quinta-feira, 31 de março de 2011

JOSÉ PROFETA




De uns tempos para cá, os profetas estão fora de moda. Prevalece o espetáculo recheado de câmeras, holofotes e microfones. Em tempo de mídia, a visibilidade do fantástico ganha terreno sobre o silêncio da semente e do fermento. Com frequência se confunde mudança com show ilusionista, profusamente iluminado e ruidoso, com luzes, sons e imagens. José Comblin viveu, lutou e morreu para mostrar que a profecia continua viva e ativa. E que o Evangelho só é Boa Nova na exata medida em que se faz profecia renova em cada contexto histórico. E, ainda, que profetizar e evangelizar é promover a libertação integral do ser humano.
Três características marcam o movimento profético no Antigo Testamento: memória, denúncia e anúncio. A memória está associada a um reiterado “lembra-te” que remonta à abertura do decálogo: “Eu sou Iahewh teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2). O decálogo, por sua vez, vem precedido do código da aliança. Assim, os profetas procuravam, em primeiro lugar, trazer para o contexto do reinado e do exílio o espírito de libertação fundamentado na memória do êxodo. Ali se encontram suas raízes. Em outras palavras, se foste escravo no Egito, como podes agora submeter teus próprios irmãos ao mesmo regime? Enquanto sob o Faraó, os hebreus eram subjugados por uma nação estrangeira, agora era o próprio Estado de Israel que escravizava seu povo através de pesados impostos e do trabalho de corvéia. Contra isso se insurgem o movimento profético, retomando e atualizando as exigências do Deus que os tirou da condição de escravos.
Um Deus que “vê a aflição, ouve o clamor, conhece o sofrimento e desce para libertar” marca profundamente a experiência religiosa do Povo de Israel. Ou seja, esse povo vivenciou o contato vivo com um Deus único: atento, sensível e solidário com as condições de vida e trabalho dos oprimidos. Numa palavra, um Deus que caminha pelo deserto da história pessoal e coletiva. Os profetas tentam reviver e recriar essa mesma experiência num novo contexto de opressão e exploração.
Aqui entra em cena a segunda palavra chave do movimento profético. A denúncia tem uma força devastadora em figuras como Isaías, Jeremias, Amós, Oséias e Miquéias. Na mira de seus ataques estão os poderosos dos reinados do Norte e do Sul. São os “chefes da casa de Jacó e magistrados da casa de Israel”, na medida em que desconhecem o “direito e a justiça”, “comeram a carne de meu povo, arrancam-lhe a pele, quebram-lhe os ossos, cortaram-no como carne na panela” (Mq 3,1-3). Aos mesmos chefes e magistrados, o profeta acusa: “vós que detestais o direito, que torceis o que é reto; vós que edificais Sião com sangue e Jerusalém com injustiça” (Mq 3,9-10). Mas estão também na mira os líderes religiosos: “seus chefes julgam por suborno, seus sacerdotes ensinam por salário e seus profetas vaticinam por dinheiro” (Mq 3,11).
A veemência de Miquéias irá repetir-se nos demais representantes do profetismo vetero-testamentário. Sobrecarregados de tributos, os camponeses gemiam sob o reinado. O templo representava uma espécie de coração político e econômico da Israel, para o qual convergiam os esforços dos trabalhadores em forma de numerosos impostos. Daí a dureza das palavras proféticas contra chefes e magistrados, de um lado, falsos profetas e sacerdotes, de outro, todos circulando na órbita do tempo e de seus rendimentos. Daí também as profecias sobre a destruição do tempo e do exílio.
A denúncia, porém, vinha acompanhada por um anúncio. Este se expressa de forma particular nos poemas de Isaías sobre a “Nova Jerusalém”. “Vou criar novos céus e nova terra” – diz o profeta – “nela não se tornará a ouvir choro nem lamentação. Já não haverá ali criancinhas que vivam apenas alguns dias, nem velhos que não completem a sua idade; com efeito, o menino morrerá com cem anos”. E prossegue: “Os homens construirão casas e as habitarão; plantarão videiras e comerão seus frutos (...). A duração da vida do meu povo será como os dias de uma árvore, os meus eleitos consumirão eles mesmos o fruto do trabalho de suas mãos” (Is 65,17-25)
A imagem de Isaías, que se repete com outras cores e graus nas páginas de vários profetas, será retomada pelo Apocalipse, no capítulo 21: “Vi então um céu novo e uma nova terra (...). Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e Ele, Deus-com-eles, será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21,1-4).
Nas últimas décadas da história brasileira, poucas pessoas representam esse tríplice terreno da profecia como o belga José Comblin. Memória viva, denúncia vigorosa e anúncio de esperança e liberdade – assim se poderia resumir sua trajetória histórica. Ele que seguramente já conhece “o novo céu e a nova terra”, deixa-nos muitas veredas para trilhar o caminho da fonte e da Boa Nova. José está vivo! O profeta com sotaque estrangeiro e com nome e alma brasileira, segue entre nós. Sua fala mansa e seus escritos proféticos seguem clamando por justiça. Nosso ponto final resume-se a um muito obrigado José!

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Queima do Alcorão nos EUA: cristãos paquistaneses em perigo

"Quem semeia ventos colhe tempestades": assim diz um provérbio baseado no livro de Oseias (8,7). E os ventos foram semeados pelo polêmico reverendo evangélico americano Terry Jones, quando, a 20 de março, cumpriu a sua ameaça e organizou em Gainesville (Flórida) um "julgamento contra o Alcorão".

No final do julgamento, o livro sagrado do Islã recebeu o veredicto de "culpado" pelos crimes contra a humanidade e por ser um promotor de atos de terrorismo "contra pessoas cujo único crime foi não compartilhar a fé islâmica". Como "castigo", um exemplar do Alcorão foi queimado publicamente pelo pastor Wayne Sapp. O evento teve a participação de cerca de 20 pessoas (‘Agence France-Presse', 20 de março).

Em setembro passado, Jones ameaçou queimar uma cópia do Alcorão para marcar o aniversário dos ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, mas desistiu do seu propósito depois de uma enxurrada de condenações internacionais e nacionais, especialmente do presidente Barack Obama e de muitos expoentes cristãos.

A queima do Alcorão suscitou fortes reações. Nos últimos dias, foram realizados protestos em várias cidades, por exemplo, em Lahore, capital da província de Punjab, onde manifestantes queimaram um boneco que representava o reverendo Jones, atacaram a igreja e a casa do pastor da ‘Full Gospel Assembly', assaltaram uma igreja pentecostal e invadiram a igreja católica de São Tomás, no distrito militar de Wah. "É uma reação à profanação do Alcorão na Flórida, apesar de a comunidade católica condenar o ato", disse o pároco, Pe. Yousaf.

O gesto de Jones foi denunciado pelas mais altas autoridades do país. Também a Igreja Católica do Paquistão condenou o ocorrido. "Em nome dos bispos católicos e dos cristãos no Paquistão, condeno este ato de loucura pura, que não representa os valores cristãos e os ensinamentos da Igreja", diz um comunicado assinado por Dom Lawrence Saldanha, arcebispo de Lahore e presidente da Conferência Episcopal do Paquistão (‘AsiaNews', 23 de março). "Desagrada-nos ver que as pessoas que se definem como pastores sejam tão ignorantes do que é a sua religião, assim como a decência normal", continua o texto, com tom duro.

Palavras tão claras como estas foram usadas ​​pelos cristãos na vizinha Índia. "Tais atos reprováveis ​​não podem ser justificados sob nenhuma circunstância", disse o ativista John Dayal, presidente do ‘All-India Catholic Union', segundo o ‘Times of India' (24 de março). Por sua parte, o presidente da ‘Indian Christian Voice' e vice-presidente da ‘Maharashtra State Minorities Commission', Abraham Mathai, definiu a queima como "um ato insano e desprovido de razão", e advertiu ainda que o gesto terá "consequências desastrosas e de longo alcance" para a paz universal e o diálogo inter-religioso.

Do Paquistão chegou, no entanto, um "sinal de esperança para as minorias religiosas. Como relatou a agência ‘Fides', Paul Bhatti, ou seja, o irmão mais velho do ministro católico assassinado há três semanas e meia, foi nomeado, em 24 de março, "conselheiro especial" do primeiro-ministro Gilani para as Minorias Religiosas. Após a morte de seu irmão, Paul Bhatti também foi eleito presidente da ‘All Pakistan Minorities Alliance' (APMA), o organismo de defesa das minorias do fundado por Shahbaz Bhatti, em 2002.


Fonte: Zenit.

Apelo do Papa pela paz na Costa do Marfim

- O Papa Bento XVI lançou um apelo urgente diante do conflito em curso há semanas na Costa do Marfim.

No momento das saudações, ao concluir a audiência geral na Praça de São Pedro, o Papa dirigiu aos peregrinos de língua francesa e disse que, "há muito tempo", acompanha os acontecimentos neste país africano.

"Meu pensamento se dirige muitas vezes à população da Costa do Marfim, traumatizada pelos dolorosos conflitos internos e graves tensões sociais e políticas", disse ele.

O Papa lançou um "apelo urgente" para que "se leve a cabo, o mais rapidamente possível, um processo de diálogo construtivo para o bem comum".

"A dramática oposição torna mais urgente a restauração do respeito e da convivência pacífica. Não devem ser poupados esforços neste sentido."

Também quis expressar sua proximidade "a todos aqueles que perderam um ente querido e sofrem a violência".

Finalmente, anunciou sua decisão de enviar ao país africano em seu nome, o cardeal Peter Kodwo Turkson, presidente do Conselho Pontifício "Justiça e Paz", "para que ele expresse a minha solidariedade e a da Igreja universal às vítimas do conflito e incentive a reconciliação e a paz".

Em declarações à agência vaticana ‘Fides', o arcebispo de Abidjan, Dom Jean-Pierre Kutwa, expressou seu agradecimento à intervenção do Papa: "Estamos alegres com as palavras do Santo Padre e lhe agradecemos por isso. Esperamos que a sua voz ser ouvida".

O prelado disse que, neste momento, na Costa do Marfim, "a situação humanitária está fora de controle, há milhares e milhares de deslocados pelos combates".

O país está envolvido em um conflito armado entre partidários do presidente eleito Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional, e os do presidente que sai, Laurent Gbagbo, que não reconhece a vitória da eleição presidencial anterior, de novembro de 2010.

Dom Gaspard Béby Gnéba, bispo de Man, no oeste do país, disse à agência ‘Fides', por sua vez, que as condições da população, "que já eram dramáticas, pioraram". Para escapar dos combates, muitos deslocados se refugiaram na vizinha Libéria.

Segundo o sacerdote liberiano, que contatou dom Gnéba para falar sobre a situação dos refugiados em sua diocese, são necessários remédios e alimentos, razão pela qual pedem a ajuda da Igreja universal.

Fonte: Zenit.

Papa abraça novo arcebispo greco-católico da Ucrânia

Bento XVI saudou hoje, ao final da audiência geral, o arcebispo maior de Kiev e novo líder da Igreja greco-católica da Ucrânia, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, cuja entronização suscitou esperanças ecumênicas.

Durante a saudação em diversos idiomas, na praça de São Pedro, o Papa se dirigiu em ucraniano ao novo prelado, de apenas 40 anos, e que tomou posse no dia 27 de março.

“Asseguro minha constante oração para que a Santíssima Trindade conceda abundância de bens, confirmando na paz e na concórdia a amada nação ucraniana”, disse o Papa ao prelado.

Depois, em italiano, o Papa se dirigiu a Shevchuk, recordando-lhe que “o Senhor o chamou ao serviço e à guia desta nobre Igreja, parte daquele povo que há mais de mil anos recebeu o Batismo em Kiev”.

“Estou seguro de que, iluminado pela ação do Espírito Santo, presidirá sua Igreja guiando-a na fé em Cristo Jesus segundo sua própria tradição e espiritualidade, em comunhão com a Sé de Pedro, que é vínculo visível desta unidade pela qual tantos filhos não duvidaram em oferecer inclusive sua própria vida.”

Por último, o Papa enviou uma “agradecida recordação” ao predecessor do novo arcebispo, o cardeal Lubomyr Husar.

O novo arcebispo, que até agora atendia os fiéis desta Igreja ‘sui iuris’ na Argentina, foi eleito pelo Sínodo da Igreja greco-católica da Ucrânia no dia 23 de março e recebeu a comunhão eclesial do Papa no dia 25 de março.

Na sua entronização, dia 27 de março, ele pôde abraçar os bispos das três Igrejas ortodoxas da Ucrânia.

Como representante do patriarcado ortodoxo de Moscou, participou Hilary de Makariv, vigário da diocese de Kiev. A Igreja ortodoxa ucraniana (patriarcado de Kiev) foi representada por seu primaz, Filarete.

O metropolita Vladimir, cabeça da Igreja ortodoxa ucraniana, dependente do patriarcado de Moscou, escreveu uma carta de felicitação a Dom Shevchuk. Ele afirma que espera que em seu ministério se desenvolvam fraternas relações entre as duas Igrejas e que “o período difícil de nossa relação fique no passado”.

Fonte: Zenit.

CCEE: “escola e casa de comunhão” há 40 anos

"Um laboratório, uma escola e uma casa de comunhão": foi assim que o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) definiu seus 40 anos de serviço à Igreja na Europa.

Em uma carta aos bispos do Velho Continente, constata-se que, desde sua criação, o CCEE foi concebido como "uma organização que deveria respirar com ‘dois pulmões' e acolher a hierarquia eclesiástica de todo o continente europeu".

O CCEE, continua a presidência, "pode ser considerado um fruto do Concílio Vaticano II e do aprofundamento na verdade eclesiológica da comunhão dos bispos, matizada com um sotaque característico daquela época".

Hoje, o CCEE tem como membros 33 conferências episcopais presentes na Europa, representadas pelos seus presidentes, os arcebispos de Luxemburgo, do Principado do Mônaco, de Chipre dos Maronitas e o bispo de Chişinău (Moldávia).

"O CCEE nunca foi um organismo 'forte' - diz a carta -, com grandes estruturas e de grande visibilidade no cenário social e político. Preferimos andar de forma mais discreta, tentando fazer com que nossas reuniões fossem lugares de oração, de encontro de amizade, de diálogo, troca, confiança, informação, discussão sobre problemas comuns."

No trabalho para precisar os âmbitos em que o Conselho está trabalhando, os três cardeais que estão à cabeça do CCEE lembram como o foco principal deste organismo eclesial europeu está "voltado para o homem na Europa, para a sua situação pessoal, social e espiritual".

"Nós pensamos, em particular, nas questões relacionadas à migração e aos problemas concernentes ao declínio demográfico: família, educação e cultura de respeito pela vida, para defendê-la em todas as suas fases, da concepção à morte natural. Só a cultura do amor e da vida pode garantir um futuro".

"Amar o homem - continuam - significa para nós também dar, a cada um, a oportunidade de encontrar e conhecer Jesus Cristo. Por isso, o CCEE está particularmente empenhado na evangelização e no cuidado da fé."

Em uma mensagem enviada para este evento, Dom Anton Stres, presidente da conferência episcopal eslovena e arcebispo de Liubliana, disse que, "desde que a Europa ‘respira com dois pulmões', as Igrejas particulares que fazem parte do CCEE cooperam na conservação e valorização do patrimônio espiritual comum, na compreensão mútua e na cooperação ecumênica, unindo o próprio compromisso para um testemunho cristão harmonioso."

Por outro lado, Dom Franjo Komarica, bispo de Banja Luka e presidente da Conferência Episcopal de Bósnia e Herzegóvina, escreveu em uma mensagem que "só Deus sabe quantos preciosos frutos produziram os conselhos mútuos, as consultas frequentes e as relações cada vez mais estreitas entre as conferências episcopais no âmbito continental e intercontinental, seja para a Igreja, seja para a nossa sociedade contemporânea."

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ausência de perguntas sobre a fé é desafio para Igreja

Embora tenha sido uma opção "um pouco arriscada", o encontro do Átrio dos Gentios em Paris teve um resultado positivo, observa o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, no final da sessão realizada na Cidade das Luzes nos dias 24 e 25 de março.

"Iluminismo, religião, razão comum" foi o tema sobre o qual discutiram intelectuais crentes e não-crentes, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (UNESCO) e em outros lugares simbólicos da cultura francesa, como a Sorbonne, a Academia Francesa e o átrio da Catedral de Notre Dame.

O Átrio dos Gentios, cujo diretor-executivo é o Pe. Jean-Marie Laurent Mazas, foi criado como uma estrutura permanente do Conselho Pontifício para a Cultura para proporcionar um espaço para o diálogo livre entre crentes e não-crentes sobre o tema da fé e das grandes questões existenciais (vida e morte, bem e mal, amor e dor, verdade e mentira, transcendência e imanência).

Em um balanço desta experiência, o cardeal Ravasi disse aos microfones da ‘Rádio Vaticano': "Minha impressão tem três elementos: em primeiro lugar, o de Paris foi por excelência o encontro com uma cidade simbólica, que na tradição é a cidade da laicidade e, portanto, da liberdade, da independência entre Igreja e Estado; e eu tenho que reconhecer que esta reunião recebeu uma particular atenção e sensibilidade".

"Um segundo aspecto - acrescentou - diz respeito aos temas abordados, já que todos foram de alto nível e houve diálogos autênticos, com visões diferentes, mas também com muita paixão."

"A terceira experiência, a terceira impressão - confessa - é que o encontro de Paris se torna verdadeiramente um modelo que, no entanto, teremos de adaptar continuamente em outras formas para outras cidades, especialmente tendo em conta o ponto final da vigília, quando a participação se torna verdadeiramente popular, com a multidão, com um horizonte mais amplo."

"De fato, no futuro, teremos que enfrentar não apenas o ateísmo ou as perguntas que os não-crentes de alto nível levantam, mas também a superficialidade, a falta de questões sobre a fé, frequentemente registradas em um nível mais baixo."

O cardeal Ravasi pediu ao Colégio dos Bernardinos, um grande centro cultural da diocese de Paris, que continue promovendo o diálogo local entre crentes e não-crentes, com iniciativas do Átrio dos Gentios.
"Nós, da Santa Sé, viemos apenas para plantar uma semente, mas outros devem fazer que floresça", afirmou o cardeal.

As próximas cidades nas quais estão organizando reuniões do Átrio dos Gentios são: Tirana, Estocolmo, Praga, Quebec, Chicago e Florença.

Mais informações: http://www.atriumgentium.org

Fonte: Zenit.

terça-feira, 29 de março de 2011

Brasileiros fazem caminhada da CF 2011

Representantes dos Religiosos Brasileiros em Roma (RBR) e da Comunidade brasileira Nossa Senhora Aparecida realizaram, no domingo, 27, a tradicional caminhada da Campanha da Fraternidade pelas ruas de Roma.

O encontro teve inicio às 7h30 com a celebração Eucarística na Basílica Santa Maria Maggiore. Os religiosos expressaram sua sintonia com a Igreja no Brasil refletindo e rezando o tema da Campanha da Fraternidade 2011 “Fraternidade e a Vida no Planeta”.

A cor verde-amarela e as canções alegres atraiam a atenção dos turistas ao longo das ruas da cidade. O encontro terminou com a oração do Ângelus na Praça São Pedro onde os participantes receberam uma palavra de alento do papa Bento XVI.

Religiosas e religiosos de países como Itália, Alemanha, Filipinas e Áustria que realizaram experiência missionária no Brasil se juntaram ao grupo. A irmã Laura Cantoni, da congregação das Missionárias da Imaculada que trabalhou de 2000 a 2010 na periferia da cidade de Manaus e em uma equipe itinerante com os povos indígenas na região de Maués, no interior do Amazonas disse haver se “encontrado de novo no mundo brasileiro num momento de espiritualidade e fraternidade”.

A portuguesa irmã Maria da Conceição Ribeiro, conselheira geral da Congregação das Irmãs Dorotéias juntou-se ao grupo pela primeira vez e considerou a via sacra “muito original e significativa por ter conseguido fazer algo relacionado com a criação, a ecologia e as preocupações do cuidado da vida no planeta”. “Acho que os brasileiros são criativos e sensíveis a natureza e à vida da terra, até porque vivem em um país com problemas tão grandes relacionados à natureza e à criação”, acrescentou.

O superior Geral da Congregação dos Rogacionistas, padre Angelo Mezzari, também caminhou com o grupo. “É para mim uma alegria poder encontrar com os amigos religiosos do Brasil e sentir-se parte desta fraternidade. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de sintonizar-se com a temática do cuidado com a terra, a vida e as criaturas. Não se trata só de uma temática da Campanha da Fraternidade do Brasil, mas de uma questão fundamental para a vida humana na terra”.

Fonte: CNBB

Primavera árabe ou outono das minorias?

Não obstante as diferenças às vezes substanciais entre os países do norte da África e do Oriente Médio na luta da “primavera árabe”, há um fio condutor de natureza econômica e política nestes eventos.

“A revolta na Tunísia e no Egito e a agitação no restante do Oriente Médio e no norte da África são o resultado de um profundo descontentamento da juventude, que rejeita o autoritarismo, a corrupção e a falta de oportunidades ecomômicas e políticas”, afirma Malika Zeghal, professora de Pensamento Islâmico Contemporâneo na prestigiosa Universidade de Harvard (EUA) e autora do livro ‘The Power of a New Political Imagination’. Ela foi entrevistada por Sussidiario.net no dia 22 de março.

“O que está acontecendo é um novo tipo de libertação nacional, com o desejo de um novo projeto político no qual tunisianos e egípcios não sejam nunca mais súditos do Estado, mas cidadãos com grau de possuir o sentido de sua dignidade”, afirma a especialista.

De fato, um dos problemas fundamentais dos países árabes é exatamente a falta de perspectivas para as gerações jovens, que abarrotam o mercado de trabalho. Enquanto em países como Egito e Tunísia a desocupação entre jovens de 15 a 29 anos era de aproximadamente 21,7% (em 2007) e de 27,3% (2005), o fenômeno desafia também a classe governante da riquíssima Arábia Saudita. Segundo os dados recolhidos pelo ‘Guardian’ (14 de fevereiro), no reino ‘wahhabita’, berço do Islã, 16,3% dos jovens entre 15 e 29 anos estavam sem trabalho em 2008.

Além disso, a pressão juvenil estaria destinada a crescer no mundo muçulmano. Mesmo se o crescimento demográfico diminuir entre os muçulmanos nos próximos 20 anos, segundo as previsões do ‘Pew Research Center’ (27 de janeiro), a população muçulmana deveria aumentar cerca de 35% nas próximas décadas, de 1,6 bilhão para 2,2 bilhões em 2030.

O repentino despertar da população árabe constitui sem dúvida uma oportunidade, também para as minorias religiosas. Disso está convencida Malika Zeghal. “Para todas as minorias religiosas que vivem no Oriente Médio e no norte da África, esta é uma nova oportunidade de ver reforçados seus direitos. Sempre existiu um diálogo entre muçulmanos e cristãos, às vezes em âmbitos isolados, em redes de intelectuais, às vezes em âmbitos mais amplos e oficiais”.

De fato, apesar do atentado suicida contra uma igreja copta, que no dia 1º de janeiro provocou em Alexandria 21 mortes, três semanas depois do massacre, a comunidade cristã participou de protestos pró-democracia. Confirmou isso o cardeal Antonios Naguib, patriarca copta de Alexandria, em um comunicado difundido depois da queda de Mubarak, no dia 11 de fevereiro. Segundo o purpurado, a Revolução de 25 de janeiro produziu “uma realidade que esteve ausente durante muito tempo, quer dizer, a unidade dos cidadãos, jovens e anciãos, cristãos e muçulmanos, sem nenhuma distinção ou discriminação” (‘Zenit’, 14 de fevereiro).

Otimista se mostrou também o padre Samir Khalil Samir, S.J., docente na ‘Università Saint-Joseph’, de Beirut. “É uma primavera no mundo árabe. Seria absurdo que os cristãos ficassem de fora, porque, verdadeiramente, já temos esses princípios na letra e no espírito do Evangelho: os da abertura ao outro, da busca da justiça e da paz, e talvez o muçulmano possa dizer o mesmo”, disse o sacerdote (‘Zenit’, 25 de fevereiro).

Para o jesuíta, ser realista é uma obrigação: “até que não haja um governo claro com uma linha precisa a seguir, até que não haja uma organização identificável, não poderemos estar seguros. São necessárias as estruturas. No momento, estamos ainda em fase de explosão, de descoberta. Espero, no entanto, que se possa passar rapidamente a uma sociedade fundada nos princípios que anunciamos”.

Um sinal de esperança é, segundo padre Samir, o “Documento para a renovação do Discurso Religioso”, lançado a 24 de janeiro (um dia antes da revolta no Egito) na página na internet do semanário ‘Yawm al-Sabi', baseado nas sugestões realizadas por um grupo de destacados estudiosos e imames egìpcios, entre os quais estão Nasr Farid Wasel, ex-grão-mufti do Egito e o doutor Gamal Al-Banna, irmão do fundador dos Irmãos Muçulmanos. A iniciativa, que formula 22 temas de reflexão, como por exemplo a separação entre religião e Estado, demonstra que a “primavera árabe” busca também uma renovação do Islã, com o olhar dirigido para a modernidade.

Mais pessimista é Carl Moeller, presidente e administrador delegado de ‘Open Doors U.S.A’. Segundo Moeller, a democracia que está se desenvolvendo na região está muito longe do modelo ‘jeffersoniano’. No site da ‘Assyrian International News Agency’ (22 de março), o autor escreveu que temia especialmente a afirmação da ‘lei do domínio das turbas’, pela qual os islamistas controlariam os governos, tirando das minorias o direito à proteção. Neste ponto, a mensagem aos cristãos, obrigados a viver no terror constante, será: não há lugar para vocês.

Moeller vê confirmados seus temores por uma pesquisa publicada no dia 2 de dezembro pelo ‘Pew Research Center’. Da mesma, realizada no ano passado em sete países muçulmanos, surge, por exemplo, que 84% dos egípcios acredita que os convertidos do Islã para o cristianismo ou para outras religiões deveriam ser processados publicamente. Ademais, 95% dos egípcios consideram positivo o fato de que o Islã exerça um papel importante na política.

Um “grande revés” – assim o define Luigi Geninazzi (‘Avvenire’, 22 de março) – constituem sem dúvida os resultados do referendo realizado no dia 19 de março no Egito, em que participaram 18 milhões de cidadãos. Segundo a Comissão Eleitoral, 77% dos votantes (14 milhões) disseram “sim” à proposta de uma reforma constitucional “light”, enquanto 22,8% optaram pelo “não”. Os partidários do “não”, entre os quais há movimentos que surgiram na “Revolução de 25 de janeiro” e vários personagens de renome como Mohamed El Baradei (prêmio Nobel da Paz 2005 e ex-secretário da Agência Internacional para a Energia Atômica) e Amr Moussa (chefe da Liga Árabe), pediam no entanto a redação de uma nova Constituição.

A vitória do “sim” foi definida como um “choque” pelo ativista copta Wagih Yacoub (‘AINA’’, 21 de março). Reforçaria o Partido Nacional Democrático do ex-presidente Mubarak e os Irmãos Muçulmanos. Estes não gostavam nada da ideia de uma nova Constituição. Temiam, de fato, o cancelamento do artigo 2 da atual Carta Magna, que estipula que a lei islâmica (‘sharia’) é a fonte principal da legislação egípcia. Os Irmãos Muçulmanos teriam orientado os eleitores a votar “sim” por “dever religioso” e também para ter “os coptas fora do governo”, disse Manar Ohsen, da ‘Egyptian Organization for Human Rights’ (AINA, 21 de março).

A pergunta é, portanto, quais são as verdadeiras intenções da Irmandade? Considerados “expressões do Islã moderado ou chamado neoconservador”, os Irmãos Muçulmanos poderiam, segundo o editorial de ‘La Civiltà Cattolica’ “talvez desenvolver no interior da sociedade islâmica, em particular no Egito, um papel de mediação entre o velho e o novo e, ao mesmo tempo, conectar as culturas tradicionais, frequentemente ricas em valores hoje esquecidos ou menosprezados na cultura ocidental, para uma modernidade que defenda todos os direitos humanos” (n. 3857, 5 de março). Para a revista dos jesuítas, fazer as sociedades do Oriente Médio sair do estancamento “é possível só se os movimentos islâmicos participarem do debate político geral e encontrarem seu lugar no interior da sociedade política e civil, formulando suas propostas e colaborando nos interesses de todos, ampliando as bases de uma democracia participativa, pensada a partir também de princípios do Islã. Permanece no fundo a necessidade de rejeitar todo tipo de violência e a necessidade de prever o espaço concedido às minorias, também religiosas”.

Mas existem instrumentos para evitar uma instrumentalização islamista dos protestos? Para o economista e ex-ministro de Finanças libanês Georges Corm, a resposta é afirmativa: é a Doutrina Social da Igreja. “Hoje em particular está a encíclica de Bento XVI ‘Caritas in veritate’, que se coloca na mesma linha da ‘Rerum Novarum’, de Leão XIII”, disse Corm, falando com o jornalista Fady Noun (‘AsiaNews’, 8 de fevereiro). Corm, que é também historiador, acusou o Ocidente e recordou o papel de “preenchimento de lacunas” dos movimentos islâmicos. “O neoliberalismo obrigou o Estado a se retirar da sociedade e da economia, sob o pretexto do equilíbrio orçamentário. As organizações islâmicas se infiltraram nessa brecha”.

Fonte: Zenit.

Bispos do norte da África contra guerra na Líbia

Os bispos da Conferência Episcopal das Regiões do Norte de África (CERNA), que inclui o Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia, emitiram uma declaração em que se manifestam contra a guerra na Líbia e pedem solução diplomática para o conflito.

O comunicado, assinado pelo presidente da CERNA, Dom Vincent Landel, arcebispo de Rabat (Marrocos), foi divulgado hoje pela agência vaticana ‘Fides'.

Também hoje, a Santa Sé confirmou que participará, como observador, na Conferência Internacional sobre a Líbia, que será realizada amanhã, 29 de março, em Londres. O representante vaticano será o atual núncio na Grã-Bretanha, o arcebispo Antonio Mennini.

No comunicado, os bispos norte-africanos reafirmam sua oposição à violência e à guerra: "Nós sabemos que a guerra não resolve nada e que, quando estoura, é tão incontrolável como a explosão de um reator nuclear".

Eles também reafirmam o seu "apelo urgente para encontrar, para este conflito doloroso, uma solução justa e digna para todos", unindo-se "ao pedido feito pelo Papa Bento XVI" no domingo, 27 de março.

Os bispos norte-africanos reconhecem que, nos recentes acontecimentos nos países do Magrebe, há uma "reivindicação legítima de liberdade, justiça e dignidade, especialmente por parte das gerações mais jovens".

"Isso se traduz na vontade de ser reconhecidos como cidadãos responsáveis, com a possibilidade de um emprego que lhes permita viver decentemente, sem qualquer forma de corrupção ou nepotismo."

"Hoje - prossegue a declaração - este clima de mudança atravessa a Líbia. E nós nos unimos de forma especial aos nossos irmãos bispos de Tripoli e Benghazi, e a toda a população do país."

Finalmente, os bispos pedem uma mediação diplomática e lançam um apelo à ajuda humanitária. "Nós pedimos ao Todo-Poderoso que inspire os líderes das nações, para que encontrem o caminho que leva à justiça e à paz", conclui a nota.

Fonte: Zenit.

Novo patriarca maronita recebe ‘Comunhão Eclesiástica’ do Papa

Bento XVI concedeu a ‘Ecclesiastica Communio', na última sexta-feira, ao 77° de Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Béchara Boutros Raï, eleito pelo Sínodo dos Bispos da Igreja Maronita, em 15 de março, para suceder neste cargo o cardeal Nasrallah Pierre Sfeir, que, apresentou sua renúncia aos 90 anos.

O novo patriarca, de 71 anos, é originário de Himlaya, uma aldeia montanhosa a leste de Beirute (Líbano), e foi oficialmente designado em uma cerimônia realizada em 25 de março em Bkerké - a 25 km ao norte de Beirute -, onde, desde 1790, encontra-se a residência oficial do patriarca maronita.

"É um motivo de orgulho para a Sua Igreja estar unida, desde o início, ao Sucessor de Pedro - escreveu o Papa na carta de concessão da ‘Ecclesiastica Communio', em conformidade com o Código de Direito Canônico para as Igrejas Orientais. Pedro foi chamado por Jesus para preservar a unidade, na verdade e no amor à sua única Igreja. Seguindo uma antiga e bela tradição, o nome de Pedro é adicionado ao do Patriarca."

Na carta, o Papa fez votos de que o novo patriarca tenha "todo o ardor, iluminado pela sabedoria, configurado pela prudência, para guiar a Igreja Maronita. Adornada pela glória de São Maron e dos santos libaneses São Charbel, São Nimatullah, santa Rafqa o beato Estèphe, poderá sair ao encontro do seu Esposo, nosso Salvador".

"Que o Senhor o assista em seu ministério de ‘Pai e de Cabeça' - continuou Bento XVI -, para proclamar a Palavra que salva, para que seja vivida e celebrada com misericórdia, de acordo com as antigas tradições espirituais e litúrgicas da Igreja Maronita. Que todos os fiéis que lhe foram confiados encontrem consolo em sua solicitude paternal!"

A Igreja Maronita é uma comunidade ‘sui iuris' dentro da Igreja Católica; sempre esteve em comunhão com Roma, embora mantendo uma liturgia e um calendário próprios: celebra a sua liturgia em árabe, exceto nos cânticos antigos e nas orações ancestrais da Eucaristia, para as quais usa o aramaico.

Foi fundada por São Maron, que viveu entre os séculos IV e V como eremita, nas montanhas de Taurus, perto de Cirrus - uma cidade antiga no norte da Síria - e em vida ganhou fama como milagreiro e gozou de uma grande reputação como diretor espiritual.

Hoje, a Igreja Maronita possui mais de 3 milhões de fiéis e está presente no Líbano, Síria, Egito, Terra Santa, e nos países da diáspora, como Argentina e Austrália.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Deus fala ao coração e espera nossa resposta, afirma Papa

"A onipotência do Amor respeita sempre a liberdade do homem; toca o seu coração e espera pacientemente pela sua resposta", explicou hoje Bento XVI.

O Pontífice dedicou sua reflexão, por ocasião da oração mariana do Ângelus, à passagem evangélica do encontro de Jesus com a samaritana, narrado no capítulo 4 de João, que a Igreja propõe aos fiéis neste terceiro domingo da Quaresma.

Deixou como ensinamento aos milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, a certeza de que, como há dois mil anos, cada pessoa pode hoje manter uma relação pessoal, "real" com Cristo.

A samaritana, como explicou o Papa, "ia todo dia tirar água de um poço antigo, que remonta ao patriarca Jacó, e nesse dia ela encontrou Jesus, sentado, ‘cansado do caminho'".

"No encontro com a samaritana, junto ao poço, surge o tema da ‘sede' de Cristo, que culmina com o grito na cruz: ‘Tenho sede' (Jo 19, 28). Certamente, esta sede, como o cansaço, tem um fundamento físico. Mas Jesus, continua dizendo Agostinho, ‘tinha sede da fé daquela mulher', assim como da fé de todos nós."

"Deus Pai o enviou para saciar a nossa sede de vida eterna, dando-nos o seu amor, mas, para oferecer-nos este dom, Jesus pede a nossa fé", destacou.

Bento XVI convidou os crentes a colocar-se no lugar da mulher samaritana: "Jesus espera por nós, especialmente neste tempo quaresmal, para falar ao nosso coração, ao meu coração", disse.

"Detenhamo-nos, em um momento em silêncio, em nosso quarto, em uma igreja ou em outro lugar retirado. Escutemos sua voz, que nos diz: ‘Se tu conhecesses o dom de Deus'", concluiu, convidando a "não perder esta oportunidade, que qual depende a nossa autêntica felicidade".

Ao despedir-se, o Papa saudou as famílias do Movimento do Amor Familiar "e aqueles que, na igreja de São Gregório VII [de Roma], velaram para rezar pela dramática situação na Líbia".

Fonte: Zenit.

Jesus e a samaritana

Apresentamos artigo do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, divulgado nesse sábado à imprensa, intitulado ‘Jesus e a samaritana'.

* * *

Durante estes dias da Quaresma, o nosso itinerário batismal tem neste domingo um sinal claríssimo sobre o sinal da Água e a importância do encontro com Jesus, o Cristo. Neste ano, de maneira especial aparece este sinal, que nos ajuda a caminhar para a renovação das promessas batismais na vigília pascal.

Este domingo, chamado da "samaritana", é o terceiro Domingo da Quaresma (cf.Jo 4,5-42). A hostilidade entre judeus e samaritanos conhecemos por outros episódios, como, por exemplo, o caso do chamado "bom samaritano". As relações entre judeus e samaritanos eram de hostilidade constante e a Samaria era considerada território impuro para o ambiente judaico, de modo que não se deveria cruzá-la durante os percursos das viagens.

Jesus quis passar pela Samaria como uma necessidade salvífica, teológica, porque nas suas intenções (que são aquelas do Pai), tinha a vontade de que também aquele povo, como todos os outros existentes, entrassem na ordem da salvação, tornando-se destinatário do anúncio do Reino e da vida nova trazida pelo Cristo.

A objeção dessa mulher: "Tu que és um judeu pedes de beber a uma mulher samaritana?" dá oportunidade a Jesus para anunciar o amor infinito de Deus, a universalidade da salvação e para comunicar a nova dimensão da vida, que agora está totalmente renovada e foi estabelecida com o Reino para todos os povos e indivíduos, homens e mulheres. Superam-se as barreiras, as restrições e as divisões étnicas e raciais.

A água tornou-se a motivação do anúncio. Vemos os vários episódios sobre ela como um símbolo e um "lugar" de salvação e novidade de vida. Recordemos isso como em Meriba, quando o povo de Israel, nômade no deserto, vê a água jorrar da rocha para saciar o povo. Também a vemos no dilúvio, quando a água é destrutiva da raça humana, que deu a oportunidade de Deus mostrar a sua misericórdia para com o homem e o mundo na restauração completa da humanidade. O grande sinal desse tempo no êxodo foi a passagem do Mar Vermelho, quando as águas foram divididas para o povo de Deus passar para o outro lado e depois se fecharam sobre os egípcios. Quando a lança do soldado atingiu o lado de Jesus no alto da cruz, saiu água e sangue: o sinal do Batismo e da Eucaristia.

É dessa mesma água de vida eterna que Jesus está falando com a mulher samaritana no poço de Jacó. Ele deixa claro que a água viva é o próprio Cristo, dom do Pai à humanidade, e que acolhendo-O se obtém a salvação e a vida plena, não importa se samaritanos, ou judeus, palestinos, gregos ou outros. Como a água que sacia todos os homens, e todos estão prontos para usá-la quando estão sob o domínio da sede, assim o Cristo sacia toda a humanidade, reconciliando-a com o Pai, para tornar-se referência vital e indispensável.

Jesus satisfaz a nossa fome e a nossa sede, e com a sua presença e o seu anúncio podemos ter a certeza de sermos exaltados e postos ao seu lado e perante o mundo. Foi o que saiu anunciando a Samaritana a todos.

Dessa água da vida e da salvação, todos nós precisamos! Saciar a sede na fonte, que é Cristo, é cultivar em nós mesmos o equilíbrio, a confiança, a constância de espírito, experimentando a salvação n'Ele.

Ao comentar a liturgia do terceiro domingo deste tempo favorável, o Papa Bento XVI ensina que: "O pedido de Jesus à Samaritana - ‘Dá-me de beber' (Jo 4, 7) -, que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da ‘água a jorrar para a vida eterna' (v. 14): é o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos ‘verdadeiros adoradores' capazes de rezar ao Pai ‘em espírito e verdade' (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, ‘enquanto não repousar em Deus', segundo as célebres palavras de Santo Agostinho".

Depois do anúncio da samaritana, todos os que chegaram até Jesus, devido ao seu testemunho, foram unânimes em dizer: nós mesmos vimos e sabemos que Ele é o Cristo!

A experiência do cristão, que renasce no batismo e se torna discípulo de Jesus, será ainda maior quando os que ele encontrar pela vida ou que evangelizar disserem a mesma coisa, ou seja, que o testemunho foi o início, mas, agora, amadureceram e se encontraram com o Cristo vivo. Assim, a nossa missão leva as pessoas ao aprofundamento da fé e ao encontro com Jesus, multiplicando os discípulos missionários.

Conversão entre os antigos caçadores de cabeças na Índia

Quando George Palliparampil, hoje bispo de Miao, começou seu ministério no nordeste da Índia, seu trabalho missionário era ilegal e ele foi obrigado a passar por interrogatórios na polícia.

Apesar dos obstáculos atuais, o lar missionário de Dom Palliparampil é o lugar onde a Igreja católica mais cresceu nos últimos 30 anos, com mais de 10 mil batismos de adultos por ano, apesar da proibição das conversões.

Hoje, cerca de 40% dos aproximadamente 900 mil habitantes de Arunachal Pradesh são católicos e seu número cresce com rapidez. Nesta entrevista, o bispo Palliparampil, de 56 anos, revela os desafios da evangelização entre as populações tribais indianas.

- Excelência, falamos do nordeste da Índia, uma região muito montanhosa, com tribos que há 60 anos eram caçadoras de cabeças com uma cultura pagã. Quantas tribos vivem hoje nessa área?

Dom Palliparampil: Há 26 grandes tribos, que podem se dividir, se não me engano, em mais de 120 subtribos, e cada uma delas tem seu próprio dialeto e cultura. Gostaria de esclarecer a palavra ‘pagão', dizendo que se trata de gente que não tem uma religião organizada. Adoram os poderes da natureza. A palavra ‘animismo' os descreveria muito bem. Tudo tem a ver com os espíritos, tanto bons como maus. Se ocorre algo bom, é porque há um espírito bom. Se acontece algo mau, é que há um espírito mau. Tem-se de fazer um sacrifício propiciatório para apaziguar este espírito mau.

- Existe o conceito de um Deus?

Dom Palliparampil: Sim. Por exemplo, o povo Tani crê em um ancestral comum. Estudei sua cultura e é muito similar ao que lemos no livro do Gênesis. Crêem em um só Deus. O sol e a lua são os dois olhos de Deus, através dos quais Deus nos vê. O Abotani - o primeiro pai - teve só dois filhos, como Cain e Abel, e assim continua o relato.

- Quando o cristianismo chegou havia uma abertura para ele?

Dom Palliparampil: Havia e há. De fato, eles consideram que estão encontrando o cumprimento de algo que eles possuíam de modo parcial. Os grupos Tani se dão conta que de são parte de uma religião mundial. Os Tangsa descobrem um cumprimento de seus relatos. Temos a famosa cruz Mishmi. Há alguns grupos de Mishmis que se tatuam uma cruz nos corpos, mas ninguém sabe algo sobre a origem desta tatuagem.

- A aceitação do cristianismo nesta região está carregada de desafios. Há obstáculos impostos não só pela cultura pagã, mas também pelas restrições colocadas pelo governo indiano, que, até há pouco tempo, não permitia aos cristãos o exercício de seu ministério nesta região de Arunachal Pradesh. Quando foi a primeira vez que foi a Arunachal Pradesh?

Dom Palliparampil: Minha primeira visita foi a uma aldeia chamada Pappu nala, onde 400 pessoas se reuniram para celebrar o Natal. Quando chegamos ao lugar, encontramos a aldeia cercada pela polícia, e tivemos de ir embora. No caminho, fui detido. Fiquei preso até a madrugada. Interrogaram-nos, mas, em vez disso me assustar, deu-me determinação para fazer algo ali, onde encontramos pessoas famintas de fé, de ter culto - tudo o que não podiam ter.

- Os políticos não queriam que os cristãos entrassem, não queriam que os cristãos evangelizassem, e os prenderiam e deportariam. Qual foi a reação das pessoas?

Dom Palliparampil: Querem alguém que as ame - esta é minha experiência. Encontrei uma aceitação de 100% e para que veja que estou certo, no momento em que as pessoas da aldeia de Pappu nala souberam que tínhamos sido detidos, 300 foram à delegacia, com facas, espadas e tochas, e a cercaram. Não iam se mover até que nos soltassem. Às 23h30, o oficial de polícia nos pediu: "por favor, peçam às pessoas que vão embora. Vocês ficarão aqui esta noite e depois os levaremos para casa". Eu insisti: "não, não pediremos". E o chefe da aldeia disse: "não vamos sair daqui".

Finalmente, às 0h30, conseguiram um caminhão do exército para nos levar a Assam, mas as pessoas insistiam: "não vamos sair daqui porque não confiamos no governo". Todos que puderam subiram no caminhão e nos escoltaram de volta à missão. Só depois disso se foram. Esta é a reação das pessoas. Tenho estado ali todos os anos, primeiro de passagem e depois, desde 1992, permanecendo ali, e diria que sou um deles.

- De fato, agora o governo pensa cada vez mais na Igreja como protetora da cultura local. Como tentam proteger a cultura local e como conseguem, frente à globalização e à secularização?

Dom Palliparampil: Exatamente. É a primeira coisa que temos de ter em mente: a compreensão errônea que muitos têm da cultura. Alguns pensam que a cultura é algo muito estático - uma forma tradicional de vestir e viver, em locais rústicos. Isso separadamente não é cultura. A cultura é o que um homem faz; é o que lhe dá sua identidade, sua forma de pensar, seu sistema de valores. Ao se converter em cristão ou viver uma vida cristã em uma sociedade moderna globalizada, um membro de uma tribo não deixa por isso de pertencer menos a sua tribo.

- Em sua diocese há 70.000 católicos e seu número cresce com rapidez. Qual tem sido o melhor instrumento de evangelização, que animou o crescimento da fé em Arunachal Pradesh?

Dom Palliparampil: Creio que o maior êxito, se se pode chamar assim, é que as pessoas sentiram que encontravam na Igreja algo que ia com elas. Não é algo que vem e que lhes dá alguns planos e projetos e lhes diz: "façam isso e crescerão" ou "temos somas disponíveis para que possam fazer o que quiserem com elas" ou "rezem e assim serão salvos". Não. O que as pessoas têm visto é alguém que se implica em cada aspecto de suas vidas, e elas aceitam isso.

Posso citar o oficial de polícia que nos deteve em 1980. Ele dizia claramente: "não há aldeia onde não tenham chegado os missionários cristãos. Dormiram nas casas tribais. Comeram com os membros das tribos. E eles podem entrar em suas casas em qualquer momento. Eles vão às suas escolas por toda a Índia. Acolhem os enfermos, para lhes dar tratamento - não só nos hospitais do nordeste, mas até Chennai, Apollo e Velur, e não para convertê-los, mas por razões meramente humanitárias. Quando esta gente (os missionários cristãos) chega, tenho de aceitar que os membros das tribos queiram formar parte do cristianismo". E isso é o que está ocorrendo de verdade. Não é uma conversão imposta, como alguns tentam dizer. Eles simplesmente aceitam.

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Esta entrevista foi realizada por Marie-Pauline Meyer para ‘Deus chora na terra', um programa rádio-televisivo semanal produzido por ‘Catholic Radio and Television Network' (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.

Mais informação em www.aisbrasil.org.br, www.fundacao-ais.pt.

domingo, 27 de março de 2011

Dom Murilo Krieger toma posse como arcebispo de Salvador




O novo arcebispo de Salvador, dom Murilo Krieger, tomou posse do cargo na noite desta sexta-feira (25), em cerimônia na Catedral Basília de Salvador, no Terreiro de Jesus. Desde 1999, o cargo pertencia a dom Geraldo Majella.

Dom Murilo disse que vai trabalhar bastante pelo desenvolvimento social, incentivando as dioceses que já trabalham com isso. De saída após doze anos, dom Geraldo disse que acredita que fez um bom trabalho e sai tranquilo. Em maio, ele será o enviado do Papa Bento XVI na beatificação de Irmã Dulce. Juntos, os dois passaram em meio aos sacerdotes que lotavam a igreja - de Salvador e de Florianópolis. Fiéis também compareceram e tentavam acompanhar tudo, com ajuda de telões montados do lado de fora.

Entre as autoridades que compareceram à cerimônia estão o governador Jaques Wagner e o prefeito João Henrique, que chegaram a conversar rapidamente. O governador de Santa Catarina, Rodrigo Colombo, também veio assistir à cerimônia. Dom Murilo era arcebispo de Florianópolis.


Dom Murilo falou à igreja lotada em cerimônia na noite desta sexta

Caminhada
O primeiro compromisso do novo arcebispo será no domingo, na Caminhada Penitencial. A atividade começa às 6h30 com uma celebração na frente da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio. Ao mesmo tempo, haverá outra celebração, na Igreja Nossa Senhora das Dores, na Suburbana.

Ao final das missas, os fiéis saem em procissão para se encontrar no Largo dos Mares e de lá seguirem juntos até a Igreja do Bonfim. Dom Murilo estará à frente da caminhada, que une dois grandes símbolos dos baianos: Nossa Senhora da Conceição, padroeira do estado, e Senhor do Bonfim.


Governador cumprimenta o novo arcebispo de Salvador em cerimônia


Para animar os fiéis ao longo do trajeto da procissão, carros de som participam da procissão, que é repleta de gestos marcantes, como a passagem da cruz pelas mãos do povo e a doação de alimentos às Obras Sociais Irmã Dulce. Por causa da posse, a Transalvador fará algumas mudanças no tráfego da região. Das 5h às 23h, fica proibido o estacionamento de veículos no entorno do Terreiro de Jesus. O tráfego será interditado, das 17h às 23h, nas seguintes vias: Largo do Terreiro de Jesus, Rua do Saldanha e Rua da Oração.

Catarinense já é arcebispo há 14 anos
Catarinense, nascido na cidade de Brusque, dom Murilo já tem 14 anos de experiência no cargo. Sua primeira Arquidiocese, em Maringá (PR), assumiu em 1997, aos 53 anos. Cinco anos depois, em 2002, foi transferido para Florianópolis e hoje, aos 67, dom Murilo Sebastião Ramos Kriger assume a Arquidiocese de Salvador.

Sexto filho de nove irmãos, fez o primeiro e segundo graus no Seminário de Corupá, SC, na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Em 1964, ingressou nessa congregação e iniciou o curso de Filosofia. Em 1970, foi ordenado padre e começou a trabalhar em Taubaté (SP). Em 1985, foi nomeado bispo auxiliar de Florianópolis, pelo papa João Paulo II e em 1991 assumiu sua primeira diocese, em Ponta Grossa (PR).


Do

Dom Oscar Romero, modelo para a Igreja na Índia

"Dom Oscar Romero, que deu sua vida lutando contra a opressão e a injustiça, é um modelo para a Igreja na Índia em sua missão de estar sempre ao lado dos pobres, dos excluídos, dos dálits" – foi o que disse o Secretário da Comissão "Justiça e Paz" da Conferência Episcopal da Índia, Pe. Charles Irudayam, que promoveu ontem, dia 24, junto com a Embaixada de El Salvador, na Índia, o “Romero Day”, um dia dedicado ao Arcebispo de San Salvador assassinado em 24 de março de 1980.

O dia foi celebrado nas principais dioceses da Índia, como Nova Délhi, Calcutá, Mumbai, Chennai e outras cidades indianas, onde as Comissões "Justiça e Paz" locais promoveram encontros e vigílias de oração.

"Dom Romero foi um profeta de justiça e paz. Para nós, cristãos indianos é um modelo e um exemplo que nos encoraja em nossa missão com os mais pobres dos pobres, com aqueles que são oprimidos e discriminados, como os dálits em nossa sociedade. Queremos apresentá-lo como modelo a toda a comunidade cristã e não cristã", disse Pe. Irudayam.

Vários fiéis hinduístas participaram das comemorações para recordar Dom Orscar Romero que abriu brechas no coração dos indianos.

Na Catedral de Nova Délhi foi celebrada a missa presidida pelo Arcebispo dessa cidade, Dom Vincent Michael Concessão. Também estava presente o Núncio Apostólico na Índia, Dom Salvatore Pennacchio. "Foi uma ocasião para relançar nosso compromisso social de justiça e aprender que por causa da fé se pode também dar a vida" – concluiu Pe. Irudayam.

fonte: Rádio Vaticano

sábado, 26 de março de 2011

Em uma época confusa, Papa mostra Jesus como estrela polar

"Em uma época de dúvidas crescentes, de incerteza sobre como transmitir a fé numa Europa profundamente confusa sobre a própria identidade cristã", Bento XVI quis levar os homens a Jesus.

Esta foi a reflexão central de Dom Gerhard Ludwig Müller, bispo de Ratisbona, falando na última quinta-feira em Roma, na Basílica de São João de Latrão, no encontro realizado com o título "Jesus de Nazaré: apresentação do livro de Bento XVI", dentro do ciclo "Diálogos na Catedral 2011".

O cardeal Vallini, que presidiu o encontro, agradeceu ao Papa "por refutar as interpretações de Jesus de Nazaré que nos foram dadas pelas teorias e teologias da revolução e por ter nos explicado de forma convincente a natureza de Cristo Messias".

"E já se disse - recordou o purpurado - que este livro não foi escrito por um professor, mas por um enamorado que dá ao leitor um testemunho comovente; e depois de ler o livro, acho que isso é verdade."

Tomando a palavra, Dom Müller explicou que "tornar a figura de Jesus acessível aos homens que estão em risco de ser atingidos pelas tempestades do nosso tempo e da história é, certamente, uma empresa que vai além da paixão de um ex-professor de Teologia, cuja ocupação preferida é escrever livros".

"Aqui não se trata de mais um livro sobre Jesus", e sim de "ocupar-se do próprio Jesus e, através dele, da nossa relação com Deus e do encontro com Jesus". "A fé cristã é um encontro com uma pessoa" e, "substancial e essencialmente, uma relação de pessoa a pessoa, e não entre uma pessoa e uma ideia ou lei moral, ou espírito objetivo de direito ou ciência, religião, cultura e filosofia"; portanto, "Jesus é decisivo para o êxito ou fracasso da minha vida".

Em sua reflexão, Marcello Pera, senador italiano, reconhecendo que não é um especialista em exegese bíblica, perguntou-se: "Qual seria o papel da figura e da mensagem de Jesus na vida individual e coletiva?", já que o livro de Bento XVI é "um encontro com a pessoa de Jesus, e não uma visão reducionista ligada a um homem importante". Portanto, em resumo: para que serve Jesus?

"Para o crente - respondeu Pera -, Jesus serve para a nossa salvação. E para os outros, para a nossa liberdade. (...) O que o tornou importante penalmente? Uma revolução, uma revolta contra as autoridades políticas, afirmar-se como uma autoridade?" Não, disse Pera; embora se tratasse de "uma nova religião para Pilatos, que fazia parte de um império tolerante", o seu não era um crime. Pilatos "lava as mãos diante do problema da verdade".

E aqui fez uma observação: "Como Pilatos, também nós não estamos preparados para o problema da verdade". Além disso, uma corrente de pensamento "nos deu uma teoria de consolo: a verdade não compete à política, à ética, à religião, mas à ciência e a tudo o que é cientificamente verificável". Portanto, segundo Pera, "para os leigos modernos, Pilatos estava certo ao lavar suas mãos, visto que não existe nenhum outro reino após a morte: não existe ou é irrelevante".

"O terno 'pilatesco' se aplica bem ao leigo moderno que não assume a responsabilidade da verdade." E como o Papa no livro, Pera também se perguntou "se a política pode assumir a verdade como uma qualidade própria ou se deve abandonar a verdade, buscando a objetividade, procurando a paz e a justiça com as ferramentas de que dispõe". E concluiu recordando que "a laicidade não é suficiente para si mesma. A verdadeira laicidade envolve o cristianismo".

Fonte: Zenit.

Átrio dos Gentios lança diálogo entre crentes e não-crentes

Diante de diplomatas, funcionários internacionais e representantes da cultura, realizou-se ontem, na sede das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) uma nova estrutura para o diálogo entre crentes e não-crentes, o Átrio dos Gentios.

A iniciativa, promovida pelo Conselho Pontifício para a Cultura, é uma sugestão de Bento XVI destinada a criar um espaço para o diálogo "com aqueles para quem a religião é algo estranho, para quem Deus é desconhecido e que, apesar disso, não gostariam de estar simplesmente sem Deus, mas aproximar-se dele pelo menos como Desconhecido" (Bento XVI, 21 de dezembro de 2009).

O cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, escolheu a capital francesa para sediar a primeira edição deste evento, como um lugar simbólico do Iluminismo e por seu impacto no mundo.

Assim, entre 24 e 25 de março de 2011, três locais de prestígio - UNESCO, Universidade da Sorbonne e o Instituto da França - estão permitindo que altas personalidades do mundo da cultura dialoguem sobre o tema "Luzes, religiões, razão comum".

Na UNESCO, este diálogo foi sido apresentado como "elemento essencial na busca da paz e na abolição da rejeição do outro na afirmação da própria identidade", segundo explicou o Conselho Pontifício para a Cultura, em um comunicado.

"Este diálogo tem a mesma relevância para o nosso tempo que o diálogo inter-religioso. Do ponto de vista da globalização, convida a tratar de questões vitais de caráter universal e dos valores", explicou o Conselho, para enquadrar a iniciativa.

O encontro começou com saudações de boas-vindas do cardeal Ravasi e com uma mensagem gravada por Irina Bokova, diretora geral da UNESCO, que situou a sessão no tema do diálogo intercultural, particularmente interessante para a instituição, depois de dedicar o ano de 2010 à "aproximação de culturas".

Vários políticos, inclusive Giuliano Amato, antigo primeiro-ministro italiano, sublinharam a perspectiva do debate no âmbito político, cultural e social.

"A aliança entre crentes e não-crentes dará sentido à liberdade e à democracia", disse Amato.

Aziza Bennani, embaixadora de Marrocos junto à UNESCO, apresentou o papel decisivo das mulheres na sociedade e que seu chamado a desenvolvê-lo.

Henri Lopes, o antigo primeiro-ministro do Congo, embaixador desse país junto à França e à UNESCO, testemunhou a importância deste diálogo para promover uma cultura de paz no mundo, para além das fronteiras da Europa e do Ocidente.

Pavel Fisher, antigo embaixador da República Checa na França, destacou a natureza crítica da busca de sentido no coração de um mundo simultaneamente secularizado e religioso, e convidou a um diálogo entre diferentes visões do mundo e do homem.

Fabrice Hadjadj, escritor e filósofo, disse que não é preciso ter medo de ampliar as fronteiras deste diálogo, de levantar a questão sobre Deus, a questão da fé.

Jean Vanier, fundador da Comunidade da Arca, testemunhou o poder de transformação que vem da qualidade de um olhar dirigido à humanidade ferida. "O encontro é mais importante que o diálogo, estabelecer uma relação de confiança", disse ele.

Dom Francesco Follo, observador permanente da Santa Sé junto à UNESCO, sublinhou que não pode haver humanismo sem respeito pelo indivíduo. A defesa desta natureza é a principal questão no debate da bioética.

Crentes e não-crentes devem continuar convivendo. Não se trata apenas de tolerância mútua, mas de um desafio que deve ser assumido, concluiu Dom Follo.

Fonte: Zenit - (Jesús Colina)

Pe. Cantalamessa adverte do perigo de “amar sem o coração”

As pessoas consagradas correm muitas vezes o risco de amar a Deus “só com a cabeça”, sem implicar o amor afetivo humano.

No entanto, rejeitar o amor humano como algo oposto ao amor de Deus pode ser um obstáculo à nova evangelização. Contra isso, advogou nesta sexta-feira o padre Raniero Cantalamessa, em sua primeira prédica de Quaresma ao Papa e à Cúria Romana.

Cantalamessa afirmou que um dos âmbitos nos quais a secularização “atua de modo particularmente difuso e nefasto” é o amor. “A secularização do amor consiste em separar o amor humano de Deus, em todas as formas desse amor, reduzindo-o a algo meramente ‘profano’, onde Deus sobra e até incomoda”.

Mas o tema do amor – sublinhou – “não é importante apenas para a evangelização, ou seja, para as relações com o mundo. Ele importa, antes de todo o mais, para a própria vida interna da Igreja, para a santificação dos seus membros”.

O pregador pontifício fez uma análise sobre a distinção que certos teólogos fizeram entre o ‘eros’, ou amor humano e passional, e o ‘ágape’, ou amor de oblação, apoiando suas reflexões na encíclica ‘Deus caritas est’, de Bento XVI.

O amor “sofre de uma separação nefasta não só na mentalidade do mundo secularizado, mas também, do lado oposto, entre os crentes e, em particular, entre as almas consagradas. Poderíamos formular a situação, simplificando ao máximo, assim: temos no mundo um ‘eros’ sem ‘ágape’; e entre os crentes, temos frequentemente um ‘ágape’ sem ‘eros’”.

O ‘eros’ sem ‘ágape’ – explicou – é um amor romântico, mas comumente passional, até violento. Um amor de conquista, que reduz fatalmente o outro a objeto do próprio prazer e ignora toda dimensão de sacrifício, de fidelidade e de doação de si.”

O ‘ágape’ sem ‘eros’, em contrapartida, é um “amor frio, um amar parcial, sem a participação do ser inteiro, mais por imposição da vontade do que por ímpeto íntimo do coração”, em que “os atos de amor voltados para Deus parecem aqueles de namorados desinspirados, que escrevem à amada cartas copiadas de modelos prontos”.

“Se o amor mundano é um corpo sem alma, o amor religioso praticado assim é uma alma sem corpo”, afirmou. “O ser humano não é um anjo, um espírito puro; é alma e corpo substancialmente unidos: tudo o que ele faz, amar inclusive, tem que refletir essa estrutura.”

“Se o componente humano ligado ao tempo e à corporeidade é sistematicamente negado ou reprimido, a saída será dúplice: ou seguir adiante aos arrastos, por senso de dever, por defesa da própria imagem, ou ir atrás de compensações mais ou menos lícitas, chegando até os dolorosíssimos casos que estão afligindo atualmente a Igreja.”

“No fundo de muitos desvios morais de almas consagradas, não é possível ignorá-lo: há uma concepção distorcida e retorcida do amor”, advertiu.

Por isso – acrescentou – a redenção do ‘eros’ “ajuda acima de tudo os enamorados humanos e os esposos cristãos, mostrando a beleza e a dignidade do amor que os une. Ajuda os jovens a experimentar o fascínio do outro sexo não como coisa turva, a ser vivida às costas de Deus, mas, ao contrário, como um dom do Criador para a sua alegria, desde que vivido na ordem querida por Ele”.

Mas também ajuda os consagrados, homens e mulheres, para evitar esse “amor frio, que não desce da mente para o coração. Um sol de inverno, que ilumina, mas não aquece”.

A chave – explicou – é o apaixonar-se pessoal por Cristo. “A beleza e a plenitude da vida consagrada depende da qualidade do nosso amor por Cristo. É só o que pode nos defender dos altos e baixos do coração. Jesus é o homem perfeito; nele se encontram, em grau infinitamente superior, todas aquelas qualidades e atenções que um homem procura numa mulher e uma mulher no homem”.

“O amor dele não nos elimina necessariamente a sedução das criaturas e, em particular, a atração do outro sexo (ela faz parte da nossa natureza, que Ele criou e não quer destruir). Mas nos dá a força para vencer essas atrações com uma atração mais forte. ‘Casto’, escreve São João Clímaco, ‘é quem afasta o eros com o Eros’”, disse Cantalamessa.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Carmelitas ajudam cristãos no Oriente Médio

Os Carmelitas Descalços do Líbano dizem que é crucial que os cristãos permaneçam no Oriente Médio, e eles colaboram promovendo trabalho e levando esperança aos fiéis locais.

É o que informa o padre Raymond Abdo, provincial dos Carmelitas Descalços do Líbano, ao falar com a associação ‘Ajuda à Igreja que Sofre’.

Ele conta que a ajuda que se pode dar aos cristãos do Oriente Médio é favorecer que eles não emigrem. O sacerdote reconheceu as dificuldades, mas disse que sua própria presença no Oriente Médio é um testemunho de que “é possível permanecer”.


Padre Abdo disse que é importante convencer os cristãos a não venderem suas casas e propriedades. Ele afirmou que dinheiro proveniente do Irã e dos Estados do Golfo está sendo usado para a aquisição de imóveis.

O carmelita também destacou a necessidade de criar oportunidades de emprego. Segundo ele, os cristãos são frequentemente discriminados na hora de buscar trabalho.

O sacerdote citou o exemplo da colaboração dos carmelitas com um homem cristão que abriu uma empresa internacional de software. O mosteiro de Kobayat lhe cedeu um espaço para começar a trabalhar. Já se criaram 45 postos de trabalho, que em breve chegarão a 100.

“Podemos sofrer, ter dificuldades, mas se estamos com Cristo, então estamos dando testemunho e esperança aos demais”, disse o padre Abdo. “Estamos também dando esperança aos muçulmanos e a outras comunidades, porque sem nós eles não teriam oportunidades de conhecer Cristo”.

Os Carmelitas do Líbano têm seis mosteiros e um total de 31 monges, sendo mais da metade com idade menor que 35 anos. Continuam surgindo vocações, ainda que menos que no passado, pois os jovens do Líbano vivem “os mesmos problemas do restante do mundo atual”.

Mas – disse – “quando Cristo entra no coração de uma pessoa, não pede permissão para sua mente ou sua cultura, simplesmente diz: ‘vem’”.

Há cerca de 40 anos, o Líbano era o único país do Oriente Médio com maioria cristã. Hoje, a maioria é muçulmana. Os cristãos somam 45% da população.

Fonte: Zenit.

Paraguai: canto gregoriano declarado de interesse diocesano

A pedido do bispo de Ciudad del Est (Paraguai), Dom Rogelio Livieres, será implantado na diocese um curso de formação coral para Canto Gregoriano.

O curso está destinado a todos os grupos de música paroquiais interessados e durará três semestres. Será dirigido pelo professor Enrique Merello-Guilleminot, membro do Coro Gregoriano de Paris e autor de vários livros sobre o tema.

O objetivo do curso é orientar para uma compreensão global do repertório gregoriano, em relação a sua espiritualidade e aplicação dentro da liturgia católica. Compreende matérias como a história do canto gregoriano, técnicas vocais, memorização e até direção gregoriana. Inclui material didático, bibliografia básica e dará certificado final.

O Curso de Canto Gregoriano foi declarado de interesse diocesano e é promovido pelo Departamento de Liturgia da diocese, devido a seu extenso conteúdo cultural sagrado.

Fonte: Zenit.

Santa Sé denuncia na ONU violações à liberdade de expressão

O representante da Santa Sé junto à ONU em Genebra, Dom Silvano Tomasi, disse nessa terça-feira que aqueles que atacam as pessoas com opiniões contrárias ao comportamento homossexual estão violando o direito à liberdade de expressão.

Dom Tomasi afirmou que a Igreja não justifica, em nenhum caso, a violência contra qualquer pessoa em razão de suas preferências ou comportamentos sexuais.

Mas advertiu que não são justificados os ataques contra os que se opõem a certos comportamentos sexuais, em virtude da liberdade de expressão e de crença.

O prelado falou durante a discussão do item 8, "orientação sexual", na 16ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, demonstrando sua preocupação com a "tendência preocupante" de "atacar as pessoas por adotarem posições que não apoiam o comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo".

"Quando elas expressam suas crenças morais ou suas crenças sobre a natureza humana, que também podem ser manifestações de crenças religiosas ou visões do Estado sobre as afirmações científicas, são estigmatizadas, ou pior: insultadas e perseguidas."

"A Santa Sé aproveita esta oportunidade para afirmar a dignidade e o valor de todos os seres humanos, e para condenar a violência contra as pessoas por causa de seus sentimentos, pensamentos ou condutas sexuais", afirmou Dom Tomasi.

O prelado disse que está havendo uma "confusão desnecessária", sobre o significado do termo "orientação sexual", uma expressão que, nos termos do direito internacional atual, refere-se a "sentimentos e pensamentos" e não a "condutas".

"Para os fins da legislação de direitos humanos, há uma diferença fundamental entre os sentimentos e pensamentos, por um lado, e comportamento, por outro. Um Estado nunca deveria punir uma pessoa ou privá-la de exercer qualquer direito humano baseando-se unicamente nos sentimentos ou pensamentos dessa pessoa, incluindo os sexuais."

No entanto, os Estados "podem e devem regulam os comportamentos, incluindo vários comportamentos sexuais. Mundialmente, há um consenso entre as sociedades em que certos tipos de comportamentos sexuais devem ser proibidos por lei. A pedofilia e o incesto são dois exemplos".

Por sua vez, disse que a Santa Sé "pretende afirmar a sua profunda convicção de que a sexualidade humana é um dom que se expressa de maneira genuína na entrega completa, para toda a vida, de um homem e uma mulher, no casamento".

"A sexualidade humana, como qualquer atividade voluntária, tem uma dimensão moral: é uma atividade que coloca a vontade individual ao serviço de um fim, não é uma ‘identidade'. Em outras palavras, procede da ação e não do ser, inclusive ainda que algumas tendências ou ‘orientações sexuais' tenham raízes profundas na personalidade."

"Negar a dimensão moral da sexualidade leva a uma negação da liberdade da pessoa nesta matéria e, finalmente, mina a sua dignidade ontológica. Esta crença na natureza humana é também partilhada por muitas outras comunidades religiosas e outras pessoas", concluiu o prelado.

Fonte: Zenit.

Bispos canadenses desafiam jovens a viver castidade

Os bispos canadenses desafiaram os jovens a viver a sua sexualidade com alegria, na verdade, como Deus quer, através do exercício da castidade.

A Comissão Episcopal para a Doutrina, da Conferência dos Bispos Católicos do Canadá, publicou uma carta pastoral dirigida aos jovens sobre a questão da castidade, na qual os bispos reconhecem que, "com tantas vozes e opiniões sobre o sexo, com frequência é difícil saber como usar este presente tão belo".

"Desde o início da criação, Deus nos deu uma linguagem para falar. Além do dom da palavra, deu-nos nosso corpo", que "se expressa através de gestos que são, em si, uma linguagem. Da mesma forma que as nossas palavras revelam quem somos, assim também acontece com a nossa linguagem corporal".

"O Senhor quer que falemos esta ‘linguagem sexual' na verdade, porque esta é a maneira de viver com alegria a nossa sexualidade", observam os bispos.

"Este viver na verdade a linguagem sexual dos nossos corpos é o que a Igreja chama de ‘castidade'", acrescentam.

O verdadeiro amor

"A castidade expressa o respeito pelas pessoas e por sua capacidade de doar-se - diz a carta. Ela nos assegura que somos amados pelo que somos e que estamos amando as pessoas pelo que elas são, e não apenas pelo prazer que podem nos oferecer."

Para os bispos, "os preconceitos atuais com relação à castidade são particularmente preocupantes, pela maneira de ver a sexualidade: o fato de ‘relacionar-se' uns com os outros por prazer".

"Esta não é apenas uma ofensa contra a dignidade da pessoa que é usada, mas também leva quem ‘usa' a práticas que ocasionam danos físicos, emocionais e psicológicos."

Os bispos canadenses reconhecem que "os esforços por controlar os impulsos sexuais podem ser difíceis, até dolorosos".

"Seu controle, no entanto, leva os homens e mulheres à maturidade sexual e dá paz de espírito - afirmam.
Viver castamente hoje significa nadar contra a corrente! Somos chamados a seguir Jesus, a nadar contra a corrente."

"Se queremos encontrar serenidade e alegria, devemos viver de acordo com a vontade de Deus - destacam os bispos. Ele criou à sua imagem e, se vivermos de acordo com seus mandamentos, seremos felizes."

"A castidade é um desafio, mas não é impossível", declaram.

Verdadeiros amigos

Em sua carta, os bispos explicam que "podemos nos cercar de amigos que queiram viver, também eles, de forma casta: pessoas que nos sustentarão em nosso caminho".

"Podemos escolher sabiamente nossas formas de entretenimento, procurando o que eleva o espírito humano e expressar a beleza, a verdade e a bondade."

"E o mais importante: podemos viver a nossa união com Cristo recebendo os sacramentos regularmente, sobretudo o da Reconciliação."

"A prática da confissão dos pecados de impureza, de falar sobre nossas tentações com um guia espiritual, pode ajudar a purificar a nossa mente e o nosso coração", sublinham os bispos.

"Quanto mais aceitarmos a castidade e fizermos dela nosso estilo de vida, mais as pessoas que nos rodeiam perceberão o Espírito Santo que habita em nós."

Fonte: Zenit.

Portugal: preocupação da Igreja com a crise

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Alfredo Bruto da Costa, considera que a demissão do primeiro-ministro José Sócrates “provocou um clima de instabilidade que vem na pior das alturas” para Portugal.

O primeiro-ministro José Sócrates renunciou nessa quinta-feira, após o Parlamento do país vetar a nova versão do Programa de Estabilidade e Crescimento, um plano de corte de gastos para reequilibrar a dívida e o deficit públicos.

Em declarações à ‘Agência Ecclesia’, Costa disse que Portugal só poderá entrar numa rota de estabilidade se as próximas eleições trouxerem um Governo de maioria, seja a partir de associações entre partidos ou através de maioria absoluta.

“O fundamental é saber o que o povo português pensa dos dois partidos e ter um governo de abrangência maior do que teve este executivo”, afirmou.

Momentos antes da renúncia do primeiro-ministro, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Dom Jorge Ortiga, criticava a falta de “estabilidade” política no país.

Ele pediu mais “transparência e esclarecimento da situação”. Em relação aos planos de recuperação econômica, disse que “apenas se vêem os sacrifícios do povo português”, sem falar “no todo da realidade”.

É fundamental “colocar o interesse nacional acima dos interesses pessoais ou partidários”, só assim será possível “ultrapassar os momentos difíceis”, afirmou.

Já o bispo de Viseu, Dom Ilídio Leandro, considera que o país vive “momentos difíceis” e está “em suspenso" num momento em que tudo leva a "acreditar que vai haver uma mudança significativa ao nível governativo”.

Por sua parte, Dom António Vitalino, bispo de Beja, disse que, com o cenário político a enveredar para novas eleições, é necessário dos políticos “menos demagogia e mais esclarecimento”.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Dia de festejar padre Cícero Romão Batista em Juazeiro




O programa da XXIX Semana do Padre Cícero foi aberta na última sexta-feira, dia 18, lembrando os 167 anos do Padre Cícero, comemorados hoje. Feriado em Juazeiro, a programação começas às 5 horas e segue até a noite.

Uma alvorada festiva, a partir das 5 horas, e a celebração de uma missa, com início às 6 horas, na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, abrem hoje os festejos do aniversário de 167 anos de nascimento do Padre Cícero Romão Batista. Os eventos comemorativos começaram na sexta-feira passada, 18, com exposições, shows, eventos esportivos, feira de artesanato, palestras e a continuidade do Projeto Árvores do Centenário.




Hoje, a partir das 7 horas, na praça da Capela do Socorro, tem a distribuição de mudas de Juá, o símbolo dos 100 anos da cidade. Mais de 35 mil mudas de juazeiro, segundo a prefeitura do município, já foram distribuídas para pessoas que visitam a cidade principalmente durante as romarias, desde o ano passado. A distribuição continuará até os festejos que encerram o aniversário de 100 anos de Juazeiro, dia 22 de julho.



Feriado na cidade, hoje, a partir das 8 horas, tem um Passeio Ciclístico saindo do Ginásio Poliesportivo e seguindo até a Praça da Capela do Socorro. À tarde, tem o clássico de futebol no Romeirão: Icasa e Guarani, às 16 horas. E para quem gosta de apreciar o trabalhos dos artesãos, às 17 horas pode visitar a Feira de Artesanato (Feart), na Praça do Memorial Padre Cícero.
No mesmo horário, os fiéis se reúnem em frente à Sociedade Padre Cícero para iniciar a tradicional Procissão das Flores que sairá da Praça da Bandeira seguindo até a Capela do Perpétuo Socorro, onde está enterrado o corpo do sacerdote. A partir das 19 horas, na praça da Capela, os festejos do dia serão encerrado com show do padre Zezinho.

Bolo de aniversário
Ontem, à noite, na praça da Capela do Socorro, houve a tradicional seresta, o canto de parabéns e o corte do bolo de aniversário do Padre Cícero preparado pelas gêmeas Cícera e Romana. Há mais de 25 anos, elas confeccionam o bolo do padre Cícero Romão Batista com a colaboração dos comerciantes da cidade.


O quê




ENTENDA A NOTÍCIA
Juazeiro do Norte foi fundado há um século, completado em julho próximo, pelo Padre Cícero Romão Batista. Hoje, no aniversário do sacerdote, considerado o santo popular do Nordeste, as festividades lembram as duas datas.

SAIBA MAIS

Nascido no município do Crato, no dia 24 de março de 1844, Cícero Romão Batista tornou-se padre, político e morreu considerado santo por devotos da cidade e pelos que a visitavam.

A história da cidade de Juazeiro do Norte, que este ano comemora 100 anos de emancipação, se funde com a do Padre Cícero Romão Batista pois ele ajudou a transformar o vilarejo numa das maiores cidade do Ceará.

Padre Cícero não foi canonizado pela Igreja Católica, porém é considerado como santo pelos fiéis.

Em março de 2001, recebeu o título “O Cearense do Século”. O Greenpeace - organização que atua em defesa do ambiente e na promoção da paz -, concedeu ao padre Cícero o título de padroeiro das florestas.

Esse ano, as homenagens ao padre Cícero começaram no Carnaval do Rio de Janeiro. A Escola de Samba Tradição apresentou o samba-enredo: “Juazeiro o Norte, terra de oração e trabalho. Cem anos de Fé, Poder e Tradição”. A escola de samba desfilou este ano no grupo de acesso obtendo a segunda colocação.


Rita Célia Faheina
ritacelia@opovo.com.br

Malásia: Bíblias em malaio “somente para uso dos cristãos”

Como observado pela agência ‘AsiaNews’ na sexta-feira, 18 de março, a comunidade cristã da Malásia criticou duramente a decisão das autoridades do país asiático de colocar o selo oficial do Ministério do Interior em quase 5,1 mil cópias da Bíblia em língua malaia,importadas da Indonésia em nome da Sociedade Bíblica da Malásia (BSM) e bloqueadas desde 20 de março de 2009 no porto de Klang, no Estado de Selangor (Malásia Peninsular).

Mesmo que a BSM não tenha dado permissão, o Ministério (Kementerian Dalam Negeri ou KDN, na sigla em malaio) informou à organização que, em 16 de março passado, colocou na capa de cada exemplar o seguinte texto: "Advertência: Esse 'Al Kitab Berita Baik' é somente para uso dos cristãos. Por ordem do Ministério do Interior". Segundo as autoridades da Malásia, "carimbar" e numerar cada exemplar para garantir o "rastreamento" é a única maneira de desbloquear as cópias das Sagradas Escrituras ou "Al Kitab" ("O escrito" ou "O livro", em árabe e malaio).

A reação da BSM foi imediata e mais que explícita. Também foi clara a rejeição da Federação Cristã da Malásia (CFM), organização fundada em 1985, que reúne quase todas as denominações cristãs do país, incluindo a Conferência Episcopal da Malásia. "Qualquer pessoa que respeite as Escrituras ficaria horrorizada com esta ação. Não aceitaremos uma profanação da Bíblia, porque a Palavra de Deus é sagrada para nós", afirma um comunicado do presidente do CFM, Ng Moon Hing (‘AsiaNews’, 18 de março).

Para o bispo anglicano da Malásia Ocidental, a intervenção do Ministério do Interior dá a entender que a Bíblia em bahasa (língua comum da Malásia) é "agora tratada como um produto controlado, e a palavra de Deus é objeto de controle por parte do homem. Isto é completamente ofensivo para os cristãos".

Na raiz dos bloqueios repetidos da Bíblia em língua malaia está a questão do uso, pelos cristãos, da palavra "Alá" para referir-se a Deus, o que explodiu no último dia 7 de janeiro de 2009, quando o Ministério do Interior proibiu a arquidiocese de Kuala Lumpur de usar o termo na seção de idioma malaio do seu informativo semanal, o ‘Herald Weekly’. Segundo o Ministério, o uso do termo por parte de não-muçulmanos pode "criar confusão e prejudicar a ordem pública (‘AsiaNews’, 25 de fevereiro de 2009); e também pode induzir os muçulmanos a se converterem ao cristianismo.

As fontes confirmam o fato de que os cristãos da Malásia usavam a palavra "Alá" antes do nascimento do Estado Federal da Malásia, que ocorreu em 1963. Um dicionário latim-malaio do século XVII demonstra, sem equívocos, o uso do termo em sentido cristão. Trata-se do ‘Dictionarium Malaicum-Latinum’ e ‘Latinum-Malaicum’, publicado no distante 1631, em Roma, e reeditado recentemente, com a intenção de manter a posição da Igreja Católica. "E também para demonstrar que o cristianismo leva muito tempo aqui: 400 anos", disse o diretor do ‘Herald’, Lawrence Andrew (‘AsiaNews’, 22 de janeiro).

Fonte: Zenit - (Paul De Maeyer)

Papa convida todos a beberem da fonte da Sagrada Escritura

O Papa Bento XVI recordou hoje a importância de "amar a Sagrada Escritura" e "crescer na familiaridade com ela", aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.

O Santo Padre quis introduzir hoje a figura de São Lourenço de Brindes, retomando assim o seu ciclo de Doutores da Igreja, interrompido com o início da Quaresma.

Deste santo italiano, o Pontífice destacou sobretudo seu "grande amor pela Sagrada Escritura, que ele conhecia de memória", assim como sua convicção "de que a escuta e o acolhimento da palavra de Deus produzem uma transformação interior que nos conduz à santidade".

"A Palavra do Senhor - citou o Papa, dos escritos do santo - é luz do intelecto e fogo para a vontade, para que o homem possa conhecer e amar a Deus. Para o homem interior, que, por meio da graça, vive do Espírito Santo, é pão e água, mas pão doce como o de mel e água melhor do que o vinho e o leite. (...) É um martelo contra um coração duramente obstinado nos vícios. É uma espada contra a carne, o mundo e o demônio, para destruir todo pecado".

São Lourenço de Brindes "nos ensina a amar as Sagradas Escrituras, a crescer na familiaridade com ela, a cultivar cotidianamente a relação de amizade com o Senhor na oração, para que todas as nossas ações, toda a nossa atividade tenham n'Ele seu começo e seu cumprimento".

"Esta é a fonte à qual recorrer para que o nosso testemunho cristão seja luminoso e capaz de conduzir os homens do nosso tempo a Deus", acrescentou.

Este insigne teólogo nasceu em Brindes (Itália) em 1559 e, ainda muito jovem, entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi um homem de grande cultura, que dominava vários idiomas, assim como línguas antigas (grego, hebraico, siríaco).

Graças a isso e ao seu conhecimento da literatura rabínica e dos Padres da Igreja, Lourenço "foi capaz de realizar um intenso apostolado, com diversas categorias de pessoas", incluindo o diálogo com os judeus e os seguidores de Lutero.

"Em sua apresentação clara e tranquila, mostrava o fundamento bíblico e patrístico de todos os artigos de fé postos em discussão por Martinho Lutero. Entre eles, o primado de Pedro e de seus sucessores, a origem divina do episcopado, a justificação como transformação interior do homem, a necessidade das boas obras para a salvação."

"O êxito de Lourenço nos ajuda a compreender que, também hoje, levar adiante o diálogo ecumênico com tanta esperança e a confrontação com as Sagradas Escrituras, lidas segundo Tradição da Igreja, são parte irrenunciável e de fundamental importância", acrescentou o Papa.

Evangelização e oração

O Papa também falou de São Lourenço como modelo de apóstolo, afirmando que, "também hoje, a nova evangelização tem necessidade de apóstolos bem preparados, com zelo e coragem".

Este testemunho, disse, é necessário "para que a luz e a beleza do Evangelho prevaleçam sobre as tendências culturais do relativismo ético e da indiferença religiosa, e transformem os modos de pensar e agir em um autêntico humanismo cristão".

Em meio a tantos trabalhos, "cultivou uma vida espiritual de fervor excepcional, dedicando muito tempo à oração e, especialmente, à celebração da Santa Missa".

"Na escola dos santos, cada sacerdote, como muitas vezes se sublinhou durante o recente Ano Sacerdotal, pode evitar o perigo do ativismo, de agir esquecendo das motivações profundas do ministério, somente se cuidar de própria vida interior", sublinhou o Pontífice.

Rezar, explicou, "é o primeiro serviço a prestar à comunidade. Por isso, os momentos de oração devem ser, na nossa vida, uma verdadeira prioridade. (...) Mas se não estivermos em comunhão com Deus, nada poderemos dar também aos outros. Por isso, Deus é a primeira prioridade".

Por último, destacou o trabalho do santo em favor da paz, recordando que lhe foram repetidamente confiadas "importantes missões diplomáticas para resolver controvérsias e promover a concórdia entre os Estados europeus, naquele momento ameaçados pelo Império Otomano".

"Hoje, como nos tempos de São Lourenço, o mundo precisa de homens e mulheres pacíficos e pacificadores. Todos os que creem em Deus devem ser sempre fontes e construtores de paz", concluiu o Papa.

Fonte: Zenit.

Hong Kong publica Compêndio de Doutrina Social em chinês

Os grupos paroquiais que trabalham na aplicação da doutrina social católica são as mãos e os pés do Conselho Pontifício Justiça e Paz, afirma seu presidente.

O cardeal Peter Turkson disse isso no último domingo, em Hong Kong, durante a apresentação da tradução chinesa do Compêndio da Doutrina Social da Igreja. O Compêndio, preparado pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, saiu à luz em 2004.

O evento, que reuniu cerca de 200 sacerdotes, religiosos e leigos, foi parte da visita de três dias do cardeal Turkson a Hong Kong.

O purpurado disse que a doutrina social católica está em "desenvolvimento contínuo" e que ainda não chegou à sua conclusão. Acrescentou que tal doutrina deve responder às constantes mudanças das realidades sociais.

Turkson convidou os católicos de língua chinesa a fazer o melhor uso da última versão chinesa do Compêndio.

Ele ressaltou que os grupos paroquiais comprometidos e as comissões diocesanas de Justiça e Paz são os pés do Conselho Pontifício para promover e testemunhar a doutrina social da Igreja.

A diocese de Hong Kong começou a traduzir o Compêndio há seis anos, sob a direção do então bispo - e conhecido defensor dos direitos humanos - cardeal Joseph Zen.

O padre franciscano Stephen Chan, que trabalhou no projeto de tradução, disse no encontro que o Compêndio é um presente oportuno para todos os cristãos e para o mundo inteiro e que, portanto, "é responsabilidade dos católicos chineses fazer que este ensinamento seja conhecido entre a população chinesa, estejam onde estiverem”.

Fonte: Zenit - (Francis Wong)

Dom Aquila: como a Igreja deve exercer sua autoridade?

O bispo de Fargo, Dakota do Norte (EUA), exortou os sacerdotes a imitarem o exercício da autoridade de Jesus e a não terem medo de corrigir os outros no serviço à verdade.

Dom Samuel Aquila lançou este apelo na última sexta-feira, na Filadélfia, durante o discurso de abertura do 10º Simpósio anual sobre a espiritualidade e identidade dos sacerdotes diocesanos, que foi patrocinado pelo Instituto de Formação de Sacerdotes e pelo Seminário São Carlos Borromeu.

"Desde o Concílio Vaticano II, tanto o mundo como a Igreja vivem tempos difíceis, em que a autoridade é questionada e o seu exercício se torna uma tarefa difícil", disse o prelado.

Observou que "hoje há ceticismo, dúvidas, dissidências e desafios que agem contra o exercício da autoridade".

"Dentro da Igreja, isto é particularmente difícil, já que a cultura secular mina qualquer autoridade atribuída a Deus e faz do homem um deus", reconheceu o bispo.

"Ainda que estejamos no mundo - continuou ele -, não somos do mundo, somos de Cristo; e a autoridade deve ser exercida como Jesus a exerceu: ao serviço do Pai, da verdade e daqueles que estão sob nossos cuidados."

Comunhão com Cristo

Ele ressaltou que isso deve ser feito "em uma profunda comunhão interior com Cristo", que significa "pôr de lado opiniões pessoais e olhar com os olhos e o coração de Cristo".

"Nós, bispos e sacerdotes, como ato de amorosa obediência a Cristo, devemos voltar ao pleno exercício da autoridade de Cristo, testemunhada no Evangelho", disse o bispo.

E acrescentou: "Se não usarmos esta autoridade, hesitarmos em exercê-la ou a colocarmos em dúvida, então isso só nos levará a deixar nas mãos do pai da mentira as mentes e corações dos fiéis, e estes continuarão se movendo nos caminhos do homem, não nos de Deus".

"Jesus é o pastor que nos ensina, como bispos, sacerdotes e futuros sacerdotes, como se deve viver a sua autoridade pastoral, que Ele e o Espírito Santo nos outorgam no dia da nossa ordenação", recordou Dom Aquila.

"Escutando a voz de Jesus - disse o prelado -, observamos que no interior da autoridade estão a obediência e o amor."

Formação no seminário

Dom Aquila recomendou especial atenção à "formação do coração dos seminaristas", para "ajudá-los a receber nos seus corações os desejos de Jesus, e também prepará-los para receber, em obediência, a autoridade que Cristo lhes dará no dia da sua ordenação".

O bispo destacou quatro maneiras práticas para que os seminaristas tornem seu coração receptivo aos desejos de Jesus: ‘lectio divina', a escola de Nazaré, o sacramento da Reconciliação e a celebração diária da Eucaristia.

"O seminarista, tendo os desejos de Jesus, sente-se chamado a desejar doar-se totalmente ao Pai e à Igreja", disse ele.

E conclui: "A longo prazo, viver a autoridade pastoral de Jesus, em obediência amorosa, nos levará à Cruz, como levou o próprio Cristo, por nosso amor do Pai com o coração de Jesus".

Texto completo: www.fargodiocese.org/bishop/Homilies/GoodShepherdIPF2011.pdf

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Documento de Estudos 101 da CNBB é tema de formação




O recém lançado Documento de Estudos 101 da CNBB, “A Comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil”, é o tema da formação, promovida pela Pastoral da Comunicação da diocese de São José dos Campos (SP), que acontece no próximo dia 3 de abril. O evento será conduzido pelo padre Evaldo César de Souza, da TV Aparecida e pelo padre Edinei Evaldo Batista, assessor da Pascom e diretor do Departamento de Comunicação da diocese.


No encontro, será feita uma análise do novo Estudo da CNBB, preparado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social. O Estudo número 101 foi lançado em fevereiro e já representa um importante subsídio para as reflexões no campo da Comunicação, do qual toda a Igreja é chamada a se conectar!


Segundo Marcos Vinícius Nogueira, coordenador diocesano da Pascom, este encontro vem responder ao chamado do Sínodo Diocesano, que priorizou a comunicação como trabalho pastoral na diocese de São José dos Campos. “O documento pós-sinodal nos convoca a um aprofundamento de nossas responsabilidades na dinamização da Comunicação para o anúncio da boa nova”, afirma Marcos Vinícius.


A formação é voltada para Comunicadores, Catequistas e membros da Rede de Comunicadores Paroquiais e Pastorais da diocese, além de todos os agentes de pastorais, movimentos e organismos da diocesanos, interessados em se aprofundar no assunto.

Fonte: Signis.

Sacerdotes e teólogos precisam de mais metafísica

É necessário aumentar os estudos dedicados à filosofia, não como uma extensão das ciências humanas, mas entendida no seu núcleo central: a busca da verdade, acompanhada por uma disciplina estrutural como a lógica, em um período histórico em que a razão é ameaçada pelo relativismo.

Este é um dos temas centrais do "Decreto de reforma dos estudos eclesiásticos de filosofia", aprovado pelo Papa Bento XVI em 28 de março e apresentado hoje, em coletiva de imprensa, pelo cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica.

Acompanhavam-no o cardeal Jean-Louis Bruguès, secretário da Congregação, e o reitor da Universidade Pontifícia de São Tomás de Aquino (‘Angelicum'), Charles Morerod. Na apresentação, além dos jornalistas, havia também um numeroso público acadêmico.

"‘Ecclesia semper est reformanda' atende às novas exigências da vida eclesiástica nas mutáveis circunstâncias socioculturais", disse o cardeal Grocholewski, lembrando que existe atualmente grande "fraqueza na formação filosófica de muitas instituições da Igreja".

Isso, também, "em uma época em que a própria razão é ameaçada pelo utilitarismo, pelo ceticismo, pelo relativismo e pela desconfiança da razão para conhecer a verdade sobre os problemas fundamentais da vida", constatou.

Esta reforma, portanto, leva a cabo as recomendações feitas na encíclica ‘Fides et ratio', de João Paulo II, já que "a teologia sempre teve e continua tendo necessidade da filosofia". Caso contrário, disse o cardeal, "a teologia não tem o chão sob seus pés".

Que filosofia?

O cardeal Grocholewski explicou que a intenção da Igreja é recuperar a metafísica, isto é, uma filosofia que volte a apresentar as questões mais profundas do ser humano.

Os avanços tecnológicos e científicos, afirmou, "não abrangem a totalidade do saber; sobretudo, não saciam a sede do homem sobre as perguntas últimas: em que consiste a felicidade? Quem sou eu? O mundo é resultado do acaso? Qual é o meu destino? Hoje, mais do que nunca, as ciências precisam de sabedoria".

Pretende-se, portanto, "recuperar a vocação original da filosofia, ou seja, a busca da verdade e da sua dimensão sapiencial e metafísica", insistindo "na necessidade de ampliar os espaços da racionalidade", por um lado, e de "defender-se do perigo do fideísmo", por outro.

Nesse sentido, o reitor da ‘Angelicum', Charles Morerod, explicou a importância da metafísica para o estudo da teologia, e convidou a "recuperar com força a vocação original da filosofia".

"O cristianismo pressupõe uma harmonia entre Deus e a razão humana. A busca filosófica pode, portanto, confiar, e o crente pode evitar opor à sua fé uma verdade encontrada com a razão."

A reforma, portanto, pretende sublinhar "o caráter sapiencial e metafísico da filosofia". "O papel central da metafísica deve ser entendido, assim, à luz da importância da filosofia do conhecimento humano."

"A importância da filosofia está diretamente ligada ao desejo humano de conhecer a verdade e organizá-la. A experiência mostra que o conhecimento da filosofia ajuda a organizar melhor, em cooperação com outras disciplinas, o estudo de qualquer ciência."

"A metafísica quer conhecer o conjunto da realidade - que culmina com o conhecimento da ‘Causa primeira' de tudo - e mostrar a inter-relação entre os vários campos do saber, evitando o encerramento de cada ciência em si", acrescentou o reitor da ‘Angelicum'.

O tomismo

"A Igreja dá destaque à filosofia tomista, não como exclusiva, mas exemplar", recordou o cardeal Grocholewski, em seu discurso, citando a ‘Fides et Ratio', quando afirma que "nem todas as filosofias são compatíveis com fé e com uma razão adequada à verdade".

O Papa Bento XVI aprovou as alterações que reformam três artigos da Constituição Apostólica ‘Sapientia christiana', em 28 de janeiro, dia de São Tomás de Aquino. A maioria das mudanças se relaciona com as normas de aplicação.

O cardeal sublinhou também que a lógica na filosofia é necessária na medida em que é uma disciplina estruturante para a razão, desaparecida sobretudo devido ao atual colapso da cultura cristã.

Mais filosofia

Dom Jean Louis Bruguès explicou que a reforma afeta as faculdades eclesiásticas de filosofia, o primeiro ciclo de teologia, as instituições de filosofia filiadas ou ligadas a uma faculdade de teologia e as instituições teológicas agregadas a uma faculdade de filosofia.

Nas faculdades eclesiásticas de filosofia e nos institutos de filosofia, o primeiro grau dos estudos eclesiásticos dura de 2 a 3 anos. "Isso porque a experiência tem demonstrado que a duração anterior não era suficiente", disse ele. Entre as disciplinas obrigatórias - filosofia do conhecimento, da natureza, do homem e do ser -, agora se acrescenta uma disciplina estrutural: a lógica.

Também se estabelece uma hierarquia entre as disciplinas, de acordo com o grau de obrigação, e se enfatiza a importância de "ler os textos dos autores mais significativos".

Para melhorar a qualidade dos estudos dos futuros sacerdotes, professores e especialistas, portanto, será necessário ter professores devidamente qualificados, com doutorado em filosofia e, na medida do possível, que este título seja eclesiástico. E assim, as faculdades de filosofia precisarão de um mínimo de 7 professores estáveis ​​(5, no caso dos institutos).

Nas faculdades de teologia, no entanto, o número total de anos de estudo não mudará, mas vai aumentar o peso da filosofia nos primeiros anos, também em número de créditos. Além disso, "o número de professores estáveis deve ser de pelo menos 2".

Fonte: Zenit.