sexta-feira, 28 de junho de 2013

Nigéria: Uma viagem ao fundamentalismo religioso


No leste da Nigéria, há um pequeno lugar onde está presente a diocese mais perigosa do continente. A doença e a fome são problemas que existem, mas para tornar ainda mais quente o clima do estado mais populoso da África não está ali apenas o sol escaldante ou a poeira da rua, mas a praga do fundamentalismo islâmico.

O fantasma da seita Boko Haram está sempre presente, e é um perigo constante para todos os habitantes do lugar, principalmente para os cristãos. O ambiente nigeriano é uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento. Aqui, o terrorismo é constante, brutal e preferem a faca ao Kalashnikov, tornando ódio contra os cristãos a força motriz desta seita fundamentalista.
Do ponto de vista sócio econômico a Nigéria é um importante ponto de intercâmbio. Foi evangelizada por missionários irlandeses no século passado, e a coexistência pacífica entre as religiões foi por conseguinte sempre verificada.
Boko Haram rima com ódio fanático, uma vez que este grupo tem como objetivo dividir e desestruturar, de uma vez por todas, esta compatibilidade religiosa que dura, segundo eles, muito tempo. Os muçulmanos devem abraçar o fanatismo, caso contrário, eles se tornam alvo dos guerrilheiros, enquanto que os cristãos devem sumir, ou se converter. Quem não se dobra a esse dualismo feroz é morto ou vive com o terror da violência a qualquer momento. De acordo com o Boko Haram a cultura nos torna livres e é pecado. É por isso que eles querem que o jovens cresçam na ignorância, sendo assim, mais fácil de manipular.
O grupo funciona muito como o Talibã afegão, mas seu verdadeiro objetivo é estabelecer um Estado islâmico na Nigéria.
Diante disso a Igreja dá a sua contribuição: os padres e bispos permanecem no lugar deles. Eles têm ideias claras e recusam escolta e carros blindados, eles mantêm-se fiéis à missão de não abandonar os fiéis, enquanto houver almas para cuidar.
O ex-bispo da capital Abuja, agora cardeal John Onaiyekan, que encontramos em novembro passado, pouco depois de ser nomeado pelo Papa Bento XVI, nos falou da necessidade e da contribuição que os meios de comunicação podem dar para as pessoas da Nigéria, a fim de difundir uma mensagem de esperança e paz para o povo do seu país.
Sendo um local de luta constante, um dos problemas mais comuns são os atentados, como o que ocorreu em 25 dezembro de 2011, durante a Santa Missa de Natal.
Jean Paul Kayihura, chefe continental da Rádio Maria na África, que naquela época estava na capital nigeriana, nos contou sua experiência. Foram cinco explosões que causaram centenas de mortes, “eu estava em uma igreja próxima ao local do ataque. Fiquei profundamente chocado, porque as pessoas tinham ido lá para rezar, eram inocentes, pois nessa situação não há e não deve haver nenhuma manifestação de violência. Provavelmente, existem outras razões para estes grupos de fanáticos muçulmanos, que usam a religião para disfarçar. Todas as vezes que acontece um ataque, todos os líderes religiosos condenam.”
De acordo com o representante da rádio católica, muito ativa na África, a solução poderia vir do estado: "É preciso garantir a segurança - continua – é preciso amplificar a mensagem de paz até que todos os nigerianos se sintam envolvidos na busca pela paz, a fim de evitar que um pequeno grupo perturbe a comunidade ou o desenvolvimento do país. Somente a segurança permite o desenvolvimento. Para isso, devemos insistir na educação para a paz de todas as religiões”.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Direitos do nascituro: cada criança deve chegar ao mundo numa relação sexual fisica, como consequência de um amor psicológico



Os direitos dos nascituros[1] podem ser divididos em duas categorias: Positivos: são os direitos feitos pelos homens. Naturais: são os direitos não feitos pelos juristas mas que são reconhecidos, preexistem aos direitos positivos. O fundamento deles é a mesma natureza humana.

Esses direitos naturais dos nascituros podem resumir-se em quatro:
1 – Direito de cada ser humano de ser concebido de maneira natural;
2 - Direito de ser reconhecido existente desde a concepção e o direito de continuar a viver após a concepção;
3 – Direito de ser respeitado como ser humano.;
4 – Direito de viver numa familia composta (formada por pai e mãe) juntos no casamento.
Agora comentamos cada um desses direitos.
1 – Ser concebido de maneira natural.
Significa que cada criança deve chegar ao mundo numa relação sexual fisica, como consequência de um amor psicológico. O filho não pode ser o resultado de uma técnica ou de um projeto resultado de um produto. Sobre os produtos o fabricante tem o direito de posse mas no indivíduo humano não pode ser assim: este tem uma dignidade propria do ser humano.
Por isso, os pais são chamados pro-criadores, eles são somente os diáconos, os servidores da vida; não são eles que doam a vida mas oferecem à Natureza (para os crentes, à Deus criador) a possibilidade de criar uma nova vida.
A fertilidade do ato sexual não pertence aos cônjuges; o resultado desse encontro sexual não depende da vontade deles, ou do desejo de ter um filho. Os pais esperam que desse encontro seja gerado um filho. Nesse sentido o filho não é um produto deles, e sim de um Outro, o único que tem a possibilidade de doar uma vida. Dessa maneira o ato sexual adquire uma dignidade humana. O filho deve ser a consequência de um amor verdadeiramente humano, isto é, fisico e espiritual, desejado não como um resultado de um “fazer”, ou um objeto de um hipotético direito do casal mas como um presente.
2 - Direito de ser reconhecido existente desde a concepção e o direito de continuar a viver depois da concepção.
A verdadeira ciência (a embriologia) hoje nos diz que a vida inicia no momento mesmo da concepção. Na fecundação acontece a fusão das duas membranas celulares e a fusão nuclear. A nova célula, o zigoto, tem o patrimônio genético completo e próprio, diferente do pai e da mãe, chamado genoma. Este constitui o código genético do novo indivíduo, a sua carteira de identidade genética. O zigoto inicia logo o seu próprio desenvolvimento em fases sucessivas e interligatas, segundo a lei ontogenética. Este desenvolvimento, se não intervém uma ação destrutora, conduz o zigoto até o nascimento, à adolescência, à idade adulta e à velhice. Somente é preciso dar ao zigoto, embrião, feto, o tempo necessario para o desenvolvimento. Mas ele já possui todas as carateristicas genéticas. Por isso, deve-se distinguir um ser humano em potência de um ser humano em potencialidade. Em potência significa que o zigoto antes não tem alguns elementos, mas os ganha depois. Isto é impossível porque depois da união sexual não intervém uma outra ação externa para acrescentar algo que o zigoto não tinha. Potencialidade, pelo contrario, significa que o zigoto já desde o início tem o patrimônio genético completo. Nada se acrescenta. Precisa somente do tempo para desenvolver-se.
Adriano Bompiani, o grande genetista italiano recentemente falecido, dizia que desde o concebimento, o zigoto tem a sua Carteira de Identidade Genética.
O direito Romano já admitia que: “Conceptus iam pro natu habetur” (O concebido deve ser considerado como um ser humano). Também o jurista Tertuliano, dizia que é já homem aquele que o será (Apologetico, IX, 8).
[1] Nascituro: com este termo se designa um ser que já foi concebido mas que ainda não nasceu. Este termo compreende somente as fases do período da vida intra-uterina: zigoto-embrião-feto.

A segunda parte desse artigo será publicada amanhã, quinta-feira, 26 de junho

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Papa cria comissão para reformar banco do Vaticano



O papa Francisco ordenou a criação de uma comissão formada por cinco pessoas para reformar o Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano.

A comissão terá como objetivo recolher informação sobre o trabalho do IOR para se "chegar a uma melhor harmonização do instituto com a missão da Igreja Católica", informou por meio de uma nota o gabinete de imprensa do Vaticano.

A implementação de mudanças no IOR, envolvido há anos em vários escândalos financeiros internacionais e acusado de falta de transparência, era junto com a reforma da Cúria romana duas das decisões que se esperavam do pontificado de Francisco.

Segundo o comunicado, a comissão foi criada dia 24 de junho e já está trabalhando. O órgão poderá solicitar a ajuda de "colaboradores e assessores", assim como de "diretores do IOR e de todo seus funcionários".

A formação da comissão é "um desejo do papa" para conhecer melhor "a posição jurídica e as atividades do Instituto", disse a nota.

Segundo o documento de instalação do órgão, assinado pelo papa, a comissão "recolherá documentos, dados e informações necessárias para o desenvolvimento de suas funções institucionais".

"O segredo profissional e outras restrições estabelecidas pelo ordenamento jurídico (do IOR) não limitarão o acesso à comissão", acrescenta o documento.

Os cinco membros da equipe da comissão terão que informar periodicamente ao papa sobre seu trabalho e entregar um relatório final. Ainda não se sabe por quanto tempo o órgão funcionará.

Em 15 de fevereiro, o advogado alemão Ernest von Freyberg, de 55 anos, foi nomeado novo presidente do IOR, em substituição do italiano Ettore Gotti Tedeschi, destituído em 24 de maio do ano passado pelo Conselho de Supervisão da entidade após ser acusado de irregularidades.

Tedeschi está sendo investigado pelo Ministério Público de Roma por suposta violação das normas sobre a prevenção de lavagem de dinheiro.

O IOR foi fundado por Pio 12 em 1942 e tem personalidade jurídica própria. Ao todo, 112 pessoas trabalham no banco e sua única agência está no Vaticano.

O IOR foi reformado em 1989 por João Paulo II e em 30 de dezembro de 2010 Bento 16 aprovou uma lei contra a lavagem de dinheiro nas instituições financeiras do Vaticano, com o objetivo de entrar na chamada "lista branca" de Estados que respeitam as normas para combater este crime.

Fonte: UOL - Notícias.

Índia: Igreja socorre vítimas das catástrofes que assolaram a população


A Caritas Índia "se une aos esforços do Governo e outras organizações voluntárias para levar solidariedade e ajuda humanitária às vítimas das catástrofes que assolaram a população dos Estados de Uttaranchal e Himachal Pradesh", é o que afirma um comunicado emitido pela organização católica e enviado à Agência Fides, depois das inundações que devastaram os dois estados no norte da Índia, causando mais de 500 mortos e afetando a vida de mais de 80 mil pessoas, muitas delas ainda estão presas na lama, esperando resgate.
Pe. Frederick D'Souza, diretor executivo da Caritas, expressando plena solidariedade às vítimas do desastre, recorda que um dos princípios da organização, expressão da Igreja Católica indiana, é trabalhar em parceria com as instituições, atendendo às necessidades reais das populações atingidas por calamidades.
A Caritas garante a sensibilização de todas as redes das sedes nacionais e da rede Caritas Internacional. A Caritas Índ ia enviou pessoas para a área e está tentando ajudar as famílias atingidas com roupas, alimentos e assistência médica de base.
A partida antecipada das fortes chuvas de verão na Índia teve consequências trágicas em muitos estados, sob as encostas do Himalaia. As fortes chuvas trazidas pela monção resultaram em inundações devastadoras na região Himalaia de Uttaranchal que, de acordo com o Departamento Meteorológico Indiano, recebeu mais de três vezes de sua quantidade normal de chuvas esperadas para o mês de junho.
Na encosta sul do Himalaia descarregou-se uma verdadeira avalanche de água, chamada de "tsunami do Himalaia", que se abateu sobre o vale inundando povoados e cidades. Além de inundações, as chuvas torrenciais também causaram enormes deslizamentos de terras. (PA)

(Fonte:Agência Fides 24/6/2013)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Seguir a Cristo


Nos últimos dias, manifestações multitudinárias pelas ruas de várias cidades do país chamaram a atenção de toda a sociedade. Líderes autênticos ou forjados, bandeiras que começam no preço das passagens dos coletivos, passam pelos gastos com a construção de estádios, chegam à chaga da corrupção e da impunidade e incluem o justo reclamo por verbas para a educação e a saúde, um leque aberto e muito complexo. Busca-se entender o que elas significam, pois aparentemente tudo andava bem e os detentores do poder não cessam de defender os ganhos econômicos e sociais. Não dá para fazer ouvido de mercador diante de tantos e insistentes gritos!

Os argumentos são diversos, mas todos convergem para uma insatisfação crescente. O descrédito generalizado dos diversos poderes que se envolvem no jogo político e social causa forte impressão. Repete-se o ciclo, independente dos partidos que governam, para voltar à insegurança quanto ao futuro. O que acontece? O que fazemos com todos os recursos postos à nossa disposição? Afinal, já somos livres e todos podem fazer e falar o que querem? É que não basta ter moeda mais forte, políticas compensatórias, viagens, aparelhos eletrônicos de todo tipo ou sonhos de consumo que depois se revelam bolhas fugazes. Muito cedo as pessoas percebem que apenas o ter, o poder e o prazer não as realizam. Ainda mais, são expressivos os sinais de que passaremos por frustrações semelhantes a outras partes do mundo e que as pessoas não se transformaram automaticamente em gente feliz. Os pretensos "paraísos terrestres" construídos por mãos humanas desmoronam logo.
De fato, não se trata apenas de um país, mas de transformações globais e radicais, como bem identificou a Quinta Conferência do Episcopado latino-americano e caribenho: "Vivemos uma mudança de época cujo nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus; aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século que excluem Deus de seu horizonte, falsificam o conceito da realidade e só podem terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa são reconhecidas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe uma radical transformação do tempo e do espaço, dando um papel primordial à imaginação. Os fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos estão na base da profunda vivência do tempo, que se concebe fixado no próprio presente, trazendo concepções de inconsistência e instabilidade. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e, muitas vezes, arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte" (Documento de Aparecida, 44).
Cabe ao cristão participar da vida social e política, compartilhar esperanças, abraçar e semear valores consistentes, dialogar com as diversas forças do tecido social, aprender com quem pensa diferente e oferecer com clareza e maturidade o que lhe é próprio. E aqui nasce uma pergunta crucial sobre o que é próprio do ser cristão diante dos desafios do tempo presente, que nada tem de cristandade dominante. Ao contrário, este é um tempo de indiferentismo, relativismo e de ateísmo que se espalha.
Com os primeiros cristãos, podemos aprender muito para responder a tal pergunta. No ambiente desafiador do Império Romano, alguns dos discípulos de Jesus chegaram a Antioquia e começaram a pregar também aos gregos, anunciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus, na qual muitos acreditaram e se converteram. Então enviaram Barnabé a Antioquia e uma grande multidão aderiu ao Senhor. Barnabé partiu para Tarso, à procura de Saulo e o levou a Antioquia. Passaram um ano inteiro trabalhando juntos naquela Igreja, e instruíram uma numerosa multidão. Em Antioquia, os discípulos foram, pela primeira vez, chamados com o nome de “cristãos” (Cf. At 11, 19-30). Em Atenas, "de pé, no meio do Areópago, Paulo tomou a palavra: “Atenienses, em tudo eu vejo que sois extremamente religiosos. Com efeito, observando, ao passar, as vossas imagens sagradas, encontrei até um altar com esta inscrição: ‘A um deus desconhecido’. Pois bem, aquilo que adorais sem conhecer, eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão humana" (At 17, 22-24). Num ambiente pagão, os seguidores do "caminho" (Cf. At 9,2), malgrado perseguições e incompreensões, espalharam a Boa-Nova e são muitas outras as missões empreendidas.
De lá para cá, esta é a nossa época, é a nossa vez! Nosso tempo é o melhor que existe para empreender a mesma aventura, sem medo! Trata-se de ser coerentes e fiéis a Jesus Cristo (Cf. Lc 9, 23-24). Renunciar a si mesmos, tomar a Cruz e seguir! Renunciar é deixar de lado o apego egoísta aos próprios interesses e a tudo o que é supérfluo, olhar ao redor e ver o bem comum. Cruz, instrumento de salvação, antes de ser caminho de dor é opção pelo amor, o mais importante no Sacrifício de Cristo. Seguimento é percorrer os mesmos passos do Senhor, com a sabedoria para enxergar com lucidez as novas situações que se apresentam.
Ao analisar os fatos e decidir o posicionamento a ser tomado, passa na frente a Verdade, que tem nome ("Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" - Jo 14,6). No diálogo com as pessoas, não vale o medo de viver de acordo como Evangelho, pois cada cristão autêntico há de relacionar-se com todos, com a qualidade do amor que recebeu de Jesus Cristo. A participação nos diversos grupos da sociedade, para quem quer ser sal, luz e fermento, faz a diferença de forma positiva, com a escuta sincera das razões das pessoas, sejam quais forem as situações em que se encontrem. Suas mãos e sua "ficha" hão de se manter limpas, mesmo com as eventuais vantagens que possam ser oferecidas por um mundo corrompido. Cabe-lhe sempre a iniciativa e a criatividade na busca de soluções para os problemas sociais. Sua marca há de ser a alegria, fruto da ação do Espírito Santo que conduz a Igreja, a quem pedimos, tornando-nos todos jovens, unidos à Jornada Mundial da Juventude: "Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da tua Verdade e com o fogo do teu Amor, envia tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo".

Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre as manifestações no Brasil

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Esperamos que a canonização de João Paulo II aconteça em outubro"


"Esperamos que a canonização de João Paulo II aconteça no mês de outubro. Mas vamos deixar essa decisão para o papa Francisco", afirmou o cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia e ex-secretário do beato João Paulo II, durante sua visita pastoral de 12 a 14 de julho à cidade de Messina, na Sicília, por ocasião do 25º aniversário da visita do papa João Paulo II.
"João Paulo II continua sendo um líder espiritual para muitas pessoas e os ensinamentos dele inspiram uma vida melhor", disse ainda o cardeal durante conferência de imprensa que deu em Cracóvia ao apresentar o Centro "Não Tenham Medo". Junto ao mesmo centro, será consagrada, em 23 de junho, a Igreja do beato em Cracóvia.
A comissão de teólogos aprovou recentemente o segundo milagre atribuído a João Paulo II, já reconhecido em abril pela junta médica. Trata-se da cura milagrosa de uma mulher.
No início de julho, é provável que os cardeais e bispos da Congregação para as Causas dos Santos se reúnam. O decreto será submetido ao Santo Padre, que, em consistório ordinário público, anunciará a possível data da canonização.
As possibilidades mais confiáveis, até o momento, ​são os dias 20 de outubro, véspera da festa do beato, e 24 de novembro, dia do encerramento do Ano da Fé.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"A unidade é sempre maior que os conflitos"

Publicamos a seguir a catequese do Papa Franscisco durante a Audiência Geral da Quarta-feira, na Praça de São Pedro:

 
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje concentro-me sobre outra expressão com a qual o Concílio Vaticano II indica a natureza da Igreja: aquela do corpo; o Concílio diz que a Igreja é o Corpo de Cristo (cfr Lumen gentium, 7).
Gostaria de partir de um texto dos Atos dos Apóstolos que conhecemos bem: a conversão de Saulo, que se chamará depois Paulo, um dos maiores evangelizadores (cfr At 9, 4-5). Saulo é um perseguidor dos cristãos, mas enquanto está percorrendo o caminho que leva à cidade de Damasco, de repente uma luz o envolve, cai no chão e ele ouve uma voz que o diz: “Saulo, por que me persegues?”. Ele pergunta: “Quem és, Senhor?”, e aquela voz responde: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (v. 3-5). Esta experiência de São Paulo nos diz quanto é profunda a união entre nós cristãos e o próprio Cristo. Quando Jesus subiu ao céu, não nos deixou órfãos, mas com o dom do Espírito Santo a união com Ele transformou-se ainda mais intensa. O Concílio Vaticano II afirma que Jesus “comunicando o seu Espírito, constitui misticamente como seu corpo os seus irmãos, chamados de todos os povos” (Const. Dogm. Lumen Gentium, 7).
A imagem do corpo ajuda-nos a entender esta profunda ligação Igreja-Cristo, que São Paulo desenvolveu de modo particular na Primeira Carta aos Coríntios (cfr cap. 12). Antes de tudo, o corpo nos chama para uma realidade viva. A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas é um corpo vivo, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça, que é Jesus, que o guia, nutre-o e sustenta-o. Este é um ponto que gostaria de destacar: se separa-se a cabeça do restante do corpo, toda a pessoa não pode sobreviver. Assim é na Igreja: devemos permanecer ligados de modo sempre mais intenso a Jesus. Mas não somente isso: como em um corpo é importante que passe a seiva vital para que viva, assim devemos permitir que Jesus opere em nós, que a sua Palavra nos guie, que a sua presença eucarística nos alimente, nos anime, que o seu amor dê força ao nosso amar o próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Queridos irmãos e irmãs, permaneçamos unidos a Cristo, confiemos Nele, orientemos a nossa vida segundo o seu Evangelho, alimentando-nos com a oração cotidiana, a escuta da Palavra de Deus, a participação nos Sacramentos.
E aqui aparece um segundo aspecto da Igreja como Corpo de Cristo. São Paulo afirma que como os membros do corpo humano, embora diferentes e numerosos, formam um só corpo, assim todos fomos batizados mediante um só Espírito em um só corpo (cfr 1 Cor 12, 12-13). Na Igreja, portanto, há uma variedade, uma diversidade de tarefas e de funções; não há a plena uniformidade, mas a riqueza dos dons que distribui o Espírito Santo. Porém, há a comunhão e a unidade: todos estão em relação uns com os outros e todos combinam para formar um único corpo vital, profundamente ligado a Cristo. Recordemos bem: ser parte da Igreja quer dizer estar unido a Cristo e receber Dele a vida divina que nos faz viver como cristãos, quer dizer permanecer unido ao Papa e aos Bispos, que são instrumentos de unidade e de comunhão, e quer dizer também aprender a superar personalismos e divisões, a compreender-se mais, a harmonizar as variedades e as riquezas de cada um; em uma palavra, a querer sempre bem a Deus e às pessoas que estão ao nosso lado, na família, na paróquia, nas associações. Corpo e membros para viver devem estar unidos! A unidade é superior aos conflitos, sempre! Os conflitos se não se dissolvem bem, separam-nos entre nós, separam-nos de Deus. O conflito pode ajudar-nos a crescer, mas também pode dividir-nos. Não caminhemos na estrada das divisões, das lutas entre nós! Todos unidos, todos unidos com as nossas diferenças, mas unidos, sempre: este é o caminho de Jesus. A unidade é superior aos conflitos. A unidade é uma graça que devemos pedir ao Senhor para que nos liberte das tentações das divisões, das lutas entre nós, dos egoísmos, das fofocas. Quanto mal fazem as fofocas, quanto mal! Nunca fofocar sobre os outros, nunca! Quantos danos causam à Igreja as divisões entre os cristãos, o partidarismo, os interesses mesquinhos!
As divisões entre nós, mas também as divisões entre as comunidades: cristãos evangélicos, cristãos ortodoxos, cristãos católicos, mas por que divisão? Devemos procurar levar a unidade. Vou contar para vocês uma coisa: hoje, antes de sair de casa, estive quarenta minutos, mais ou menos, meia hora, com um Pastor evangélico e rezamos juntos, e buscamos a unidade. Mas devemos rezar entre nós católicos e também com os outros cristãos, rezar para que o Senhor nos doe a unidade, unidade entre nós. Mas como teremos a unidade entre os cristãos se não somos capazes de tê-la entre nós católicos? De tê-la na família? Quantas famílias lutam e se dividem! Busquem a unidade, a unidade que faz a Igreja. A unidade vem de Jesus Cristo. Ele nos envia o Espírito Santo para fazer a unidade.
Queridos irmãos e irmãs, peçamos a Deus: ajude-nos a sermos membros do Corpo da Igreja sempre profundamente unidos a Cristo; ajude-nos a não fazer sofrer o Corpo da Igreja com os nossos conflitos, as nossas divisões, os nossos egoísmos; ajude-nos a sermos membros vivos ligados uns aos outros por uma única força, aquela do amor, que o Espírito Santo derrama nos nossos corações (cfr. Rm 5, 5).

Tradução: Jéssica Marçal/ Canção Nova

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ciência e Vida: O corpo humano não é mercadoria

"A histórica decisão da Suprema Corte dos EUA declara que gene humano não pode ser patenteado, como não pode ser patenteado tudo que é considerado pertencente à natureza e seus fenômenos, reitera um princípio fundamental: o corpo humano não é mercadoria" -declaram Paola Ricci Sindoni e Domenico Coviello, presidente e vice-presidente da Associação Ciência e Vida.

"Nos Estados Unidos, as sequências do DNA humano foram patenteadas, consequentemente, empresas privadas utilizavam kits exclusivos de diagnóstico, como para diagnosticar o risco de câncer de mama (BRCA1 e BRCA2), comunicavam o resultado do teste, no entanto, mantinham escondido todas as outras informações lidas no DNA dos pacientes que foram analisados​​. Graças a esta decisão, que demarca claramente o "natural" do "sintético", ou seja, o que é patrimônio de todos e o que é produzido artificialmente, as patentes são canceladas e novas bases são lançadas para o livre acesso à informação genética ".
"Na Europa, a legislação para esse efeito sempre foi mais cuidadosa, afirmando que o DNA é patrimônio da humanidade e as informações nele contidas, úteis em avanços diagnósticos e terapêuticos não podem ser comercializadas, mas protegendo a privacidade dos pacientes, compartilhadas entre todos os pesquisadores.
"A proibição do patenteamento do DNA não diz respeito apenas à exploração comercial do genoma humano, mas, lembrando a lição de vida e de ciência do professor Jerome Lejeune, esperamos que essa sentença chame a atenção para todos os tipos de uso, também eugenético, que é proposto ou perpetrado, muitas vezes, de modo fementido, também no mundo científico”.


Fonte:

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Deus leva à vida ao passo que seguir os ídolos leva à morte



Às 10:30 de ontem, XI Domingo do Tempo Comum, na Praça de São Pedro, o Santo Padre Francisco celebrou a missa pela Jornada Evangelium Vitae, por ocasião do Ano da Fé. Apresentamos a seguir o texto da homilia pronunciada pelo Papa após a leitura do Santo Evangelho.

Amados irmãos e irmãs!
Esta celebração tem um nome muito belo: o Evangelho da Vida. Com esta Eucaristia, no Ano da Fé, queremos agradecer ao Senhor pelo dom da vida, em todas as suas manifestações, e ao mesmo tempo queremos anunciar o Evangelho da Vida.
Partindo da Palavra de Deus que escutámos, gostava de vos propor simplesmente três pontos de meditação para a nossa fé: primeiro, a Bíblia revela-nos o Deus Vivo, o Deus que é Vida e fonte da vida; segundo, Jesus Cristo dá a vida e o Espírito Santo mantém-nos na vida; terceiro, seguir o caminho de Deus leva à vida, ao passo que seguir os ídolos leva à morte.
1. A primeira leitura, tirada do Segundo Livro de Samuel, fala-nos de vida e de morte. O rei David quer esconder o adultério cometido com a esposa de Urias, o hitita, um soldado do seu exército, e, para o conseguir, manda colocar Urias na linha da frente para ser morto em batalha. A Bíblia mostra-nos o drama humano em toda a sua realidade, o bem e o mal, as paixões, o pecado e as suas consequências. Quando o homem quer afirmar-se a si mesmo, fechando-se no seu egoísmo e colocando-se no lugar de Deus, acaba por semear a morte. Exemplo disto mesmo é o adultério do rei David. E o egoísmo leva à mentira, pela qual se procura enganar a si mesmo e ao próximo. Mas, a Deus, não se pode enganar, e ouvimos as palavras que o profeta disse a David: Tu praticaste o mal aos olhos do Senhor (cf. 2 Sam 12, 9). O rei vê-se confrontado com as suas obras de morte– na verdade o que ele fez é uma obra de morte, não de vida! –, compreende e pede perdão: «Pequei contra o Senhor» (v. 13); e Deus misericordioso, que quer a vida e sempre nos perdoa, perdoa-lhe, devolve-lhe a vida; diz-lhe o profeta: «O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás». Que imagem temos de Deus? Quem sabe se nos aparece como um juiz severo, como alguém que limita a nossa liberdade de viver?! Mas toda a Escritura nos lembra que Deus é o Vivente, aquele que dá a vida e indica o caminho da vida plena. Penso no início do Livro do Génesis: Deus plasma o homem com o pó da terra, insufla nas suas narinas um sopro de vida e o homem torna-se um ser vivente (cf. 2, 7). Deus é a fonte da vida; é devido ao seu sopro que o homem tem vida, e é o seu sopro que sustenta o caminho da nossa existência terrena. Penso também na vocação de Moisés, quando o Senhor Se apresenta como o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, como o Deus dos viventes; e, quando enviou Moisés ao Faraó para libertar o seu povo, revela o seu nome: «Eu sou aquele que sou», o Deus que Se torna presente na história, que liberta da escravidão, da morte e traz vida ao povo, porque é o Vivente. Penso também no dom dos Dez Mandamentos: uma estrada que Deus nos indica para uma vida verdadeiramente livre, para uma vida plena; não são um hino ao «não» – não deves fazer isto, não deves fazer aquilo, não deves fazer aqueloutro… Não! – São um hinoao «sim» dito a Deus, ao Amor, à vida. Queridos amigos, a nossa vida só é plena em Deus,porque sóEle é o Vivente!
2. A passagem do Evangelho de hoje permite-nos avançar mais um passo. Jesus encontra uma mulher pecadora durante um almoço em casa de um fariseu, suscitando o escândalo dos presentes: Jesus deixa-Se tocar por uma pecadora e até lhe perdoa os pecados, dizendo: «São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa, pouco ama» (Lc 7, 47). Jesus é a encarnação do Deus Vivo, Aquele que traz a vida fazendo frente a tantasobras de morte, fazendo frente ao pecado, ao egoísmo, ao fechamento em si mesmo. Jesus acolhe, ama, levanta, encoraja, perdoa e dá novamente a força de caminhar, devolve a vida. Ao longo do Evangelho, vemos como Jesus, por gestos e palavras, traz a vida de Deus que transforma. É a experiência da mulher que unge com perfume os pés do Senhor: sente-se compreendida, amada, e responde com um gesto de amor, deixa-se tocar pela misericórdia de Deus e obtém o perdão, começa uma vida nova. Deus, o Vivente, é misericordioso. Estais de acordo? Digamo-lo juntos: Deus, o Vivente, é misericordioso! Todos: Deus, o Vivente, é misericordioso. Outra vez: Deus, o Vivente, é misericordioso!
Esta foi também a experiência do apóstolo Paulo, como ouvimos na segunda leitura: «A vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). E que vida é esta? É a própria vida de Deus. E quem nos introduz nesta vida? É o Espírito Santo, dom de Cristo ressuscitado; é Ele que nos introduz na vida divina como verdadeiros filhos de Deus, como filhos no Filho Unigénito, Jesus Cristo. Estamos nós abertos ao Espírito Santo? Deixamo-nos guiar por Ele? O cristão é um homem espiritual, mas isto não significa que seja uma pessoa que vive «nas nuvens», fora da realidade, como se fosse um fantasma. Não! O cristão é uma pessoa que pensa e age de acordo com Deus na vida quotidiana, uma pessoa que deixa que a sua vida seja animada, nutrida pelo Espírito Santo, para ser plena, vida de verdadeiros filhos. E isto significa realismo e fecundidade. Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo: a sua vida gera vida em redor.
3. Deus é o Vivente, é o Misericordioso. Jesus traz-nos a vida de Deus, o Espírito Santo introduz-nos e mantém-nos na relação vital de verdadeiros filhos de Deus. Muitas vezes, porém – sabemo-lo por experiência –, o homem não escolhe a vida, não acolhe o «Evangelho da vida», mas deixa-se guiar por ideologias e lógicas que põem obstáculos à vida, que não a respeitam, porque são ditadas pelo egoísmo, o interesse pessoal, o lucro, o poder, o prazer, e nãosão ditadas pelo amor, a busca do bem do outro. É a persistente ilusão de querer construir a cidade do homem sem Deus, sem a vida e o amor de Deus: uma nova Torre de Babel; é pensar que a rejeição de Deus, da mensagem de Cristo, do Evangelho da Vida leve à liberdade, à plena realização do homem. Resultado: o Deus Vivo acaba substituído por ídolos humanos e passageiros, que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade, mas no fim são portadores de novas escravidões e de morte. O Salmista diz na sua sabedoria: «Os mandamentos do Senhor são rectos, alegram o coração; os preceitos do Senhor são claros, iluminam os olhos» (Sal 19, 9). Recordemo-nos sempre disto: O Senhor é o Vivente, é misericordioso. O Senhor é o Vivente, é misericordioso.
Amados irmãos e irmãs, consideremos Deus como o Deus da vida, consideremos a sua lei, a mensagem do Evangelho como um caminho de liberdade e vida. O Deus Vivo faz-nos livres! Digamos sim ao amor e não ao egoísmo, digamos sim à vida e não à morte, digamos sim à liberdade e não à escravidão dos numerosos ídolos do nosso tempo; numa palavra, digamos sim a Deus, que é amor, vida e liberdade, e jamais desilude (cf. 1 Jo 4, 8; Jo 8, 32; 11, 2), digamos sim a Deus que é o Vivente e o Misericordioso. Só nos salva a fé no Deus Vivo; no Deus que, em Jesus Cristo, nos concedeu a sua vida com o dom do Espírito Santo e nos faz viver como verdadeiros filhos de Deus com a sua misericórdia. Esta fé torna-nos livres e felizes. Peçamos a Maria, Mãe da Vida, que nos ajude a acolher e testemunhar sempre o «Evangelho da Vida». Assim seja.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O estado permanente de missão


Reproduzimos a seguir a saudação ao novo bispo de Pemba (Moçambique) publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Dom Leonardo Steiner, em nome da CNBB, envia saudação especial ao novo bispo brasileiro, nomeado nesta quarta-feira, 12 de junho, pelo Papa Francisco: Monsenhor Luís Fernando Lisboa, missionário passionista, como novo bispo da Diocese de Pemba, em Moçambique.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recebeu, com alegria, a notícia dada pela Nunciatura Apostólica de que o Papa Francisco nomeou Monsenhor Luís Fernando Lisboa, missionário passionista, como novo bispo da Diocese de Pemba, em Moçambique.
Um tema permanente na vida cristã, evidenciado pela Conferência de Aparecida, assumido pelo episcopado brasileiro e atualizado pelas últimas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil, o estado permanente de missão é simbolicamente contemplado na nomeação que o Santo Padre fez na manhã desta quarta-feira, 12 de junho. Um padre brasileiro é enviado ao continente africano para ser o pastor de um povo irmão. Um filho da nossa pátria é feito bispo para uma diocese moçambicana.
Monsenhor Luis Fernando traz em seu itinerário sacerdotal, além de vasta experiência na formação de novos passionistas e junto às comunidades em diversas paróquias, o contato de quase uma década com o povo de Moçambique. Lá, ele foi formador e pároco na diocese que agora lhe é confiada como bispo. Sua nomeação conduz a retomada - para meditação - de uma bela inspiração de nossas Diretrizes Gerais: “.. a Igreja nunca deixou de ser missionária. Em cada tempo e lugar, esta missão assume perspectivas distintas, nunca, porém, deixa der acontecer. Se hoje partilhamos a experiência cristã, é porque alguém nos transmitiu a beleza da fé, apresentou-nos Jesus Cristo, acolheu-nos na comunidade eclesial e nos fascinou pelo serviço ao Reino de Deus” (DGAE, 30).
Saudamos a Monsenhor Luís Fernando e aos passionistas e desejamos ao povo da Diocese de Pemba um tempo cheio de frutos como Igreja Particular.

Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário geral da CNBB

quinta-feira, 13 de junho de 2013

"A Igreja deve estar com as portas abertas para que todos possam entrar"



Com a praça de São Pedro repleta de peregrinos e fiéis de todo o mundo, o Papa Francisco, entre momentos de grande espontaneidade, como é do seu feitio, continuou a sua catequese sobre a Igreja. Dessa vez aprofundando no termo do Concílio Vaticano II, “Povo de Deus”.

Significado
O que significa “Povo de Deus”?, perguntou o Papa. “Antes de mais nada quer dizer que Deus não pertence propriamente a nenhum povo” porque a “misericórdia de Deus ‘quer a salvação para todos’ (1 Tim 2, 4). “Jesus não diz para os apóstolos e para nós de formarmos um grupo exclusivo, um grupo de elite”. E falando a todos os que se sentem distante da Igreja, disse o Papa, “O Senhor também te chama para fazer parte do seu povo e o faz com grande respeito e amor!”
Batismo
É nascendo do alto, pela água e pelo Espírito, por meio do “Batismo”, que se entra para fazer parte desse Povo. Nesse sentido o Papa nos convidou a fazer um exame: “como faço para crescer na fé que recebi no meu Batismo?”.
Lei do amor
Um povo que tem uma lei: o amor a Deus e ao próximo. “Amor que não é estéril sentimentalismo ou algo vago, mas que é reconhecer a Deus como único Senhor da vida e, ao mesmo tempo, acolher o outro como verdadeiro irmão superando divisões, rivalidades, incompreensões, egoísmos”.
Deixando de lado o texto da catequese e dirigindo-se à multidão, disse que ainda hoje há muitas guerras “entre cristãos”, “dentro do Povo de Deus”, nos bairros, no trabalho, na própria família, “por inveja, ciúme”. Peçamos ao Senhor que compreendamos a lei do amor.
Interrompido pelos aplausos acrescentou: “que bonito é que aprendamos a nos amar como verdadeiros irmãos”. E convidou-nos a um propósito concreto: “rezar por aqueles com os quais estamos bravos é um excelente passo nessa lei do amor”.
Missão do Povo de Deus
A missão desse povo “é levar ao mundo a esperança e a salvação de Deus”. Se abrirmos um jornal, disse o Papa, vemos a presença do mal, “o Diabo atua”. Mas afirmou em alta voz: “Deus é mais forte! E sabeis por que é mais forte? Porque Ele é o Senhor, o único Senhor”.
Utilizando a imagem de um estado de futebol – “pensemos em Roma no Olímpico ou naquele de San Lorenzo em Buenos Aires”- numa noite escura, onde uma só pessoa acende uma luz dentro desse estádio. É quase imperceptível. Porém, se num estádio cheio, todos acenderem, se notará realmente uma grande diferença. Dessa forma “façamos que a nossa vida seja luz de Cristo; juntos levaremos a luz do evangelho a toda realidade”.
Finalidade desse Povo
A finalidade desse povo é o Reino de Deus, “a comunhão plena com o Senhor, a familiaridade com o Senhor, onde viveremos a alegria do seu amor sem medida, uma alegria plena”.
Portanto, ser Igreja, concluiu o Pontífice, é “ser o fermento de Deus nesta nossa humanidade” por meio do anúncio. Que a Igreja “seja lugar da misericórdia e da esperança de Deus, onde cada um possa se sentir acolhido, amado, perdoado, encorajado”. Mas, para isso, “a Igreja deve estar com as portas abertas, para que todos possam entrar. E nós devemos sair por aquelas portas para anunciar o Evangelho”.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Igreja rica, não; Igreja pobre, sim



"Não levem consigo nem ouro nem prata, nem dinheiro em seus alforjes": o papa Francisco desenrolou a sua homilia de hoje partindo da exortação feita por Jesus aos apóstolos, enviados a proclamar o Reino de Deus. Um anúncio que nosso Senhor "quer que proclamemos com simplicidade". Esta simplicidade "abre passagem para a força da Palavra de Deus", porque, se os apóstolos não tivessem "confiança na Palavra de Deus", "talvez tivessem ido fazer outra coisa". O papa identifica a "palavra-chave" da tarefa confiada por Jesus: "[Vocês] receberam gratuitamente, deem gratuitamente". Tudo é graça, acrescentou, e "quando o que queremos é agir de modo que a graça seja deixada um pouco de lado, o evangelho não é eficaz".

"A pregação do evangelho nasce da gratuidade, do assombro diante da salvação que vem, e aquilo que me foi dado de graça, eu tenho que doar também de graça. E desde o início foi assim. São Pedro não tinha conta bancária, e, quando teve que pagar impostos, Jesus o mandou pescar no mar e encontrar a moeda dentro do peixe, para pagar. Felipe, quando se encontrou com o ministro de economia da rainha Candace, não pensou 'Ah, vamos fazer uma organização para sustentar o evangelho!'. Não! Ele não fez negócios com ele: ele pregou para o ministro, o batizou e foi embora".
O Reino de Deus, continuou o papa, "é um presente". E destacou que, desde o início da comunidade cristã, essa atitude tem sido submetida à tentação. “É a tentação de procurar a força” fora da gratuidade, embora "a nossa força seja a gratuidade do evangelho". Por outro lado, ele destacou que "sempre, na Igreja, houve essa tentação". E isto gera "um pouco de confusão", porque "o anúncio parece proselitismo, e assim não dá". Nosso Senhor, prosseguiu ele, "nos convidou a pregar, não a fazer proselitismo". Citando Bento XVI, Francisco insistiu: "A Igreja cresce não por proselitismo, mas por atração". E essa atração, disse o papa, vem do testemunho "daqueles que, na gratuidade, anunciam a gratuidade da salvação".
"Tudo é graça. Tudo. E quais são os sinais de que um apóstolo vive essa gratuidade? Há muitos, mas eu insisto em só dois: em primeiro lugar, a pobreza. O anúncio do evangelho tem que seguir o caminho da pobreza. O testemunho dessa pobreza: eu não tenho riquezas, a minha riqueza é somente o dom que eu recebi, Deus. Essa gratuidade, esta é a nossa riqueza! E esta pobreza nos livra de virar organizadores, empresários... As obras da Igreja têm que ser realizadas, e algumas são um pouco complicadas, mas com um coração de pobreza, não com um coração de investidor ou de empresário, não é mesmo?".
"A Igreja não é uma ONG: ela é outra coisa, mais importante, e nasce dessa gratuidade. Recebida e anunciada". A pobreza, reiterou Francisco, "é um dos sinais desta gratuidade". O outro sinal "é a capacidade de louvor: quando um apóstolo não vive essa gratuidade, ele perde a capacidade de louvar o Senhor". Louvar o Senhor "é essencialmente gratuito, é uma oração gratuita: não pedimos, só louvamos".
"Estes são os dois sinais de que um apóstolo vive esta gratuidade: a pobreza e a capacidade de louvar o Senhor. E quando encontramos apóstolos que querem fazer uma Igreja rica e uma Igreja sem a gratuidade do louvor, a Igreja envelhece, a Igreja vira uma ONG, a Igreja não tem vida. Peçamos hoje ao Senhor a graça de reconhecer esta gratuidade: Vocês receberam de graça, deem de graça. Reconhecendo esta gratuidade, este dom de Deus. E nós também, vamos seguir em frente na pregação do evangelho com esta gratuidade".

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Papa Francisco renuncia às férias em Castel Gandolfo



O papa Francisco continuará residindo na Casa Santa Marta durante o período de verão e não passará férias na residência de Castel Gandolfo, como era tradição entre os seus predecessores. O anúncio foi feito ontem pelo pe. Federico Lombardi, diretor da assessoria de imprensa vaticana, que acrescentou que a decisão responde a um desejo do santo padre.
"O santo padre prefere manter a sua base na Casa Santa Marta e não prevê passar períodos prolongados em outros lugares, conforme já era seu costume em Buenos Aires", informou o sacerdote jesuíta a um grupo de jornalistas.
O porta-voz vaticano comunicou também que, a partir de 8 de julho, as missas matutinas na Capela da Casa Santa Marta deixam de ser abertas para os diversos grupos. O santo padre continuará celebrando a eucaristia todos os dias, mas em particular.
A Prefeitura da Casa Pontifícia divulgou nesta quinta-feira uma nota em que informa que as audiências gerais das quartas-feiras não ocorrerão durante todo o mês de julho. As audiências gerais serão retomadas no dia 7 de agosto.
Desta maneira, o pontífice poderá descansar antes de vir ao Brasil, de 22 a 29 de julho, para participar da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.
No dia 14 de julho, domingo, o papa irá a Castel Gandolfo para rezar o ângelus com os moradores e peregrinos, no Palácio Pontifício.
"Pode ser que o papa decida dar alguma outra saída. Ele não ficará obrigatoriamente dentro do Vaticano o tempo todo", esclareceu Lombardi, não descartando alguma eventual visita particular do papa durante o período estivo.

Fonte: Zenit.

Acordo entre a Santa Sé e Israel vive progressos significativos



A Comissão Bilateral Permanente de Trabalho entre a Santa Sé e o Estado de Israel se reuniu neste dia 5 de junho em sessão plenária no Vaticano para continuar as negociações sobre o artigo 10 §2 do "Fundamental Agreement".

O encontro foi presidido por dom Antoine Camilleri, subsecretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, e por Zeev Elkin, vice-ministro de Assuntos Exteriores do Estado de Israel.
A Comissão deu as boas-vindas aos dois novos chefes de delegação e reconheceu a contribução do embaixador Bafilh Mansour, desejando-lhe sucesso em sua nova missão.
As negociações se desenrolaram “em clima reflexivo e construtivo”. A comissão registrou “progressos significativos” e as partes se comprometeram com a agilização das negociações sobre as questões pendentes.
A próxima reunião plenária está marcada para dezembro deste ano, em Jerusalém.

Fonte: Zenit.

sábado, 8 de junho de 2013

Crônica do quotidiano

Temos o privilégio de ver, sentir e nos envolvermos com os acontecimentos do mundo, que ficou pequeno, de tal modo a ser chamado de "aldeia global". Parece-nos estar vinte e quatro horas por dia com um "direto" escrito num monitor ligado diante dos olhos. Incomoda-nos quando não podemos estar conectados, através dos diversos meios postos à nossa disposição, pelo que se percebe de nossas reações frente às quedas de rede de nossos aparelhos! Vale até experimentar nossas reações com um dia sem telefone celular! Em alguns casos, pode-se chegar a verdadeiro pânico!






Por outro lado, da mesma forma como acompanhamos num noticiário de Rádio, Televisão ou Internet as notícias políticas, econômicas ou do esporte, passam diante de nós os crimes mais bárbaros, os episódios de corrupção ou mil falcatruas, ou, quem sabe, os acidentes trágicos e as mortes de tantas pessoas. Podemos estar placidamente diante de tudo isso, insensíveis diante do bem e do mal. As páginas policiais dos jornais ou os programas de televisão especializados nos escândalos do dia são considerados com indiferença. Nada nos move de nosso conforto, já que nos habituamos a tudo o que corre em torno a nós. É hora de acordar!



Desenvolveu-se na Igreja, a partir da Bíblia, uma abordagem diferente e profunda dos fatos, estejamos ou não envolvidos neles. A modo de exemplo, a crônica relatou recentemente fatos de adultos que assassinaram crianças, muitas vezes filhos dos que perpetraram os crimes. Saber da notícia pode suscitar um modo de "ver" os fatos, tomando conhecimento e identificando as causas e consequências. Identificar os dramas que se escondem atrás de gestos tresloucados, os vícios que os prepararam, ou, quem sabe, as situações familiares que não os justificam, mas os explicam. Podemos sair da insensibilidade corrente, em vista de um posicionamento corajoso diante do que ocorre na sociedade.



Um segundo passo é "julgar", não a partir dos próprios critérios, ou apenas conduzidos pelo susto suscitado pela notícia. Antes, trata-se de buscar na Palavra de Deus as luzes para entender os acontecimentos. Neste final de semana, dois textos bíblicos iluminam nossa vida (1 Reis 17,17-24 e Lucas 7, 11-17) de forma surpreendente. O profeta Elias é hóspede na casa de uma viúva, cujo filho cai gravemente doente. Curioso é que tanto a reação da viúva quanto a oração de Elias parecem provocar o Senhor Deus. A volta à vida daquela criança conduz ao reconhecimento, por parte da mulher, da missão do profeta! No Evangelho de São Lucas, a situação é mais grave, pois Jesus encontra, na cidade de Naim, junto com seus discípulos, um enterro de um filho único de uma mãe pobre e viúva. Perdendo o filho, aquela mulher perdia o futuro! É com grande compaixão que Jesus lhe diz "não chores", faz parar o cortejo, ordena, como Senhor da Vida, e o jovem é devolvido vivo à sua mãe. "Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós, e: Deus veio visitar o seu povo" (Lc 7,16). Ainda bem que desde aqueles tempos até hoje, morte prematura de crianças, viúvas pobres e abandonadas e outras mazelas sensibilizam as pessoas!



A Palavra de Deus assim acolhida nos faz enxergar os acontecimentos de forma diferente. Brota maior serenidade e nós nos tornamos ponto de equilíbrio junto das pessoas envolvidas. Entendemos de novo que Deus não está distante dos nossos problemas, que Ele quer a vida em abundância para todos e a nós foi dada a missão de ser profetas da vida e da consolação.



Encontramos, sim, pessoas que se revoltam com os problemas, gritam e fazem escândalos. Há quadros terríveis, para os quais não vemos saídas. Multiplica-se a responsabilidade, quando passamos todo dia por bolsões de miséria, drogas ou outras verdadeiras bombas-relógio, que sabemos prontas para estourarem a qualquer momento. Sensibilidade, presença solidária, gestos concretos de ajuda, busca de soluções, sempre é possível fazer algo para melhorar as relações com as pessoas e "agir" de forma diferente. É o terceiro passo. Sim, qualquer fato, à luz da fé, acende uma lâmpada que suscita mudança na vida, mesmo que ocorra do outro lado do mundo. Mais ainda quando nos faz olhar ao nosso redor, para que ninguém passe em vão ao nosso lado.



Há grandes e importantes bandeiras em nosso tempo, como os Direitos Humanos, o Meio Ambiente, a superação da Corrupção, a participação consciente na sociedade. Como sabemos que muitas vezes não se vai além de discursos, cabe aos cristãos a tarefa de dar alma a tudo isso, como fruto da conversão quotidiana ao Evangelho de Jesus Cristo. Começaremos em casa, suscitando reflexão sobre os fatos que nos cercam ou a crônica quotidiana dos meios de comunicação, para depois ampliarmos no raio de ação, cada um segundo suas possibilidades e dons recebidos de Deus.



Por outro lado e de forma contraditória, em nome de direitos das pessoas, banaliza-se a vida com o aborto, uniões contrárias à natureza, tráfico de pessoas, manipulação genética, propaganda e estímulo à pornografia, erotismo desenfreado. Também aqui, ver, julgar e agir de forma diferente, para melhor! É tarefa para os cristãos em nosso tempo.



Sabemos muito bem que os desafios são imensos, mas a certeza da graça de Deus nos faz pedir confiantes: "Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda".



Dom Alberto Taveira Corrêa



Arcebispo Metropolitano de Belém

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sabemos que onde alguém sofre, Cristo está presente



Apresentamos o discurso do Papa Francisco aos participantes no Encontro dos Organismos Caritativos católicos que atuam no contexto da crise da Síria e nos países vizinhos promovido pelo Pontifico Conselho "Cor Unum".

Queridos amigos!
Agradeço-vos pela participação neste encontro e por toda a actividade humanitária que realizais na Síria e nos países vizinhos em benefício das populações vítimas do actual conflito. Eu mesmo encorajei o ConselhoPontifício Cor Unum a promover esta reunião de coordenação da actividade desenvolvida pelos organismos caritativos católicos na região. Agradeço ao Cardeal Sarah as suas palavras de saudação e dou as boas-vindas de modo especial a quantos provêm do Médio Oriente, nomeadamente a quem representa a Igreja na Síria.
A preocupação da Santa Sé com a crise síria e, de forma mais específica, com a população frequentemente inerme que sofre as consequências do conflito, é bem conhecida. Bento XVI pediu reiteradamente que as armas se calassem e se encontrasse uma solução no diálogo para se chegar a uma reconciliação profunda entre as partes envolvidas. Que as armas se calem! Além disso, em Novembro passado, ele quis manifestar a sua proximidade pessoal enviando àquela região o Cardeal Sarah com o pedido de «não se pouparem esforços na busca da paz» e manifestando concretamente a sua solicitude paterna com um dom para o qual contribuíram também os Padres Sinodais no precedente mês de Outubro.
Quanto a mim, pessoalmente, tenho tido particularmente a peito a sorte da população síria. No dia de Páscoa, pedi paz «sobretudo para a amada Síria – disse –, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?» (Mensagem «Urbi et Orbi», 31/III/2013).
Frente ao perdurar de violências e opressões, renovo vigorosamente o meu apelo à paz. Nas últimas semanas, a comunidade internacional reafirmou a intenção de promover iniciativas concretas para se dar início a um diálogo frutuoso com o objectivo de pôr fim à guerra; são tentativas que devem ser apoiadas, na esperança que possam levar à paz. A Igreja sente-se chamada a dar o testemunho, humilde mas concreto e eficaz, da caridade que aprendeu de Cristo, Bom Samaritano. Sabemos que onde alguém sofre, Cristo está presente. Não podemos desertar precisamente nas situações de maior sofrimento! A vossa presença na reunião de coordenação manifesta a vontade de continuardes, fielmente, a valiosa obra de assistência humanitária na Síria e nos países vizinhos que generosamente dão guarida a quem foge da guerra. A vossa acção seja diligente e coordenada, expressão daquela comunhão que, em si mesma, já é um testemunho, como sugeriu recentemente o Sínodo sobre o Médio Oriente. À comunidade internacional peço que, juntamente com a busca de uma solução negociada para o conflito, se favoreça a ajuda humanitária aos prófugos e refugiados sírios, visando em primeiro lugar o bem da pessoa e a tutela da sua dignidade. Para a Santa Sé, a obra dos Organismos Caritativos Católicos é extremamente significativa: ajudar a população síria, sem olhar a pertenças étnicas ou religiosas, é a forma mais directa de contribuir para a pacificação e a edificação duma sociedade aberta a todos e cada um dos seus componentes. A isto mesmo tende também o esforço da Santa Sé: construir um futuro de paz para a Síria, onde todos possam viver livremente e exprimir-se na sua peculiaridade.
Neste momento, o meu pensamento vai até às comunidades cristãs que habitam na Síria e todo o Médio Oriente. A Igreja sustenta estes seus membros que, hoje, se encontram particularmente em dificuldade; eles têm a grande tarefa de continuar a fazer o cristianismo presente na região onde nasceu; e é nossa obrigação favorecer a permanência deste testemunho. A participação de toda a comunidade cristã nesta grande obra de assistência e ajuda é um imperativo no momento presente. Pensemos todos… todos devemos pensar na Síria! Tanto sofrimento, tanta pobreza, tanta dor de Jesus que sofre, que é pobre, que é expulso da sua Pátria! É Jesus! Isto é um mistério; é o nosso mistério cristão. Vejamos Jesus que sofre nos habitantes da amada Síria.
Mais uma vez vos agradeço por esta iniciativa, invocando sobre cada um de vós a bênção divina, que se estende de maneira particular aos dilectos fiéis que vivem na Síria e a todos os sírios que, devido à guerra, se vêem actualmente obrigados a deixar as suas casas. Sede, vós aqui presentes, o instrumento para dizer ao querido povo sírio e do Médio Oriente que o Papa o acompanha e está unido a ele. A Igreja não o abandona!

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Preservar a criação, não desperdiçar comida, respeitar a pessoa



O papa Francisco cita São Francisco. Tal como o seu homônimo de Assis, o Santo Padre lançou durante a audiência geral de hoje um forte apelo à humanidade no Dia Mundial do Meio Ambiente, promovido pela Organização das Nações Unidas, em prol do cuidado da criação e do fim do desperdício e da destruição de alimentos.

A reflexão do papa partiu das primeiras páginas da bíblia, do livro do Gênesis, que "afirma que Deus colocou o homem e a mulher na terra para cultivá-la e guardá-la" (cf. 2,15). "Uma ordem" que Deus deu "não só no início da história, mas a cada um de nós", e que "faz parte do seu projeto" para "fazer o mundo crescer com responsabilidade, transformá-lo em um jardim, um lugar habitável para todos".
O próprio verbo "cultivar", destacou Bergoglio, "chama a atenção para o cuidado que o agricultor tem pela sua terra, para que ela dê frutos e os frutos sejam compartilhados". "Quanta atenção, paixão e dedicação", exclamou o Santo Padre. Mas nós estamos fazendo o mesmo? "Estamos mesmo cultivando e tomando conta da criação?" Ou "só estamos explorando e negligenciando?".
A tendência nossa, de cidadãos do mundo, é a de nos deixar guiar muitas vezes "pela arrogância de dominar, de possuir, manipular, explorar", observou o papa. O resultado é que não cuidamos da terra que Deus nos deu, "não a respeitamos, não a consideramos um dom gratuito a ser preservado. Estamos perdendo a atitude da admiração, da contemplação, de escutar a criação, e não conseguimos ler o que Bento XVI chama de ‘ritmo da história de amor de Deus com o homem’".
Esta "poluição" na relação entre o homem e a criação se propaga na relação entre o homem e o próprio homem. Porque "cultivar e tomar conta não inclui apenas a relação entre nós e o meio ambiente, mas também as relações humanas". Mais de um papa já falou, aliás, de "ecologia humana, intimamente ligada à ecologia ambiental".
O momento de crise que atravessamos, disse Francisco, "é visível no ambiente, mas acima de tudo é visível no homem", numa sociedade em que "a pessoa humana está em perigo". É urgente, portanto, uma “ecologia humana”, de acordo com o Sucessor de Pedro, porque a causa da crise "não é apenas uma questão de economia, mas de ética e de antropologia".
Apesar dos constantes apelos da Igreja, "o sistema continua como antes, porque o que domina são as dinâmicas de uma economia e de um sistema de finanças sem ética", acrescentou. A raiz de tudo isso é o que, em mais de uma ocasião, o papa denunciou como "fetichismo do dinheiro". Também na catequese desta manhã ele reiterou: "O que manda, hoje, não é o homem, é o dinheiro: o dinheiro, o dinheiro é que manda! Deus, nosso Pai, deu a tarefa de cuidar da terra não ao dinheiro, mas a nós, homens e mulheres! Somos nós que temos essa tarefa [...] Homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo [...] Se um computador estraga, é uma tragédia, mas a pobreza, as necessidades, os dramas de tantas pessoas acabam virando ‘normalidade’" .
É a chamada "cultura do descartável", na qual, disse o papa, "se numa noite de inverno morre uma pessoa aqui na Via Ottaviano, isso não é notícia. Se em tantas partes do mundo há crianças que não têm nada para comer, isso não é notícia. Parece normal". Mas o mundo não pode continuar assim, insistiu ele, [não pode continuar] “considerando normal que moradores de rua morram de frio, ao mesmo tempo em que acha uma tragédia se a bolsa de valores de algumas cidades cair 10 pontos".
Devido a essa "cultura" contaminante, "nós, as pessoas, somos descartados, como se fôssemos sobras", observou o papa com veemência. "A vida humana, a pessoa humana, não é mais percebida como valor primário a ser respeitado e protegido, especialmente se é pobre ou deficiente, ou se ‘ainda não é útil’, como o nascituro, ou se ‘não serve mais’, como os idosos".
Não só isto: "Essa cultura do descartável nos tornou insensíveis até mesmo ao desperdício de alimentos, que são ainda esbanjados enquanto, em todas as partes do mundo, muitos indivíduos e famílias inteiras passam fome e sofrem desnutrição". Os "nossos avós eram muito cuidadosos para não jogar nada fora dos restos de comida", lembrou o papa; hoje, porém, o consumismo "nos acostumou ao supérfluo e ao desperdício diário de alimentos, de comida que, às vezes, não somos mais capazes de valorizar devidamente e que vai muito além de meros parâmetros econômicos". Temos que nos lembrar de que "o alimento que é jogado fora é como se fosse roubado da mesa dos pobres, dos famintos".
A exortação de Bergoglio não é apenas fruto de uma alma que sempre foi sensível à pobreza, mas é a tradução prática de um ensinamento que o próprio Jesus nos deixou. Conforme o relato do milagre da multiplicação dos pães, lido na Festa de Corpus Christi, "Jesus pede aos discípulos que não deixem nada ser desperdiçado: nenhum desperdício", reitera o papa. Esta passagem, explicou ele, "nos diz que quando o alimento é compartilhado de forma justa, solidária, ninguém fica privado e cada comunidade pode satisfazer as necessidades dos mais pobres".
"A ecologia humana e a ecologia ambiental caminham juntas", é a conclusão do pontífice. "Eu gostaria, por isso, que todos nós levássemos a sério o compromisso de respeitar e de preservar a criação de Deus, de estar sempre atentos a cada pessoa, de combater a cultura do desperdício e do descartável, para promover uma cultura da solidariedade e do encontro".

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Diante dos conflitos em terras indígenas nós sempre dialogamos



Na tarde desta terça-feira, 03 de junho, o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, recebeu na sede da entidade em Brasília (DF), a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Conforme notícia publicada no site da CNBB, a pauta do encontro, solicitado pelo governo federal há duas semanas, foi apresentar à Conferência a metodologia a ser usada na continuidade das demarcações das terras indígenas.
“As demarcações estão ocorrendo em áreas com maior presença de população e de produção agrícola. Agradeço a disponibilidade de dom Leonardo em nos receber aqui”, declarou a ministra em entrevista à imprensa. Ela reconheceu que o encontro coincide com conflito entre índios e fazendeiros em Sidrolândia (MS), onde um índio foi morto na última quinta-feira, 30 de maio. “O que nós pretendemos é que as demarcações em estudo pela Funai possam considerar, além do laudo antropológico, de acordo com a realidade de cada área, outros órgãos do governo para diminuir os problemas jurídicos que temos atualmente, como é o que temos hoje em Mato Grosso do Sul” - continua a notícia -.
Dom Leonardo explicou qual o posicionamento da Conferência dos Bispos diante dos conflitos em terras indígenas. “Nós sempre dialogamos. Esta é a característica da atuação da CNBB. Temos uma grande atuação neste campo através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), além do trabalho de educação e defesa dos povos indígenas. Esperamos que a Funai não se esvazie em sua função, e que as demarcações continuem. Foi um diálogo muito bom”. Também participou do encontro o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Laudenir Andre Muller.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Pela vida do mundo



Há pouco a Igreja encerrou o Tempo Pascal. Foram cinquenta dias de celebração do Mistério central de sua vida e fonte do testemunho da presença do Cristo ressuscitado, de onde os cristãos podem beber as forças necessárias para sua presença no mundo, chamados que foram a transformá-lo a partir de dentro. Três grandes celebrações desdobram diante do olhar da fé a mesma riqueza da vida cristã, com a qual a Igreja forma a todos nós, os fiéis, a saber, a Solenidade da Santíssima Trindade, Corpus Christi e a Festa do Sagrado Coração de Jesus. Comunhão de vida na Trindade, Sacrifício de Cristo que se renova e a verdadeira humanidade do Verbo de Deus que se encarnou. A oração litúrgica da Igreja demonstra a fé professada e proporciona a educação para o crescimento da mesma fé. Tudo nos permite aclamar que "esta é a nossa fé, que da Igreja recebemos e sinceramente professamos, razão de nossa alegria, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Cf. Ritual do Batismo).

Ao celebrar nestes dias a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, a Igreja quer recolher a riqueza de sua vida eucarística e oferecer com maior abundância a riqueza do Pão da vida, para a vida de todos. "Pela força do Espírito Santo, dais vida e santidade a todas as coisas e não cessais de reunir um povo, para que vos ofereça em toda parte, do nascer ao pôr do sol, um sacrifício perfeito" (Oração Eucarística III). Assim proclama a Igreja, numa de suas orações eucarísticas. O único Sacrifício de Cristo se faz presente e se renova, onde quer que se celebre a Santa Missa, desde a mais solene das liturgias até a mais simples das capelas, onde o mesmo altar testemunha o mistério da fé.
Em toda parte, quando o Pão e o Vinho apresentados são consagrados no Corpo e no Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, continuamos a aclamar: "Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus"! E o povo fiel se alimenta do próprio Cristo presente, para dali sair com o compromisso de entregar a sua própria vida pela vida verdadeira que só Jesus Cristo Salvador pode oferecer.
Ao celebrar a Eucaristia, a Igreja volta seus olhos para o Céu e, ao mesmo tempo, para o mundo. Calvário e Manhã da Ressurreição estão presentes, a vinda de Jesus no final dos tempos se antecipa no Sacramento e os discípulos se tornam missionários, saindo da Missa para amar e servir. De forma especial o Domingo, dia da Ressurreição de Cristo, aparece como um dia a ser preparado, celebrado e prolongado na vida. Tem grande sentido um cartaz encontrado à entrada de uma Capela: "Entro para orar, saio para amar"!
Ao sair da Missa dominical, brotem em cada cristão as disposições para que se celebre também uma "Missa sobre o mundo", expressão do Padre Teilhard de Chardin S.J, de quem trouxemos um pequeno trecho: "Senhor, o sol acaba de iluminar, ao longe a franja extrema do primeiro oriente. Mais uma vez, sob a toalha móvel de seus fogos, a superfície viva da terra desperta, freme, e recomeça seu espantoso trabalho. Colocarei sobre minha patena, meu Deus, a messe esperada desse novo esforço. Derramarei no meu cálice a seiva de todos os frutos que hoje serão esmagados. Meu cálice e minha patena, são as profundezas de uma alma largamente aberta a todas as forças que, em um instante, vão elevar-se de todos os pontos do Globo e convergir para o Espírito. Que venham pois, a mim, a lembrança e a mística presença daqueles que a luz desperta para uma nova jornada!... Mais confusamente, mas todos sem exceção, aqueles cuja tropa anônima forma a massa inumerável dos vivos: aqueles que me rodeiam e me sustentam sem que eu os conheça; aqueles que vêm e aqueles que vão; sobretudo aqueles que, na Verdade ou através do Erro, no seu escritório, laboratório ou fábrica, creem no progresso das coisas e, hoje, perseguirão apaixonadamente a luz. Quero que nesse momento meu ser ressoe ao murmúrio profundo dessa multidão agitada, confusa ou distinta, cuja imensidade nos espanta, - desse oceano humano cujas lentas e monótonas oscilações lançam a inquietação nos corações que mais acreditam. Tudo aquilo que vai aumentar no Mundo, ao longo deste dia, tudo aquilo que vai diminuir, - tudo aquilo que vai morrer, também, - eis, Senhor, o que me esforço por reunir em mim para vos oferecer; eis a matéria de meu sacrifício, o único que vós podeis desejar... Recebei, Senhor, esta Hóstia total que a Criação, movida por vossa atração, vos apresenta à nova aurora. Este pão, nosso esforço, não é em si, eu o sei, mais que uma degradação imensa. Este vinho, nossa dor, não é ainda, ai de mim, mais que uma dissolvente poção. Mas, no fundo dessa massa informe, colocastes - disso estou certo, porque o sinto - um irresistível e santificante desejo que nos faz a todos gritar, desde o ímpio ao fiel: "Senhor, fazei-nos Um"!
A missa dominical, bem participada, desperte a sensibilidade para tudo acolher, identificar o que é bom, oferecer a própria contribuição para superar o mal, estabelecer laços, superar conflitos, corrigir com mansidão, buscar mais o que une do que aquilo que separa as pessoas, os problemas encarados como desafios e não como ameaças, valorizar o dia a dia como o nosso tempo e a nossa grande oportunidade para viver no amor de Deus e do próximo. O espírito com que nos dispomos a agir assim seja o mesmo do altar de Cristo. Tudo seja oferecido como matéria de sacrifício. Exercite-se, para que o mundo tenha a vida que nasce do Mistério Pascal de Cristo, na entrega pessoal de sua existência. A lição do altar suscite o amor mútuo nas comunidades cristãs e nas atitudes de cada pessoa de fé. Grandes ideais, dignos da fé que professamos e queremos testemunhar!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém