postulador desta causa, o advogado Andrea Ambrosi, quem contou sobre a vida e as virtudes de cada um deles.

Johannes Prassek: prisioneiro por dizer a verdade

No dia em que foi ordenado sacerdote, ele se definiu como “a pessoa mais feliz”. O Pe. Prassek nasceu há 100 anos, em Hamburgo. Estudou na universidade dos jesuítas, St. Georgen, em Frankfurt. Em 1935, entrou no seminário maior de Osnabrück e dois anos mais tarde recebeu o sacramento da Ordem.

Sua primeira missão foi a de vigário de Wittenburg, em Mecklenburg, e, em 1939, passou a ser vigário da comunidade de Herz-Jesu, em Lübeck; depois foi nomeado capelão.

Rapidamente ganhou o carinho dos seus fiéis: “Prassek atraía as pessoas difíceis e estranhas, desfavorecidas e oprimidas”, disse Ambrosi.

“Sua pastoral o comprometia até o limite da sua capacidade física e psíquica”, comentou.

Em pouco tempo, foi reconhecido por sua fama como pregador: “Suas impressionantes homilias dominicais não só atraíam numerosos fiéis, mas também os espias da Gestapo”, reconheceu o postulador.

“Alguns amigos lhe falavam sobre as críticas que ele fazia, advertiam-no de que talvez poderiam ser imprudentes demais contra a ideologia nacional-socialista, mas Prassek não se deixou influenciar e considerava que deveria dizer a verdade”, contou.

O Pe. Prassek, além de suas críticas, dedicou-se a estudar polonês para ajudar os que eram obrigados a ir a Lübeck.

Em 1941, conheceu um jovem pastor protestante, com quem teve grande afinidade e que lhe mostrou seu desejo de conhecer a fé católica. No entanto, esse homem na verdade era um espia da Gestapo e a informação que conseguiu foi chave para que o Pe. Johhanes fosse detido em 18 de maio de 1942.

Assim, foi levado ao edifício de Burgkloster (que hoje é um museu com o mesmo nome). Esperou mais de um ano para ser julgado, em condições desumanas de fome e frio, que o afetaram gravemente, pois tinha uma doença estomacal. Durante esse tempo, escreveu numerosas cartas.

“Apesar do duro período de prisão e da perspectiva da própria execução, Prassek não perdeu a consciência da sua fé nem sua cordialidade para consolar os companheiros de prisão”, disse Ambrosi.

No dia da sua execução, permitiram-lhe escrever uma carta de despedida aos seus familiares, a qual foi destruída depois, pelas duras palavras contra o regime nacional-socialista.

“A guilhotina pôs fim à agonia suportada com valentia e fé”, contou o postulador.

Hermann Lange, grande intelectual e mártir

Ambrosi o definiu como “um sacerdote muito erudito e intelectual, não somente em questões teológicas”.

Nasceu em 1912, na Frísia oriental. Fez parte de uma associação católica estudantil denominada Nova Alemanha.

Era um fiel seguidor do escritor Romano Guardini, cuja obra o influenciou notavelmente.

Estudou, em 1931, na faculdade de teologia da universidade de Münster. Depois entrou no seminário maior de Osnabrück. Foi ordenado sacerdote em 1938. Em junho de 1939, começou seu trabalho pastoral na paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Lübeck.

Ambrosi destacou que “suas homilias eram preparadas de maneira absolutamente precisas”. “Além disso, era um sacerdote decidido, gentil e de sentimentos nobres, do ponto de vista humano. Era perfeitamente íntegro.”

Sobressaía-se por sua grande sensibilidade, humanidade e preparação teológica. Era um grande opositor ao nacional-socialismo. Nesse então, teve um diálogo com um jovem soldado que servia esse regime. Lange lhe disse claramente que um cristão não podia estar com os alemães em guerra.

Ele difundia sem medo seus escritos contra o regime até que, em 1942, Lübeck sofreu os primeiros bombardeios e ele, sem importar o risco que sua vida corria, preocupou-se pelo bem dos seus paroquianos.

Foi detido em 16 de junho de 1942, pela Gestapo. “O segundo senado do tribunal popular o condenou à morte, junto a outros sacerdotes, por disgregação do potencial militar, por apoio ao inimigo com traição à pátria e por delitos radiofônicos”, explicou Ambrosi, pois ele difundia ideias contra o regime em um programa de rádio.

O postulador destacou, assim, a “compostura admirável” que o Pe. Lange teve na prisão. Ele dividiu a cela com o pastor protestante Schwentner, a quem, segundo várias testemunhas, tratou como um irmão.

Suas cartas testemunham uma admirável submissão ao que Deus permitisse e uma grande profundidade religiosa: “Quando vocês receberem esta carta, eu já não estarei no mundo dos vivos”, escreveu aos seus pais no dia da sua condenação.

“Hoje será o grande retorno ao Reino do Pai, e depois verei todos aqueles que estiveram perto de mim na terra”, expressou.

Sobre esta carta, o escritor alemão Thomas Mann (1875-1955), prêmio Nobel de literatura em 1929, disse que se trata do “testemunho mais belo pelo dom da fé cristã, católica”.

Eduard Müller e a santidade nas coisas simples

Do grupo dos mártires, este foi quem teve uma juventude mais difícil. Nasceu em agosto de 1911, no seio de uma família humilde. Estudou na escola católica de Neumünster. Era o menor de 7 filhos e seu pai abandonou a família. Foi coroinha e depois carpinteiro. Desde pequeno, mostrou seu desejo de ser sacerdote.

Graças ao apoio de alguns benfeitores da paróquia, pôde concluir seus estudos e depois estudou teologia católica em Münster.

Em 1940, foi ordenado sacerdote em Osnabrück. Trabalhou na paróquia do Sagrado Coração, de Lübeck.

“Sua forma de ser, calma, gentil e não autoritária, foi muito estimada pelas testemunhas daquela época”, disse Ambrosi.

“Particularmente célebre se tornou por sua capacidade de identificação com a vida dos trabalhadores, artesãos; de fato, não era difícil para ele identificar-se, porque provinha desse ambiente, ao qual esteve sempre unido”, afirmou.

Dos mártires de Lübeck, era o menos político. Ainda assim, foi detido em julho de 1942.

Depois de ser condenado à morte, escreveu: “Tenho a esperança de que não serei jamais defraudado; pelo contrário: com toda franqueza, como sempre, também agora Cristo será glorificado com o meu amor, tanto na vida como na morte”.

Estes três mártires foram assassinados com um intervalo de apenas 3 minutos. Souberam derramar seu sangue dando suas vidas como sacrifício supremo do amor de Cristo.

Fonte: Zenit - (Carmen Elena Villa)

Papa alegre com novos beatos alemães

Dos seus aposentos do Palácio Apostólico, o Papa Bento XVI quis se unir, ontem, à recente beatificação de três sacerdotes alemães decapitados em 1943 pelo regime nazista.

São eles: Johannes Prassek, Eduard Müller e Hermann Lange, sacerdotes católicos executados pela sua oposição ao nazismo, junto ao pastor protestante Karl Friedrich Stellbrink, em Lübeck (Alemanha).

O Papa quis mostrar sua alegria por estas novas beatificações e pelas de outros três santos de Milão, ao concluir a oração do Ângelus: “Louvemos o Senhor por estas testemunhas luminosas do Evangelho!”, exclamou.

Depois, ao dirigir-se aos peregrinos de língua alemã, presentes na Praça de São Pedro, o Papa quis cumprimentar especialmente os fiéis da arquidiocese de Hamburgo, recordando-lhes a transcendência desse martírio.

O sofrimento compartilhado pelos três sacerdotes católicos e pelo pastor protestante Stellbrink na prisão, até sua execução, supõe “um grande testemunho ecumênico de humanidade e esperança”, sublinhou o Pontífice.

Especialmente, quis recordar uma citação de um deles, Johannes Prassek, escrita em sua cela: “Deus é tão bom que me tirou todo medo e me deu a alegria e o anseio”. “É incrível – sublinhou o Papa – como, da sua cela, ele mostra o céu”; e convidou os presentes a deixar-se contagiar por esta alegria.

A cerimônia de beatificação aconteceu no sábado em Lübeck (cidade próxima de Hamburgo), presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e cuja homilia foi pronunciada pelo cardeal Walter Kasper, segundo informa a Rádio Vaticano.

Com palavras comoventes, o cardeal Kasper quis mostrar os últimos momentos daqueles quatro homens, especialmente suas frases antes de morrer, entre elas a do luterano Stellbrink à sua esposa: “Verdadeiramente, não é difícil morrer quando nos confiamos às mãos de Deus”.

“Estes quatro homens – afirmou o cardeal Kasper – nos dizem o que significa ser um cristão: estar onde Jesus está, viver e morrer com Ele.”

“Os mártires de Lübeck – acrescentou – nos demonstram que nesse momento [do regime nazista, N. da R.] não existiam somente os que estavam cegados ou os que participavam porque eram malvados; havia também outra Alemanha; havia cristãos valentes que não inclinaram a cabeça e que não se deixaram submeter.”

Fonte: Zenit.

Proclamados três novos beatos milaneses

Um pároco, um missionário na antiga Birmânia (Mianmar) e uma freira que visitava presos são os três novos beatos por cuja elevação aos altares o Papa Bento XVI quis mostrar sua alegria ontem, ao concluir a oração do Ângelus.

Os três novos beatos procedem da arquidiocese de Milão (Itália). Trata-se do sacerdote Serafino Morazzone, do missionário do PIME Clemente Vismara e da religiosa Enrica Alfieri.

O rito de beatificação foi presidido pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, quem voltava de Lübeck (Alemanha), onde, no sábado, beatificou outros três sacerdotes, mártires do nazismo.

A celebração aconteceu na Praça do Duomo de Milão, simultaneamente à comemoração do Corpus Christi, e a homilia foi pronunciada pelo arcebispo de Milão, cardeal Dionigi Tettamanzi.

Estes três novos beatos, afirmou o purpurado italiano, ensinam a “crescer na grandeza da pequenez evangélica”.

“O 'amém' que Serafino Morazzone, sor Enrichetta Alfieri e Clemente Vismara pronunciaram coincide com a oferenda – sem reservas – da sua vida, colocada à total disposição dos outros na variedade e na diversidade das vocações e das responsabilidades recebidas do único Espírito.”

Destacou a figura de Morazzone, cujas virtudes foram tais que as recolheu o grande escritor italiano Alessando Manzoni na primeira redação da sua obra-prima “Os noivos”.

Sor Enrica Alfieri serviu nas prisões entre 1923 e 1950, período que coincide com o regime fascista e a dominação alemã. Desses anos, o purpurado destacou seu apoio aos prisioneiros “políticos”, o que levou à prisão a própria religiosa.

Por sua vez, o missionário Clemente Vismara viveu na Birmânia entre 1923 e 1988, ganhando o título de “patriarca” desse país.

Estes três perfis de santidade, que foram beatificados precisamente no ano em que a arquidiocese de Milão comemora o quarto centenário da morte do seu padroeiro, São Carlos Borromeu, são, segundo afirmou o cardeal Tettamanzi, “exemplos de uma santidade construída na cotidianidade”.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eucaristia é antídoto contra individualismo

Sem a Eucaristia, a Igreja não existiria, sublinhou hoje o Papa Bento XVI, ao introduzir a oração do Ângelus com os peregrinos presentes na Praça de São Pedro.

O Santo Padre recordou que, ainda que o Vaticano tenha celebrado o Corpus Christi na última quinta-feira, mantendo a tradição secular, esta festa é celebrada hoje em muitos países – entre eles a própria Itália –, por motivos pastorais.

Por isso, ele quis voltar a falar sobre o significado desta “festa da Eucaristia”, a qual “constitui o tesouro mais precioso da Igreja”.

“A Eucaristia é como o coração pulsante que dá vida a todo o corpo místico da Igreja: um organismo social baseado inteiramente no vínculo espiritual, mas concreto, com Cristo”, afirmou, insistindo em que, “sem a Eucaristia, a Igreja simplesmente não existiria”.

“A Eucaristia é, de fato, o que torna uma comunidade humana um mistério de comunhão, capaz de levar Deus ao mundo e o mundo a Deus.”

“O Espírito Santo transforma o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo; também transforma todos os que o recebem com fé em membros do Corpo de Cristo, para que a Igreja seja verdadeiramente um sacramento de unidade dos homens com Deus e entre eles”, acrescentou.

O Papa afirmou aos presentes que, “em uma cultura cada vez mais individualista, como aquela em que estamos imersos nas sociedades ocidentais, e que tende a se espalhar por todo o mundo, a Eucaristia é uma espécie de ‘antídoto’".

O vazio produzido pela falsa liberdade pode ser muito perigoso, disse, e, diante disso, “a comunhão com o Corpo de Cristo é o remédio da inteligência e da vontade, para redescobrir o gosto da verdade e do bem comum”.

A Eucaristia “age nas mentes e nos corações dos crentes e que semeia de forma contínua neles a lógica da comunhão, do serviço, da partilha, em suma, a lógica do Evangelho”.

O novo estilo de vida que as primeiras comunidades já mostravam, vivendo em fraternidade e partilhando seus bens, para que ninguém fosse indigente, brotava “da Eucaristia, isto é, de Cristo ressuscitado, realmente presente entre os seus discípulos e operante com a força do Espírito Santo”.

“Também as gerações seguintes, através dos séculos, a Igreja, apesar dos seus limites e erros humanos, continuou sendo no mundo uma força de comunhão”, acrescentou.


Fonte: Zenit.

Situação crítica nas fronteiras do Sudão

Um bispo sudanês adverte sobre um novo genocídio no Sudão, enquanto a população da fronteira do sul de Kordofan foge em busca de segurança.

Poucas semanas antes da separação do Sul do Sudão do seu vizinho do Norte, a região que está entre os dois é foco de conflitos.

Dom Macram Max Gassis, de El Obeid, falou na semana passada com a associação caritativa internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), afirmando que milhares de pessoas estão fugindo do estado fronteiriço do Sul, onde a situação “é extremamente crítica, sobretudo na capital, Kadugli”.

Entre as populações mais atingidas estão os nuba, muçulmanos e cristãos, explicou Dom Gassis. A região do Sul de Kordofan faz parte da diocese do bispo de El Obeid, que se estende sobretudo pela metade setentrional do Sudão.

O conflito no Sul de Kordofan se remonta ao início deste mês, quando Kadugli foi atacada pelo exército do Norte; um pastor protestante foi assassinado.

Na última quinta-feira, o exército do Norte do Sudão e o Sudanese People's Liberation Army (Exército Popular de Libertação do Sudão – SPLA) começaram as negociações.

O Sul de Kordofan, junto a Abyei e Blue Nile, é uma das três regiões entre o Norte e o Sul cujo status está ainda por ser confirmado.

No referendo de janeiro, o Sul do Sudão votou, com uma esmagante maioria, pela independência do Norte, e se tornará oficialmente uma nação independente em 9 de julho.

Fonte: Zenit.

Proteger as crianças num mundo consumista

A comercialização e a sexualização das crianças demandam medidas para protegê-las. Reg Bailey, o primeiro diretor executivo homem da Mother’s Union, foi designado pelo Departamento de Educação do Reino Unido para estudar as pressões a que as crianças estão sujeitas e apresentar recomendações a respeito. Bailey entrevistou dezenas de pais e contou com informações de 120 empresas e organizações.

O estudo resultante se chama Letting Children Be Children: the Report of an Independent Review of the Commercialization and Sexualization of Childhood (Deixar as crianças ser crianças: Informe Independiente sobre a Comercialização e Sexualização da Infância) e identifica quatro temas de especial preocupação para os pais e para o público em geral.

O tema 1, Contexto, aponta a cada vez mais sexualizada cultura em que vivem as crianças.

O tema 2 se dedica à roupa e aos produtos e serviços para crianças.

O tema 3 fala das crianças como consumidoras.

O tema 4 tenta dar voz aos pais, que sentem que as empresas não prestam atenção às suas preocupações.

A resposta

O informe aborda dois possíveis enfoques a ser adotados.

O primeiro sugere manter as crianças completamente inocentes até virarem adultas, isolando-as de qualquer influência negativa ou eliminando as pressões.

A segunda reação propõe aceitar o mundo e ajudar as crianças a seguir o seu próprio caminho nele.

O informe conclui que nenhuma das posturas é realista. É preferível uma combinação de ambas: adotar medidas para limitar a tendência cada vez maior à comercialização e à sexualização, e ajudar as crianças a compreender e encarar os perigos potenciais a que estão expostas.

O informe ressalta também que a responsabilidade principal é dos pais. “Para que as crianças sejam crianças, é necessário que os pais sejam pais”. Ao mesmo tempo, os negócios e os meios de comunicação devem se mostrar mais a favor da família.

O estudo aponta que parte do mundo dos negócios e da mídia parece ter perdido a conexão com os pais. Um exemplo é a preocupação dos pais com os programas de televisão considerados tradicionalmente familiares, como os concursos de talentos, que começam a incluir cada vez mais conteúdo sexual.

Problema especial são os novos meios de comunicação, em que há pouca regulação. O material para adultos é de fácil acesso na internet, por exemplo.

Entre as recomendações do estudo, as seguintes:

- Restringir por idade os vídeos musicais, evitando que as crianças comprem vídeos de conteúdo sexual. A preocupação se concentra no teor sexual das letras e das danças, altamente sexualizadas.

- Cobrir as imagens sexuais nas capas de revistas e jornais nas bancas, para evitar sua exposição às crianças.

- Deixar aos clientes a decisão de comprar ou não conteúdo adulto na internet em vez de recebê-lo automaticamente.

- As lojas deveriam oferecer roupa mais adequada à idade das crianças, assinando um código de conduta sobre o design, a compra, a exibição e a comercialização de roupas, produtos e serviços para crianças.

- Restringir a publicidade exterior que usa imagens sexuais, principalmente perto de colégios, creches e parques. As mesmas restrições já se aplicam à publicidade do álcool.

- Dar maior peso às opiniões dos pais que às do público em geral na hora de regular os horários televisivos. O horário infantil, que vai até as 21h, uma faixa em que certos programas adultos não deveriam ser transmitidos, foi introduzido para proteger as crianças. Por isso, a programação para esta faixa dever-se-ia desenvolver e regular dando maior peso às posturas e opiniões dos pais.

- Oferecer aos pais um site onde seja fácil apresentar queixas sobre programas, anúncios, produtos ou serviços.

- Proibir o uso de menores de 16 anos como patrocinadores de uma marca e em sua comercialização, e melhorar a sensibilização dos pais quanto às técnicas de publicidade.

Reações

As reações ao relatório foram em geral positivas. O primeiro-ministro David Cameron, se mostrou em favor do site de reclamações. Ele também apoia o maior rigor quanto ao bloqueio de pornografia na internet e nos celulares.

Nem todos estão convencidos de que o relatório seja o suficiente. De fato, a organização para que trabalha Bailey, Mother's Union, se mostrou crítica.

“Não podemos estar de acordo com um estudo que considera que uma postura meramente consensual será a mais eficaz e que uma maior regulação ou legislação debilitará necessariamente os pais”, afirma Rosemary Kempsell, presidente da organização.

Ela pediu um maior grau de intervenção do governo, afirmando que não deveríamos ter medo de desafiar a indústria quando estiver em jugo o bem-estar das crianças. O tempo dirá se as restrições voluntárias, junto com a pressão pública, serão suficientes para solucionar os problemas assinalados no relatório.

Fonte: Zenit.

Geórgia: agostinianos apoiam Igreja Ortodoxa

Mijeil Saakashvil, presidente da República da Geórgia, participou da primeira Eucaristia da Igreja Ortodoxa em um templo agostiniano recoleto de São Ildefonso e São Tomás de Villanueva, em Roma.

Com o gesto religioso e ecumênico de oferecer um espaço para o culto da Igreja Ortodoxa, os agostinianos recoletos prestam uma importante ajuda social a uma das últimas minorias migrantes que começa a assentar-se na capital italiana, segundo informa a Ordem em uma nota enviada a ZENIT.

Mijeil Saakashvil agradeceu a colaboração da Ordem, que, dessa forma, presta uma grande ajuda no campo dos desafios sociais próprios das ondas migratórias. O presidente da ex-república soviética assistiu à primeira Eucaristia que a Igreja Ortodoxa da Geórgia celebrou, em 2 de junho, no templo de São Ildefonso.

A minoria georgiana é a última dos países do Leste Europeu que se concentra na Itália há duas décadas, desde a independência da Rússia, em 1991. Levavam anos buscando uma igreja na qual celebrar seu culto de maneira estável e o encontraram em uma igreja que os agostinianos recoletos construíram em Roma, entre 1667 e 1672.

Não é uma cessão da Igreja. Os recoletos continuam celebrando lá duas Eucaristias diárias, incluídos os domingos e dias festivos. Com o aval da diocese de Roma, os religiosos colocaram sua igreja à disposição dos irmãos ortodoxos, para que estes tenham um lugar onde encontrar-se e poder celebrar a Eucaristia.

No átrio do templo, quem recebeu o presidente georgiano foi o prior da comunidade religiosa, Pablo Panedas, que lhe deu as boas-vindas e recebeu dele o reconhecimento por ter acolhido a comunidade nacional georgiana.

Também o sacerdote ortodoxo Ioanne mostrou sua gratidão para com os agostinianos recoletos, no discurso com que acolheu o presidente. E a reiterou nas palavras que dirigiu aos fiéis, em sua maioria mulheres e jovens que trabalham na Itália como cuidadores ou no serviço doméstico.

Insistiu-lhes em que continuassem se reunindo e fortalecendo sua identidade e espiritualidade, porque – disse – “nós, os georgianos, somos pouca coisa quando estamos desunidos, mas quando estamos juntos e unidos, somos imbatíveis”.

Fonte: Zenit.

Corrupção e martírio na história do Vietnã

A liberdade religiosa tem aumentado um pouco no Vietnã, mas ainda depende do capricho do governo. Mais do que falar em liberdade religiosa, afirma o padre Bernardo Cervellera, teríamos que falar de “uma certa tolerância religiosa”.

O diretor da AsiaNews dá entrevista ao programa Deus chora na Terra, da Catholic Radio and Television Network (CRTN), em colaboração com Ajuda à Igreja que Sofre.

- 10% da população do Vietnã é católica. As coisas melhoraram, mas a liberdade religiosa no Vietnã de hoje é possível mesmo?

- Padre Cervellera: Melhorou um pouco, sim. Por exemplo, os seminários, que antes tinham um limite, um número fixo de candidatos, agora foram abertos, e nós temos muitas vocações. Também existe uma certa tolerância do governo, com o atendimento médico que é feito pelas irmãs, por exemplo, e com a educação nas creches, essas coisas. Eu diria tolerância, não permissão. Mas de alguma forma existe mais liberdade, só que todas essas liberdades dependem da boa vontade do governo, que às vezes vai permitir e às vezes não vai.

- Ainda existe violência contra os cristãos?

- Padre Cervellera: Em algumas regiões, como o norte, e nas tribos das montanhas, ainda existe violência. Em Sung La e em outras dioceses, e em outras cidades menores, vilarejos, os católicos não podem celebrar missa no natal nem na páscoa, e é proibido ter catequese e ensinar a fé para os filhos, porque o governo local não permite nenhuma expressão de fé. Na prática, eles querem destruir a fé católica.

- Como o senhor consegue essas informações?

- Padre Cervellera: A nossa informação vem de fontes de fora do Vietnã. É muito perigoso para eles mandar essa informação. Várias dioceses do Vietnã também tiveram a coragem de publicar notícias e discursos dos bispos nos sites deles, análises e críticas de algumas violações da liberdade religiosa. Essas páginas também nos proporcionam informação.

- O senhor escreve na AsiaNews que a violência anticatólica é uma consequência da corrupção.

- Padre Cervellera: A maior parte da violência contra a Igreja católica no Vietnã atual é resultado de suborno e da corrupção do partido comunista. O Vietnã está em transição. Antes dessa transição, existia uma economia comunista centralizada. Agora eles estão avançando para uma economia capitalista, e muitos do partido comunista estão assumindo o controle, virando proprietários de imóveis que pertenciam às igrejas, ou de templos budistas e edifícios de outras religiões. É ilegal, porque a lei do Vietnã determina que todos esses edifícios e terras que foram desapropriados da Igreja ou de outros donos têm que se devolvidos quando as propriedades deixarem de ser usadas pelo Estado. Esses membros do partido estão ficando com essas propriedades e fazendo centros turísticos, villas, que depois eles vendem no mercado imobiliário vietnamita, que está crescendo bastante. A Igreja tenta reclamar. Aconteceu em Hanoi, Saigon, Vinh, em muitos lugares, e os católicos têm razão de reclamar. Mas a resposta do regime comunista tem sido violenta. Eles prendem os católicos que exigem de volta essas propriedades. Ou agridem, espancam. Um padre foi jogado do segundo andar de um prédio e outro apanhou até ficar em coma. Existe violência, sim, e é uma forma de amordaçar os direitos dos católicos.

- Os católicos vietnamitas precisam de orações...

- Padre Cervellera: Toda a Igreja perseguida precisa. Ninguém resiste ao sofrimento sem a força da oração. E outra reflexão interessante, o Vietnã virou um país com cada vez mais relações comerciais internacionais, e elas têm que ser uma via para transmitir a importância dos direitos humanos e o respeito pela liberdade religiosa. Até os negócios vão melhorar, porque, se a liberdade religiosa não existe, os outros aspectos dos direitos humanos, como a liberdade de empreender, também ficam em perigo.

- É o martírio que faz a Igreja crescer com tanta rapidez?

- Padre Cervellera: Eu acho que sim. O Vietnã, junto com a China, é uma das Igrejas mais perseguidas da Ásia, pelo menos nos últimos séculos. Nos séculos XVIII e XIX nós tivemos uns 200.000 mártires vietnamitas. Isso é semente para uma nova vida da Igreja. E outra coisa que eu acho que faz a Igreja no Vietnã ser tão forte é a unidade.

- A unidade vem de onde?

- Padre Cervellera: A unidade vem da educação que os jesuítas deram e das testemunhas da Igreja diante do povo do Vietnã, ao longo da história da Igreja no Vietnã. Hoje o povo tem mais confiança nas personalidades da Igreja do que nos funcionários do governo.

- Uma dessas grandes testemunhas foi o cardeal François-Xavier Nguyen Van Thuan. O senhor pode nos falar dele?

- Padre Cervellera: Claro! Ele é uma das personalidades mais importantes do Vietnã contemporâneo. François-Xavier Nguyen Van Thuan era sacerdote e foi nomeado bispo uns meses antes que o Vietnã do Norte invadisse o Vietnã do Sul. Ele era o bispo auxiliar de Saigon naquela época. O cardeal Van Thuan deu tudo, tudo, a serviço das pessoas no sul: ele ajudou os pobres, as crianças, ajudou na educação, na construção das casas...

- Por que acabou então na prisão?

- Padre Cervellera: Foi preso, em primeiro lugar, porque era parente do último presidente do Vietnã do Sul e, em segundo lugar, porque era bispo. Era um defensor apaixonado de seu povo e o povo o seguia. Por isso foi preso durante 13 anos, dos quais 9 passou em confinamento solitário.

- Que impressão lhe causou quando o conheceu?

- Padre Cervellera: Era muito tranquilo. Eu o conheci em Roma. Se não recordo mal, o Vaticano obteve sua libertação com a condição imposta pelo governo do Vietnã de que nunca voltaria ao país. Encontrei-me com ele quando era secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Era, como diria, muito calmo, mas com um olhar profundo e sempre muito comprometido com o Vietnã. Reunia-se com refugiados aqui na Itália ou com pessoas que vinha de todas as partes do mundo para visitá-lo. Sempre estava trabalhando e sempre apoiando a Igreja no Vietnã, com uma calma muito peculiar, como se dissesse: “Sabemos que Cristo sempre sairá vitorioso. Não há pressa nem angústia”.

Fonte: Zenit.

Bullying: formação moral é melhor meio de enfrentá-lo (Parte 3)

O bullying, forma de violência cada vez mais presente em nossa sociedade, é explorado nesta entrevista concedida a ZENIT por Luciene Regina Paulino Tognetta, doutora em Psicologia Escolar pela USP e coordenadora da Linha de Pesquisa “Virtudes e Afetividade” pelo GEPEM – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral – da Unesp/Unicamp.

A primeira e segunda partes desta entrevista foram publicadas nos dias 23 e 24 de junho.

Em que aspectos a formação na família e na escola podem contribuir para a educação nos princípios morais e éticos?

Dra. Luciene R. P. Togneta: É preciso cuidar do caráter das crianças. Às vezes, por querermos ser pais democráticos, nos tornamos permissivos e deixamos passar quando as crianças não dividem os brinquedos com os outros, quando maltratam os amigos, ou então somos complacentes com aquilo que ainda ela não pode fazer: fumar, beber na adolescência, por exemplo. É preciso dar um limite de “até onde” esse pequeno homem/mulher pode ir, exatamente para que ele possa aspirar, desejar ser algo que ainda não é. Se permitimos tudo, não há nada mais a conquistar.

A partir disso, é preciso buscar a parceria da escola que, por sua vez, é também responsável pela formação ética de seus alunos. Entretanto, valores morais não são transmitidos, são construídos, são vividos na experiência dos conflitos cotidianos em que se pode pensar sobre os problemas que se tem; ouvir os envolvidos, que podem dizendo como se sentem, que não gostam de ser violentados; ajudar aos meninos e meninas que carecem de sensibilidade moral, a se comover com o outro. Formar valores depende de um trabalho sistemático e preventivo, dia-a-dia, com a participação das crianças nas decisões, nas escolhas, no planejamento, na avaliação do dia. Ou seja, ética, é vacina, e não remédio. Se o bullying é um problema decorrente da falta de ética, é porque a vacina tem faltado nas escolas.

Infelizmente, a escola ainda está voltada apenas ao que fere o que é de todos, já que dificilmente considera que esse crescente olhar sobre o direito e o dever de todos – o que é público – começa pelo reconhecimento e respeito de si mesmo – do que é particular.

Você está coordenando o 2º Congresso de Pesquisas em Psicologia e Educação Moral (II COPPEM), na UNICAMP. Quais foram os principais resultados do 1º COPPEM e o que se busca nesta segunda edição do evento?

Dra. Luciene R. P. Togneta: A possibilidade de promover um encontro com a comunidade científica que trabalha, sob diferentes olhares, um mesmo tema, e a contribuição que podemos dar à comunidade, que tanto deseja compreender sobre o tema da moral para saber intervir, são as maiores conquistas que tivemos durante o primeiro COPPEM e que nos motivou à segunda edição. Neste ano, procuramos chegar ainda mais perto da comunidade. Convidamos jornalistas para mediar as mesas redondas que teremos no congresso. Educar a mídia é nosso grande objetivo. Isso porque a mídia é a grande possibilidade de chegar a professores, pais e à comunidade em geral, aquilo que se faz na universidade.

Luciene, você sempre trabalhou na área da educação, de diversas formas. O que a motiva a acreditar na transformação do ser humano?

Dra. Luciene R. P. Togneta: O próprio conhecimento do ser humano. A definição de inteligência de Piaget me é inspiradora: diria ele que inteligência é a capacidade de adaptação do ser humano. E afirmaria ainda que o dia em que o ser humano parar de se adaptar, não teremos mais o homem. Não é lindo? É fantástico saber que o homem pode se transformar. Não é tarefa fácil, sabemos, mas é preciso esperança. É o que tenho e que me motiva a estudar.

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Para saber mais:

TOGNETTA, L.R.P. A história da menina e do medo da menina. Literatura Infantil. Coleção: Falando de sentimentos. Americana, Editora Adonis, 2010.

TOGNETTA, L.R.P.; VINHA, T.,P. Estamos em conflito, eu comigo e com você: uma reflexão sobre o bullying e suas causas afetivas. In: CUNHA, J.L.; DANI, L.S.C.: Escola, conflitos e violências. Santa Maria: Ed. Da UFSM.

TOGNETTA, L.R.P. ; VINHA T. P. Valores em crise: o que nos causa indignação? In: LA TAILLE, Y.; MENIN, M.S.S.: Crise de Valores ou Valores em crise? Porto Alegre: Artmed 2009.

TOGNETTA,L.R.P.; VINHA, T.P. Um olhar sobre o bullying escolar e sua superação: contribuições da psicologia moral. In: TOGNETTA, L. R. P. ;VINHA,T. P. “Conflitos na instituição educativa: perigo ou oportunidade”. Campinas: Editora Mercado de Letras. 2011.

TOGNETTA, L.R.P. Bullying: de onde vêm a violência que assola a escola? In: GARCIA, Agnaldo (org.) Relacionamento interpessoal. Vitória: Associação Brasileira de Pesquisa do Relacionamento Interpessoal – ABPRI, 2010.

Fonte: Zenit.

domingo, 26 de junho de 2011

Turismo só de consumo deixa as pessoas vazias

Na cidade de Carlos Paz (Córdoba, Argentina), de 15 a 17 de junho, foi realizado o Encontro Nacional da Pastoral do Turismo, com o tema “A família no turismo”.

Com a presença do bispo de Avellaneda-Lanús, Dom Ruben Frassia, presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, participaram delegados diocesanos, agentes de pastoral do turismo e pessoas do turismo interessadas pelo caminhar da Igreja nesta realidade, informou a ZENIT Dom Frassia.

Neste ano da família e neste contexto, a família não somente constitui um valor da comunidade cristã, mas sim uma urgente necessidade para o bem-estar do indivíduo e de toda a sociedade.

Nas boas-vindas, Dom Frassia transmitiu a saudação dos demais bispos da comissão episcopal e recordou que é muito importante manter e sustentar os vínculos familiares.

Hoje, disse, “estamos muito informados, mas pouco comunicados. A família, que tem uma importância indiscutível, nos dá pertença, relação, referência e nos integra. O turismo não pode ter uma apresentação híbrida ou indiferente; ele apresenta valores ou antivalores. Um turismo que se orienta somente ao consumo deixa, no final das contas, as pessoas vazias”.

A partir da Pastoral do Turismo, disse o prelado, é preciso “propor valores que sejam alcançáveis e realizáveis, com uma permanente atitude de diálogo com todas as realidades dentro e fora da Igreja, com o público e o privado, em que, neste diálogo, vamos convidando e propondo qualidade de vida”.

Os assistentes compartilharam ideias com jovens estudantes do colégio paroquialRemedios Escala de San Martín, de Carlos Paz, que tem a orientação em turismo. Entre outras coisas, foi dito que se apresentam dificuldades para realizar o turismo em família, pelos custos, e também quando os filhos são adolescentes, pelos interesses diferentes.

Ao iniciar uma viagem de turismo em família, é necessário ter informação sobre lugares e serviços que satisfaçam os interesses de todos, pois as férias devem ser um tempo para compartilhar e conviver, para o diálogo, para encontrar-se e fomentar vínculos.

É preciso gerar ambientes adequados para satisfazer todos os membros da família e recolher informação em um diretório.

“Convidamos todos os agentes da evangelização no turismo e todas as famílias do nosso país a que retomemos o desígnio de Deus e aprofundemos nesta proposta do turismo em família, para que, a partir daí, reconfiguremos o entramado das relações familiares, sua identidade e sua missão na Igreja e no mundo”, convidou.

“Que seja à luz da Palavra de Deus que nos comprometamos com a instituição matrimonial e familiar, para que ofereça o melhor de si à construção de uma nova sociedade. Se salvarmos nossas famílias, estaremos redimindo nossa sociedade no presente e preparando convenientemente o futuro”, concluiu Dom Frassia.

FOnte: Zenit.

sábado, 25 de junho de 2011

Beleza, verdade e vida

O cuidado com o coração de cada pessoa, sua consciência moral, é prioridade fundamental da existência humana. Demanda que precisa ser atendida sob pena de prejuízos irreversíveis e de rumo para a sociedade, deteriorando valores culturais e impedindo alcançar o verdadeiro sentido da vida. As discussões políticas e as prioridades governamentais no âmbito de infraestrutura, ou na edificação da sociedade na justiça e na paz, requerem atenção especial e investimentos de vários tipos; de modo que ecoe no coração de cada pessoa um chamamento ao amor do bem e à fuga do mal. Se não ressoar, com permanência, na intimidade do coração de cada um, será inevitável o comprometimento da dignidade humana e a incapacidade de desempenhar papel cidadão, insubstituível, na construção de uma nova sociedade.

A vida, é simples concluir, embora desafiador o alcance, se sustenta na verdade e na beleza. Não basta equalizar funcionamentos da economia para garantir lugares privilegiados em rankings mundiais. As articulações políticas não hospedam tudo o que é necessário para que a compreensão antropológica da sociedade esteja alargada de modo a priorizar, por exemplo, a superação da miséria e da fome. Também, a vergonhosa exclusão social que ainda atormenta sociedades. Não menos, a sociedade brasileira - o que é lamentável - apesar do muito dinheiro que se dispõe para isso em diversos setores, ante o desafio de escolher o que primeiro é necessário. Esse atravancamento se localiza nas incapacidades de se reger, em condutas e ações, pelo esplendor da verdade e por sua força educativa e transformadora.

Beleza e verdade são indispensáveis para que todo juízo - como operação mais perfeita da inteligência em diferentes circunstâncias, do cotidiano familiar às complexas decisões que constroem a sociedade - possa ser emitido com força necessária para fazer da sociedade lugar da justiça, da solidariedade e da paz. Bandeira mais importante no conjunto das nações e da vida no planeta, que evoca a importância de elementos que estão no bojo da ecologia, da espiritualidade, da sustentabilidade, da economia, da ciência, da tecnologia e da política. A verdade constitui a perfeição da inteligência e o bem a da vontade. A verdade é o caminho para o bem. O amor à verdade é garantia para alcançar o bem que há de ser o coração da consciência moral. Esta não pode ser desarticulada e seu estrangulamento faz com que culturas, povos e nações paguem preços históricos pesados, com prejuízos para a vida de todos, pesando, em especial, sobre os mais pobres.

Cuidados e investimentos na consciência moral são indispensáveis ao se avaliar a extensão e a importância dessa consciência nos atos concretos das pessoas. Considerando-se sua condição insubstituível ao tomar decisões que configuram o comportamento e a conduta - garantia de ordenamento adequado da vida pessoal e social. Esse fenômeno da consciência, pensando a vida, seu sustento e direcionamentos, tem tudo a ver com a esfera psicológica e afetiva. Também com os múltiplos influxos do ambiente social e cultural para cada pessoa e para a sociedade na qual está inserida. O santuário, que é cada pessoa, não pode prescindir do amor à verdade, bem como de sua procura. É necessário estimular e proporcionar, em todos os âmbitos e oportunidades, o desejo dessa procura, sob pena de perder o que conta mais e, embora não tão palpável como outras tantas coisas, tem força de sustento e de equilíbrio.

Oportuno é recordar o que narram os evangelistas. Mateus, no capítulo 19, traz o diálogo de Jesus com um jovem que expressou intenso desejo ao perguntar: “Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?” Esta pergunta revela profundo e genuíno desejo do coração humano e a razão de seu viver. Perder essa referência é um risco e grande ameaça à vida. É preciso percorrer caminhos e oferecer influxos e condições que permitam o aflorar desse desejo, seu cultivo e efetivação. O amor à verdade, necessário e desafiante para o desejo de procura, tem na beleza um caminho educativo indispensável. É preciso ser funcional em tudo. É isso que a vida contemporânea exige, pela dinâmica de suas demandas e funcionamentos marcados por rapidez, multiplicidade, utilidade.

Toda experiência estética proporciona iluminação interior, dando ensejo ao caminho para o amor à verdade. A beleza, como realização excepcional de ideias, é campo de ofertas para artistas em poesias, esculturas, melodias, ritmos, monumentos. Proporciona a reposição de conceitos em imagens privilegiadas, favorece encontros, gera intuições educativas indispensáveis. Isso revela o quanto é necessário presentear a sociedade com a beleza que desperta o amor à verdade e sustenta a vida.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Métodos naturais: revolução natural na saúde da mulher

Como um jovem médico residente em 1968, o Dr. Thomas Hilgers estava preocupado com o tratamento de seus pacientes e se mantinha atualizado em relação aos progressos da medicina. Já como obstetra e ginecologista, bem como especialista em medicina reprodutiva e cirurgia, é o autor de "The NaProTechnology Revolution: Unleashing the Power in a Woman's Cycle" (A Revolução de NaProTecnologia: Liberando o poder do ciclo da mulher). O livro lembra o que o inspirou a fundar o Instituto Paulo VI para o Estudo da Reprodução Humana e desenvolver métodos de tratamento em uma ampla gama de questões ginecológicas, de acordo com os ensinamentos da Igreja Católica.

Em uma entrevista concedida a ZENIT, Hilgers explicou que o Creighton Model Fertility Care System é “um sistema único e, portanto, deve ter uma aplicação especial na saúde reprodutiva das mulheres". "Durante estes últimos 30 ou 35 anos - acrescentou -, investigamos continuamente isso e chegamos à Tecnologia Natural Procriadora (NaProTechnology)."

De acordo com Hilgers, NaProTechnology é muito mais do que uma forma avançada de planejamento familiar natural, trabalhando em cooperação com o ciclo das mulheres. "Na verdade, tornou-se uma nova ciência da saúde das mulheres", disse ele. A ciência da NaProTechnology tem três aspectos, disse: a forma médica, a forma pré-natal e a forma cirúrgica.

Em vez de simplesmente lidar com os problemas de fertilização, a NaProTechnology trabalha para resolver muitos dos problemas ginecológicos que as mulheres enfrentam. "É um giro de 180 graus na direção oposta de tecnologias de reprodução artificial", que, como explicado por Hilgers, são de supressão ou de destruição do potencial da vida humana, e não cooperativos com ele.

Ele diz que a NaProTechnology beneficia as mulheres que sofrem de uma variedade de problemas, incluindo - mas não limitado a - depressão pós-parto, cistos ovarianos, endometriose e ciclos irregulares; também pode ajudar a prevenir nascimentos prematuros, resultantes dos métodos reprodutivos artificiais.

"Há todo um departamento cirúrgico, com quase nenhuma cicatriz, que desenvolvemos - disse ele. Podemos operar e reconstruir os tecidos reprodutivos das mulheres como nunca foi feito antes." Ele acrescentou que muitas mulheres têm medo de cirurgia para cicatrizes graves, que causam mais problemas do que soluções. "Nós agora podemos operar de uma forma que não causa cicatrizes."

Hilgers disse que o tratamento pode variar de uma injeção de progesterona para aliviar a depressão pós-parto, a observação e tratamento de alterações do ciclo menstrual, com o fim de controlar a fertilidade, à cirurgia, tanto por via laparoscópica (fora do paciente) como tradicional.

Abusando da fertilidade

Hilgers debate, em seu livro, as consequências do surgimento da pílula, o número crescente de problemas médicos e sociológicos relacionados a isso, tais como: abortos, nascimentos fora do casamento, doenças sexualmente transmissíveis, várias formas de câncer, casos de abuso físico, aumento de divórcios, suicídios em adolescentes, bebês de baixo peso, mortes neonatais e o aumento do consumo de drogas, mais evidente nos últimos 40-50 anos.

"Vivemos fundamentalmente em uma cultura de abuso de fertilidade - disse Hilgers. As pessoas dão por descontada a sua fertilidade. Eliminam-na (com a pílula) ou a destroem (com) as diferentes formas de contracepção. E durante os anos da chamada ‘revolução sexual’, uma das coisas que alegaram é que não há vítimas. Mas eu acho que houve muito silêncio associado com a destruição da maioria das relações familiares e da epidemia de doenças sexualmente transmissíveis, que têm surgido como resultado disso."

"Os médicos falam dos benefícios para a saúde, mas não falam sobre os riscos para a saúde, exceto o que foi declarado pela Food and Drug Administration e que as pessoas não ouvem", disse ele. Explica que o uso da pílula contribui para a embolia pulmonar, coágulos de sangue, ataques cardíacos e infartos do miocárdio. Mulheres correm mais risco de câncer de mama devido ao uso da pílula, que também aumenta o risco de câncer do colo do útero, muitas vezes causado pela transmissão do vírus do papiloma humano (HPV).

O rápido crescimento

Quando Hilgers e sua equipe começaram a formar outros médicos em seus métodos, no começo dos anos 80, ele recorda que a resposta do âmbito médico não foi a que ele esperava inicialmente.

Em 1991, publicou um livro de medicina intitulado “A aplicação médica da planificação familiar natural: uma guia médica da NaProTechnology”, e a notícia se difundiu. “De repente, tínhamos 4 ou 5 médicos na aula, depois 10, depois 30”. No último mês de abril, o Instituto Paulo VI realizou um seminário de uma semana para 90 participantes, a metade deles médicos, a outra metade instrutores de NaProTechnology e especialistas em cuidados reprodutivos.

Hilgers tem a esperança de que a sociedade comece a valorizar a vida humana e veja o caráter sagrado dos dons que Deus nos dá. “Nos próximos dez anos, veremos uma mudança, acho. Se prestarmos atenção, veremos que já houve uma mudança agora. Não é evidente, não é grande, mas acho que o potencial está aí - disse Hilgers, com esperança. É interessante pensar nisso".

Fonte: Zenit.

Aborto em hospitais ligados à Igreja na Espanha

O Vaticano mostrou preocupação com a situação de hospitais da Catalunha em cuja direção a Igreja participa e nos quais são realizados abortos.

Em carta de 6 de junho ao padre Custodio Ballesteros, que havia comunicado ao dicastério a prática de abortos nesses hospitais e a falta de resposta da Igreja local, a missiva do Vaticano indica: “O Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde é consciente deste desafio para os hospitais católicos, pois eles devem tutelar e defender a vida humana em meio a uma cultura de morte”.

“A situação de alguns hospitais da Catalunha quanto ao aborto”, ilustrada por Ballesteros num amplo dossiê enviado ao dicastério, “preocupa a Igreja inteira”, aponta o subsecretário do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, Dom Jean-Marie Mupendawatu.

Na carta, escrita a pedido do presidente do dicastério, o arcebispo Zygmunt Zimowski, ele explica que o organismo vaticano já tinha recebido informações sobre esta situação antes e que “pudemos conversar com os responsáveis”. O conselho pontifício exorta os responsáveis “a averiguar detalhadamente o que está ocorrendo e achar soluções concretas para eventuais problemas individualizados”.

O Hospital San Pablo de Barcelona e o Hospital General de Granollers aparecem no registro oficial do Ministério de Saúde como centros que realizaram abortos legais em 2009.

Diante disto, “a direção do hospital deu ordens ao serviço de obstetrícia e ginecologia para não praticarem abortos”, informou nesta terça-feira a ZENIT um porta-voz do arcebispado de Barcelona.

Em agosto passado, os representantes do cabildo da catedral de Barcelona no Hospital San Pablo comunicaram que sempre “se manifestaram a favor da vida humana desde o momento da concepção e trabalham para que este princípio rija as ações do hospital”.

Explicaram que, “de acordo com os princípios éticos em que o hospital se inspira desde a fundação, não se praticam interrupções voluntárias da gravidez, embora excepcionalmente concorram circunstâncias médicas que levam a ações entre cujas consequências pode estar a perda do feto”.

E afirmaram que se foi vulnerado algum princípio ético e moral da Igreja católica que o hospital deve respeitar por convênio, “serão tomadas as medidas oportunas para o seu cumprimento”.

Por sua vez, o bispado de Terrassa condenou publicamente a realização de abortos no Hospital de Granollers e solicitou a supressão da prática. Até agora, porém, não houve nenhuma mudança neste sentido, comentou a ZENIT o secretário geral e chanceler do bispado, Fidel Catalán. O mesmo porta-voz afirma que “consultou os superiores”, mas ainda não recebeu resposta oficial.

Na administração do Hospital San Pablo participam com partes iguais o arcebispado e a prefeitura de Barcelona e a Generalitat da Catalunha (equivalente esta, aproximadamente, ao que seria o governo estadual no Brasil).

No patronato do Hospital de Granollers, o vice-presidente é designado pela paróquia de Sant Esteve de Granollers, pertencente ao bispado de Terrassa.

Por lei

Na Espanha, segundo a Lei Orgânica de Saúde Sexual e Reprodutiva e da Interrupção Voluntária da Gravidez, que entrou em vigor em julho de 2010, “a prestação da interrupção voluntária da gravidez se realizará em centros da rede pública de saúde ou vinculados a ela”.

A norma indica que “todas as mulheres terão igual acesso à prestação”, livremente até as quatorze primeiras semanas de gestação e com justificativa médica até a vigésima segunda semana.

A lei só prevê objeção de consciência para pessoas individuais, não para os centros.

Desde a entrada em vigor desta lei, alguns hospitais estão recebendo mais pressão para fazer abortos, explicou a ZENIT o vice-presidente do patronato do Sant Hospital de la Seu d'Urgell e pároco da mesma cidade de Urgel, Xavier Parès.

“Numa reunião do patronato há meio ano, um médico afirmou que nesse hospital ainda não eram feitos abortos, mas que eles teriam que passar a ser feitos. Eu falei que não podemos permitir essa prática num hospital onde a Igreja faz parte do patronato, e todos ficaram quietos”.

Custodio Ballesteros declarou a ZENIT que manteve conversas em Roma com altos representantes vaticanos. Eles indicaram que hospitais com participação da Igreja não podem fazer abortos, e, caso façam, a Igreja deve se retirar.

Para Ballesteros, a Igreja poderia renunciar aos fundos públicos para manter sua liberdade, mesmo reduzindo em decorrência disto o tamanho de seus hospitais.

Pílulas

A distribuição de pílulas abortivas (RU-486 e as pílulas do dia seguinte) afeta um número maior de hospitais cuja direção conta com a Igreja.

Por esta causa, no Hospital de Sant Celoni, na diocese de Terrassa, o vice-presidente do patronato, padre Ignasi Fuster, pediu demissão do cargo ao considerar que a Igreja deve se retirar de hospitais que praticam abortos.

No Hospital San Juan de Dios de Esplugues de Llobregat também foi distribuída a pílula do dia seguinte até que sua distribuição começasse a ser realizada nas farmácias, informou a ZENIT o capelão Miguel Martín Rodrigo, delegado de pastoral da saúde do bispado de Sant Feliu. O religioso declarou que nesse hospital nunca foram feitos abortos nem distribuída a pílula RU-486. “A ordem de São João de Deus sempre manifestou que no hospital não vai haver abortos e a Generalitat nos respeita”.

Na lista de Centros de Referência de Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva da Generalitat e de “informação para a realização da Interrupção Voluntária da Gravidez, aparecem vários hospitais em que a Igreja tem participação. Entre outros, o Hospital San Juan de Dios de Esplugues de Llobregat, o Hospital Residência San Camilo de Sant Pere de Ribes, o Sant Hospital de la Seu d'Urgell e o Hospital de Santa Tecla de Tarragona.

Fonte: Zenit.

Espanha: atenção à lei sobre o fim da vida

O projeto de lei reguladora dos direitos da pessoa diante do processo final da vida, que se discute na Espanha, implicaria a legalização encoberta de práticas de eutanásia.

É o que advertem os bispos da CEE (Conferência Episcopal Espanhola), em um comunicado difundido ao final de sua assembleia plenária de 21 e 22 de junho.

O texto dos bispos afirma que “o próprio conceito de dignidade humana fica negativamente afetado” no projeto.

“Uma conceituação da autonomia da pessoa como praticamente absoluta e o peso que se dá a tal autonomia no desenvolvimento da lei acabam por desvirtuar a intenção declarada e por ultrapassar o limite proposto de não dar validade à eutanásia”, afirmam os prelados.

O texto de lei assinala que sua intenção seria proteger a dignidade da pessoa no final da vida, mas sem despenalizar a eutanásia.

Mas os bispos consideram que “parece afirmar-se implicitamente que uma vida humana poderia carecer de dignidade a se tutelar no momento em que assim dispusesse de forma autônoma a parte interessada e inclusive eventualmente um terceiro”.

Fonte: Zenit.

Bullying: formação moral é melhor meio de enfrentá-lo (Parte 2)

O bullying, forma de violência cada vez mais presente em nossa sociedade, é explorado nesta entrevista concedida a ZENIT por Luciene Regina Paulino Tognetta, doutora em Psicologia Escolar pela USP e coordenadora da Linha de Pesquisa “Virtudes e Afetividade” pelo GEPEM – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral – da Unesp/Unicamp.

A primeira parte desta entrevista foi publicada ontem e a terceira parte será publicada no domingo, dia 26 de junho.

Alguns falam de "agressor" e "vítima", enquanto outros consideram "autor" e "alvo" como termos mais adequados. Qual é a diferença?

Dra. Luciene R. P. Togneta: A atual literatura sobre o fenômeno aconselha que utilizemos as expressões “alvos de bullying” e “autor de bullying” à vítima e agressor, respectivamente, na tentativa de evitar preconceitos por parte dos agentes que trabalham com situações problemas em que haja essa forma de violência. Professores como o espanhol José Maria Avilés Martinez, que estará conosco durante o II COPPEM, é um dos que têm se esforçado para adequar tais expressões. No Brasil, os pesquisadores do GEPEM já aderiram a essa nova nomenclatura, a partir de nossos estudos publicados em 2008 por nós, Luciene Tognetta e Telma Vinha.

Autor e alvo são os únicos envolvidos na "cena" do bullying?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Não. Há também aqueles que chamamos de espectadores. São eles que promovem o autor e permitem declinar o alvo. Sem público não há espetáculo. Os atos de bullying são escondidos aos olhos da autoridade, mas dos pares não; o autor de bullying precisa que todos saibam o que fez com a vítima. Os espectadores, muitas vezes, ficam do lado dos mais fortes ou são indiferentes, por medo de se tornarem a próxima vítima. Falta-lhes o sentimento de indignação.

É possível que um alvo se torne autor e vice-versa? Como e por que se dá isso?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Pelo lado do agressor, ele tem a intenção de ferir, ele precisa menosprezar o outro para se sentir melhor, mas nem sempre ele é uma ex-vítima. Ele pode ser, na verdade, uma criança ou adolescente que simplesmente carece de sensibilidade moral, a ponto de não conseguir se colocar no lugar do outro. Mas pode ser que tenha se sentido vitimado em alguma circunstância, por seus pais, por seus iguais e tenha aprendido que a única forma de “ficar bem na fita” seja também provocando os outros. O valor que ele vê em si mesmo pode ser tão pequeno que, para se sentir melhor, ele invista sobre os outros.

Como se pode trabalhar a inclusão social do autor do bullying? E do alvo?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Estigmatizados, estão com certeza todos os diferentes que não aprendem na escola que não se renova e nem se preocupa em criar formas de se adaptar às suas necessidades especiais. O professor pode estar voltado ao quadro, e não a quem aprende. Até porque, infelizmente, perpassa pela cabeça de muitos professores que o problema de bullying é uma brincadeira própria da idade. Ou então, para outros, um problema que não é da escola. Mas convenhamos: ética não é um conteúdo da escola? Se sim, como afirmado pelos parâmetros curriculares, é trabalho imprescindível do professor tratar deste conteúdo em suas aulas. Se concordarmos com Ricoeur (1993) em que “ética é a busca de uma vida boa com e para o outro em instituições justas”, trabalhar com o tema da ética é trabalhar com as relações entre as pessoas. É ajudá-las a buscar a “vida boa” como sinônimo de dignidade. É possibilitar que meninos e meninas se vejam com valor, para então valorizarem os outros.

Segundo sua experiência nesta área, quais são os principais meios para se evitar o bullying, a curto e longo prazo?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Primeiramente, os educadores precisam compreender as particularidades desse tipo de violência para depois pensar em propostas de intervenção. De acordo com estudos e pesquisas realizadas na área de Psicologia Moral, o autor de bullying é um sujeito que possui uma escala de valores invertida, em que respeito, generosidade, solidariedade não são valores centrais para esses meninos. Por isso, é importante destacar que ele também precisa de ajuda, pois são sujeitos que carecem do que chamamos de “sensibilidade moral”, ou seja, não enxergam no outro um sujeito digno de respeito e por isso não consegue se sensibilizar com a dor alheia.

Ao contrário do que as escolas têm feito quando identificam os autores, que é aplicar castigos ou punições, o que podemos fazer é aplicar sanções por reciprocidade, que estejam relacionadas com as ações do sujeito; encorajá-los a pedir desculpas e incentivá-los a reparar o mal causado ao outro, para que possam refletir sobre o que fizeram. Por sua vez, os alvos de bullyingnão têm forças para lutar contra seus algozes porque se veem como diferentes; é preciso ajudá-los a se ver com valor, a se respeitarem para que possam sair do “estado” de vítima. Mas a escola precisa trabalhar também com os espectadores, como já dissemos, são eles que promovem o autor; portanto, precisamos trabalhar com os sentimentos desses sujeitos que não conseguem se indignar, precisamos questioná-los: como vocês se sentiriam se isso acontecesse com vocês? O que vocês poderiam fazer para que isso não acontecesse mais? Para isso, é preciso construir espaços que abarquem a formação ética dos nossos alunos. Pouco adianta puni-los, julgá-los, denunciá-los à polícia. O que precisamos é formar cidadãos que aspirem a uma personalidade que tenha valores morais.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bullying: formação moral é melhor meio de enfrentá-lo (Parte 1)

O bullying, forma de violência cada vez mais presente em nossa sociedade, é explorado nesta entrevista concedida a ZENIT por Luciene Regina Paulino Tognetta, doutora em Psicologia Escolar pela USP e coordenadora da Linha de Pesquisa “Virtudes e Afetividade” pelo GEPEM – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral – da Unesp/Unicamp.

A segunda parte desta entrevista será publicada amanhã.

O que é o bullying? Em que contextos ele se apresenta de maneira mais explícita?

Dra. Luciene R. P. Togneta: O bullying é diferente de uma simples brincadeira entre alunos, pois o que o caracteriza é a intencionalidade do autor em causar um sofrimento à vítima. As agressões se repetem sempre com o mesmo alvo, acontecem por um longo período de tempo e há um desequilíbrio de poder, tornando possível a intimidação da vítima. Portanto, há uma violência sentida por quem é vitimizado e, sobretudo, essa violência acontece cotidianamente fazendo a vida dessa criança ou adolescente parecer um inferno a seus olhos. O que torna o bullying algo tão terrível é o fato de ser uma forma de violência repetida e entre pares, ou seja, entre sujeitos que estão em pesos de autoridade iguais. E é na escola que essa relação entre pares é intensificada.

O bullying é um fenômeno isolado ou talvez mais um dos “sintomas” do mundo pós-moderno? A que se deve esse conjunto - sempre crescente - de fenômenos relacionados à violência em nossa sociedade?

Dra. Luciene R. P. Togneta: O bullying é uma forma de violência não necessariamente dessa geração, já que sempre existiu. Contudo, é verdade que, em um momento pós-moderno, em que os tempos são “líquidos”, como diria Zygmunt Bauman, são acentuadas as necessidades de sermos vistos pelos outros como o “garanhão”, como o “jovem”, como o “famoso”, já que tal liquidez dos tempos parece assegurar a necessidade, no presente, da força física, da fama rápida.

Qual é a situação do bullying no Brasil hoje? Estão sendo realizadas pesquisas nesta área? Você poderia nos contar um pouco sobre os resultados mais significativos?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Sim, nós fazemos parte de um grupo de estudo e pesquisas, o GEPEM, da Unicamp/Unesp, que estuda e pesquisa temas relacionados à violência nas escolas e à agressividade do ponto de vista da Psicologia Moral. Existe também um curso de pós-graduação da UNIFRAN, chamado “As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral”, que trabalha com seus alunos, entre outros temas, a violência, o bullying, como formar personalidades éticas etc.

Do ponto de vista da Psicologia Moral, nossos resultados têm apontado para o fato de que o bullyingé um problema moral, já que se remete às relações entre as pessoas e atinge aquilo a que mais se busca – sua dignidade diante de si e dos outros.

E do ponto de vista da educação, que dados chamam mais a atenção?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Numa investigação com 150 adolescentes do nono ano de Ensino Fundamental II e primeiro ano do Ensino Médio de escolas públicas da região metropolitana de Campinas (Tognetta et all), encontramos números que assim descrevem essa forma de violência entre pares: 16% de nossa amostra foi considerada entre autores convictos, cujas ações de bullying são reveladas na frequência contínua de seus ataques; 29,3% são aqueles autores que eventualmente se colocam, muitas vezes como forma de proteção e revanche, como autores esporádicos de uma forma de violência que se pareceria com aquelas consideradas bullying. Quando questionamos sobre a possibilidade de já terem sido ou serem alvos de bullying, 60% dos alunos afirmaram já terem passado por processos de vitimização. Finalmente, ao questionarmos sobre o fato de saberem e terem visto quaisquer dessas formas de violência entre os colegas, 92% nos disseram já terem assistido a alguma situação de bullying na escola.

Vejamos: quase que a totalidade dos alunos já testemunhou cenas desse tipo de violência na escola; já foram, portanto, “público”. É ele, o público, quem dá a atenção e, assim, permite a promoção do autor. Bullying é um fenômeno escondido aos olhos dos professores, os quais estão mais atentos a situações que os afetam diretamente, mas não é escondido aos olhos dos alunos. O autor fará os colegas - ou até a classe inteira - saber que chamou um colega de um apelido que ele não gosta, porque é essa a maior recompensa de um autor de bullying: ver a dor do outro com seu sucesso diante dos outros. Quanto mais souberem daquilo que ele é capaz de provocar em alguém, mais satisfeito ele se sente.

O autor dessa humilhação pode ser também um professor?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Em 2004 e 2005, conduzimos investigações nas quais perguntamos a cerca de 800 crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares da região de Campinas: “Você já foi humilhado, diminuído, desprezado ou caçoado por algum de seus professores?”. Para nossa surpresa, o grande problema que encontramos foi, além do bullying, o fato de que crianças e adolescentes indicavam terem sido humilhados, desprezados, diminuídos pelos próprios professores. Numa das amostras, do 4º ano do Ensino Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio, encontramos um número razoável de respostas que indicaram já terem sido menosprezados, ameaçados, zombados por aquele que chamamos de “autoridade” na escola. Por certo, tais ações são veladas e muitas vezes até não entendidas como formas de humilhação por aqueles que a recebem. Foi interessante notar que há um aumento nas respostas que consideram os menosprezos por parte da autoridade como natural entre os alunos: quanto menores, mais heterônomos, a ponto de validar muitas vezes as formas autoritárias pelas quais são tratados.

Mas, quando se trata de maus-tratos advindos de uma autoridade, de um professor, estamos também falando de bullying?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Não exatamente, mas as formas de atuação de um professor também podem levar crianças e adolescentes a serem alvos e autores de bullying, ainda que indiretamente. Isso porque, imaginemos a seguinte situação: em determinada escola conhecida por nós e em que conduzimos as pesquisas de 2004 e 2005 na região de Campinas, os pais de dez principais alunos que eram considerados “terríveis” pela escola são convocados para uma reunião em que os filhos estão presentes. Coletivamente, a professora vai apontando os defeitos de cada um desses alunos na frente de todos. Seus pais, sentindo-se ridicularizados, culpados... É dessa forma velada, não intencional, que também a escola expõe suas violências: expõe publicamente o que deveria ser particular e permite que aqueles que já pouco atribuem a si um valor, o façam menos ainda.

Infelizmente, um dos grandes equívocos da escola é que trabalhamos o que é público como particular e o que é particular como público: quando temos uma “briga de galo” – aqueles momentos em que há espectadores que se rejubilam com a briga de outros dois –, como resolvemos? Encaminhamos os “brigões” para a direção e pedimos ao grupo que se aglomera que se disperse. O problema era público e não particular. Todos estavam, de alguma forma, envolvidos, ainda que pela ausência de indignação frente a essa situação de injustiça. Todos deveriam ser questionados: e se fosse com você? O que vocês poderiam ter feito para impedir que essa briga acontecesse? Tudo isso para que aqueles que são indiferentes se sintam implicados a tomar uma posição, para que se indignem com as injustiças na escola.

É comum que uma criança ou adolescente não se manifeste ao presenciar situações como esta?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Há, de fato, uma explicação para que crianças e adolescentes cada vez mais se distanciem de pensar no coletivo da escola, como vimos numa investigação realizada com outros 150 estudantes de escolas públicas e particulares do Estado de São Paulo, em 2009. Quando questionamos esses adolescentes do nono ano sobre as ações que uma pessoa pode ter e que lhes cause indignação (ou raiva), 35,33% desses jovens pensam numa espécie justiça apenas autorreferenciada, sem se implicar com os outros, enquanto que somente 24% deles são capazes de indignar-se por qualquer pessoa que sofra a falta de um conteúdo moral, como a justiça, a honestidade, o respeito, entre outros (Tognetta, Vinha 2009).

Como evitar essas humilhações na escola, tanto entre colegas como entre professores e alunos?

Dra. Luciene R. P. Togneta: Quando até a autoridade é citada pelos alunos como agindo com humilhações e intimidações, temos de ter um olhar mais amplo para os problemas da escola. Háuma questão muito maior, quanto ao tipo de ambiente sócio-moral que é constituído nas relações entre os alunos e seus professores. Como pesquisadora do desenvolvimento moral, acredito queuma intervenção de qualidade ao problema da violência chamada bullying começa impreterivelmente pelo diagnóstico do ambiente sócio-moral constituído por aqueles que dele participam. Na verdade, é a qualidade do ambiente sócio-moral uma das questões mais necessárias para se levar em conta num processo de implantação de uma proposta anti-bullying.

Fonte: Zenit.

Ortodoxos com Papa na festa dos santos Pedro e Paulo

Também este ano o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, enviará uma delegação a Roma por ocasião da festa dos santos Pedro e Paulo, em 29 de junho.

A iniciativa faz parte do habitual intercâmbio de delegações pelas respectivas festas dos santos padroeiros. De fato, a Santa Sé envia sempre uma delegação a Istambul em 30 de novembro, para a comemoração de Santo André.

A delegação ortodoxa será composta por sua eminência Emanuel, metropolita da França e diretor do escritório da Igreja Ortodoxa na União Europeia; pelo bispo de Sinope, Athenagoras, auxiliar do metropolita da Bélgica; e pelo arquimadrita Maximos Pothos, vigário geral da metropolia da Suíça.

Em 28 de junho, informa uma nota oficial, a delegação será recebida por Bento XVI, enquanto em 29 de junho ela estará presente na Celebração Eucarística que o Papa presidirá na Basílica Vaticana.

A delegação se encontrará também com expoentes do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

O intercâmbio de delegações entre Roma e Constantinopla teve início em 1969, com a visita a Constantinopla do cardeal Johannes Willebrands, presidente do então Secretariado para a Unidade dos Cristãos, por ocasião da festa de Santo André.

Fonte: Zenit.

Países árabes devem respeitar os direitos humanos

A “primavera árabe” é fonte de esperança, mas deve respeitar a dignidade da pessoa humana, sobretudo a liberdade religiosa.

O cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, fez esta consideração introduzindo a 84ª sessão plenária da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO), que acontece esta semana no Vaticano.

O purpurado tem experiência de um ano de acontecimentos, viagens e visitas oficiais no mundo inteiro e concebe a primavera dos países árabes com a esperança de que constitua uma oportunidade de progresso para as populações locais, mas também com o temor de que possa aumentar as discriminações com relação aos cristãos.

“Estes movimentos coincidem com o esquema de valores da fé cristã, em muitos casos – declarou à emissora pontifícia. Certamente, nós estamos a favor de uma mudança que respeite a dignidade da pessoa humana, sobretudo a liberdade religiosa, mas estamos com todos aqueles que sofrem as consequências destas mudanças, porque assim como proclamamos esses direitos, há também muitos outros sofrimentos e violências que às vezes produzem muitos mortos.”

O cardeal Sandri recordou, além disso, o Sínodo para o Oriente Médio, do último mês de outubro, considerando-o como um dom que está dando seus frutos.

“O sínodo havia lançado um apelo a todos os cristãos do Oriente Médio e, através deles, a todos os habitantes do Oriente Médio, pela paz e pela reconciliação, pela dignidade da pessoa humana”, sublinhou.

A Igreja defende esta liberdade, esta dignidade da pessoa humana, especialmente manifestada na liberdade religiosa e no direito de ter todo o necessário para viver dignamente como homens, afirmou ele.

A Congregação para as Igrejas Orientais recolheu os frutos do Sínodo no compromisso renovado em favor da Terra Santa, pátria espiritual de todos os crentes, mas também para o Iraque e o Irã, onde a vida dos cristãos não é fácil.

Em Belém, o dicastério criou o projeto do instituto Effatà Paulo VI, que responde à prioridade da formação, destacada muitas vezes pelo Papa e fundamental para preparar o amanhã do Oriente cristão.

Na reunião da ROACO se espera o patriarca copta-católico, Antonios Naguib, e o recém-eleito matriarca maronita, Bechara Boutros Rai, que oferecerão algumas chaves de leitura da situação atual dos cristãos no Oriente Médio, para orientar o serviço a favor das igrejas orientais e do seu compromisso ecumênico e inter-religioso a favor da paz.

Também será dada uma grande atenção ao Sínodo para o Oriente Médio, realizado no ano passado, e à Terra Santa.

Participarão nos trabalhos os representantes de mais de 20 agências católicas, procedentes de 10 países ocidentais. Espera-se, além disso, a presença do delegado apostólico em Jerusalém, Dom Antonio Franco, e do custódio da Terra Santa, Pe. Pierbattista Pizzaballa OFM.

A ROACO é um organismo fundado em 1968 pela Congregação para as Igrejas Orientais e reúne as agências que trabalham no apoio às igrejas católicas orientais em todas as dimensões da vida, tais como o clero, a formação pastoral, as instituições educativas e escolares e a assistência sócio-sanitária.

Fonte: Zenit.