sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Bangladesh se alegra pelo primeiro missionário aborígene

A diocese de Dinajpur comemorou, no último dia 9 de setembro, um acontecimento de especial importância para a Igreja Católica local: a ordenação do Pe. Lucas Marandy, de 36 anos, de origem santal, primeiro sacerdote aborígene missionário.

“Jesus lavou os pés dos seus discípulos por amor. Eu quero tentar, cada dia, recordar este exemplo de amor e imitá-lo”: este foi o compromisso do missionário da Sociedade São Francisco Xavier, no final da celebração.

O bispo de Chittagong, Dom Moses M. Costa, presidiu a cerimônia, celebrada na igreja do Sagrado Coração de Jesus.

“É um acontecimento histórico para os santales”, afirmou o vigário geral e administrador diocesano de Dinajpur, Pe. Joseph Marandy. “Ele tornou possível que tenhamos podido conseguir isso”, acrescentou.

Para a sua primeira missão, o Pe. Lucas Marandy será enviado ao Brasil.

Segundo informações de fontes eclesiásticas locais, recolhidas por Eglises d'Asie, a agência de informação das Missões Estrangeiras de Paris, atualmente, mais de 50 mil santales – dos 225 mil de Bangladesh – são cristãos, 70% deles, católicos.

Fonte: Zenit.

Silêncio, tema do Dia Mundial das Comunicações 2012

Bento XVI escolheu “Silêncio e palavra: caminho de evangelização” como tema do 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais 2012, que se comemorará no dia 20 de maio, segundo divulgou hoje a Santa Sé.

“Com isso, manifesta-se o desejo do Santo Padre de sintonizar o tema do próximo Dia Mundial com a realização do sínodo dos bispos, que terá como tema precisamente 'A nova evangelização para a transmissão da fé cristã'”, destaca um comunicado do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.

“A sociedade da comunicação, com sua sobreabundância de estímulos, evidencia um valor que, à primeira vista, poderia parecer contrário a ela”, destaca o texto.

O dicastério das comunicações sociais recorda que, “no pensamento do Papa Bento XVI, o silêncio não representa somente certo contrapeso em uma sociedade marcada pelo contínuo e incessante fluxo comunicativo, mas é um elemento essencial para a sua integração”.

“O silêncio é o primeiro passo para acolher a palavra, precisamente porque favorece o discernimento e o aprofundamento”, explica o comunicado.

Segundo a Santa Sé, “não há nenhum dualismo, mas complementariedade das duas funções que, em um adequado equilíbrio, enriquecem o valor da comunicação e a convertem em um elemento essencial do serviço à nova evangelização”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é o único dia mundial estabelecido pelo Concílio Vaticano II, por meio do decreto Inter Mirifica, sobre os meios de comunicação, de 1963.

Esse dia é comemorado em muitos países, de acordo com a indicação de vários bispos do mundo, no domingo anterior a Pentecostes (em 2012, será no dia 20 de maio).

A mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial das Comunicações Sociais é publicada tradicionalmente por ocasião da festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, em 24 de janeiro.


Fonte: Zenit.

Papa a judeus: aprofundar na amizade

Em sua tradicional mensagem de felicitação aos judeus pelo ano novo, o Papa pediu que “Deus, em sua bondade, proteja a comunidade judaica e nos conceda aprofundar na amizade entre nós”.

A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou, no último sábado, o telegrama de felicitação e amizade que Bento XVI enviou ao rabino-chefe da comunidade judaica de Roma, Riccardo Di Segni, por ocasião da comemoração do Rosh Hashaná 5772, do Yom Kippur e do Sucot.

Em sua mensagem, o Papa desejou que “cresça em todos nós a vontade de promover a justiça e a paz, em um mundo que precisa tanto de autênticos testemunhos da verdade”.

Também transmitiu a Di Segni e a toda a comunidade judaica de Roma suas “mais cordiais e sinceras felicitações”.

E expressou seu desejo de que “estas festas tão significativas possam ser ocasião de muitas bênçãos do Eterno e fonte de infinita graça”.

O Rosh Hashaná (Ano Novo), além de ser o início do novo ano judaico, é também o primeiro dos dez dias de arrependimento e introspecção, que terminam com o Yom Kippur (Dia do Perdão).

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Rota Romana: decidirá sobre nulidades matrimoniais e ordenações

Bento XVI transferiu ao Tribunal da Rota Romana a competência para tratar os casos de concessão da dispensa do “matrimônio rato e não consumado” e “as causas da nulidade da sagrada ordenação sacerdotal”, que até hoje estavam aos cuidados da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Para isso, foi modificado o artigo 126 da Constituição Apostólica e estabelecido que o Tribunal da Rota Romana “agirá ordinariamente como organismo superior no grau de apelo junto à Sé Apostólica para tutelar os direitos na Igreja, provirá à unidade da jurisprudência e com suas sentenças, ajuda os Tribunais de grau inferior”.

Junto ao Tribunal da Rota Romana foi constituído um departamento para julgar a “não-consumação do matrimônio e a existência de uma justa causa para a dispensa”. A partir de agora, “todos os atos, além do voto do bispo e das observações do defensor do vínculo”, devem ser dirigidas a este departamento, que deve “avaliar atentamente a súplica da dispensa” e se for o caso, submetê-la ao Pontífice.

“Este Escritório – como esclarece o ‘motu proprio’ – será competente também pelas causas de nulidade da sagrada ordenação, segundo a norma do direito universal e próprio”. O Papa confiou a responsabilidade deste novo Escritório ao decano da Rota Romana e estabeleceu que “os processos de dispensa do matrimônio rato e não-consumado e as causas de nulidade da Sagrada Ordenação pendentes na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sejam transmitidos ao novo Escritório do Tribunal da Rota Romana, que definirá seu resultado final”.

Fonte: Rádio Vaticano

Mamberti pede “decisões valentes” no conflito palestino

A Santa Sé pediu, diante das Nações Unidas, nesta terça-feira, “decisões valentes” para superar o conflito entre israelenses e palestinos, aplicando o direito internacional, que prevê a existência de dois Estados.

O arcebispo Dominique Mamberti, secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, foi o encarregado de expor a posição vaticana, em uma declaração apresentada diante da assembleia geral.

Fazendo referência à reivindicação apresentada em 23 de setembro pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abas, de reconhecer esta entidade como Estado membro da ONU, o comumente chamado “ministro de Assuntos Exteriores” do Papa considerou que a paz no Oriente Médio passa pela aplicação da Resolução 181 da ONU, de 1947, que “coloca a base jurídica para a existência de dois Estados”.

“Um deles já foi criado, enquanto o outro ainda não foi constituído, apesar de que já se passaram quase 64 anos”, recordou Mamberti.

A Santa Sé, reconheceu, “está certa de que, quando se quer a paz, é preciso saber tomar decisões valentes”.

Por isso, afirmou, “é necessário que os órgãos competentes das Nações Unidas tomem uma determinação que ajude a aplicar de forma efetiva o objetivo final, isto é, a realização do direito dos palestinos a ter seu próprio Estado independente e soberano, e o direito dos israelenses à segurança, estando ambos os Estados com fronteiras reconhecidas internacionalmente”.

Segundo o representante do Papa, “a resposta das Nações Unidas, seja qual for, não constituirá uma solução completa, e só se alcançará uma paz duradoura mediante negociações de boa fé entre israelenses e palestinos, evitando ações ou condições que contradigam as declarações de boa vontade”.

“A Santa Sé, por conseguinte, exorta as partes a retomarem as negociações com determinação e lança um apremiante apelo à comunidade internacional para que aumente o seu compromisso e estimule a sua criatividade e suas iniciativas, para que se chegue a uma paz duradoura, no respeito pelos direitos dos israelenses e dos palestinos”, concluiu Dom Mamberti.

Fonte: Zenit.

Papa evoca seus “momentos” na viagem à Alemanha

Como é costume após uma visita apostólica, o Papa Bento XVI dedicou a audiência geral de hoje a sublinhar os momentos mais importantes vividos no seu país natal, no último fim de semana.

Em uma Praça de São pedro repleta de peregrinos, o Pontífice quis recordar, um por um, os encontros tidos durante esta viagem à Alemanha, “de norte a sul, de leste a oeste: de Berlim a Erfurt e de Eichsfeld a, finalmente, Freiburg”, que supôs, afirmou, “realmente uma festa da fé”.

Esta viagem ao seu país, reconheceu, foi “um belíssimo presente que nos fez perceber, novamente, como Deus dá à nossa vida o sentido profundo, a verdadeira plenitude, que só Ele nos dá, concedendo a todos um futuro”.

Da sua passagem pela capital, Berlim, o Papa recordou seu encontro com o presidente federal, Christian Wulff, e sobretudo o seu discurso no Bundestag, que, afirmou, “foi um dos momentos mais importantes da minha viagem”, pois, “pela primeira vez, um Papa deu um discurso diante dos membros do Parlamento alemão”.

“Nesta ocasião, eu quis expor o fundamento do direito e do livre estado do direito, isto é, a medida de todo direito, inscrito pelo Criador no próprio ser da sua criação. É necessário ampliar o nosso conceito de natureza, compreendendo-a não somente como um conjunto de funções, mas sim muito além disso, como uma linguagem do Criador para ajudar-nos a discernir o bem e o mal”, afirmou.

Recordando também seus encontros com as comunidades judaicas e muçulmanas, o Pontífice destacou a “importância da liberdade religiosa para um desenvolvimento pacífico da humanidade”. E sobre a Missa no estádio olímpico de Berlim, exclamou: “Alegrou-me muito a numerosa participação das pessoas!”.

Impulso ao ecumenismo

Da sua etapa em Erfurt (Turíngia), o Papa destacou a importância do encontro com a comunidade luterana evangélica.

A Turíngia, explicou Bento XVI, “é a terra da reforma protestante. Portanto, desde o início, eu quis ardentemente dar uma particular importância ao ecumenismo dentro dessa viagem, e foi meu forte desejo viver um momento ecumênico em Erfurt, porque, nessa cidade, Martinho Lutero entrou na comunidade dos Agostinianos e foi ordenado sacerdote”.

O Papa destacou a cordialidade do seu encontro com os membros do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha e do ato ecumênico no ex-convento dos agostinianos: “Vimos novamente a importância do nosso testemunho comum da fé em Jesus Cristo no mundo atual, que muitas vezes ignora Deus e não se interessa por Ele”.

“É necessário nosso esforço comum no caminho rumo à total unidade, mas somos muito conscientes de que não podemos 'fazer' nem a fé nem a unidade tão esperada. Uma fé criada por nós mesmos não tem nenhum valor e a verdadeira unidade é sobretudo um dom do Senhor, o qual rezou e reza sempre pela unidade dos seus discípulos.”

“Somente Cristo pode nos dar esta unidade e estaremos cada vez mais unidos na medida em que voltemos a Ele e nos deixemos transformar por Ele”, sublinhou.

Memória viva

Para o Papa, um momento particularmente emocionante foi a celebração das Vésperas marianas no santuário de Etzelsbach.

“Quando era jovem, ouvi falar da região de Eichsfeld – área que continuou sendo católica nas diversas vicissitudes da história – e dos seus habitantes, que se opuseram corajosamente às ditaduras do nazismo e do comunismo”, reconheceu.

“Por isso, alegrei-me muito por poder visitar Eichsfeld e sua gente em uma peregrinação à imagem milagrosa de Nossa Senhora das Dores de Etzelsbach, onde, durante séculos, os fiéis confiaram a Maria suas próprias petições, preocupações, sofrimentos, onde receberam consolo, graças e bênçãos.”

O Papa sublinhou a importância da Missa celebrada em Erfurt, na memória dos santos padroeiros da Turíngia – Isabel, Bonifácio e Kilian.

Recordando o “o exemplo luminoso dos fiéis que testemunharam o Evangelho durante os sistemas totalitários, convidei os fiéis a ser os santos de hoje, testemunhas válidas de Cristo, e a contribuir para a construção da nossa sociedade”.

Destacou também o comovente encontro comHermann Scheipers, o último sacerdote alemão sobrevivente do campo de concentração de Dachau.

“Em Erfurt, também tive a oportunidade de reunir-me com algumas vítimas dos abusos sexuais por parte de religiosos, a quem quis mostrar minha dor e proximidade diante do seu sofrimento.”

Rosto jovem

De Friburgo, Bento XVI destacou o ambiente festivo que rodeou sua estadia lá. “Pude experimentar isso também na vigília de oração com milhares de jovens. Senti-me feliz ao ver que a fé na minha pátria alemã tem um rosto jovem, que está viva e tem um futuro”, afirmou.

Outro momento singular para ele foi o encontro com os seminaristas, no Seminário de Freiburg, no qual improvisou um discurso sobre “beleza e grandeza do chamado do Senhor e oferecer-lhes alguma ajuda para seguir o seu caminho com alegria e em profunda comunhão com Cristo”.

“Ainda no seminário, pude me reunir, em uma atmosfera fraterna, com alguns representantes das igrejas ortodoxas e ortodoxas orientais, as quais nós, católicos, nos sentimos muito próximos”, acrescentou.

O Papa concluiu recordando que a sua mensagem de confiança no futuro não se dirigiu apenas aos católicos, mas “todo o povo alemão, para convidá-lo a olhar com confiança para o futuro. É verdade, 'onde há Deus, há futuro'”.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Papa aos seminaristas: fidelidade à vocação é possível

Ainda que o mundo mude, é possível permanecer fiel à vocação sacerdotal: esta foi a mensagem do Papa no último sábado, em um discurso espontâneo a cerca de 60 seminaristas, com quem teve um encontro na capela do seminário de Freiburg.

Este era o único discurso, de todos os que o Pontífice pronunciou na sua viagem apostólica à Alemanha, que não foi escrito previamente.

Em resposta às inquietudes dos seminaristas, o Papa explicou qual é o significado do tempo que um aspirante a sacerdote passa no seminário. Para isso, tomou uma passagem do Evangelho de Marcos sobre a instituição dos Doze, que reflete uma dupla vontade de Jesus sobre seus discípulos: “estar com Ele” e “ser enviados” a uma missão.

A contraposição entre ambas as vontades é só aparente, explicou o Papa aos jovens: “Como sacerdotes, devemos sair aos múltiplos caminhos nos quais os homens se encontram, para convidá-los ao seu banquete nupcial. Mas só podemos fazer isso permanecendo sempre junto a Ele”.

“E aprender isso, esse sair, ser enviados, permanecendo junto a Ele, é – acho – precisamente o que temos de aprender no seminário.”

Outro dos elementos fundamentais do seminário, acrescentou Bento XVI, é “aprender a confiança” em Cristo, aprender a confiar-lhe a própria vocação: “Se Ele a quer realmente, então posso me confiar a Ele”.

Se Cristo quer essa vocação, Ele não a deixará morrer, disse o Papa: “Se Ele me ama, então também me sustentará; na hora da tentação, na hora do perigo, estará presente e me dará pessoas, me mostrará caminhos, me sustentará”.

O Papa sublinhou também dois outros aspectos da vida do seminário: o da importância de aprender a viver “com a Palavra” e o de aprender o que significa “ser Igreja”.

Com relação ao primeiro aspecto, disse que a chave para poder escutar Cristo é “aprender a escutá-lo de verdade – na Palavra da Sagrada Escritura, na fé da Igreja, na liturgia da Igreja – e aprender o hoje em sua Palavra”.

Se a pessoa vive com a Palavra, percebe que ela “não está longe, em absoluto, mas que é atualíssima, está presente agora, refere-se a mim e refere-se aos outros. E então aprendo também a explicá-la. Mas, para isso, é preciso um caminho constante com a Palavra de Deus”.

Com relação a aprender a ser Igreja, o Papa sublinhou que somente no “nós” é possível crer em Cristo.

“São Paulo escreveu que a fé vem da escuta, não da leitura. Precisa também da leitura, mas vem da escuta, isto é, da palavra vivente, das palavras que os outros me dirigem e que posso escutar; das palavras da Igreja através de todos os tempos, da palavra atual que esta me dirige por meio dos sacerdotes, bispos, irmãos e irmãs”, afirmou.

“Nós somos Igreja: sejamos Igreja! Sejamos Igreja precisamente nesse abrir-nos e ir além de nós mesmos; sejamos Igreja junto aos outros.”

Por último, o Papa falou aos seminaristas sobre a importância do estudo e da boa formação.

“Nosso mundo hoje é um mundo racionalista e condicionado pela cientificidade.” Diante disso, a fé “não é um mundo paralelo do sentimento, que nos permitimos além disso como um 'plus', mas é o que abraça o todo, lhe dá sentido, o interpreta e lhe dá também as diretrizes éticas interiores, para que seja compreendido e vivido frente a Deus e a partir de Deus”.

Por isso, o Papa sublinhou a importância de “estar informados, compreender, ter a mente aberta, aprender”.

Ainda que as modas filosóficas mudem, concluiu o Papa, “não é inútil aprender estas coisas, porque nelas também há elementos duradouros. E sobretudo, com isso aprendemos a julgar, a acompanhar mentalmente um raciocínio – e a fazê-lo de forma crítica – e aprendemos a fazer que, ao pensar, a luz de Deus nos ilumine e não se apague”.

“Estudar é essencial: somente assim podemos enfrentar a nossa época e anunciar-lhe o logos da nossa fé”, acrescentou.

Fonte: Zenit.

Argentina: compromisso pela vida une igrejas cristãs

Na Argentina, a Comissão de Legislação Penal discutiria hoje sete projetos a favor do aborto. No entanto, este debate foi adiado para o dia 1º de novembro.

Os líderes de algumas confissões cristãs quiseram e unir para pronunciar-se a favor da vida, com o documento intitulado “Compromisso pela vida”.

ZENIT entrevistou, a propósito do tema, Dom Carlos Humberto Malfa, bispo de Chascomús e presidente da Comissão de Ecumenismo, Relações com o Judaísmo, Islã e Religiões, da Conferência Episcopal Argentina.

Antes desta iniciativa, os líderes de diversos credos na Argentina tiveram outros diálogos ecumênicos?

Dom Malfa: Certamente. Na Argentina, desde o Concílio Vaticano II, aprofundou-se em um trabalho pela oração, o diálogo e o testemunho comum de todos os que cremos em Cristo. Na última década, a Igreja Católica na Argentina encontrou a possibilidade de relacionar-se com comunidades evangélicas livres, batistas e pentecostais, com alguns de cujos grupos se realizaram encontros de oração em torno da Palavra de Deus. A relação é muito fraterna e cálida com os bispos ortodoxos do Patriarcado Ecumênico, Antioquia, Moscou, os das antigas igrejas orientais, o bispo siro-ortodoxo de Antioquia e da Igreja Apostólica Armênia.

O senhor acha que isso representa um passo adiante no processo de diálogo e aproximação com relação a outros credos?

Dom Malfa: O documento “Compromisso pela vida”, que elaboramos, exigiu a docilidade de todos à ação do Espírito, encontrar-se, dialogar, escutar-se, coordenar esforços e, nesse processo, nós nos sentimos muito próximos, trabalhando como irmãos. Sim, fortaleceram-se os laços de comunhão. Recebemos significativas adesões posteriores e outras ainda chegarão. Como católicos, alegra-nos muito o caminho realizado com batistas e pentecostais, que também assinam o documento.

Como o senhor vê, em geral, a situação do diálogo inter-religioso na Argentina?

Dom Malfa: Estamos agradecidos e esperançosos com relação ao que se conseguiu na relação com o judaísmo e no diálogo inter-religioso, em particular com os muçulmanos. Esta relação de amizade e fraternidade se reproduz em muitos lugares da Argentina, país pluralista em sua composição, ainda que majoritariamente católico, pela riqueza da contribuição da imigração, de diversas religiões e procedências; então, o diálogo da vida na convivência cotidiana precedeu e abriu quase naturalmente o diálogo entre culturas e religiões.

Nossa comissão episcopal, por exemplo, inclui em seu título as “relações com o judaísmo, o islã e as religiões”, sinal da amplitude do nosso compromisso, que se refletirá no dia 11 de outubro, quando, no claustro do histórico Convento de São Francisco, nos reuniremos para comemorar, com espírito de “Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz”, os 25 anos do profético e histórico Encontro de Assis, convocado pelo inesquecível Beato João Paulo II em 1986.

O senhor acha que, com outras igrejas cristãs, existem pontos em comum sobre os quais se pode continuar dialogando?

Dom Malfa: Antes de concluir a sua missão como presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal Kasper, que visitou a Argentina em três oportunidades, publicou o livro “Colher os frutos”, no qual aborda os resultados do esforço de quatro décadas do diálogo da Igreja Católica com a Comunhão Anglicana, luteranos, metodistas e reformados, com o compromisso de prosseguir o diálogo com essas e outras confissões, com o acento colocado no ecumenismo espiritual, alma de todo o movimento ecumênico: sem conversão do coração, sem oração, sem purificação da memória, não estaríamos semeando em terra boa.

E quais são estes pontos?

Dom Malfa: O primeiro e fundamental é anunciar Cristo, nosso Senhor e Salvador, em um mundo tentado pelo esquecimento de Deus, pela perda de valores e sentido da vida. A Palavra de Deus é lugar de encontro dos cristãos, como se manifestou no último sínodo e na posterior exortação apostólica, Verbum Domini; examinar-nos juntos, na nossa fidelidade à Palavra, abre ao diálogo da caridade e da verdade.

De que outras maneiras os líderes religiosos podem, na Argentina, continuar lutando contra as manifestações da “cultura da morte”?

Dom Malfa: Remito-me à declaração “Não uma vida, mas duas”, da Comissão Permanente do Episcopado Argentino, do último dia 18 de agosto. Lá se proclama que a vida é um presente que recebemos de Deus e que torna possível todos os outros bens humanos. Mais adiante, lemos: “Uma decisão legislativa que favorecesse a despenalização do aborto teria consequências jurídicas, culturais e éticas. As leis vão configurando a cultura dos povos e uma legislação que não protege a vida favorece uma cultura da morte. A lei, enquanto base de um ordenamento jurídico, tem um sentido pedagógico para a vida da sociedade”.

Depois, os bispos dizem: “Convidamos os nossos fiéis leigos e todos os cidadãos a refletirem e expressar-se com clareza a favor do direito à vida humana”. E no parágrafo conclusivo: “Longe estamos de desejar que este debate provoque mais divisões na sociedade argentina. Solicitamos, por isso, que as expressões vertidas sobre este tema se realizem com o máximo respeito, eliminando toda forma de violência e agressividade, já que estas atitudes não estão à altura do valor e da dignidade que promovemos”.

Para terminar, eu diria que, como discípulos de Cristo, católicos e cristãos de outras confissões têm uma boa notícia para transmitir, que provém do próprio Deus e que Ele semeou em todos os corações: “O Evangelho da Vida”.

Fonte: Zenit.

Inaugurado centro cultural cristão em Havana

Com o impulso do cardeal de Havana, Dom Jaime Ortega Alamino, foi inaugurado na semana passada um centro cultural no coração da capital de Cuba, por meio do qual a Igreja Católica propõe um lugar de encontro e um clima de diálogo na ilha, cujo objetivo, segundo o cardeal Alamino, é “continuar refletindo sobre Cuba e seu futuro”.

Dentro das bases de abertura à Igreja Católica que se deram nos últimos meses na ilha caribenha, o cardeal Alamino foi enfático em seu discurso inaugural do centro cultural católico, ao afirmar que se trata de um lugar de troca de ideias, propositivo e que pretende oferecer ao país um clima de diálogo e compreensão entre todos os cubanos.

De acordo com as informações de imprensa, o centro está situado no antigo seminário de Santo Ambrósio e São Carlos, em Havana Velha, pois esta instituição docente se trasladou, em novembro de 2010, a uma nova sede, a 17km ao sul de Havana.

A nova instituição “albergará um Centro de Estudos Eclesiásticos, com várias extensões, filosofia, estudos sociais, psicologia. Será sede do Museu Arquidiocesano que se reabrirá em breve, terá cátedras de Pensamento, que deverão ser definidas mais adiante”, explicou o cardeal Alamino.

Contará, além disso, com um espaço para exposições, cine clubes, concertos, “mas antes de tudo será um lugar privilegiado de encontro”, enfatizou também o arcebispo de Havana. A iniciativa obedece ao desejo do Conselho Pontifício para a Cultura, que aspira a que exista uma instituição similar em cada grande cidade, explicou Alamino.

Segundo fontes eclesiásticas cubanas, o momento atual de distensão é fruto da visita de João Paulo II a Cuba, em 1998, e das diversas embaixadas do Vaticano, para tornar possível que se cumprisse a petição do Beato João Paulo II, no sentido de que Cuba se abrisse ao mundo e o mundo se abrisse a Cuba.

Até agora, o regime de Raúl Castro, irmão de Fidel Castro – doente e afastado do cargo –, permitiu que, por meio da Igreja Católica, fossem excarcerados 130 presos políticos.

Fonte: Zenit.

Católicos latinos respondem à “Cáritas in veritate”

Uma delegação da Associação Católica de Líderes Latinos (CALL) se encontra em Roma esta semana para apresentar a Bento XVI sua resposta à encíclica Caritas in veritate.

A delegação chegou a Roma na semana passada, para reunir-se com o cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Mais tarde, seus membros foram convidados a permanecer alguns dias a mais, para apresentar pessoalmente sua resposta ao Papa, amanhã.

Robert Aguirre, presidente da CALL, saudará o Santo Padre depois da audiência geral, em nome da associação, e lhe entregará a cópia de um documento de 28 páginas chamado “Caridade na verdade: nossa resposta na fé”. O texto é uma reflexão sobre a última encíclica do Papa Bento XVI, publicada em 2009.

Em um comunicado de imprensa enviado a ZENIT, CALL reafirma “seu voto de viver como discípulos fiéis, confiando no Santo Padre como pastor”.

“Como líderes latinos católicos do nosso país – disse Aguirre –, é responsabilidade nossa demonstrar que a nossa identidade de católicos se define pelo que fazemos. Os membros de CALL seguem as palavras do Beato João XXIII, que dizia que 'é preciso adequar as nossas atividades profissionais à doutrina social da Igreja'”.

“Nossa 'Resposta na fé' é a nossa oração para levar a cabo a missão da Igreja em cada um dos âmbitos da vida.”

Publicado em julho, o texto tem como prefácio uma carta dirigida a Bento XVI, que diz: “O senhor nos convidou a reconhecer a crise dos nossos dias, a estabelecer novas regras, a reavaliar o nosso caminho e a descobrir novas formas de compromisso”.

“Ao ouvir as suas palavras, reconhecemos que esta é uma oportunidade para o discernimento, na qual podemos conformar uma nova visão para o futuro.”

Fonte: Zenit.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um cristão é assassinado a cada 5 minutos

“A cada cinco minutos, um cristão é assassinado por razão da sua fé. A cada ano, 105 mil cristãos no mundo são condenados ao martírio: um verdadeiro holocausto, do qual se fala muito pouco.” Estes são alguns dos dados fornecidos na conferência de Roma intitulada “Os bons serão martirizados. As perseguições aos cristãos no século 21”.

O evento foi realizado na Universidade Pontifícia Lateranense, por ocasião do 20º aniversário do nascimento, em Roma, de “Luci sull' Est”, uma associação de voluntariado leigo de inspiração católica que, depois da queda da União Soviética, começou a enviar livros, terços e outros materiais religiosos aos países ex-soviéticos.

Entre os participantes, destacam-se: o bispo de San Marino-Montefeltro, Dom Luigi Negri; o eurodeputado Magdi Cristiano Allam; o diretor de Asia News, Pe. Bernardo Cervellera; e o representante da OSCE para a luta contra a discriminação dos cristãos e diretor do Centro de Estudos das Novas religiões (CESNUR), Massimo Introvigne. O moderador foi o jornalista Julio Loredo.

Autossuficiência do homem

Ao tomar a palavra, Dom Negri afirmou que o martírio dos cristãos é uma parte importante no mistério da iniquidade, já que não nasce da maldade, mas de um ódio intelectual, ideológico, da impossibilidade de acolher a mensagem de Cristo e da “ideologia sobre a autossuficiência do homem”, “porque todas as ideologias convergem, muito além das suas diferenças, no fato de que o homem se converteu no deus de si mesmo”.

O bispo de San Marino-Montefeltro falou depois sobre o “carisma do martírio” como da “maior confirmação do Espírito de Deus”. “A modernidade – acrescentou – termina no ateísmo, e o ateísmo acaba na violência. A verdade ideológica não é inclusiva, mas se afirma na exclusão do que é diferente. Por isso, nos regimes totalitários, os diferentes eram eliminados.” Em definitiva, uma “lógica férrea, na qual não entram o satanismo e a corrupção”.

O prelado falou depois de uma ideologia que se apoia nos poderes fortes, definida por Bento XVI como tecnociência, e concluiu dizendo: “Os mártires existem e, com sua contribuição, eles nos convidam a ser cristãos autênticos”, já que “as testemunhas apaixonadas de Cristo são incansáveis comunicadoras da sua vida divina a todos os homens”.

Emergência humanitária

“A intolerância, a discriminação e a perseguição dos cristãos de hoje – disse Massimo Introvigne – é uma emergência humanitária que afeta todos nós; é um problema para a sociedade civil.”

“No livro 'World Christian Trends AD 30-AD 2200', o investigador David Barrett determina o número dos martírios cristãos no mundo em 70 milhões, 45 milhões dos quais aconteceram no século 20 – explicou Introvigne. O número é de 160 mil na primeira década deste século e se calcula que serão cerca de 105 mil na segunda década. Isso significa um mártir a cada cinco minutos. São assassinados não por motivos bélicos, mas religiosos.”

O interessante, acrescentou o diretor do CENSUR, é que “todos sentem simpatia pelas vítimas, mas também existe um assassino. Só que 'sobre isso, nós os escutaremos em outro momento', como diziam a São Paulo”. Entre os assassinos, cabe destacar o fundamentalismo islâmico, como no Paquistão, onde a apostasia implica na pena de morte e se considera como blasfêmia não acreditar no Islã.

Referindo-se a isso, Introvigne falou de outros 34 casos de condenação à morte similares ao de Asia Bibi, ainda que também haja regimes comunistas, como o da Coreia do Norte e da China, além de nacionalismos religiosos, como na Índia e na Indochina.

“Além do assassinato e da tortura – precisou Introvigne –, existe entre nós a intolerância, que é um fenômeno cultural: depois, está a discriminação, que é um fenômeno jurídico, para chegar à violência, que entre nós e mais raro”, como na França, onde “a polícia explica que se ataca uma igreja a cada dois dias”.

O caso da China

O Pe. Bernardo Cervellera, observador atento das questões religiosas nos países orientais, aprofundou na situação da China, da qual, atualmente, temos uma imagem “turística, com grandes arranha-céus, uma renda média elevada”, mas onde não se respeitam os direitos humanos e se leva adiante uma perseguição religiosa “como não se via desde os anos 50”.

O diretor de AsiaNews citou os muitos casos de bispos que foram detidos pela polícia porque se negaram a aderir à igreja patriótica. “Recentemente, antes das olimpíadas de 2007, 37 bispos clandestinos foram submetidos à prisão domiciliar”.

O Pe. Cervellera considerou importante, nesta situação, “o trabalho realizado por João Paulo II e por Bento XVI, graças ao qual muitos bispos do partido pediram perdão e voltaram à Igreja”.

“E o fato de que a Igreja esteja mais unida que nos anos 80 explica também o incremento da perseguição”, um aspecto que testemunha, no fundo, “um grande fracasso do partido comunista chinês, depois de 60 anos de perseguição”. Contudo, “muito além das perseguições – concluiu Cervellera –, há esperança. Neste país, atualmente, milhões de pessoas buscam a fé e cada ano 150 mil chineses pedem para ser batizados”.

Identidade

O eurodeputado e jornalista Magdi Cristiano Allam recordou que, nos países islâmicos, “de cada 10 perseguidos, 7 são cristãos e, de 1945 até hoje, 10 milhões de cristãos foram obrigados a deixar suas terras, junto a um milhão de judeus”.

O político egípcio de origem islâmica explicou que, no caso do Islã, a perseguição não é fruto da ideologia, mas de razões religiosas e, de fato, o judaísmo e o cristianismo são considerados heresias, enquanto o Islã é concebido como a única e verdadeira religião, chamada a converter todos.

Allam afirmou a necessidade de adquirir a certeza sobre a nossa identidade e sobre as raízes da nossa civilização: “Se nos tornarmos um terreno baldio, seremos terra de conquista”.

O ex-diretor do Corriere della Sera, que se converteu ao catolicismo e foi batizado em São Pedro em 2008 pelo próprio Papa Bento XVI, considerou que “o relativismo é uma ideologia, porque nega o uso da razão e proíbe avaliar os conteúdos religiosos, e assim compara as religiões, considerando-as iguais, prescindindo dos seus conteúdos”.

“A pessoa só é cristã se crê em Jesus Cristo – prosseguiu. Quando se coloca no mesmo nível Cristo e Maomé, acabamos diminuindo a certeza da nossa fé cristã, além de não nos declararmos cristãos e de legitimar o Islã – este é o único núcleo do problema. Ou recuperamos a certeza do que somos ou a nossa civilização acabará desaparecendo.”

Magdi Allam falou depois das incoerências: “Quando se ultraja outras religiões, todos se indignam, mas se o Papa é o ultrajado, isso é considerado liberdade de expressão”. Hoje, achamos que amamos o próximo odiando-nos entre nós, e na ideologia da falsa bondade, aceitamos que o próximo exija prescindir de nós mesmos”.

O eurodeputado concluiu recordando que é necessário “ter a certeza de quem somos, a certeza da verdade”, já que há “valores não-negociáveis, como a sacralidade da vida e a liberdade religiosa”. Também convidou a encontrar a força “de testemunhar a certeza em Cristo em uma terra cristã. Somente se formos fortes por dentro, teremos a autoridade para pedir liberdade para todos os cristãos do mundo”.

Fonte: Zenit.

Indonésia: atentado mortal a igreja cristã

No último domingo, um terrorista suicida explodiu uma bomba na saída de uma cerimônia religiosa de uma igreja cristã de Kepunton (Solo, Java Central), causando sua morte e a de outra pessoa, bem como 20 feridos.

Líderes religiosos e o governo da Indonésia condenaram este atentado contra a igreja protestante da Bethel Christian Indonesia Church.

Em uma coletiva de imprensa realizada na sede de um destacado grupo islâmico em Jacarta, o secretário executivo da Comissão dos Bispos para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso, Pe. Antonius Benny Susetyo, pediu “unidade na luta contra o terrorismo”.

“Condenamos este ataque aos fiéis. É um insulto a Deus”, declarou aos jornalistas, segundo informou a agência UcaNews.

Também interveio na coletiva de imprensa o representante da Comissão de Igrejas na Indonésia (PGI), Jeiri Sumampaw, que mostrou sua consternação pela bomba.

“Mais uma vez, as igrejas são objeto de violência”, lamentou o reverendo, quem mostrou também sua surpresa, já que os pastores protestantes locais haviam lhe informado que as relações entre cristãos e muçulmanos na região eram boas.

Por outro lado, Nurson Wahid, presidente do GP Ansor, a ala juvenil do maior grupo islâmico do país, o Nahdlatul Ulama, qualificou o atentado como uma “ação selvagem e imoral”.

O grupo islâmico extremista Cirebon aparece como possível responsável pelo ataque, segundo as primeiras investigações dadas a conhecer pelo presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono.

O atentado deste domingo é o mais grave de uma série de ataques lançados pelos extremistas islâmicos contra a comunidade cristã do país islâmico mais populoso do mundo.

Na última primavera, a polícia desativou um potente explosivo em uma igreja católica de Jacarta.

Em 2001, no leste de Jacarta, duas bombas atingiram a igreja católica de Santa Ana, em Duren Sawin, e a Huria Christian Protestant Church.

No Natal de 2000, 17 pessoas morreram devido a atentados a bomba contra várias igrejas do país.


Fonte: Zenit.

Papa elogia resistência dos cristãos aos totalitarismos

Na Alemanha, o Papa prestou homenagem aos cristãos que resistiram ao nazismo e ao comunismo, como destacou neste final de semana o Pe. Lombardi, ao comentar a segunda etapa da viagem de Bento XVI, a de Erfurt, na ex-RDA, depois de Berlim e antes de Freiburg im Breisgau.

Cristãos sob totalitarismos

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé destacou que o sentido da homilia do sábado de manhã, diante da catedral de Erfurt, foi “antes de tudo uma homenagem aos cristãos dessas terras da ex-Alemanha do Leste, onde realmente a vida religiosa não era nada favorecida, mas, ao contrário, havia se tornado difícil também pelo comunismo, depois de tê-lo sido pelo nazismo”.

O Papa falou desse testemunho no sábado e também na sexta-feira, durante o encontro com a população de Eichsfeld.

O principal motivo destes encontros foi o de incentivar os que já haviam manifestado uma grande fidelidade.

“Naturalmente, é motivador continuar enfrentando os novos problemas – os do secularismo – que existem na nossa época, esses problemas que se referem ao esquecimento de Deus”, explicou o Pe. Lombardi.

A unidade dos cristãos

O porta-voz vaticano também se referiu à grande mensagem para a unidade dos cristãos, lançada do convento dos agostinianos no qual Lutero viveu como monge.

“O Papa destacou que era justamente a questão sobre Deus e sobre o Deus misericordioso de que temos necessidade. Esta conta com uma base sólida para os elementos comuns existentes entre católicos e protestantes.”

Sobre o encontro que o Papa quis ter com vítimas da pedofilia na Igreja, o Pe. Lombardi explicou que “não é nenhuma novidade”. “Este encontro fala da atenção com que o Papa acompanha este problema, que afetou gravemente a Igreja e com o qual a Igreja se compromete, a exemplo do Papa Bento XVI.”

O Pe. Lombardi falou também sobre o grande impacto que tiveram as palavras de Bento XVI em Berlim, no Bundestag, na quinta-feira, 22 de setembro. “Servir o direito e combater o domínio da injustiça é e continua sendo a tarefa fundamental dos políticos.”

A responsabilidade social do político

“Muitos, na Alemanha, compreenderam e valorizaram este discurso do Papa, que se dirigia aos políticos do seu país, para manter uma memória viva dos problemas, para não perder os pontos de orientação fundamentais, não só para a vida pessoal, mas também para a vida social.”

Quanto aos tiros do sábado pela manhã, dados por uma pessoa com desequilíbrio psicológico duas horas antes da chegada do Papa à praça da catedral de Erfurt, o Pe. Lombardi tranquilizou sobre suas consequências.

“O episódio não teve nenhuma importância nem nenhuma consequência sobre a celebração – declarou. Eu diria que, de certa forma, ninguém percebeu. Foi um incidente totalmente marginal, ocorrido antes da Missa, longe da praça, bem longe, sem nenhuma gravidade para a pessoa ferida.”

E concluiu: “Não teve, então, nenhuma influência sobre o desenvolvimento da viagem do Santo Padre”.

Fonte: Zenit.

Bósnia-Herzegóvina: religiosas são beatificadas

Conhecidas como as “mártires do Drina”, cinco religiosas da Divina Caridade, assassinadas pelas milícias nacionalistas da Sérvia durante a 2ª Guerra Mundial, foram beatificadas no sábado, 24 de setembro, em Vrhbosna - Sarajevo, em uma cerimônia presidida pelo cardeal Angelo Amato SDB, em representação do Papa Bento XVI.

Elas são: Jula Ivanišević, croata, que era a superiora da comunidade situada em Pale; Krizina Bojanc e Antonija Fabjan, provenientes da Eslovênia; a austríaca Berchmana Leidenix, a mais velha do grupo, com 76 anos; e Bernadeta Banja, húngara, a mais jovem, com 29 anos.

“Nossas mártires do Drina mostraram com suas vidas como amar a Deus e os outros e permanecer fiéis a Ele por meio do sacrifício das nossas vidas, especialmente na vivência dos nossos votos tal como prometemos”, escreveu em dezembro passado a superiora geral, Lucyna Mroczek, FDC, ao tornar-se pública a notícia da beatificação das religiosas.

Até dar a vida

Elas residiam em uma população chamada Pale, situada ao sudoeste de Sarajevo e que hoje conta com 30 mil habitantes. Lá, tinham uma comunidade chamada Casa de Maria, na qual se dedicavam ao cuidado dos doentes e a alimentar as crianças órfãs da Casa da Criança, um orfanato que pertencia ao Estado. Também davam socorro e remédios a todos os pobres e mendigos que vinham da montanha de Romanija.

Em 1941, depois da rendição da Iugoslávia aos nazistas, o exército dos chetniks, sob a ideia da criação de um grande estado sérvio, queria expulsar todos os grupos minoritários do seu território, inclusive os religiosos.

Muitos aconselharam as religiosas a fugirem a um lugar seguro. Mas elas rejeitaram a proposta: “Não fizemos nada ruim a estas pessoas – diziam. Só fizemos o bem, sem levar em consideração seu credo ou nacionalidade. Devemos permanecer aqui com todos e apoiá-los neste momento difícil”, insistiram.

Em uma manhã nevada, em 11 de dezembro de 1941, os chetniks cercaram a Casa de Maria. Antonija levou um tiro. Além dela, estavam presentes nesse momento Berchmana, Bernadeta e Krizina, junto ao sacerdote católico Franc Ksaver Meško.

A irmã Jula, por sua vez, encontrava-se fora, fazendo algumas compras. Ao voltar, percebeu o que estava ocorrendo e, apesar do perigo que corria, decidiu entrar para acompanhar suas irmãs. Os oficiais do exército se surpreenderam ao vê-la, pois pensaram que escaparia.

Ameaçando-as com revólveres, eles as obrigaram a deixar a casa sem buscar nenhum abrigo, apesar do intenso frio que fazia lá fora. Caminharam durante quatro dias e quatro noites a Gorade, passando pelas montanhas de Romanija – todas, exceto a irmã Berchmana, que, por sua idade, foi separada do grupo.

Chegaram em 15 de dezembro de 1941. Os soldados as obrigaram a renunciar aos seus votos, mas elas se negaram a fazer isso. Eles lhes deram um tempo para reconsiderar sua decisão.

Depois voltaram bêbados, quiseram estuprá-las, rasgaram suas roupas e começaram a bater nelas. As irmãs conseguiram se soltar dos braços dos agressores, clamando “Jesus, salva-nos!” e pularam pelas janelas. Os chetniks correram até a frente dos quartéis e viram que elas ainda estavam vivas, mas muito machucadas. Começaram a esfaqueá-las, uma a uma, até que morressem. Seus corpos foram lançados no rio Drina.

Por outro lado, a irmã Berchmana permaneceu em Sjetlina cerca de dez dias e depois lhe concederam a liberdade. Ela foi de carro a Gorado, junto a outros aldeanos, supostamente para ver suas irmãs, pois não sabia que estavam mortas; mas, ao verem que ela carregava um terço no pescoço, assassinaram-na, em 23 de dezembro de 1941.

“Neste ano, a alegria do nascimento de Cristo se mistura com a ansiedade pelas notícias sobre nossas irmãs desaparecidas”, escrevia a superiora geral das irmãs da Divina Caridade, Lujza Reif, antes de conhecer a notícia do assassinato das religiosas.

Em 13 de fevereiro de 1942, chegou um informe militar do posto de comando de Vojna Krajina, que confirmou o assassinato.

“As irmãs foram invadidas por uma profunda dor por suas 'melhores irmãs' – diz o site oficial da sua beatificação. Mas, ao mesmo tempo, elas deram exemplo de perseverança e fidelidade. Por sua morte, a Igreja Católica se enriquece com cinco virgens mártires, e a Congregação das Filhas da Divina Caridade se enriquece com cinco intercessoras no céu.”

Fonte: Zenit.

Papa convida Reino Unido a testemunhar Evangelho

Bento XVI enviou sua saudação aos católicos da Inglaterra e País de Gales, que comemoraram recentemente o primeiro aniversário da sua viagem ao Reino Unido, incentivando-os a ser testemunhas da verdade do Evangelho.

O Papa lhes enviou uma mensagem por meio do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, por ocasião de uma Missa nacional de ação de graças celebrada na catedral de Westminster, em Londres.

A Missa, concelebrada pelos bispos da Inglaterra e País de Gales, marcou o aniversário da visita de Estado realizada de 16 a 19 de setembro de 2010.

Na mensagem, o Santo Padre enviou suas “cordiais saudações”, recordando “com profunda gratidão o calor do acolhimento recebido”.

Bento XVI disse que espera que a ocasião “sirva como um mandato renovado para enfrentar o desafio (…) lançado há um ano neste mesmo lugar: levar um alegre testemunho da verdade do Evangelho, que liberta nossa mente e ilumina nossos esforços por viver bem e de forma sábia, seja como indivíduos, seja como membros da sociedade”.

O Papa mencionou especialmente os que se preparam para o sacerdócio, incentivando-os a manter os olhos “fixos em Jesus Cristo, a dedicar-se de todo coração à sua formação espiritual e intelectual e a ser mensageiros fiéis da nova evangelização”.

Clare Ward, conselheira da Home Mission da Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e País de Gales, contou a ZENIT, em uma entrevista, que a visita apostólica de Bento XVI ao Reino Unido “teve um impacto muito profundo e muito positivo na comunidade católica da Inglaterra e País de Gales”.

“Muitas pessoas disseram sentir-se renovadas na própria fé e em sua identidade católica”, acrescentou.


Fonte: Zenit.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Para realizar sua missão, Igreja deve “desmundanizar-se”

Se a Igreja pretende realizar plenamente sua missão, deve “destacar-se da mundanidade”, fazendo que o chamado à abertura prevaleça sobre a atenção à organização e à institucionalização.

Esta foi a mensagem do Papa hoje à tarde, no Konzerthaus de Freiburg, aos católicos comprometidos na Igreja e na sociedade, no último encontro da sua visita de quatro dias à Alemanha.

“Assistimos, há decênios – disse o Pontífice em seu discurso, o mais longo dos pronunciados nesta 21ª viagem apostólica, a terceira à sua pátria –, a uma diminuição da prática religiosa, constatamos o crescente afastamento duma parte notável de batizados da vida da Igreja.”

“Surge a pergunta: Porventura não deverá a Igreja mudar? Não deverá ela, nos seus serviços e nas suas estruturas, adaptar-se ao tempo presente, para chegar às pessoas de hoje que vivem em estado de busca e na dúvida?”

“Uma vez alguém instou a beata Madre Teresa a dizer qual seria, segundo ela, a primeira coisa a mudar na Igreja. A sua reposta foi: tu e eu!”, recordou.

“Este pequeno episódio evidencia-nos duas coisas: por um lado, a Religiosa pretendeu dizer ao seu interlocutor que a Igreja não são apenas os outros, não é apenas a hierarquia, o Papa e os Bispos; a Igreja somos nós todos, os baptizados. Por outro lado, Madre Teresa parte efetivamente do pressuposto de que há motivos para uma mudança. Há uma necessidade de mudança. Cada cristão e a comunidade dos crentes são chamados a uma contínua conversão”, explicou.

O Pontífice se perguntou, portanto, em que consiste esta renovação. “Mas, no caso da Igreja, o motivo fundamental da mudança é a missão apostólica dos discípulos e da própria Igreja. (…) A Igreja deve verificar incessantemente a sua fidelidade a esta missão”.

O Papa advertiu que, “por causa das pretensões e condicionamentos do mundo, o testemunho fica muitas vezes ofuscado, são alienadas as relações e acaba relativizada a mensagem”.

Para cumprir a sua missão, a Igreja deve “continuamente manter a distância do seu ambiente, deve por assim dizer 'desmundanizar-se'”.

Duas tendências

A Igreja deve seu ser à permuta desigual entre Deus e o homem. “Encontra o seu sentido exclusivamente no compromisso de ser instrumento da redenção, de permear o mundo com a palavra de Deus e de o transformar introduzindo-o na união de amor com Deus.”

Neste sentido, afirmou, “está sempre em movimento, deve colocar-se continuamente ao serviço da missão que recebeu do Senhor”.

No entanto, advertiu, existe “uma tendência contrária, ou seja, a de uma Igreja que se acomoda neste mundo, torna-se auto-suficiente e adapta-se aos critérios do mundo. Deste modo, dá uma importância maior, não ao seu chamamento à abertura, mas à organização e à institucionalização”.

Por isso, a Igreja “deve esforçar-se sem cessar por destacar-se da mundanidade do mundo” e, neste sentido, “a história vem em ajuda da Igreja com as diversas épocas de secularização, que contribuíram de modo essencial para a sua purificação e reforma interior”.

Secularização, positiva

“De fato, as secularizações – sejam elas a expropriação de bens da Igreja, o cancelamento de privilégios, ou coisas semelhantes – sempre significaram uma profunda libertação da Igreja de formas de mundanidade: despojava-se, por assim dizer, da sua riqueza terrena e voltava a abraçar plenamente a sua pobreza terrena.”

Assim, explicou, “liberta do seu fardo material e político, a Igreja pode dedicar-se melhor e de modo verdadeiramente cristão ao mundo inteiro, pode estar verdadeiramente aberta ao mundo. Pode de novo viver, com mais agilidade, a sua vocação ao ministério da adoração de Deus e ao serviço do próximo”.

A Igreja se abre ao mundo, “não para obter a adesão dos homens a uma instituição com as suas próprias pretensões de poder, mas sim para os fazer reentrar em si mesmos e, deste modo, conduzi-los a Deus”.

Diante dos escândalos

Neste sentido, o Papa lamentou que os escândalos atuais relacionados ao clero tenham ensombrecido a mensagem da Igreja.

“Cria-se uma situação perigosa, quando estes escândalos ocupam o lugar do skandalon primordial da Cruz tornando-o assim inacessível, isto é, quando escondem a verdadeira exigência cristã por trás da incongruência dos seus mensageiros”, advertiu o Papa.

Por isso, sublinhou a necessidade de “depor tudo aquilo que seja apenas táctica e procurar a plena sinceridade, que não descura nem reprime nada da verdade do nosso hoje, mas realiza a fé plenamente no hoje vivendo-a precisa e totalmente na sobriedade do hoje, levando-a à sua plena identidade, tirando dela aquilo que só na aparência é fé, não passando na verdade de convenções e hábitos nossos”.

“Uma Igreja aliviada dos elementos mundanos é capaz de comunicar aos homens, precisamente no âmbito sociocaritativo – tanto aos que sofrem como àqueles que os ajudam –, a força vital particular da fé cristã”, concluiu.

Fonte: Zenit.

Bento XVI confia no futuro do cristianismo na Alemanha

O Papa Bento XVI se despediu da sua pátria hoje à tarde com um discurso, diante das autoridades federais e locais, e nele sublinhou sua confiança no futuro da Igreja na Alemanha, depois do que pôde ver e ouvir nesta viagem apostólica.

O Papa chegou ao aeroporto de Lahr após participar de um encontro com as “forças vivas” da Igreja Católica na Alemanha, no Koncerthaus de Freiburg. Lá, recebeu a última saudação do presidente federal, Christian Wulff, e das autoridades civis e religiosas alemãs.

Em sua despedida, o Papa agradeceu aos presentes “por estes dias estupendos, por tantos encontros pessoais e pelos inumeráveis sinais de atenção e de estima que me manifestaram”.

Afirmou que os dias transcorridos em seu país foram comoventes e ricos em acontecimentos, e destacou os encontros com os líderes de outras confissões cristãs e de outras religiões, muito significativos por acontecerem no “país da Reforma”.

Mas recordou que sua visita estava dirigida de maneira especial aos católicos e destacou que poder celebrar e rezar “nas partes do País onde, por decênios, se tentou remover a religião da vida das pessoas”, permite-lhe “ter confiança no futuro do cristianismo na Alemanha”.

“Como já sucedeu durante as visitas precedentes, pôde-se experimentar a multidão de pessoas que aqui testemunham a própria fé e tornam presente a sua força transformadora no mundo atual”, sublinhou.

Também destacou a importância da vigília celebrada ontem à noite em Freiburg com os jovens, seguindo os passos deixados “pelaimpressionante Jornada Mundial da Juventude em Madri”.

O Papa exortou os católicos alemães “a continuar, com força e confiança, o caminho da fé, que faz as pessoas voltarem às raízes, ao núcleo essencial da Boa Nova de Cristo”.

“Haverá – e já existem – comunidades pequenas de crentes que, com o seu entusiasmo, difundem raios de luz na sociedade pluralista, fazendo a outros curiosos de procurar a luz que dá vida em abundância”, acrescentou.

Ele se despediu dos seus conterrâneos recordando o lema da sua viagem, que conclui com este ato: “Onde Deus está presente, há esperança e abrem-se perspectivas novas e, frequentemente, inesperadas que vão para além do hoje e das coisas efêmeras”.

“Neste sentido, acompanho nos pensamentos e nas orações o caminho da Igreja na Alemanha”, concluiu.

Terminada a cerimônia, o Pontífice se dirigiu, com seu séquito, ao avião papal, que o leva de volta a Roma.

Fonte: Zenit.

Bento XVI: não devemos ter medo, Deus é bom

O “sim” de Maria está dirigido a Deus, mas também a cada um dos cristãos, pois Ela é a Mãe que Cristo nos entregou na cruz.

O Papa Bento XVI quis refletir sobre a grandeza do “sim” de Maria, que cada dia é recordado na oração do Ângelus, durante a introdução a esta oração mariana, como é costume no domingo, com os fiéis reunidos na esplanada do aeroporto de Freiburg.

O Ângelus, explicou o Papa, “nos recorda sempre o começo histórico da nossa salvação”.

“O Arcanjo Gabriel apresenta à Virgem Maria o plano de salvação de Deus, segundo o qual Ela deveria tornar-se a Mãe do Redentor. Maria fica perturbada. Mas o Anjo do Senhor diz-Lhe uma palavra de consolação: 'Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus'. Deste modo, Maria pode dizer o seu grande 'sim'.”

“Este 'sim' a ser serva do Senhor é a adesão confiante ao plano de Deus e à nossa salvação”, observou o Papa.

“Maria diz este 'sim' a todos nós que, junto da Cruz, Lhe fomos confiados como filhos. E nunca mais revoga esta promessa. E é por isso que Ela deve ser chamada feliz, antes bem-aventurada, porque acreditou no cumprimento daquilo que Lhe foi dito da parte do Senhor.”

Recitando o Ângelus, disse o Pontífice, “podemos unir-nos a este 'sim' de Maria e aderir confiadamente à beleza do plano de Deus e da providência que Ele, na sua graça, reservou para nós”.

Dessa forma, “na nossa vida, o amor de Deus tornar-se-á, por assim dizer, carne, tomará progressivamente forma”.

“Não devemos ter medo no meio das nossas preocupações sem fim. Deus é bom”, afirmou.

“Ao mesmo tempo, podemos sentir-nos apoiados pela comunidade de tantos fiéis que nesta hora rezam o Ângelus conosco, em todo o mundo”, lembrou.

Após a oração do Ângelus, o Papa voltou ao seminário arcebispal de Freiburg, onde almoçou com os membros da Conferência Episcopal Alemã e do séquito papal.


Fonte: Zenit.

domingo, 25 de setembro de 2011

Católica de Salvador será sede do 2º Congresso Internaciona Teológico

A capital baiana, Salvador, será palco, no mês de outubro, do 2º Congresso Teológico Internacional. O evento acontece no campus Federação da Universidade Católica de Salvador (UCSAL), nos dias 5 a 8, e abordará o tema “Desafios e Possibilidades da família no limiar do novo milênio: 30 anos da Familiaris Consortio nos 50 anos da Fundação UCSAL”.

Os conferencistas do Congresso já confirmaram presença, entre eles está o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal dom Odilo Pedro Scherer; o secretário do Pontifício Conselho para a Família, dom Jean Laffitte; o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, da CNBB, dom João Carlos Petrini; o arcebispo de Salvador (BA), dom Murilo Krieger; o bispo de Petrópolis (RJ), dom Filippo Santoro e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), dom Paulo César Costa. Além deles haverá a presença do presidente do Pontifício Instituto João Paulo II, dom Livio Melina.

O evento é organizado e promovido pela arquidiocese de Salvador, em conjunto com a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, o Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família e a Universidade Católica de Salvador.

sábado, 24 de setembro de 2011

Bento XVI: devoção à Virgem ajudou alemães

O Papa Bento XVI quis recordar hoje aos católicos alemães como a Virgem foi seu consolo nos momentos de perigo vividos ao longo da história e especialmente durante o século XX.

Bento XVI se deteve, durante sua viagem de Erfurt a Friburgo, terceira etapa de sua viagem apostólica à Alemanha, em um santuário muito querido pelos católicos do país, o de Eztelsbach, meta de peregrinação durante séculos.

O Papa rezou as vésperas com cerca de 90 mil peregrinos reunidos na explanada da colina onde se ergue o santuário. Durante sua homilia, recordou o significado deste lugar na história da Igreja na Alemanha.

“Em duas ímpias ditaduras que se propuseram tirar aos homens a sua fé tradicional, a gente de Eichsfeld estava segura de encontrar aqui, no santuário de Etzelsbach, uma porta aberta e um lugar de paz interior.”

O pontífice recordou que “em todos os tempos e lugares, quando os cristãos se dirigem a Maria, deixam-se espontaneamente guiar pela certeza de que Jesus não pode recusar os pedidos que Lhe apresenta sua Mãe”.

Os fiéis “apoiam-se na confiança inabalável de que Maria é ao mesmo tempo também nossa Mãe: uma Mãe que experimentou o maior sofrimento de todos, que conhece juntamente connosco todas as nossas dificuldades e pensa, de modo maternal, à superação das mesmas”.

“No decorrer dos séculos, quantas pessoas foram em peregrinação a Maria, para encontrar – como aqui em Etzelsbach, diante da imagem de Nossa Senhora das Dores – consolação e conforto”, destacou.

O Papa convidou os presentes a contemplar com amor esta imagem, “uma mulher de meia-idade, com as pálpebras pesadas pelo longo pranto e, ao mesmo tempo, o olhar sonhador perdido lá longe, como se estivesse a meditar em seu coração tudo o que acontecera”.

Na imagem da Pietà de Etzelsbach, ao contrário de outras representações, o corpo de Cristo morto está voltado para sua mãe: “na imagem miraculosa de Etzelsbach, os corações de Jesus e da sua Mãe estão voltados um para o outro; estão junto um do outro”.

Este gesto constitui um ensinamento para os fiéis, explicou: “não é a auto-realização que opera o verdadeiro desenvolvimento da pessoa – um dado que hoje é proposto como modelo da vida moderna, mas que pode facilmente mudar-se numa forma de refinado egoísmo –, mas sim a atitude do dom de si, que se orienta para o coração de Maria e, deste modo, também para o coração do Redentor”.

“No momento do seu sacrifício pela humanidade, Ele, de certo modo, torna Maria medianeira do fluxo de graça que provém da Cruz. Junto da Cruz, Maria torna-se companheira e protectora dos homens ao longo do caminho da sua vida”, acrescentou.

Mas se acolher na Mãe de Deus nos momentos de perigo não deve restringir-se às necessidades do momento, mas ir além.

“Verdadeiramente que quer dizer-nos Maria, quando nos salva do perigo? Quer ajudar-nos a compreender a grandeza e a profundidade da nossa vocação cristã. Com delicadeza materna, quer-nos fazer compreender que toda a nossa vida deve ser uma resposta ao amor rico de misericórdia do nosso Deus.”

É, explicou o Papa, “como se nos dissesse: Compreende que Deus, o Qual é a fonte de todo o bem e nada mais quer senão a tua felicidade, tem o direito de exigir de ti uma vida que se abandone, sem reservas e com alegria, à sua vontade e se esforce por que os outros façam o mesmo também”.

“«Onde há Deus, há futuro» – concluiu Bento XVI, citando o lema desta viagem: “onde deixarmos que o amor de Deus atue plenamente na nossa vida, aí se abre o céu. Aí é possível plasmar o presente de forma tal que corresponda sempre mais à Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aí as pequenas coisas da vida diária têm o seu sentido, e os grandes problemas encontram aí a sua solução”.

Fonte: Zenit.

Papa adverte sobre novas formas de cristianismo

O mais necessário para o ecumenismo hoje é que os cristãos não percam aquilo que têm em comum pressionados pela secularização.

O Papa fez esta declaração hoje, em um encontro com representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã (EKD), em Erfurt, cidade onde Lutero (1483-1546) iniciou seu caminho teológico.

Bento XVI identificou dois grandes riscos que ameaçam a comunhão alcançada entre os cristãos nas últimas décadas: o de uma nova forma de cristianismo de grande difusão mas pouco estável e “às vezes preocupante em suas formas” e o de adulterar a fé, cedendo à secularização, para tentar ser modernos.

Sobre o primeiro desafio, o Papa explicou que “nos últimos tempos, a geografia do cristianismo mudou profundamente e ainda continua mudando”.

“Perante uma nova forma de cristianismo, que se difunde com um imenso dinamismo missionário, às vezes preocupante em suas formas, as Igrejas confessionais históricas ficam frequentemente perplexas”, disse.

“É um cristianismo de escassa densidade institucional, com pouca bagagem racional, menos ainda dogmática, e com pouca estabilidade”, explicou.

Esta “fenômeno mundial nos situa novamente diante da pergunta sobre o que é que permanece sempre válido e o que poderia ou deveria mudar, perante a questão de nossa opção fundamental na fé”.

Em relação ao segundo risco, referente ao “contexto do mundo secularizado no qual devemos viver e dar testemunho hoje de nossa fé”, afirmou: “Acaso é necessário ceder à pressão da secularização, chegar a ser modernos adulterando a fé?”.

“Naturalmente, a fé tem de ser novamente pensada e, sobretudo, vivida, hoje de modo novo, para que se converta em algo que pertence ao presente. A isso não ajuda sua adulteração, mas sim vivê-la integramente em nosso hoje. Isso é uma tarefa ecumênica central”, disse o Papa.

Celebração

Depois de falar com os representantes da Igreja Evangélica Alemã, Bento XVI interveio em uma celebração ecumênica, realizada na igreja do Convento dos Agostinianos, em Erfurt. Do momento de oração participaram representantes de outras Igrejas protestantes.

Em seu discurso, Bento XVI enfatizou que a sede de infinito “está presente no homem de modo inextirpável”.

“O homem foi criado para a relação com Deus e precisa d'Ele. Neste tempo, o nosso primeiro serviço ecuménico deve ser testemunharmos juntos a presença de Deus vivo e, deste modo, dar ao mundo a resposta de que tem necessidade.”

“Naturalmente, deste testemunho fundamental de Deus faz parte depois, de maneira absolutamente central, o testemunho de Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus”, disse o Papa.

Segundo Bento XVI, “a seriedade da fé em Deus manifesta-se na vivência da sua palavra. No nosso tempo, manifesta-se, de modo muito concreto, no empenho por aquela criatura que Ele quis à sua imagem: o homem”.

“Vivemos num tempo em que se tornaram incertos os critérios de ser homem. A ética foi substituída pelo cálculo das consequências.”

“Perante isto – prosseguiu o pontífice –, devemos, como cristãos, defender a dignidade inviolável do homem, desde a sua concepção até à morte: nas questões desde o diagnóstico de pré-implantação até à eutanásia.”

“«Só quem conhece Deus, é que conhece o homem» – disse uma vez Romano Guardini. Sem o conhecimento de Deus, o homem torna-se manipulável. A fé em Deus deve-se concretizar-se no nosso empenho comum pelo homem”, afirmou.

Fonte: Zenit.

Papa aos muçulmanos: Constituição, marco do respeito

Em uma sociedade pluralista, é preciso estar atentos para que haja sempre respeito pelo outro. Esse respeito cresce com base em valores inalienáveis, cujo marco, na Alemanha e em muitos outros países, está representado pela Constituição.

Esse foi o teor do discurso que Bento XVI dirigiu na manhã desta sexta-feira aos 15 representantes das comunidades muçulmanas presentes na Alemanha, a quem o Papa recebeu na Nunciatura Apostólica de Berlim, antes de seguir viagem rumo a Erfurt.

O Papa afirmou que Igreja Católica está comprometida para que se outorgue o justo reconhecimento à dimensão pública da fé.

“Trata-se de uma exigência de não pouco relevo no contexto de uma sociedade maioritariamente pluralista”, disse.

“No entanto – prosseguiu o pontífice –, é necessário estar atentos para que o respeito pelo outro se mantenha sempre. O respeito recíproco cresce somente sobre a base de um entendimento sobre certos valores inalienáveis, próprios da natureza humana, sobretudo a inviolável dignidade de toda pessoa”.

“Este entendimento não limita a expressão de cada uma das religiões; ao contrário, permite a cada um dar testemunho de forma propositiva daquilo em que crê, sem esquivar do debate com o outro.”

O Papa recordou que na Alemanha, como em muitos outros países, não só ocidentais, “tal marco de referência comum está representado pela Constituição, cujo conteúdo jurídico é vinculante para todo cidadão, pertencente ou não a uma confissão religiosa”.

Bento XVI assinalou que o debate sobre uma melhor formulação dos princípios, como da liberdade de culto público, “é amplo e sempre aberto”; contudo, “é significativo o fato de que a Lei Fundamental os formule de modo ainda válido a mais de 60 anos de distância. Nela se manifesta, antes de tudo, esse ethos comum que fundamenta a convivência civil e que, de alguma maneira, marca também as regras aparentemente só formais do funcionamento dos órgãos institucionais e da vida democrática”.

“Poderíamos nos perguntar como pode um texto, elaborado em uma época histórica radicalmente diferente, em uma situação cultural quase uniformemente cristã, ser adequado à Alemanha de hoje, que vive no contexto de um mundo globalizado, e marcada por um notável pluralismo em matéria de convicções religiosas.”

A razão disso – afirmou o Papa –, “encontra-se no fato de que os pais da Lei Fundamental eram plenamente conscientes de dever buscar naquele importante momento um terreno sólido, no qual todos os cidadãos pudessem se reconhecer”.

“Ao realizar isso, eles não prescindiram de sua afiliação religiosa, e mais, para muitos deles, a visão cristã do homem era a verdadeira força inspiradora. No entanto, sabendo que deveriam se confrontar com pessoas de uma base confessional diversa, ou inclusive não religiosa, o terreno comum foi encontrado no reconhecimento de alguns direitos inalienáveis, próprios da natureza humana e que precedem qualquer formulação positiva”, afirmou o Papa.

Deste modo – disse Bento XVI –, “uma sociedade substancialmente homogênea assentou o fundamento que hoje reconhecemos válido para um mundo marcado pelo pluralismo. Fundamento que, na realidade, indica também os evidentes limites deste pluralismo: não se pode pensar que uma sociedade possa se sustentar no longo prazo sem um consenso sobre os valores éticos fundamentais”.

Fonte: Zenit - (Alexandre Ribeiro)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bento XVI: pertencer à Igreja é questão séria

A Igreja não é “uma das muitas organizações presentes numa sociedade democrática”, mas o próprio corpo de Cristo; pertencer ao Corpo de Cristo constitui uma “decisão séria” que cada um tem de tomar.

O Papa fez essa afirmação no fim da tarde desta quinta-feira em Berlim, ao presidir à celebração da missa no Estádio Olímpico, com a presente de 70 mil católicos,no contexto de sua viagem à Alemanha.

“Alguns olham para Igreja, detendo-se no seu aspecto exterior – constatou o Papa – e assim “ela aparece-lhes apenas como uma das muitas organizações presentes numa sociedade democrática; e, segundo as normas e leis desta, se deve depois avaliar e tratar inclusive uma figura tão difícil de compreender como é a «Igreja»”.

“Se depois se vem juntar ainda a experiência dolorosa de que, na Igreja, há peixes bons e maus, trigo e joio, e se o olhar se fixa nas realidades negativas, então nunca mais se desvenda o grande e profundo mistério da Igreja.”

“Crescem insatisfação e descontentamento, se não virem realizadas as próprias ideias superficiais e erróneas de «Igreja» e os próprios «sonhos de Igreja»”, disse o Papa.

Bento XVI se referiu ao evangelho recém-proclamado: “Jesus não diz: «Vós sois a videira»; mas: «Eu sou a videira, vós os ramos». Isto significa: «Assim como os ramos estão ligados à videira, assim também vós pertenceis a Mim! Mas, pertencendo a Mim, pertenceis também uns aos outros»”.

Esta relação recíproca – advertiu o Papa – “não se trata de qualquer relação ideal, imaginária, simbólica, mas é – apetece-me quase dizer – um pertencer a Jesus Cristo em sentido biológico, plenamente vital”.

“Ele continua a viver na sua Igreja neste mundo. Ele está connosco, e nós estamos com Ele. «Porque Me persegues?»: destas palavras se conclui que é a Jesus que ferem as perseguições contra a sua Igreja. E, ao mesmo tempo, não estamos sozinhos quando somos oprimidos por causa da nossa fé. Jesus está conosco.”

A Igreja é o “«universal sacramento de salvação», que existe para os pecadores, a fim de lhes abrir o caminho da conversão, da cura e da vida. Esta é a verdadeira e grande missão da Igreja, que Cristo lhe conferiu”, afirmou, rejeitando outras “visões superficiais”.

“Cada um de nós vê-se aqui confrontado com tal decisão. E o Senhor, na sua parábola, insiste na seriedade da mesma: «Se alguém não permanecer em Mim, é lançado fora, como um ramo, e seca. Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem»”.

“A escolha aqui pedida faz-nos compreender, de modo insistente, o significado existencial da nossa opção de vida.”

“Ao mesmo tempo a imagem da videira é um sinal de esperança e confiança”, pois Deus “sabe transformar em amor mesmos as coisas pesadas e acabrunhadoras da nossa vida. Importante é «permanecermos» na videira, em Cristo”.

“No nosso tempo de inquietação e indiferença, em que tanta gente perde a orientação e o apoio; em que a fidelidade do amor no matrimónio e na amizade se tornou tão frágil e de breve duração; em que nos apetece gritar, em nossa necessidade, como os discípulos de Emaús: «Senhor, fica connosco, porque anoitece, sim, é escuro ao nosso redor!»; aqui o Senhor ressuscitado oferece-nos um refúgio, um lugar de luz, de esperança e confiança, de paz e segurança. Onde a secura e a morte ameaçam os ramos, aí, em Cristo, há futuro, vida e alegria.”


Fonte: Zenit.

Papa: o verdadeiro sentido da atividade política

O Papa Bento XVI pronunciou nesta quinta-feira um de seus discursos mais esperados nesta sua viagem à Alemanha. Foi diante do Parlamento alemão, respondendo ao convite do presidente Norbert Lambert.

Esta presença do Papa no Bundestag foi objeto de polêmica por parte de alguns grupos políticos e, de fato, cera de 100 deputados (um sexto) negou-se a assistir.

Bento XVI foi à sede parlamentar depois de almoçar na Nunciatura de Berlim. Com semblante sorridente, acompanhado do presidente Lambert, ele firmou um livro de honra e foi recebido no plenário com um aplauso cortês.

Bento XVI se dirigiu a seus compatriotas políticos falando da passagem do Livro dos Reis em que Salomão pede a Deus que conceda “ao teu servo um coração dócil, para saber administrar a justiça ao teu povo e discernir o bem do mal”.

“Com esta narração, a Bíblia quer indicar-nos o que deve, em última análise, ser importante para um político. O seu critério último e a motivação para o seu trabalho como político não devem ser o sucesso e menos ainda o lucro material.”

Ao contrário, a política “deve ser um compromisso em prol da justiça e, assim, criar as condições de fundo para a paz”.

“Naturalmente um político procurará o sucesso, que, de per si, lhe abre a possibilidade de uma acção política efectiva; mas o sucesso há-de estar subordinado ao critério da justiça, à vontade de actuar o direito e à inteligência do direito. É que o sucesso pode tornar-se também um aliciamento, abrindo assim a estrada à falsificação do direito, à destruição da justiça.”

O Papa sublinhou que o dever fundamental do político é “servir o direito e combater o domínio da injustiça é e permanece a tarefa fundamental do político”.

“Num momento histórico em que o homem adquiriu um poder até agora impensável, esta tarefa torna-se particularmente urgente. O homem é capaz de destruir o mundo. Pode manipular-se a si mesmo. Pode, por assim dizer, criar seres humanos e excluir outros seres humanos de serem homens.”

“Como reconhecemos o que é justo? Como podemos distinguir entre o bem e o mal, entre o verdadeiro direito e o direito apenas aparente? O pedido de Salomão permanece a questão decisiva perante a qual se encontram também hoje o homem político e a política.”

Ao jovem rei Salomão – afirmou – foi concedido o que ele pediu. “Que sucederia se nos fosse concedido a nós, legisladores de hoje, fazer um pedido? O que é que pediríamos? Penso que também hoje, em última análise, nada mais poderíamos desejar que um coração dócil, a capacidade de distinguir o bem do mal e, deste modo, estabelecer um direito verdadeiro, servir a justiça e a paz.”

Aprender com o passado

O Papa, ainda que se apresentou ao Bundestag na qualidade de sucessor de Pedro, recordou que é alemão e que “está vinculado pela vida” a sua pátria.

Em virtude disso, permitiu-se tocar num ponto “sensível” para a memória de seu país, o regime nacional-socialista.

“‘Se se põe de parte o direito, em que se distingue então o Estado de uma grande banda de salteadores?’ – sentenciou uma vez Santo Agostinho. Nós, alemães, sabemos pela nossa experiência que estas palavras não são um fútil espantalho”, afirmou.

“Experimentámos a separação entre o poder e o direito, o poder colocar-se contra o direito, o seu espezinhar o direito, de tal modo que o Estado se tornara o instrumento para a destruição do direito: tornara-se uma banda de salteadores muito bem organizada, que podia ameaçar o mundo inteiro e impeli-lo até à beira do precipício”, acrescentou.

Precisamente porque havia um princípio superior à legalidade vigente – disse o Papa –, “os combatentes da resistência agiram contra o regime nazista e contra outros regimes totalitários, prestando assim um serviço ao direito e à humanidade inteira”.

“Para estas pessoas era evidente de modo incontestável que, na realidade, o direito vigente era injustiça. Mas, nas decisões de um político democrático, a pergunta sobre o que corresponda agora à lei da verdade, o que seja verdadeiramente justo e possa tornar-se lei não é igualmente evidente.”

Um momento simpático do encontro foi quando o Papa, durante seu discurso, falou da necessidade atual de voltar ao contato com a natureza, frente a um positivismo fechado que não leva em conta nada que não seja “funcional”.

“Esperando não ser mal entendido nem suscitar demasiadas polémicas unilaterais”, afirmou o Papa, “diria que o aparecimento do movimento ecológico na política alemã a partir dos Anos Setenta, apesar de não ter talvez aberto janelas, todavia foi, e continua a ser, um grito que anela por ar fresco, um grito que não se pode ignorar nem acantonar.”

“Pessoas jovens deram-se conta de que, nas nossas relações com a natureza, há algo que não está bem; que a matéria não é apenas uma material para nossa feitura, mas a própria terra traz em si a sua dignidade e devemos seguir as suas indicações.”

“É claro que aqui não faço propaganda por um determinado partido político; nada me seria mais alheio do que isso.”

Nesse momento os presentes aplaudiram. Um dos grupos políticos que se negou a estar presente na conferência do Papa era precisamente o dos Verdes alemães, a quem Bento XVI acabava de fazer um reconhecimento público.

Ao final da intervenção, os presentes se colocaram de pé e aplaudiram por um longo momento, enquanto o Papa se retirava do local.

Fonte: Zenit.

Papa destaca importância social da religião

A religião é uma questão fundamental para uma convivência bem sucedida: esta foi a mensagem de Bento XVI em seu primeiro discurso na terra alemã, ao ser recebido, no Castelo de Bellevue de Berlim, pelo presidente da República Federal Alemã, Christian Wulff.

Ao chegar ao aeroporto de Tegel, Bento XVI foi acolhido com 21 salvas de canhão, como prevê o protocolo das visitas de Estado, enquanto, nas escadas do avião, era aguardado pelo presidente do país e pela chanceler federal, Angela Merkel. Também estavam presentes o arcebispo de Berlim, Dom Rainer Maria Woelki, e o presidente da Conferência Episcopal Alemã e arcebispo de Friburgo, Dom Robert Zollitsch.

Depois de ser recebido no aeroporto, o Papa viajou, no carro oficial, ao Castelo de Bellevue para participar das cerimônia de boas-vindas. Lá, assinou o livro de honra, escutou as palavras do presidente alemão, que lhe disse, em nome do país, “Bem-vindo a casa, Santo Padre!”, e destacou a importância da Igreja no passado e presente da Alemanha.

Em seu primeiro discurso em seu país natal, Bento XVI afirmou: “Não vim aqui primariamente por ter em vista certos objetivos políticos ou econômicos, como justamente fazem outros homens de Estado, mas para encontrar o povo e falar-lhe de Deus”.

O Papa acompanhou estas palavras abrindo seus braços em direção às pessoas que o ouviam, sentadas sob diversos toldos no jardim do castelo; elas responderam com um efusivo aplauso.

“A respeito da religião, constatamos uma indiferença crescente na sociedade, que, nas suas decisões, tende a considerar a questão da verdade sobretudo como um obstáculo, dando por isso a prioridade às considerações utilitaristas”, prosseguiu.

“Mas há necessidade duma base vinculativa para a nossa convivência; caso contrário, cada um vive só para o seu individualismo”, afirmou o Pontífice.

Bento XVI citou então o bispo e reformador social Wilhelm Emmanuel von Ketteler, quem, em seu discurso à primeira assembleia dos católicos na Alemanha, em 1848, declarou que, “assim como a religião precisa da liberdade, assim também a liberdade precisa da religião”.

“A liberdade precisa duma ligação primordial a uma instância superior – destacou. O fato de haver valores que não são de modo algum manipuláveis, é a verdadeira garantia da nossa liberdade.”

“O homem que se sente vinculado à verdade e ao bem, estará imediatamente de acordo com isto: a liberdade só se desenvolve na responsabilidade face a um bem maior – insistiu. Um tal bem só existe para todos juntos; por conseguinte, devo interessar-me sempre também dos meus vizinhos.”

Afirmou depois, em seu discurso, que, “na convivência humana, a liberdade não é possível sem a solidariedade”.

“Aquilo que faço a dano dos outros, não é liberdade, mas uma ação culpável que prejudica aos outros e a mim mesmo também. Só usando também as minhas forças para o bem dos outros é que posso verdadeiramente realizar-me como pessoa livre.”

“Isto vale não só no âmbito privado mas também na sociedade. Segundo o princípio de subsidiariedade, a sociedade deve dar espaço suficiente às estruturas inferiores para o seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, deve servir-lhes de suporte, de tal modo que, um dia, possam também manter-se por si sós”, acrescentou.

A seguir, referiu-se à realidade alemã, recordando que o Castelo de Bellevue se encontra no centro de Berlim e, “com o seu passado acidentado, o castelo é, como muitos edifícios da cidade, um testemunho da história alemã”.

Esse castelo, hoje residência oficial do presidente da Alemanha, foi residência dos reis da Prússia, mas também sede de consultas do Estado Maior da Alemanha nazista.

Bento XVI não rejeitou esta história, mas afirmou que “uma visão clara, inclusive sobre as páginas escuras do passado, permite-nos aprender dele e receber estímulos para o presente”.

Neste ponto, retomou a importância do transcendente no destino da sociedade, dizendo que “aRepública Federal da Alemanha tornou-se naquilo que é hoje, através da força da liberdade plasmada pela responsabilidade diante de Deus e a de cada um perante o outro”.

E acrescentou que o país “precisa desta dinâmica, que envolve todos os âmbitos humanos, para poder continuar a desenvolver-se nas condições atuais”.

O Papa concluiu seu discurso expressando seu desejo de “os encontros durante as várias etapas da minha viagem – aqui em Berlim, em Erfurt, em Eichsfeld e em Friburgo – possam dar um pequeno contributo neste sentido”.

Entre aplausos, o Santo Padre se dirigiu, guiado pelo presidente alemão, do jardim até o interior do castelo, onde os dois chefes de Estado tiveram um encontro privado, ao redor de uma pequena mesa redonda.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Cresce fé dos católicos na Indonésia

O Pe. Giuseppe Buono é um missionário do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras) que desempenhou o cargo de secretário nacional da Obra Pontifícia da Infância Missionária, secretário nacional da União Pontifícia Missionária do clero, religiosos e religiosas, fundador do Movimento Juvenil das Pontifícias Obras Missionárias (POM), fundador da Comunidade Missionária João Paulo II, além de ter sido também superior geral do PIME, docente de Missiologia nas faculdades pontifícias teológicas na Itália e no exterior e atualmente é visitador das missões de todos os continentes.

Nesta entrevista ele relata uma das suas viagens à Indonésia.

A Indonésia é um arquipélago gigantesco, com mais de 13 mil ilhas, com grandes diferenças humanas e naturais. É a fronteira entre a Ásia e a Oceania – Austrália e a quarta nação mais populosa do mundo, com mais de 230 milhões de habitantes. Conta com 128 vulcões ativos, 12 deles somente em Java.

Grande parte da população vive nas cinco ilhas maiores. A capital é Jacarta, com mais de 12 milhões de habitantes. A maioria da população é de religião islâmico-sunita; na ilha de Bali, a religião majoritária é o hinduísmo. Os católicos são somente 3% da população, sendo mais numerosos os cristãos protestantes.

Quais são as razões desta visita?

Padre Buono: Estive na Indonésia de 10 a 23 de agosto, para uma série de encontros programados pela Comunidade Missionária João Paulo II, fundada por mim em 1995 e dirigida por Yohana Halimah, que trabalha na Direção Nacional das POM. O diretor nacional destas, Pe. Romanus Harjito, nos acolheu e escreveu o prefácio da tradução indonésia do livro sobre o magistério mariano-missionário de João Paulo II. Outro organizador muito importante foi o Pe. Giustino, um jovem sacerdote de Jacarta, que se licenciou em teologia em Roma e que é fundador de um movimento pró-vida, muito ativo e envolvido. Comigo estavam cinco amigos, a quem convidei para compartilhar esta experiência de graça missionária.

A Indonésia é grande. Quais foram as etapas da visita e das atividades?

Padre Buono: As etapas da experiência missionária foram: Jacarta, a capital ultramoderna, Yogyakarta (Java), a ilha que muitas vezes sofre erupções vulcânicas, terremotos e tsunamis, e Bali, a pérola do arquipélago indonésio. Em Jacarta, houve encontros e celebrações na belíssima igreja de St. Yakobus, depois no santuário de Nossa Senhora de Fátima, em São José Matraman, na comunidade dos Missionários Xaverianos, na paróquia de São Boaventura, em Pulomas, e na sede da conferência episcopal nacional.

Em Java, os encontros se deram no santuário mariano de Jatiningsih, onde participamos também das celebrações da festa nacional da independência da Indonésia, depois na Casa de Espiritualidade Wisma Pojok e na igreja da Sagrada Família. Em Bali, as celebrações e as reuniões foram realizadas na catedral, na sede dos Missionários Verbitas, muito presentes e ativos na ilha, na paróquia de São José.

Eu já havia estado na Indonésia há dois anos, em agosto de 2009, e fiquei impressionado pela fé pura dos católicos indonésios, mas o que o Senhor nos ofereceu desta vez foi um espetáculo, comovente, de uma fé heroica, porque se vive entre uma maioria muçulmana sunita, entre milhares de minaretes de Jacarta, que cantam versos do Alcorão das quatro da manhã até o pôr do sol... Uma fé que se expressa na alegria de rezar, de ser úteis aos outros, acolhedores, disponíveis, unidos.

É verdade que há uma grande devoção a Maria?

Padre Buono: A particularidade da experiência vivida desta vez foi marcada por uma impressionante fé em Maria, venerada com estátuas belíssimas, sobretudo com a reprodução da gruta de Lourdes, que se encontra na entrada de quase todas as igrejas que visitamos. Ver os católicos indonésios rezarem na frente das estátuas de Nossa Senhora, quase absortos, com os olhos fechados e as mãos unidas, convida verdadeiramente a revisar certas formas de devoção nas nossas igrejas e nas nossas casas de cristãos...

Também o Beato João Paulo II parece gozar de grande popularidade...

Padre Buono: Isso me chamou muito a atenção. Nos encontros sobre ele, advertia-se quase a presença física do grande Papa polonês que visitou a Indonésia em 1989, em seu incansável caminho para levar o Evangelho a todos os homens. Quando se falava de João Paulo II, os olhos dos católicos se iluminavam, os corações vibravam de amor, as mãos aplaudiam constantemente. Pude palpar e sentir com o coração o quanto amam João Paulo II; até essas ilhas distantes, com quase a totalidade da população sendo muçulmana, vibram com um sentimento de devoção a ele. Meu livro sobre ele – “Com Maria pelos caminhos do mundo” –, traduzido ao indonésio e do qual foram impressas duas mil cópias, esgotou-se em poucos dias.

A última visita antes de deixar a Indonésia foi ao diretor das POM, Pe. Romanus Harjito, e, naturalmente, ao núncio apostólico, Dom Antonio Guido Filipazzi, que está na Indonésia há apenas três meses.


Fonte: Zenit.

Índia: “passividade e negligência” das autoridades

Depois dos repetidos ataques sofridos pela igreja católica siro-malancar de Nossa Senhora de Hyderabad (Índia), o pároco, Pe. John Felix, escreveu uma carta aberta às autoridades do estado indiano de Andra Pradesh, lamentando o ocorrido.

No texto, o sacerdote afirma que episódios como o de finais de agosto – incêndios de altares, queima de Bíblias, missais, livros de cânticos, crucifixos e ornamentos litúrgicos – “ocorreram somente devido à passividade e à negligência da polícia e de outras autoridades”.

Em sua carta, explica a associação caritativa internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Pe. Felix se lamenta pelo fato de que as investigações que se ocupavam dos ataques de 2004 e 2008 tenham sido arquivadas pela polícia sem que se chegasse a nenhuma conclusão.

Em julho de 2004, alguns membros da paróquia – entre eles, um sacerdote – que trabalhavam no terreno em que se estava construindo uma igreja, foram atacados por uma multidão de cerca de 100 pessoas, que os agrediram, insultaram e ameaçaram de morte.

Em junho de 2008, as portas do templo, terminado em 2006, foram fechadas por fora durante um serviço litúrgico, ainda que na igreja houvesse 250 pessoas, inclusive recém-nascidos e doentes.

“Para evitar outros enfrentamentos, seguimos a doutrina do nosso Senhor Jesus Cristo, isto é, perdoamos e exercitamos o amor ao próximo”, destacou o pároco, fazendo um convite às autoridades para que reabram as investigações passadas e condenem o último incidente ocorrido, porque a paróquia está “sob uma ameaça constante”.

O bispo do lugar,Jacob Mar Barnabas, declarou a AIS que a igreja se encontra atualmente sob proteção da polícia e que a paróquia pretende reparar os danos o quanto antes.

Da mesma forma, pediu aos católicos do mundo inteiro que rezassem pelos seus fiéis, porque “há pessoas que não querem ter a igreja aqui”.

Como igreja católica oriental, a Igreja Siro-Malancar da Índia está em comunhão total com a Santa Sé. Conta com quase 430 mil fiéis.

Emergência

Apesar da difícil situação em que os cristãos indianos vivem, nestes dias a Cáritas está em primeira linha para ajudar as vítimas do terremoto que se verificou no nordeste do país e das inundações do estado de Orissa.

“Estamos muito preocupados pelas devastadoras inundações em Orissa e pelo terremoto que atingiu os estados de Sikkim e a parte norte de Bengala Ocidental”, declarou à agência FidesAnthony Chettri, delegado da Cáritas Índia para a zona nordeste.

O terremoto provocou 74 mortos até agora, centenas de desabrigados e as equipes de resgate têm dificuldades devido às condições meteorológicas adversas. A região mais afetada é a diocese de Darjeeling.

“Estamos em contato com o bispo local para analisar a situação e organizar possíveis intervenções”, afirmou Dom Thomas Menaparampil, arcebispo de Guwahati, ao nordeste da Índia.

“Expressamos nossa solidariedade com as palavras e com a oração, mas estamos preparados também para realizar ações humanitárias coordenadas. Para as áreas atingidas do Nepal e Bhutan, no entanto, os contatos são muito difíceis e será preciso esperar.”

Frente às inundações que arrasaram o estado de Orissa, a Cáritas proporcionou mais de 500 mil rúpias para uma primeira ajuda sanitária imediata às populações atingidas, dado o risco de epidemias, sobretudo no distrito de Puri e de Cuttack.

“O governo, a Igreja e a sociedade civil estão realizando um esforço comum. Voluntários e gente comum estão fazendo o que podem para assistir as vítimas”, contou a Fides o Pe. Manoj Kumar Nayak, encarregado da arquidiocese de Cuttack-Bhubaneswar.

Trabalhando junto ao Catholic relief service, a Igreja local proverá mais de 5.500 alojamentos para os desabrigados internos, independentemente da sua religião, casta ou etnia.

Fonte: Zenit.

Argélia: ajuda a uma igreja testemunhal

As Pontifícias Obras Missionárias (POM) realizaram um notável esforço em ajuda à Igreja na Argélia, com o envio de 184.500 euros.

A Igreja da Argélia não conta com muitos fiéis nem com grandes obras de educação ou assistência aos mais necessitados, como em outras partes do continente africano, e tampouco pode fazer manifestações públicas, dada a situação do país.

Mas, como afirma Ompress, “é uma Igreja regada pelo sangue dos mártires: as missionárias agostinianas espanholas, assassinadas na noite de 26 de março de 1996, os monges de Tibhirine, do mosteiro de Nossa Senhora do Atlas, recordados no recente filme 'De deuses e homens' (…) e tantos outros”.

A Santa Sé e as POM estiveram sempre perto dessa Igreja, especialmente durante os últimos anos, tanto pela oração e o apoio aos missionários como pela cooperação econômica que torna possível a presença testemunhal nesta Igreja do Norte da África.

Neste ano, as POM enviaram às dioceses da Argélia 184.500 euros, destinados, em sua maior parte, ao sustento dos poucos bispos, sacerdotes e religiosos, mas também a encontros de oração e estudo inter-religioso.

Este é o objetivo, por exemplo, do encontro de oração que, no começo do próximo ano e durante uma semana, reunirá mais de 150 estudantes, seguindo o estilo de Taizé. “Não se pode amar nem respeitar o que não se conhece”, afirma Ompress.

A agência das POM recorda o cardeal Charles Lavigerie, arcebispo de Argel no final do século XX e fundador dos Padres Brancos, quem afirmava: “Amem a África pelas suas feridas ensanguentadas e pelos seus gritos de dor, pelos seus grandes homens e pelos seus santos”.

Em 1º de janeiro deste ano, uma igreja histórica na Argélia, Notre Dame d'Afrique, pôde reabrir suas portas, depois de três anos de reforma. A igreja esteve fechada durante os anos em que o extremismo islâmico semeou o terror no país – época que os argelinos chamam de “década negra” –, ainda que a estrutura também tenha sido muito danificada durante o terremoto de 2003.

As obras custaram cinco milhões de euros, doados pela União Europeia, a cidade de Marsella, os governos francês argelino e doadores privados.


Fonte: Zenit.

Líbia respira atmosfera de tranquilidade

“A Líbia mudou, há outras cores, percebe-se maior serenidade”, declarou o vigário apostólico de Trípoli, Dom Giovanni Innocenzo Martinelli, após sua volta à capital líbia, depois de um período de tratamento médico na Itália.

“Minha primeira impressão é positiva: respira-se uma atmosfera de tranquilidade e de paz”, destacou à agência vaticana Fides.

“Por enquanto, só posso falar de Trípoli, porque não sei o que está acontecendo no resto do país”, explicou DomMartinelli.

Neste domingo, estava previsto o anúncio de um governo provisório da Líbia, mas as diversas facções do Conselho Nacional de Transição ainda não chegaram a um acordo para a sua formação.

Segundo o vigário apostólico de Trípoli, “o problema é a criação de um governo para levar o país a uma situação mais estável”.

“Vamos ver como os diferentes componentes da sociedade da Líbia levam a cabo esta transição – sublinhou. Espero, com todo o meu coração, que os líbios possam encontrar a paz e a reconciliação.”

Enquanto isso, continuam os combates em Bani Walid e Sirte, onde ainda resistem as forças fiéis a Kadafi.

Sobre um possível recrutamento, por parte de Kadafi, de um exército de mercenários, Dom Martinelli expressou sua preocupação. “Peço ao Senhor que a Líbia encontre o caminho da paz – disse. Rogo também por Kadafi, para que possa encontrar a paz e se reconciliar com a sua gente.”

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Egito: radicalização da “Primavera Árabe”

Um desastre evitado por um triz: o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu resumiu assim o ataque à embaixada do seu país na capital egípcia, que deixou pelo menos três mortos e centenas de feridos e presos. A agressão contra a sede diplomática, que, segundo Netanyahu, “simboliza a paz entre nós e o Egito” (The Guardian, 11 de setembro), começou depois da tradicional oração da sexta-feira e do agora também tradicional protesto na Praça Tahrir, quando centenas de manifestantes se dirigiram contra a embaixada e tentaram derrubar o novo muro de proteção construído ao redor do edifício.

Apesar da presença policial, dezenas de manifestantes conseguiram arrombar as portas e invadir a embaixada. A intervenção das forças especiais egípcias evitou o pior, conseguindo proteger os funcionários diplomáticos israelense, entre os quais o embaixador Yitzhak Levanon.

Alguns grupos de manifestantes tentaram chegar também à embaixada da Arábia Saudita. A ira dos manifestantes, aparentemente, foi pela construção do próprio muro de proteção. O porta-voz da Igreja Católica no Egito, padre Rafic Greche, definiu o muro como “uma ideia infeliz” (AsiaNews, 10 de setembro). Segundo o padre, “isto criou a mesma impressão que o muro construído por Israel na Cisjordânia”.

Faz semanas que a tensão na área era visível, em consequência do homicídio, por erro, de vários guardas fronteiriços egípcios por parte do exército israelense, em 18 de agosto, depois de atentados na região turística de Eliat, no Mar Vermelho, quando sete cidadãos israelenses morreram.

Segundo analistas, entre eles o jornalista independente Jacques Benillouche, o ataque foi um ato “premeditado”, já que os manifestantes atacaram as forças da polícia com coquetéis molotov (Slate.fr, 10 de setembro). Da mesma opinião é o padre Giovanni, missionário comboniano que vive no Cairo. “É difícil pensar que foi espontâneo” (Fides, 12 de setembro). “Foi planejado. Os envolvidos foram recrutados em torcidas de futebol”.

Para o missionário, o ataque violento representa “um gesto de ruptura com o passado”. “Violaram um lugar 'sagrado', que no regime de Mubarak jamais teria sido atacado desse modo”. Segundo Clemens Wergin, do Welt Online (11 de setembro), o ataque é “um ponto de inflexão”: mostra que, mais de meio ano depois da queda de Hosni Mubarak, as revoluções árabes perderam a inocência e voltaram às “antigas receitas” para mobilizar as massas. “Quando as ideias se esgotam, eles incitam o povo contra Israel”.

Para o estado judeu, o ataque, além de lembrar o dramático sequestro na embaixada dos EUA em Teerã pelos revolucionários iranianos em novembro de 1979, acontece numa hora muito delicada. Não só a Autoridade Nacional Palestina (ANP) pretende pedir que as Nações Unidas reconheçam unilateralmente a Palestina, como ainda Israel está atravessando uma grave crise diplomática com um ex-aliado, a Turquia do combativo primeiro- ministro filo-islâmico Recep Tayyip Erdogan, que exige desculpas de Jerusalém pela abordagem do navio de ajuda humanitária para Gaza, em maio do ano passado, em incidente que matou nove cidadãos turcos.

Erdogan rompeu recentemente as relações diplomáticas com Israel. Como se não bastasse, iniciou no último 12 de setembro uma visita ao Egito, primeira etapa de uma viagem a outros países da Primavera Árabe como a Líbia e a Tunísia. Para muitos analistas, o objetivo do premier não é só reforçar as relações com as novas administrações da região, mas também promover a Turquia como nova potência líder do mundo muçulmano. O crescente isolamento de Israel parece fazer parte dessa “política hegemônica neo-otomana”, como definida por Shlomo Avineri, professor de Ciências Políticas na Universidade Hebraica de Jerusalém (The Washington Post, 11 de setembro).

Na terça-feira 13 de setembro, dirigindo-se aos ministros de Assuntos Exteriores da Liga Árabe, reunidos no Cairo, Erdogan comparou Israel com uma “criança mimada” e afirmou que antes de acabar o ano “veremos a Palestina em situação bem diferente” (BBC, 13 de setembro). “Devemos trabalhar de mãos dadas com os nossos irmãos palestinos. A causa palestina é a causa da dignidade humana”, continuou. “É hora de içar a bandeira palestina nas Nações Unidas”. O estado israelense, segundo o primeiro-ministro turco, sairá do seu isolamento “somente se agir como um estado razoável, responsável, sério e normal”.

Segundo o padre Greche, entre os envolvidos no ataque à embaixada havia gente com o alcorão na mão ou no bolso. Talvez seja apenas um detalhe, mas ganha muita importância no contexto das próximas eleições, previstas para setembro e adiadas para novembro. Segundo pesquisas, as forças islamistas, desde os Irmãos Muçulmanos até o Partido da Luz dos Salafitas, poderiam acabar com todas as outras propostas. Seria um “desastre geopolítico”, fruto do “devastador vazio de poder” que prevalece hoje no Cairo, escreveu Franco Venturini no Corriere della Sera (11 de setembro). “O Egito não está caminhando para a democracia, mas para a islamização”, alerta sem hesitar o ex-embaixador israelense no Cairo, Eli Shaked: “É o mesmo caso da Turquia e de Gaza. O mesmo que aconteceu no Irã em 1979” (The New York Times, 10 de setembro).

A perspectiva de uma possível vitória dos islamistas preocupa a comunidade cristã do Egito. O povo, segundo o patriarca católico de Alexandria dos coptas, cardeal Antonios Naguib, “segue o que pregam nas mesquitas. E os imãs falam todos de instaurar um estado religioso” (Terrasanta.net, 1º de setembro).

“Os partidos islâmicos só repetem que serão respeitados os direitos dos cristãos na base da lei islâmica. Eu não entendo a necessidade dessa premissa: que tudo deva ser regulado pela lei islâmica. Que igualdade é essa? Para mim, é uma contradição”, continuou o purpurado, que teme justamente uma volta aos tempos em que os não muçulmanos eram tolerados só como “infiéis protegidos” ou “dhimmi”, se pagavam um imposto suplementar, ou “jizya”.

Isso é o que querem alguns expoentes islamistas, entre os quais está o xeque salafita Adel el-Ghihadi. Em uma entrevista publicada no Rose al-Yusuf em agosto e definida como “delirante” por Giuseppe Caffulli (Terrasanta.net, 26 de agosto), o xeque e ex-combatente entre as filas dos talibãs no Afeganistão não tem dúvidas. “A revolução é vista à luz da religião e não do ponto de vista político. Para ser legal, deve se apoiar na sharia islâmica”, explicou. “Nosso plano de trabalho será exatamente governar o Egito sobre os princípios da lei islâmica. Portanto, completaremos a islamização das nações em torno a nós, enviando missionários muçulmanos ao Sudão e à Líbia. Depois passaremos Estado por Estado, para converter todos ao islã e fazer aceitar a sharia. Prepararemos um exército egípcio capaz de formar outros exércitos islâmicos, aos que Alá dará seguramente a vitória”.

Também no que diz respeito à presença dos chamados “infiéis” em terra egípcia, el-Ghihadi tem, infelizmente, as ideias muito claras. “Os cristãos e os judeus para nós são kafir, não crentes. Eu como muçulmano devo apoiar o muçulmano, antes do cristão. Os demais são considerados inimigos. Se não incomodam, podem ser tratados com certa benevolência. Sempre entro de certos limites”, afirmou, acrescentando, no entanto, que “os cristãos não devem ocupar um lugar de importância como o de juízes de tribunais, nem no exército, nem na polícia”. Para o xeque, “os cristãos são livres para rezar em suas igrejas. Mas se forem motivo de discórdia e houver problemas, eu as destruirei. Não posso contradizer minha religião para contentar as pessoas. Quem quer viver em um país de maioria muçulmana deve aceitar suas leis. Ou paga o tributo, ou se torna muçulmano, ou é morto”.

Lendo essas declarações, seria melhor falar de um “Inverno árabe”. Por outro lado, para ser precisos, a revolta na Tunísia começou entre o outono e o inverno, ou seja, 17 de dezembro de 2010, e a queda de Mubarak aconteceu em pleno inverno, no dia 11 de fevereiro passado...

Fonte: Zenit.