sábado, 31 de maio de 2014

A Igreja condena duramente os crimes de honra no Paquistão

"Condenamos firmemente o assassinato brutal de Farzana Parveen Bibi, uma mulher grávida, apedrejada até a morte pelos seus familiares em Alta Corte de Lahore", disse à agência Fides mons. Lawrence Saldanha, Arcebispo emérito de Lahore, depois do brutal assassinato da mulher paquistanesa acontecido no passado dia 27 de maio. A culpa de Farzana, de acordo com seus agressores, era ter se casado com um homem, Mohammad Iqbal, contra a vontade de sua família.
"O crime de honra é um costume antigo difundido na sociedade paquistanesa, que deve ser erradicado o mais rápido possível - disse o Arcebispo -. Esta prática cruel não pode existir em uma moderna sociedade democrática em que o direito à vida de cada pessoa (homem , mulher, criança) deve ser respeitado e defendido".
O bispo diz ser "deplorável” que a jovem tenha sido lapidada pelos seus familiares na praça da Alta Corte de Lahore e que ninguém, “nem sequer os agentes da polícia em serviço”, tenha feito algo para evitar o trágico massacre. "A morte do bebê no seu ventre é mais uma tragédia", comenta ainda mons. Saldanha, que, finalmente, diz: "Precisamos aumentar a conscientização em todos os níveis da sociedade no Paquistão para eliminar o mal social do crime de honra: só dessa forma a morte de Farzana e do seu bebê inocente não serão em vão”.
Sobre a questão do crime de honra interveio ontem o primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, que chamou essa prática de "totalmente inaceitável" e pediu ao governador do Estado de Punjab para tomar "medidas imediatas" e apresentar até hoje um relatório detalhado sobre o assassinato de Farzana Parveen Bibi.
A esperança é que as palavras do primeiro-ministro possam representar um avanço para a mudança. Estima-se que a cada ano no Paquistão aconteçam centenas de crimes de honra. Só em 2013, afirmam fontes da sociedade civil, 900 mulheres foram mortas por suas famílias, por razões semelhantes às que levaram à morte de Farzana e seu bebê.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Aumentam os discípulos de Cristo, apesar das perseguições

O sangue dos mártires, dizia Tertuliano, é a semente de novos cristãos. Intuição muito certeira, a do célebre apologista que viveu entre o II e o III século. A história dos últimos dois mil anos, além do mais, é uma constante repetição das ferozes perseguições contra os discípulos de Cristo, os quais, no entanto, em vez de desaparecerem, aumentam.
O triste fenômeno na contemporaneidade é ainda mais grave. Em muitas partes do mundo existem perseguições sistemáticas, de forte intensidade e repletas de ideologia. De acordo com a Comissão episcopal da União europeia, os cristãos oprimidos no mundo são cerca de 200 milhões. No Ocidente, onde, aparentemente, os cristãos são livres para professar livremente a própria fé, muitas vezes, há formas diversas de perseguições, nas quais os valores próprios do cristianismo são constantemente julgados em nome de um, não melhor, laicismo.
História magistra vitae, afirmavam os contemporâneos de Tertuliano. E então, aos perseguidores de hoje seria suficiente dar uma olhada ao passado para compreender a inutilidade das suas ações. Significativo que, mesmo nesta época marcada por uma escalada de violência anti-cristã, o número de batizados continua a aumentar. De 2005 a 2012, os fiéis católicos aumentaram passando de 1.115 a 1.229 bilhões, um aumento de 10,2 por cento.
O dado foi publicado pelo Anuário Estatístico da Santa Sé nestes dias. A área com o maior número de católicos continua a ser a Europa (23% do total), enquanto o crescimento tem sido menos dinâmico do que em outras áreas do planeta. É precisamente na África – martirizada por atentados que atingem com muita crueldade as comunidades na Nigéria , República Centro Africano, no Quênia, Somália – onde se confirma o maior crescimento: aqui os fieis passaram de 13,8% em 2005 ao 16,2% em 2012.
Com 11% de católicos, a outra área que registra uma crescimento constante de batizados é a Ásia, depois do “continente negro” a segunda em perseguições. Apesar da difusão capilar das seitas evangélicas, se consolida depois a posição da América com o 49% dos católicos batizados no mundo. Estável também a incidência na Oceania.
Fala-se muito das vocações em declínio. Não se especifica, porém, que esta tendência negativa refere-se somente ao mundo ocidental. De 2005 a 2012, na verdade, o número total de sacerdotes aumentou em dois pontos percentuais. Passou-se dos 406.411 sacerdotes divididos em 269.762 diocesanos e 136.649 religiosos, aos 414.313, dos quais 279.561 membros do clero diocesano e 134.752 membros do clero religioso.
O crescimento é maior entre os seminaristas. Se em 2005 havia 114.439, em 2012 haviam 120.051, registrando um aumento de 4,9%. Liderando a classificação, neste caso, é a Ásia, com um crescimento de 18%, seguida da África, com o 17,6%, e da Oceania com 14,2%. Ligeira a diminuição na América (-2,8%), enquanto é consistente o declínio na Europa, onde de 2005 ao 2012 o número de jovens que entram no seminário sofreu um declínio de 13,2%. Uma análise detalhada dos dados relativos às vocações sacerdotais no mundo foi realizado por Vittorio Formenti e Enrico Nenna, do Departamento central de estatísticas da Santa Sé.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Presidente do CELAM: a Teologia da Libertação está muito velha ou mesmo morta

Os membros da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) encerraram a sua tradicional visita anual à Santa Sé, cuja finalidade é encontrar-se com o papa e tratar de assuntos relacionados com a vida e missão da Igreja na América Latina. Nesta terça-feira, 27, eles ofereceram uma entrevista coletiva na sede da Pontifícia Comissão para a América Latina, abordando uma série de temas.
ZENIT perguntou sobre a teologia da libertação: o que pensam hoje, a este respeito, os sacerdotes e seminaristas, considerando que os expoentes da teologia da libertação são já idosos?
O presidente do CELAM, dom Carlos Aguiar Retes, respondeu: “De fato, as figuras relevantes da teologia da libertação são pessoas idosas, e a expressão do que ela já foi está muito velha, se não é que já está morta”.
“Hoje em dia não temos mais essa questão da teologia da libertação, que tinha sido colocada com uma base sociológica que não se encaixava na base teológica. Esse foi o motivo da quebra”.
No entanto, Retes reconheceu que “houve esforços dos teólogos da libertação que tentaram de alguma forma iluminar a teologia. Foi nos anos 1970, 1980, talvez no começo dos anos 1990”.
“Hoje, graças a Deus, temos uma reflexão teológica muito mais sapiencial, que não deixa de lado a necessária libertação do homem integral. Não é mais por meio luta de classes, com a confrontação entre ricos e pobres, porque, como sabemos, para a Igreja, esse não é o caminho para uma libertação social”.
Citando o bispo auxiliar de Valparaíso, dom Santiago Silva, também presente na conferência, Retes declarou: “A questão é mostrar o rosto misericordioso de Deus Pai, a ternura de Deus entre nós, que faça crescer a condição humana, a humanidade da pessoa; que faça crescer a família como o núcleo onde se educa e se faz a pessoa crescer; e ter muito cuidado para preparar as novas gerações, para que, no futuro, elas possam ter essa consciência, sendo líderes em todos os campos, social, econômico e político”.
O presidente do CELAM no período 2011-2015 precisou ainda que a tarefa “é de médio prazo e o papa Francisco a descreveu perfeitamente na exortação apostólica Evangelii Gaudium. É uma atitude crítica, de discernimento e de ação pastoral, da dimensão social da fé”.
A fé tem como consequência, se for autêntica, um desenvolvimento positivo da humanidade, concluiu o presidente do CELAM.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O papa responde às perguntas dos jornalistas no voo de volta da Terra Santa



Na viagem de volta da Terra Santa a Roma, a bordo do Boeing 777 da companhia israelense El-Al, o papa Francisco saudou os jornalistas que o acompanharam no voo e respondeu a onze perguntas sem fugir de nenhum tema. Não faltaram no papa, segundo as agências, “o candor e o senso de humor que o caracterizam”.
Sobre o encontro que se realizará em junho no Vaticano entre o presidente de Israel, Shimon Peres, e o do Estado Palestino, Abbu Mazen, o Santo Padre redimensionou o fato esclarecendo que não é uma mediação de paz: "Nós vamos nos reunir para rezar. Depois, todos voltam para a sua casa". Mas completou: "Eu acho que a oração é importante, e é importante que nós rezemos juntos".
Sobre a proposta de Paulo VI de fazer de Jerusalém uma cidade com status internacional, Francisco disse: "Há muitas propostas. O Vaticano tem a sua posição do ponto de vista religioso: uma cidade de paz para as três religiões (...) É necessário ter muita coragem e eu rezo muito a nosso Senhor para que esses presidentes tenham a coragem de ir em frente".
Outro tema levantado durante o voo foi o celibato eclesiástico. O papa recordou aos jornalistas que não se trata de um "dogma de fé" e que existem sacerdotes casados em diversos ritos orientais da Igreja católica. Por não ser um dogma, é um tema que sempre pode ser discutido. No entanto, o papa observou que os temas “em cima da mesa” neste momento são outros. Francisco reiterou, ainda assim, que o celibato “é uma regra de vida; eu o aprecio muito e acredito que é um dom para a Igreja".
Outra das perguntas tratou dos casos de abusos sexuais por parte de clérigos. O papa reforçou a postura de “tolerância zero” a qualquer eclesiástico que cometa esse crime e acrescentou que, em junho, receberá no Vaticano um grupo de seis vítimas de abusos sexuais e as convidará para a missa cotidiana que ele celebra na Casa Santa Marta. O papa revelou que existem três bispos sendo investigados, mas não esclareceu se por terem cometido abusos ou por terem ocultado abusos de outros clérigos. “Ninguém tem privilégios. É um crime horrível que trai o Corpo do Senhor”, disse o papa, declarando também que os abusos, por profanarem as vítimas e, nelas, o Corpo de Cristo, "são piores do que as missas negras".
Sobre a possibilidade de outro papa renunciar e se tornar emérito a exemplo de Bento XVI, Francisco disse que o predecessor abriu esta possibilidade. “Temos que ver o papa emérito como uma instituição. Só Deus sabe se haverá outras [renúncias], mas a porta está aberta". Francisco afirmou que não tem um programa prefixado e que, no momento oportuno, "farei o que nosso Senhor me disser: rezar e tentar encontrar a vontade de Deus. Mas acredito que Bento XVI não foi um caso único".
O papa Francisco respondeu também sobre a reforma da Cúria Romana: “Chegamos a um bom ponto. Consultamos toda a Cúria e agora começamos a estudar as coisas para tornar a organização mais ágil; por exemplo, unificando alguns dicastérios”.
Um dos pontos-chave, disse o papa, "é o econômico. Por isso é que o dicastério de economia tem que trabalhar com a Secretaria de Estado". Em breve, Francisco dedicará quatro dias de trabalho ao tema e, em setembro, outros quatro. "Ainda não vemos todos os resultados, mas a parte econômica é a que veio à luz primeiro (...) O caminho da persuasão é muito importante", porque "há algumas pessoas que ainda não veem com clareza". Sobre o Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido popularmente como “o banco vaticano”, Francisco disse que "foram fechadas 1600 contas bancárias, de pessoas que não tinham direito [a manter contas na instituição]. O IOR deve servir para ajudar a Igreja. Quem tem direito [a manter contas] são os bispos e as dioceses, os empregados do Vaticano e as viúvas deles, as embaixadas e mais ninguém".
Quanto ao Sínodo da Família, o papa declarou que ele tratará “das riquezas e da situação atual da família: mas eu não gostei de ver que muitas pessoas, inclusive na Igreja, disseram que o sínodo é para dar a comunhão aos divorciados que voltaram a se casar, como se tudo se reduzisse a uma casuística. Hoje sabemos que a família está em crise, é uma crise mundial, os jovens não querem se casar e apenas vivem juntos. Não gostaria que caíssemos nesta casuística de poder ou não poder dar a comunhão”.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Jerusalém: Francisco e Shimon Peres plantam a oliveira da paz

O Santo Padre e o presidente de Israel, Shimon Peres, saíram aos jardins do Palácio Presidencial, em Jerusalém, para plantar juntos uma oliveira da paz. Enquanto faziam um pequeno passeio pelos jardins, o presidente explicava detalhes do local para Francisco.
Um coral de crianças de diferentes credos entoou um aleluia quando o papa e o presidente chegaram ao jardim. Depois do canto, o presidente israelense fez o seu discurso afirmando que "temos de renovar o passado e caminhar rumo ao novo. Nosso desejo é o de caminhar pela estrada da paz verdadeira (...) Queremos trabalhar juntos, cristãos, judeus, hebreus e muçulmanos, e construir um mundo onde haja irmandade".
Após um abraço entre ambos, o Santo Padre fez o seu pronunciamento.
Francisco observou que "os Lugares Santos não são museus nem monumentos para turistas, mas lugares onde as comunidades de crentes vivem a sua fé, a sua cultura, as suas obras de caridade". Por isso, "devem ser salvaguardados para sempre na sua sacralidade, tutelando-se não só o legado do passado, mas também as pessoas que os visitam hoje e que os visitarão no futuro". Francisco desejou que Jerusalém seja verdadeiramente a Cidade da Paz: "Que resplandeça plenamente a sua identidade e o seu carácter sagrado, o seu valor universal religioso e cultural, como tesouro para toda a humanidade", pediu.
O papa manifestou o seu reconhecimento e admiração por Peres, "homem de paz e artífice de paz". A construção da paz, afirmou o Santo Padre, exige o respeito pela liberdade e pela dignidade da pessoa humana, que judeus, cristãos e muçulmanos consideram igualmente criada por Deus e destinada à vida eterna. Ele renovou o desejo "de que se evitem, por parte de todos, as iniciativas e os atos que contradizem a declarada vontade de um verdadeiro acordo; que não nos cansemos de procurar a paz com determinação e coerência".
O pontífice destacou que deve ser "firmemente rejeitado tudo o que se opõe à conquista da paz e de uma respeitosa convivência entre judeus, cristãos e muçulmanos", como é o caso do recurso à violência e ao terrorismo, da discriminação racial e religiosa, da pretensão de impor o próprio ponto de vista em detrimento dos direitos do outro, do antissemitismo, da violência e das manifestações de intolerância contra pessoas e lugares de culto, sejam judaicos, cristãos ou muçulmanos.
O Santo Padre recordou que os fiéis cristãos que vivem no Estado de Israel "desejam oferecer, a partir da sua própria identidade, uma contribuição ao bem comum e à construção da paz, como cidadãos de pleno direito que, rejeitando todo extremismo, se esforçam para ser artífices de reconciliação e de concórdia".
Ao terminar o discurso, o papa assegurou ao presidente a sua constante súplica a Deus "pela conquista da paz e, com ela, dos bens inestimáveis que a acompanham, como a segurança, a tranquilidade de vida, a prosperidade, a fraternidade". Francisco voltou seu pensamento também "a todos os que sofrem as consequências das crises ainda abertas na região do Oriente Médio, para que, o antes possível, sejam aliviados os seus pesares mediante a honrosa resolução dos conflitos".
O encontro foi encerrado novamente com música: um jovem cantou em hebraico e uma moça em espanhol a canção “Gracias a la vida”, ao ritmo de uma guitarra espanhola. Os dois cantores tiveram o acompanhamento do coral das crianças.
O Santo Padre tinha sido convidado a um almoço privado, junto com a sua delegação, no Centro Notre Dame de Jerusalém, mas preferiu mudar a programação e foi almoçar com os franciscanos.

Fonte:Zenit.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento

Neste Lugar, onde nasceu o Príncipe da Paz, desejo fazer um convite a Vossa Excelência, Senhor Presidente Mahmoud Abbas, e ao Senhor Presidente Shimon Peres para elevarem, juntamente comigo, uma intensa oração, implorando de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração.



Todos desejamos a paz; tantas pessoas a constroem dia a dia com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a fadiga de tantas tentativas para a construir. E todos – especialmente aqueles que estão colocados ao serviço do seu próprio povo – temos o dever de nos fazer instrumentos e construtores de paz, antes de mais nada na oração.
Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento. Todos os homens e mulheres desta Terra e do mundo inteiro pedem-nos para levarmos à presença de Deus a sua ardente aspiração pela paz.
* * *
Queridos irmãos e irmãs!

Estando para concluir esta celebração, dirijamos o nosso pensamento para Maria Santíssima, que aqui mesmo, em Belém, deu à luz o seu filho Jesus. A Virgem, mais do que ninguém, contemplou Deus no rosto humano de Jesus. Ajudada por São José, envolveu-O em panos e reclinou-O na manjedoura.
A Ela confiamos este território e quantos nele habitam para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. Confiamos também os peregrinos que vêm aqui para beber nas fontes da fé cristã – estão presentes também nesta Santa Missa.
Velai, ó Maria, pelas famílias, os jovens, os idosos. Velai por aqueles que perderam a fé e a esperança; confortai os doentes, os encarcerados e todos os atribulados; sustentai os Pastores e toda a comunidade dos fiéis para que sejam «sal e luz» nesta terra bendita; sustentai as obras educativas, em particular aBethlehem University.
Contemplando a Sagrada Família aqui, em Belém, espontaneamente o meu pensamento recorda Nazaré, onde espero poder ir, se Deus quiser, noutra ocasião. Daqui abraço os fiéis cristãos que vivem na Galileia e encorajo a realização em Nazaré do Centro Internacional para a Família.
À Virgem Santa confiemos os destinos da humanidade, para que no mundo se descerrem os horizontes novos e promissores da fraternidade, da solidariedade e da paz.

Fonte: Zenit.

domingo, 25 de maio de 2014

Papa Francisco e Patriarca Bartolomeu assinam Declaração comum



Ponto alto da viagem do Santo Padre à Terra Santa, realizou-se no final da tarde deste domingo o tão aguardado encontro do Papa Francisco com o Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I. O encontro teve lugar na Delegação Apostólica de Jerusalém, onde, 50 anos atrás, se verificou o histórico abraço entre Paulo VI e Atenágoras.
Marcado de grande comoção e carregado de grande significado ecumênico, o encontro deu-se de forma privada, na presença do cardeal secretário de estado, Pietro Parolin, e do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.
O Pontífice e o Patriarca assinaram uma Declaração comum, cujo texto propomos a seguir, na íntegra:
1. Como os nossos venerados predecessores Papa Paulo VI e Patriarca Ecuménico Atenágoras, que se encontraram aqui em Jerusalém há cinquenta anos, também nós – Papa Francisco e Patriarca Ecuménico Bartolomeu – decidimos encontrar-nos na Terra Santa, «onde o nosso Redentor comum, Cristo nosso Senhor, viveu, ensinou, morreu, ressuscitou e subiu aos céus, donde enviou o Espírito Santo sobre a Igreja nascente» (Comunicado comum de Papa Paulo VI e Patriarca Atenágoras, publicado depois do seu encontro de 6 de Janeiro de 1964). O nosso encontro – um novo encontro dos Bispos das Igrejas de Roma e Constantinopla fundadas respectivamente por dois Irmãos, os Apóstolos Pedro e André – é fonte de profunda alegria espiritual para nós. O mesmo proporciona uma ocasião providencial para reflectir sobre a profundidade e a autenticidade dos vínculos existentes entre nós, vínculos esses fruto de um caminho cheio de graça pelo qual o Senhor nos guiou desde aquele abençoado dia de cinquenta anos atrás.
2. O nosso encontro fraterno de hoje é um passo novo e necessário no caminho para a unidade, à qual só o Espírito Santo nos pode levar: a unidade da comunhão na legítima diversidade. Com profunda gratidão, relembramos os passos que o Senhor já nos permitiu realizar. O abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras aqui em Jerusalém, depois de muitos séculos de silêncio, abriu a estrada para um gesto epocal: a remoção da memória e do meio da Igreja dos actos de recíproca excomunhão de 1054. Isso foi seguido por uma troca de visitas entre as respectivas Sés de Roma e de Constantinopla, por uma correspondência regular e, mais tarde, pela decisão anunciada pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Dimitrios, ambos de abençoada memória, de se iniciar um diálogo teológico na verdade entre católicos e ortodoxos. Ao longo destes anos, Deus, fonte de toda a paz e amor, ensinou-nos a olhar uns para os outros como membros da mesma família cristã, sob o mesmo Senhor e Salvador Jesus Cristo, e a amar-nos de tal modo uns aos outros que podemos confessar a nossa fé no mesmo Evangelho de Cristo, tal como foi recebida pelos Apóstolos e nos foi expressa e transmitida a nós pelos Concílios Ecuménicos e pelos Padres da Igreja. Embora plenamente conscientes de ainda não ter atingido a meta da plena comunhão, hoje reafirmamos o nosso compromisso de continuar a caminhar juntos rumo à unidade pela qual Cristo nosso Senhor rezou ao Pai pedindo que «todos sejam um só» (Jo 17, 21).
3. Bem cientes de que a unidade se manifesta no amor de Deus e no amor do próximo, olhamos com ansiedade para o dia em que poderemos finalmente participar juntos no banquete eucarístico. Como cristãos, somos chamados a preparar-nos para receber este dom da comunhão eucarística, segundo o ensinamento de Santo Ireneu de Lião (Contra as Heresias, IV, 18, 5: PG 7, 1028), através da confissão de uma só fé, a oração perseverante, a conversão interior, a renovação da vida e o diálogo fraterno. Ao alcançar esta meta esperada, manifestaremos ao mundo o amor de Deus, pelo qual somos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo (cf. Jo 13, 35).
4. Para tal objectivo, o diálogo teológico realizado pela Comissão Mista Internacional oferece uma contribuição fundamental na busca da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Ao longo dos sucessivos tempos vividos sob os Papas João Paulo II e Bento XVI e o Patriarca Dimitrios, foi substancial o progresso dos nossos encontros teológicos. Hoje exprimimos vivo apreço pelos resultados obtidos até agora, bem como pelos esforços actuais. Não se trata de mero exercício teórico, mas de uma exercitação na verdade e no amor, que exige um conhecimento ainda mais profundo das tradições de cada um para as compreender e aprender com elas. Assim, afirmamos mais uma vez que o diálogo teológico não procura o mínimo denominador comum teológico sobre o qual se possa chegar a um compromisso, mas busca aprofundar o próprio conhecimento da verdade total que Cristo deu à sua Igreja, uma verdade cuja compreensão nunca cessará de crescer se seguirmos as inspirações do Espírito Santo. Por isso, afirmamos conjuntamente que a nossa fidelidade ao Senhor exige um encontro fraterno e um verdadeiro diálogo. Tal busca comum não nos leva para longe da verdade; antes, através de um intercâmbio de dons e sob a guia do Espírito Santo, levar-nos-á para a verdade total (cf. Jo 16, 13).
5. Todavia, apesar de estarmos ainda a caminho para a plena comunhão, já temos o dever de oferecer um testemunho comum do amor de Deus por todas as pessoas, trabalhando em conjunto ao serviço da humanidade, especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana em todas as fases da vida e da santidade da família assente no matrimónio, na promoção da paz e do bem comum e dando resposta ao sofrimento que continua a afligir o nosso mundo. Reconhecemos que a fome, a pobreza, o analfabetismo, a distribuição desigual de recursos devem ser constantemente enfrentados. É nosso dever procurar construir juntos uma sociedade justa e humana, onde ninguém se sinta excluído ou marginalizado.
6. É nossa profunda convicção que o futuro da família humana depende também do modo como protegermos – de forma simultaneamente prudente e compassiva, com justiça e equidade – o dom da criação que o nosso Criador nos confiou. Por isso, arrependidos, reconhecemos os injustos maus-tratos ao nosso planeta, o que aos olhos de Deus equivale a um pecado. Reafirmamos a nossa responsabilidade e obrigação de fomentar um sentimento de humildade e moderação, para que todos possam sentir a necessidade de respeitar a criação e protegê-la cuidadosamente. Juntos, prometemos empenhar-nos na sensibilização sobre a salvaguarda da criação; apelamos a todas as pessoas de boa vontade para tomarem em consideração formas de viver menos dispendiosas e mais frugais, manifestando menos ganância e mais generosidade na protecção do mundo de Deus e para benefício do seu povo.
7. Há também urgente necessidade de uma cooperação efectiva e empenhada dos cristãos para salvaguardar, por todo o lado, o direito de exprimir publicamente a própria fé e de ser tratados equitativamente quando promovem aquilo que o cristianismo continua a oferecer à sociedade e à cultura contemporânea. A este propósito, convidamos todos os cristãos a promoverem um diálogo autêntico com o judaísmo, o islamismo e outras tradições religiosas. A indiferença e a ignorância mútua só podem levar à desconfiança e mesmo, infelizmente, ao conflito.
8. Desta cidade santa de Jerusalém, exprimimos a nossa comum e profunda preocupação pela situação dos cristãos no Médio Oriente e o seu direito de permanecerem plenamente cidadãos dos seus países de origem. Confiadamente voltamo-nos para Deus omnipotente e misericordioso, elevando uma oração pela paz na Terra Santa e no Médio Oriente em geral. Rezamos especialmente pelas Igrejas no Egipto, Síria e Iraque, que têm sofrido mais pesadamente por causa dos eventos recentes. Encorajamos todas as Partes, independentemente das próprias convicções religiosas, a continuarem a trabalhar pela reconciliação e o justo reconhecimento dos direitos dos povos. Estamos convencidos de que não são as armas, mas o diálogo, o perdão e a reconciliação, os únicos meios possíveis para alcançar a paz.
9. Num contexto histórico marcado pela violência, a indiferença e o egoísmo, muitos homens e mulheres de hoje sentem que perderam as suas referências. É precisamente através do nosso testemunho comum à boa notícia do Evangelho que seremos capazes de ajudar as pessoas do nosso tempo a redescobrirem o caminho que conduz à verdade, à justiça e à paz. Unidos nos nossos intentos e recordando o exemplo dado há cinquenta anos aqui em Jerusalém pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, apelamos a todos os cristãos, juntamente com os crentes das diferentes tradições religiosas e todas as pessoas de boa vontade, que reconheçam a urgência deste tempo que nos obriga a buscar a reconciliação e a unidade da família humana, no pleno respeito das legítimas diferenças, para bem de toda a humanidade actual e das gerações futuras.
10. Ao empreendermos esta peregrinação comum até ao lugar onde o nosso e único Senhor Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e ressuscitou, humildemente confiamos à intercessão da Santíssima e Sempre Virgem Maria os nossos futuros passos no caminho rumo à plenitude da unidade e entregamos ao amor infinito de Deus toda a família humana.

«O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz!» (Nm 6, 25-26).

Jerusalém, 25 de Maio de 2014.

Fonte: Rádio Vaticano.

sábado, 24 de maio de 2014

Domingo, 25 de maio, o Papa almoçará com cinco famílias palestinas

Cinco famílias agraciadas almoçarão com o Papa Francisco, domingo, 25 de maio, depois da Missa que o Pontífice celebrará na praça da Natividade em Belem. O anúncio foi feito por Mons. Williamo Shomali, bispo auxiliar de Jerusalém e vigário patriarcal para a Palestina, explicando que as cinco famílias representam várias categorias de “necessitados”, não no sentido de “pobres que não têm o pão de cada dia ou sem tetos”, mas sim pessoas que “sofrem por razões humanitárias, políticas e sociais”.
A iniciativa responde ao desejo do Papa de "passar tempo com famílias pobres, com seus filhos, para ouvir as suas vozes e testemunhar a sua proximidade”, afirma o prelado. À mesa com o Santo Padre estarão, portanto, uma família de Ikrit, vilarejo do norte da Galileia, evacuado e arrasado em 1948 pelo exército israelense; umas das 58 famílias da região de Cremisan em Beit Jala, territórios que  correm o risco de se dividirem pelo muro de separação que Israel pretende construir naquela área; uma família “com um filho condenado à prisão perpétua e um exilado em Gaza por razões políticas, e uma família proveniente de Gaza.
Por fim, estará também presente um núcleo composto por pessoas que lutam pelo reencontro familiar já que um dos dois cônjuges é de Jerusalém e o outro dos Territórios Palestinos. De acordo com a lei israelense, explica mons. Shomali, “é difícil dar ao cônjuge palestino uma permissão de residência permanente em Jerusalem”. No total serão vinte pessoas que compartilharão o momento de convívio juntamente com o Sucessor de Pedro.

Fonte: Zenit -  (Trad.TS)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mais de 400 rabinos e expoentes judeus dos EUA manifestam suas boas-vindas ao papa



Nos Estados Unidos, mais de 400 pessoas, entre rabinos e personalidades destacadas do mundo judaico, assinaram uma mensagem de boas-vindas a Israel para o papa Francisco. A informação é do diário vaticano L'Osservatore Romano, que adianta que a mensagem será publicada no jornal israelense Haaretz no próximo domingo, 25.
A viagem do Santo Padre à Terra Santa durará três dias e começa neste sábado, 24 de maio. Ele visitará a Jordânia, a Palestina e Israel.
A iniciativa é promovida pela presidente do Centro para o Diálogo Inter-Religioso, Angelica Berrie, e pelo rabino Jack Bemporad, diretor do Centro João Paulo II para o Diálogo Inter-Religioso, com sede na Universidade Pontifícia Santo Tomás de Aquino, de Roma.
O rabino Bemporad afirmou que “todos os líderes judeus reconhecem que o diálogo é essencial para a compreensão autêntica e para um apreço recíproco”. Ele recordou que “o papa Francisco disse, claramente, que quer construir pontes entre todas as religiões para se alcançar a paz no mundo".
A carta de boas-vindas foi assinada pelos rabinos e líderes religiosos de todas as confissões judaicas.

Fonte: Zenit.

Santa Rita de Cássia



Rita nasceu no dia 22 de maio de 1381 na região da Úmbria em um lugarejo chamado Roccaporena na Itália. Filha do casal Antônio Mancini e Amada Ferri, Rita foi fruto da velhice do casal que pedia a Deus a graça de conceberem. Trabalhavam na lavoura e apesar de serem analfabetos, os pais de Rita transmitiram-lhe com zelo e fervor o conhecimento de Jesus Cristo e das virtudes cristãs.
A jovem crescia em graça e santidade e o conhecimento de Deus a impulsionava cada vez mais a consagrar sua vida. Meditava por horas recolhida em seu quarto e fazia penitência. Mas seu impulso foi contido pela proposta de casamento imposta por seus pais. A jovem não queria contrariá-los e casou-se com um jovem chamado Paolo di Ferdinando. Rita sofreu muito, pois seu esposo era um homem revoltado, violento e sem temor a Deus. Suportou com resignação e piedade todas as dificuldades vividas neste tempo e o casal deu a luz a duas crianças: Giovanni Tiago e Paolo Maria. Tamanho foi o testemunho dado por Rita que o esposo veio a mudar sua conduta e caminhar para Deus, mas logo foi assassinado por seus inimigos e os filhos após um ano da morte do pai vieram a falecer também.
A imensa dor vivida por Rita gerou grandes frutos de santidade e amor. Iniciou um trabalho de acolhimento e assistência aos pobres e enfermos e pediu ingresso no Convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena. Encontrou resistência, pois na época viúvas não eram aceitas, mas sua paciência, piedade e a intercessão de seus santos protetores lhe concederam a almejada aceitação. Dedicou-se ainda mais aos trabalhos de caridade e certa vez foi colocada à prova tendo que regar um ramo de videira seco que depois de um ano fez brotar galhos verdes e viçosos. No ano de 1443, foi à cidade de Cássia para vivenciar a Quaresma e tamanha foi sua experiência de amor com Cristo crucificado que em oração desejou participar de seu sofrimento. Recebeu então em sua testa um espinho da coroa de Jesus. Este estigma a acompanhou por quinze anos.
Rita de Cássia faleceu no dia 22 de maio de 1457. Em 1900 foi beatificada pelo Papa Leão XIII. Seu corpo permanece até hoje incorruptível.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Aparecida recebe I Congresso Americano da Infância e Adolescência Missionária

Nos próximos dias 23, 24 e 25 de maio o Brasil vai receber o I Congresso Americano da Infância e Adolescência Missionária (IAM). São esperadas mais de 700 pessoas para o encontro que será realizado na arquidiocese brasileira de Aparecida, em São Paulo. Deste número, 500 são provenientes de todos os estados do Brasil.
 
Com o tema IAM da América Latina a serviço da missão e lema Vocês são meus amigos (Jo 15,14), o encontro pretende comemorar os 170 anos de fundação das Pontifícia Obra da Infância e Adolescência a serviço do continente americano.
Organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), o congresso ainda quer estreitar laços entre os assessores e secretários nacionais da Obra para fortalecer a comunhão missionária a que são chamados, seguindo a espiritualidade do fundador da POM, dom Carlos Forbin Janson.
Os congressistas serão recebidos por paróquias e famílias das cidades de Aparecida e Guaratinguetá para a participação de uma rica programação. Haverá painéis temáticos em português e espanhol, fóruns, testemunhos, noite cultural e missa no Santuário Nacional de Aparecida e nas paróquias da localidade.
A Drª J. Baptistine Ralamboarison, secretária-geral da POM, vem diretamente de Roma para participar do congresso, que terá a maior das atividades realizadas no auditório do Santuário Nacional e na Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, em Guaratinguetá.

IAM

De 2013 a 2014, a POM celebra o ano da IAM no Brasil. No país, cerca de 30 mil iniciativas atendem 260 mil crianças e adolescentes. Com sede em Brasília, a POM tem coordenadores em todos os estados e no Distrito Federal. O maior desafio atualmente é o aumento do número de coordenações e integração entre elas para que o carisma da POM seja levado a mais pessoas.


POM
A POM é uma instituição da Igreja Católica que procura despertar e promover o espírito missionário universal. Com este carisma, auxilia os organismos eclesiais no fomento do movimento missionário para a evangelização de todos os povos. Entre os objetivos, estão:
- Infundir nos católicos, desde a infância, o sentido verdadeiramente universal e missionário, despertando
a responsabilidade para o compromisso na evangelização em todo o mundo;
- Cooperar com a oração, sacrifícios e testemunho de vida cristã em favor das missões;
- Estimular a coleta eficaz para ajudar todas as missões, segundo a necessidade de cada uma;  recuperando o espírito de solidariedade e partilha fraternas das primeiras comunidades cristãs;
- Suscitar vocações ad gentes e por toda a vida, tanto nas Igrejas de antiga fundação como nas jovens. O   testemunho firme da fé manifesta-se no compromisso, na promoção e apoio das vocações missionárias;
- Organizar, de forma missionária, as comunidades eclesiais em todos os níveis.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Dialogar com as outras religiões não significa relativizar a fé cristã

É um profundo "obrigado" o que o Papa Francisco endereçou ao cardeal Jean-Louis Tauran pelo trabalho realizado pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso nos últimos 50 anos desde a sua fundação. O Departamento foi instituto 19 de maio de 1964 pelo Servo de Deus Papa Paulo VI, em sua Carta Apostólica Progrediente Concilio, com o nome de “Secretariado para os Não-Cristãos".
Em sua mensagem para a ocasião, o Papa recorda a própria gênese do Pontifício Conselho acontecida na bonita estação do Concílio Vaticano II, “caracterizada por uma grande abertura". Na época - recorda o Santo Padre – “a Igreja sentia-se animada por um sincero desejo de encontro e diálogo com a humanidade toda”. Tal diálogo “é possível somente a partir da própria identidade”, destaca, porque, como demonstrado por João Paulo II, “diálogo e anúncio não se excluem mutuamente, mas têm uma ligação íntima”. Porém eles – destaca o Pontífice – devem ser mantidos “separados” e não devem ser “nem confundidos, nem instrumentalizados, nem considerados idênticos ou intercambiáveis​​".
Neste sentido, a Igreja “deseja estar próxima e ser companheira de estrada de cada homem", como Cristo com os discípulos de Emaús. "Esta disponibilidade de caminhar junto - mostra o Papa – é muito necessária no nosso tempo, marcado por profundas, e nunca antes conhecidas, interações entre povos e culturas diversas”.
De fato, a Igreja "sempre estará mais comprometida a percorrer o caminho do diálogo e a intensificar a cooperação, já frutuosa, com todos aqueles que, pertencentes a diferentes tradições religiosas, compartilham a vontade de construir relações de amizade e participam das diferentes iniciativas de diálogo”.
Um diálogo que, porém – afirma Francisco -  não significa "relativizar a fé cristã". Nesta perspectiva, é apreciado o trabalho realizado pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso no último meio século. A esperança do Bispo de Roma é que esse diálogo possa continuar “com renovado impulso a própria missão, que poderá ajudar bastante a causa da paz e o autêntico progresso dos povos”.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Facebook: uma meditação sobre o céu, o inferno e o sacramento da reconciliação

Era o dia 4 de outubro de 2012 quando o Facebook chegou ao montante estratosférico de 1 bilhão de usuários cadastrados. O fato não passou despercebido e com razão: nenhuma outra rede social, pode gabar-se de ter conseguido um alcance assim: “Na manhã de hoje, mais de 1 bilhão de pessoas estão usando o Facebook a cada mês ativamente”, escreveu Mark Zuckerberg em seu próprio perfil. E continuava: "Se você está lendo isso: obrigado por dar a mim e à minha pequena equipe a honra de servir-lhes. Ajudar a 1 bilhão de pessoas a se conectar é incrível, me enche de humildade e é de longe a conquista da qual mais me orgulho em toda a minha vida. Estou comprometido a trabalhar a cada dia para fazer que o Facebook seja melhor para vocês e, com esperança, algum dia também poderemos conectar o resto do mundo”.
Em contraste, tornou-se menos conhecido um fato que não é para subestimar: de acordo com um informe realizado em março de 2013 pelo fundador de Entrusted, Nate Lustig, no Facebook, haveria 30 milhões de mortos. Esses "perfis" seriam de pessoas que teriam se cadastrado como usuários e que, em diferentes momentos e por razões diversas, morreram, deixando um patrimônio digital nessa rede social.
Quem se cadastra em uma rede social como o Facebook o faz, na grande maioria dos casos, para compartilhar com seus amigos a própria vida através de fotos, comentários, vídeos, links, etc. Assim, o mural pessoal do Facebook se transforma em uma linha do tempo da própria existência: uma espécie de baú da lembrança no qual experiências vão sendo acumuladas.
Em muitas ocasiões, as pessoas visitam os murais de outras para conhecer um pouco sobre elas ou para atualizar-se sobre o que essa outra pessoa fez e compartilhou em datas recentes ou remotas. No caso dos perfis das pessoas mortas, tornam-se uma espécie de “filme digital” que permite repassar a vida dos defuntos.
O que tem isto a ver com o céu e o inferno? A doutrina católica afirma que na hora da morte nos apresentamos diante de Deus para o nosso juízo particular. Esse juízo será da própria vida e o resultado final são duas opções: o céu ou o inferno. Mantendo-nos no número informado, podemos dizer que 30 milhões de ex usuários do Facebook apresentaram como matéria do seu exame pessoal de vida também os conteúdos que livremente publicaram.
Sendo as redes sociais uma realidade tão jovem, os mortos que as usaram são, por assim dizer, aqueles que agora estão acrescentando ao seu próprio juízo particular diante de Deus os bons ou maus conteúdos colocados no seu próprio perfil pessoal. Que isso leve a um exame sobre aquilo que os que ainda estamos vivos compartilhamos no Facebook não parece  algo secundário para um católico que tenha a disponibilidade e a convicção de querer viver como tal (e a segurança de que chegará o próprio turno diante do tribunal de Deus). Quantas palavras superficiais, fofocas, são ditas nas redes sociais; quantos ataques contra pessoas e instituições em tantos murais do Facebook! Pensemos naquelas fotografias onde se poderia pensar em tantas coisas menos que a pessoa que a compartilha é um discípulo de Jesus Cristo. Quanta vaidade em certos materiais e quanta inveja refletida em outros!
Lembrar tudo o que contradiz o que afirmamos crer não é uma ocasião para apaga-los (ação possível, além do mais), mas para levar o nosso pensamento a outra realidade não menos importante do ensinamento católico. Entre os sacramentos que Jesus Cristo instituiu encontra-se o da penitência. Por meio da confissão e perdão dos nossos pecados – de acordo com a prática da Igreja – ficamos limpos e em condições de seguir o caminho do céu. Por assim dizer, pelo sacramento da reconciliação Deus não somente apaga aqueles conteúdos moralmente reprováveis que colocamos no Facebook, mas, além do mais, esquece voluntariamente que os tenhamos colocado.
Em meados de maio de 2014 um acórdão do Tribunal de Justiça Europeu decidiu em favor do direito dos cidadãos ao assim chamado “esquecimento digital”. Dessa forma, webs como Google ficam obrigadas a apagar todo o rastro de dados de pessoas para que o seu direito à privacidade seja assegurado. Em muitos casos, as pessoas que recorrem a este direito, o fazem porque querem desvincular-se de uma parte das suas vidas normalmente relacionadas a erros que lhes trouxeram descréditos ou o não querer ficar associados a determinado modo de pensar que já não é o seu. Não é maravilhoso pensar que o primeiro que nos presenteia o dom do esquecimento é Deus mesmo quando nos perdoa no sacramento que instituiu para isso? A sentença europeia é, por assim dizer, algo que Deus já fazia e não somente no âmbito digital.
O Cura d'Ars tem um pensamento aplicável ao que estamos tratando: “O bom Deus sabe de tudo. Antes mesmo de que você se confesse, já sabe que vai pecar de novo e, apesar disso, lhe perdoa. Como é grande o amor do nosso Deus que o leva até mesmo a esquecer-se voluntariamente do futuro, para assim perdoar-nos!”. Certamente o tempo que nos fica de vida não supõe um muro de Facebook imaculado. Mas, talvez sim, poderemos ter mais presente que no final da nossa vida também deveremos prestar contas do que fizemos aí ou deixamos de fazer. Ou em outras palavras: em cada publicação vamos merecendo o céu... ou o inferno.
No contexto dos seus primeiros 10 anos de existência, em dezembro de 2013, o Facebook deu a seus usuários a chamada "Timeline Movie Maker”: o filme da própria vida que era possível conseguir com um simples clique. Talvez será também o que Deus vai querer presentear-nos para que junto com ele olhemos ao final do nosso passo por esta terra e pelo Facebook. Que possamos desfrutar e não envergonhar-nos ou arrepender-nos é algo que depende de nós, porque, afinal, somos o que publicamos.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Oração pelas vítimas da homofobia

Estes dias, em várias cidades da Itália, foram realizadas vigílias e encontros de oração por ocasião do Dia Internacional Contra a Homofobia, realizado em 17 de maio. Para lembrar as vítimas da violência, da exclusão e do preconceito. É justo fazê-lo, porque nenhum ser humano deve ser humilhado. Nenhum ser humano deve sentir-se diferente ou inferior aos outros.
A partir do presente tópico, gostaria de falar sobre uma experiência pessoal. Na década de 90 ainda trabalhava na universidade. Minha atividade jornalística era nos jornais, na rádio e na televisão. E foi nessa época que eu comecei a escrever livros.
Entre outros projetos, eu tinha em mente a ideia de escrever sobre um tema que parecia interessante: a relação entre as pessoas homossexuais e a fé. Eu não sabia por onde começar. E assim, pedi o conselho de um sacerdote que se ocupava dessa pastoral. Ele foi muito gentil e me deu a oportunidade de entrevistar fiéis homossexuisl, que ele mesmo acompanhava.
Eu não escrevi o livro, porque precisava me dedicar a outros projetos. Mas tenho boas recordações daquele tempo em que encontrei fiéis homossexuais, tempo em que conversávamos e rezávamos juntos.
Papa Francisco, respondendo aos jornalistas no caminho de volta da Jornada Mundial da Juventude no Brasil, disse: "Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?".
São belas palavras, que posso confirmar pela experiência de diálogo que eu fiz nos anos noventa. Lembro-me de ter conhecido pessoas gays, ‘muito humanas’ e com grande sensibilidade, que buscavam a Deus de verdade.
Por isso, o Santo Padre convidou-nos a não julgar. Quem somos nós para subir em um pedestal e se sentir melhor do que essas pessoas? Quem somos nós para condenar e atirar pedras? Quem somos nós para sentir desprezo? Quem somos nós para excluir e rejeitar?
Mas, vamos virar a página. Os anos noventa ficaram para trás. O advento da internet mudou literalmente o mundo e também mudou a maneira de abordar a questão da homossexualidade.
Os meios de comunicação parecem escravos de uma fixação sobre este tema, que produz uma enxurrada de notícias, muitas vezes, enganosas.
Estamos a assistir a uma espécie de lavagem cerebral para convencer o público a aceitar a possibilidade de que casais do mesmo sexo adotem crianças ou possam ter filhos por meio de inseminação artificial e barriga de aluguel.
A armadilha que se esconde por trás desses mecanismos é simples. Foi criado, em teoria, o "complexo de homofobia". Qualquer um que se atreva a defender a família fundada sobre o amor entre um homem e uma mulher é imediatamente acusado de ser "homofóbico", que significa, inimigo das pessoas homossexuais.
Mas é evidente que isso é uma contradição. É possível, de fato, respeitar plenamente os gays, como qualquer outra pessoa no mundo, sem, no entanto, compartilhar algumas de suas reivindicações.
Eu desejo unir-me na oração, com todo o meu coração, aos nossos irmãos e irmãs homossexuais no Dia Internacional Contra a Homofobia. Eu gostaria de apertá-los em um grande abraço e dizer-lhes que somos todos filhos de Deus. Busquemos as coisas que nos unem e rezemos juntos ao Senhor, em nome desses valores que estão escritos no coração de cada ser humano.
Ao mesmo tempo, eu gostaria que fosse esclarecida a palavra "homofobia", esta não deveria afetar aqueles que acreditam na família baseada no amor entre um homem e uma mulher. Eu gostaria que as pessoas gays, com sua sensibilidade, manifestassem bom senso e refletissem um pouco.
Na vida de cada dia, duas pessoas de sexos diferentes podem dar à luz a uma criança? Sim. Isso nos diz que duas pessoas de sexos diferentes também podem adotá-lo e criá-lo como se fossem seus pais naturais.
Na vida de cada dia, duas pessoas do mesmo sexo pode dar à luz a uma criança? Não. A natureza não permite. Então, por que criar a todo custo uma situação que, de fato, não existe?
Então, é correto "alugar" o corpo de uma mulher? E certo "comprar" a criança que esta mãe manteve dentro dela por nove meses? É certo que a maternidade se torne um "trabalho", uma “comércio", um "mercado" de seres humanos?
Casais do mesmo sexo que têm filhos não devem ser insultados, humilhados e marginalizados. Seus filhos são criaturas de Deus. E não existem seres humanos na série B. Isso é claro.
É justo amar, respeitar e aceitar todas as pessoas, mesmo que não compartilhemos as escolhas que fizeram. No entanto, podemos manifestar nossa pacifica dissidência com relação ao que consideramos inaceitável e injusto.

Carlo Climati - Itália.
Fonte: Zenit.

domingo, 18 de maio de 2014

Cristãos de Jerusalém pedem o direito de receber o papa e o patriarca nas ruas

“Às vésperas da visita de Sua Santidade, o papa Francisco, a Jerusalém, bem como do seu encontro com Sua Santidade, Bartolomeu I, nós reivindicamos o nosso direito legítimo de dar as boas-vindas aos nossos líderes espirituais”. A frase está na carta enviada por um grupo de cristãos de Jerusalém ao arcebispo Giuseppe Lazzarotto, núncio apostólico em Israel e delegado apostólico em Jerusalém e na Palestina, faltando menos de 10 dias para a viagem do Santo Padre à Terra Santa.
Segundo a agência de notícias Fides, a iniciativa foi lançada por alguns católicos da paróquia latina de São Salvador, na Cidade Velha. “As nossas considerações refletem as expectativas de todos os cristãos de Jerusalém”, explica Hania Kassissieh, cristã ortodoxa casada com um católico de rito latino, que ajudou a difundir a carta.
“Nós somos conscientes de que a missa pelos fiéis palestinos será celebrada em Belém, mas acreditamos que, como habitantes de Jerusalém e descendentes dos primeiros cristãos, seremos impedidos de nos reunir com os nossos pais espirituais em Jerusalém. Estamos sendo testemunhas da tentativa da ocupação israelense de impor um toque de recolher nas ruas, inclusive no bairro cristão, durante a visita. O toque de recolher é mais uma tentativa da potência ocupante de negar a nossa existência".
"É inaceitável que o papa passe pelas ruas estreitas do bairro cristão e elas estejam vazias de fiéis e de qualquer sinal de vida. Como comunidades locais da Igreja, nós somos os convidados dos nossos pais espirituais em nossa cidade. Não queremos ser excluídos de um evento religioso histórico e queremos oferecer a nossa vontade e a nossa colaboração pelo sucesso da visita”.

Fonte: Zenit.

sábado, 17 de maio de 2014

Os membros da hierarquia não são "mais" Igreja do que os leigos

Encerrou-se há poucos dias a 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Trata-se de uma ocasião privilegiada de partilha de experiências e busca de caminhos adequados para o serviço do Evangelho em nosso país. Dez dias de trabalho intenso, muita oração, decisões tomadas e planos assumidos em conjunto, num magnífico exercício do que a Igreja chama de colegialidade. É que os bispos, unidos ao Papa, vivem como um corpo, um “colégio”, a missão que lhes é confiada. Ao lado de muitos outros temas importantes, três grandes assuntos foram tratados e transformados em preciosos subsídios para a atuação evangelizadora da Igreja: a questão agrária no início do Século XXI, com um documento destinado a balizar a presença pastoral da Igreja Católica no campo; o importante texto sobre a Paróquia como Comunidade de Comunidades, amadurecido no diálogo pastoral desde o ano passado, cuja prática indica os passos missionários a serem percorridos pela Igreja no Brasil; enfim, um estudo sobre a presença dos leigos e leigas na Igreja, entregue agora ao Povo de Deus de todo o nosso país.
O texto sobre “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade” (Cf. números 70 e 71) afirma que o Concílio Vaticano II fundamentou toda a Igreja nas missões de Cristo e do Espírito Santo. É o Espírito Santo que capacita todos os batizados para participarem na obra de Cristo: todos os cristãos são chamados (como sacerdotes) à obra sacerdotal, a oferecerem as suas vidas como sacrifício espiritual; todos são chamados (como profetas) a escutar e proclamar a Palavra; todos são chamados (como administradores) a trabalhar pela vinda do Reino de Deus. (Cf. Lumen Gentium, n. 31). Todos os cristãos e, portanto, todos os homens e mulheres batizados, leigos na Igreja, não apenas pertencem à Igreja, mas “somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós, membros uns dos outros” (Rm 12, 5).
Não se deve falar em superioridade de dignidade de pertença à Igreja, quando são comparados os membros da hierarquia e os cristãos leigos – segundo esta mentalidade, os primeiros seriam “mais” Igreja do que os leigos e, portanto, mais dignos. Esta mentalidade, errônea em seu princípio, esquece que a dignidade não advém dos serviços e ministérios no interior da Igreja, mas da própria iniciativa divina, sempre gratuita, da incorporação a Cristo pelo batismo. A dignidade dos membros e a graça da filiação são comuns a todos porque o povo chamado por Deus se insere em uma realidade que é – “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4, 5). São João Paulo II (Christifideles laici, n. 11) ensinou que, ao sair das águas do batismo, “todo o cristão ouve de novo aquela voz que um dia se fez ouvir nas águas do Jordão: ‘Tu és o meu Filho muito amado’” (Lc 3, 22), e compreende ter sido associado ao Filho, tornando-se filho de adoção e irmão de Cristo.
É com esta grande liberdade que os cristãos das primeiras comunidades encontraram respostas para se organizarem, como a instituição daqueles sete homens “de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” (Cf. At 6, 1-7), aos quais foi confiada a tarefa da caridade, reservando-se os apóstolos para a oração e o serviço da Palavra. Também relatam os Atos dos Apóstolos que “na Igreja de Antioquia havia profetas e mestres. Certo dia, enquanto celebravam a liturgia em honra do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: ‘Separai para mim Barnabé e Saulo, a fim de realizarem a obra para a qual eu os chamei’. Jejuaram então e oraram, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo e os deixaram partir” (Cf. At 13, 1-3). Nascem os missionários, pouco a pouco se configuram os diversos ministérios, segundo os dons concedidos pelo Senhor. Mais para frente, a Igreja verá organizados os serviços dos Bispos, sucessores dos Apóstolos, dos Presbíteros e Diáconos. O correr da História da Igreja testemunhou o surgimento de carismas e ministérios, famílias de pessoas consagradas ao Senhor, envio missionário sempre renovado, regado pelo sangue dos mártires.
Como exercer as diversas tarefas que são confiadas aos cristãos de todas as idades e vocações? Haverá algum lugar privilegiado? Porventura alguém deve buscar os primeiros lugares? É clara a orientação do Senhor, que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mt 20, 28). Quando seus discípulos acolhem seus discursos de despedida, na última Ceia, as tensões e o medo tomavam conta de seus corações (Cf. Jo 14, 1-12). Tomé quer saber o caminho, Felipe almeja a visão do Pai, todos se sentem inseguros, a saudade mostra seu rosto. E Jesus lhes mostra um caminho que tem nome, o seu, para chegar à vida plena.  E todas as perguntas são respondidas por quem é a verdade!
A estrada mestra é a do serviço. “Como, num só corpo, temos muitos membros, cada qual com uma função diferente, assim nós, embora muitos, somos em Cristo um só corpo e, cada um de nós, membros uns dos outros. Temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada. É o dom de profecia? Profetizemos em proporção com a fé recebida. É o dom do serviço? Prestemos esse serviço. É o dom de ensinar? Dediquemos-nos ao ensino. É o dom de exortar? Exortemos. Quem distribui donativos, faça-o com simplicidade; quem preside, presida com solicitude; quem se dedica a obras de misericórdia, faça-o com alegria. O amor seja sincero. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, rivalizando-vos em atenções recíprocas” (Rm 12, 4-10).
A proposta vai contra a correnteza de toda a competição devoradora que nos envolve! Leigos e Leigas, Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Religiosas e Religiosos, todos encontrarão seu espaço quando estiverem dispostos a dar a vida uns pelos outros. Afinal, “quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará” (Mc 8, 35). Este é o lugar de todos e de cada um. Parece impossível? O Senhor Jesus é o exemplo e, mais ainda, é a fonte da graça para quem escolher seu caminho.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O encontro e a oração do papa com Bartolomeu será um momento histórico

Na tarde de 25 de maio, domingo, já na Terra Santa, o papa Francisco encontrará em Belém o patriarca ecumênico Bartolomeu. “Será um encontro privado, historicamente importantíssimo, no mesmo lugar em que Paulo VI se encontrou com Atenágoras”, afirmou hoje o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, ao apresentar à imprensa o itinerário da viagem do Santo Padre.
“Lá haverá uma declaração conjunta. Este é o primeiro dos quatro momentos em que eles se encontrarão”. Outro elemento novo é que, em seguida, quando se transferirem até o Santo Sepulcro, às 19 horas, ainda no domingo, o papa será recebido pelos três superiores do lugar que é usado e custodiado pelas três comunidades cristãs: a greco-ortodoxa, a armênia e a Custódia da Terra Santa.
Depois do discurso do patriarca ortodoxo e do papa, “será realizado um rito ecumênico e uma oração conjunta, em que eles venerarão o Santo Sepulcro. Será assim registrada a grande novidade ecumênica da viagem, que não aconteceu antes porque as comunidades o fazem nos horários destinados a cada uma”. É, portanto, “um fato histórico e extraordinário”.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé observou ainda que “entre Paulo VI e Atenágoras não houve um momento de oração conjunta. É verdade que eles rezaram um pai-nosso, mas não durante uma celebração pública e transmitida ao vivo”.
“A Rádio Vaticano”, prosseguiu Lombardi, “transmitirá o encontro em seis idiomas, ao vivo, e os comentários serão feitos por um jornalista da rádio e por um comentarista ortodoxo”. O papa falará sempre em italiano.
Não há mudanças quanto à programação do papa que já tinha sido divulgada pelo Patriarcado Latino de Jerusalém, nesta que será a segunda viagem internacional do papa Francisco, depois da JMJ do Brasil.
Lombardi recordou que o primeiro convite à Terra Santa foi realizado pelo patriarca Bartolomeu para comemorar o encontro histórico entre Paulo VI e Atenágoras, na abertura do pontificado de Francisco. Depois, o convite amadureceu e tomou forma. O porta-voz vaticano lembrou também que o presidente israelense Shimon Pérez tinha desejado que a viagem ocorresse antes do final do seu mandato. Diferentemente da viagem de Paulo VI, a primeira internacional de um papa, que foi feita em janeiro, durante o Concílio Vaticano II, “desta vez preferimos fazê-la em maio devido ao clima mais benévolo”.
Lombardi precisou que os cardeais que acompanharão o Santo Padre são o argentino Leonardo Sandri, das Igrejas Orientais, o francês Jean-Louis Tauran, do Diálogo Inter-Religioso, e Kurt Koch, das comissões de diálogo com o judaísmo.
Juntam-se à comitiva o patriarca latino de Jerusalém e o custódio da Terra Santa, além de mais uma novidade: o rabino Abraham Skorka e o professor muçulmano Omar Abbud, com quem Bergoglio cultivou diálogo e amizade quando ainda estava em Buenos Aires.  “Abbud se une à comitiva em Amã, o rabino se une em Belém, e, apesar de que não haverá encontros inter-religiosos específicos, a viagem toda será um encontro inter-religioso”.
No rio Jordão, local do batismo de Jesus e perto do qual estão sendo edificadas várias igrejas, o rei da Jordânia receberá o papa em uma delas e o levará ao lugar considerado como o do batismo de Cristo. O Santo Padre abençoará o rio Jordão, como Paulo VI também o fez em sua viagem. Depois, irá até uma igreja latina, em que se encontrará com refugiados e jovens portadores de deficiências.
Durante a estada na Palestina, o papa irá à Casa Nova, um convento franciscano onde almoçará com algumas famílias de refugiados. A seguir, visitará a Gruta da Natividade e, depois, irá até o centro Phoenix do campo de refugiados de Deheisheh, um dos três da Palestina, já visitado por São João Paulo II. No campo, ele se encontrará com cerca de 300 crianças.
Terminará assim a passagem de Francisco pela Palestina. Dali ele se dirige ao aeroporto de Tel Aviv para, na tarde de domingo, se encontrar com o patriarca, tal como explicado anteriormente.
Na segunda-feira, o papa visitará o grande mufti de Jerusalém no edifício do Grande Conselho, na esplanada das mesquitas.  Logo depois, visitará o Muro das Lamentações, acolhido pelo rabino chefe. Lá deixará a sua folha em uma das fissuras do muro, podendo ser em envelope fechado ou em folha avulsa: ficaremos sabendo no próprio momento, como aconteceu com São João Paulo II e Bento XVI.
Depois, o papa irá ao Monte Herzl, túmulo do fundador do movimento sionista, com uma oferenda floral, recordando a história das vítimas de Israel.
Outro momento significativo da jornada será o encontro na igreja do Getsemani, onde Francisco se reunirá com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas. O Santo Padre plantará uma oliveira no mesmo lugar em que este gesto também foi feito por Paulo VI.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Em Nagasaki, um museu para celebrar os "cristãos escondidos" durante as perseguições

Será inaugurado em Janeiro, em Nagasaki, no Japão, um museu para celebrar o "Kakure Kirishitan": cristãos que permaneceram durante dois séculos fiéis a Cristo e à Igreja, apesar da forte perseguição e da total ausência de liberdade e de prática religiosa.
A iniciativa – conforme informações da agência Asia News – que celebra o 150 º aniversário do "reinserção" da "Kakure Kirishitan", nasce da colaboração entre uma editora e a arquidiocese católica. Incentivado por Chiyoko Iwanami, 66 anos, de Tóquio, que quis homenagear o testemunho dos cristãos perseguidos durante o shogunato Tokugawa do período Edo (1603-1867).
O museu será aberto na região de Heiwamachi em Nagasaki, não muito longe da Catedral Urakami e do Museu do bombardeio que lembra a destruição ocorrida após o lançamento de bombas atômicas sobre o Japão em 1945.
De acordo com Iwanami, esta tragédia influenciou a escolha: "Muitos católicos – afirma à Asia News - morreram durante o bombardeio. Quero mostrar às pessoas o quão difícil é proteger a fé se não há liberdade religiosa".
A estrutura cobrirá 140 metros quadrados do primeiro andar de um edifício de propriedade de Iwanami, que publicou várias obras sobre a perseguição anti- cristã e sobre história de Nagasaki. A Arquidiocese de Nagasaki vai cuidar dos objetos em exposição, medalhas religiosas e ícones presentes hoje no Museu Nacional de Tóquio.
Os "Kakure Kirishitan" convertidos no século XVI mantiveram-se fiéis à Igreja, apesar da ausência total de missionários, sacerdotes, da liberdade e da prática religiosa. Depois de quase dois séculos de clandestinidade, a comunidade cristã subterrânea do Japão "saiu" da obscuridade após a inauguração da igreja de Oura (perto de Nagasaki ), que o governo de Tóquio concedeu aos missionários franceses.
Enquanto rezava na igreja, em 17 de março de 1865, Pe. Petitjean – missionário do Mep, que mais tarde tornou-se o primeiro bispo de Nagasaki - foi abordado por um pequeno grupo de agricultores locais que lhe perguntou se "era possível saudar Jesus e Maria". Após um momento de estupor, o padre soube da história: uma grande comunidade cristã e ainda fiel a Roma estava presente no país desde a perseguição de 1500.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Como, quando e onde cresce a Igreja Católica

Em artigo publicado no L' Osservatore Romano, Vittorio Formenti e Enrico Nenna, do Centro de Estatísticas da Santa Sé analisaram dados sobre as vocações sacerdotais no mundo, durante o período de 1978 a 2012.

A informação geral afirma que nos últimos 34 anos, o número de seminaristas aumentou para 57. 381. Entre 1978 e 2012, o crescimento foi sobretudo na África, com 22.092 seminaristas; na Ásia, com 24.139 e nas Américas, a 13.830. Enquanto na Oceania apenas 294.
A Europa, continente onde o cristianismo cresceu e se espalhou por todo o mundo, houve crescimento entre 1978 e 1992, depois, um período de estagnação até 1998 e um declínio significativo nos últimos anos, até 2012. De fato, entre 1978 e 2012, registrou-se um saldo negativo de 2.974 seminaristas.

Em termos percentuais, a África cresceu 392%, a Ásia 213%, a América 63% e a Oceania 38 %. A Europa uma diminuição de 13 %.

Sobre as Américas: 131 % da América do Sul, as Antilhas 132% e 164 % para o centro- continental. América do Norte registrou um declínio de 36%.
Na África resulta um crescimento recorde em Angola +( 2,117 %), seguido por Madagáscar (942 %), Camarões (751 %) e Nigéria (572 %).
Na Ásia, a República da Coreia tem um + 189,6 %, seguido pela Indonésia (291 %), Índia (228%) e Filipinas (116 %).

Com relação aos dados de 2012 (o último ano em que foram analisados), em termos estritamente numéricos as Américas têm o maior número de vocações sacerdotais, com 35.841. Seguido pela Ásia, com 35 476, e a África, com 27 728; a Europa, com 19.928 e, em seguida, a Oceania com 1.078 seminaristas.

Na Europa, em 2012 - com exceção da Hungria, França e Itália, que apresentam um equilíbrio entre o antigo e o atual – registra-se um saldo negativo, a Alemanha -1574, a Polônia -1.230, a Irlanda -922 Irlanda, a Espanha -863, a Grã-Bretanha -334 ,a Áustria -215, Portugal -49 .
O estudo aponta, no entanto, que a classificação é diferente se levar em conta o número de católicos em cada continente. De fato, para cada 100.000 católicos resultam 26 seminaristas na Ásia, 14 na África, 11 na Oceania, 7 na Europa e 6 nas Américas. Nas Américas 7 seminaristas para cada cem mil habitantes da América do Norte, 6 para a Centro continental, 5 para as Antilhas e cerca de 6 para a América do Sul.

O jornal L' Osservatore Romano também relata que em 2012 os países que registraram os maiores números para cada 100.000 católicos são: Índia (77,57), Indonésia (52,24), República da Coréia (31,5), Nigéria (24,91), Quênia (12,88), Itália e Polônia (11,06), Filipinas (10,09), Uganda (9,58), Tanzânia (9,24) e Colômbia (9,17).

Formenti e Nenna também calcularam a porcentagem mínima que garante a substituição dos sacerdotes: um valor não inferior a 12,5%. Em 2012, a média mundial foi de 28,98 seminaristas.
Neste contexto, a Europa com uma percentual de 10,69 está abaixo do nível de substituição. Na América do Norte o crescimento é nulo com um valor de 12,61 %. A África tem uma alta taxa de crescimento: 69% da proporção entre seminaristas e sacerdotes. Segue, a Ásia com 61%. América Central e América do Sul com 40 % e 23% para a Oceania.

A situação é tal que a Europa e a América do Norte cobrem o déficit de padres com sacerdotes da América Latina, Ásia e África. Até mesmo nas áreas que apresentam crescimento no número de vocações sacerdotais, o catolicismo, que está em fase de expansão, exige mais sacerdotes do que na Europa e na América do Norte.

Em termos de substituição em 2012, na Itália, Noruega, Montenegro e Sérvia o crescimento é zero com um percentual de 12,5%, enquanto no Canadá (6,0), Áustria (6,7 %), Bélgica (4,3%) , República Checa (8,0%), França (7,1%) , Alemanha (7,5%), Eslovénia ( 8,7% ) e Espanha (8,1%) .

Fonte: Zenit.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Papa Francisco na Casa Santa Marta: o Espírito Santo guia a Igreja com os seus dons

O Santo Padre se perguntou ontem "quem somos nós para fechar as portas ao Espírito Santo?", na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta. Francisco dedicou a reflexão à conversão dos primeiros pagãos ao cristianismo e recordou que é o Espírito Santo quem faz a Igreja avançar "além dos limites".
O papa afirmou que o Espírito sopra onde quer, mas uma das tentações mais recorrentes de quem tem fé é bloquear o caminho dele. Uma tentação que não é estranha aos alvores da Igreja, como demonstra a experiência de Pedro no fragmento dos Atos dos Apóstolos proposto pela liturgia do dia. Uma comunidade de pagãos acolhe o anúncio do Evangelho e Pedro é testemunha ocular da vinda do Espírito Santo sobre eles. O apóstolo, porém, primeiro hesita em ter contato com aqueles a quem sempre tinha considerado "impuros" e depois sofre duras críticas dos cristãos de Jerusalém, escandalizados com o fato de o chefe ter comido com os "não circuncidados" e ainda tê-los batizado. Para explicar esta passagem, Francisco apresentou o seguinte paralelismo:
“Era algo impensável. Se amanhã viesse uma expedição de marcianos, por exemplo, e alguns deles viessem até nós e um deles dissesse: 'Eu quero o batismo!', o que aconteceria?".
Francisco observou que Pedro compreendeu o erro depois que uma visão o iluminou quanto à verdade fundamental: quem foi purificado por Deus não pode ser chamado de "profano" por ninguém. E, ao narrar este fato à multidão que o critica, o apóstolo pergunta: "Se Deus deu a eles o mesmo dom que deu a nós por termos acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem sou eu para impor impedimentos a Deus?", recordou o papa.
Francisco ainda observou: "Quando nosso Senhor nos faz ver o caminho, quem somos nós para dizer ‘Não, Senhor, não é prudente! Não, vamos fazer assim’... E Pedro, nessa primeira diocese, a primeira diocese que foi Antioquia, toma essa decisão: ‘Quem sou eu para colocar impedimentos?’. Uma palavra bonita para os bispos, para os sacerdotes e também para os cristãos. Quem somos nós para fechar as portas? Na Igreja antiga, e ainda hoje, temos o ministério do hostiário. E o que o hostiário fazia? Abria a porta, recebia as pessoas, fazia as pessoas passarem. Nunca houve o ministério de fechar a porta, nunca!”.
O papa ressaltou que, ainda hoje, Deus colocou a guia da Igreja "nas mãos do Espírito Santo" porque "é o Espírito Santo que, como diz Jesus, nos ensinará tudo" e "nos fará recordar o que Jesus nos ensinou".
Para encerrar, o bispo de Roma enfatizou que "o Espírito Santo é a presença viva de Deus na Igreja. É o que faz a Igreja avançar, caminhar. Cada vez mais, indo além dos limites, indo mais adiante. O Espírito Santo, com os seus dons guia a Igreja. Não podemos entender a Igreja de Jesus sem o Paráclito, que nosso Senhor nos envia para isso. E Ele toma essas decisões impensáveis, impensáveis! Para usar uma palavra de São João XXIII: é precisamente o Espírito Santo que 'atualiza' a Igreja: verdadeiramente, precisamente a atualiza e a faz ir adiante. E nós, cristãos, temos que pedir ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito Santo. A docilidade a este Espírito que nos fala no coração, que nos fala nas circunstâncias da vida, que nos fala na vida eclesial, nas comunidades cristãs, que nos fala sempre".

Fonte: Zenit.

Arquidiocese de Boston alerta para a satânica "missa negra"

A Arquidiocese de Boston alerta para a satânica “missa negra" que acontecerá na Universidade de Harvard nesta segunda-feira, 12 de maio, e convida o Campus de Cambridge a "dissociar-se" do controverso evento.
"A comunidade católica na Arquidiocese de Boston expressa profunda tristeza e forte oposição ao plano de encenar uma “missa negra" no campus da Universidade de Harvard em Cambridge", lê-se em comunicado emitido dia 8 de maio. "Para o bem dos fiéis católicos e de todas as pessoas, a Igreja oferece um claro ensinamento sobre adoração satânica. Este evento separa as pessoas de Deus e da comunidade humana, é contrário à caridade e à bondade, e coloca os participantes perigosamente expostos à destruidoras obras do mal”.
"Em recente declaração, o Papa Francisco alertou para o perigo de ser ingênuo ou subestimar o poder de Satanás, cuja maldade, muitas vezes, está tragicamente presente no nosso meio. Apelamos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para se unir a nós em oração por aqueles que estão envolvidos neste evento, para que possam vir a reconhecer a gravidade de suas ações, e para que Harvard seja desassociada desta atividade".
A “missa negra”, reencenada por membros de um grupo de Nova York, conhecido como Templo Satânico, está sendo organizado pela Harvard Extension Cultural Studies Club. O grupo havia informado que seria utilizado uma hóstia consagrada.
Posteriormente, o Club emitiu uma nota afirmando que será usado um pedaço de pão na reconstituição, e não uma hóstia consagrada. Em seu site, o grupo convida para a “encenação educacional” e afirma que o “objetivo não é denegrir qualquer religião ou fé, o que seria repugnante para os nossos propósitos educacionais, mas aprender e experimentar a história de diferentes práticas culturais".
Conforme notícia do The Boston Pilot, a Harvard Extension School alega o direito dos estudantes do Campus de exercer a liberdade de expressão, mesmo em tais casos.
A pastoral universitária da Arquidiocese de Boston responsável pelo Campus estará em adoração na capela do MIT às 19:00 (20hrs em Brasília), e seguirá em procissão, que sairá da capela aproximadamente às 19:15, até a Igreja de St. Paul, onde será celebrada a Santa Missa.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O papa aos dirigentes da ONU: Jesus pediu que Zaqueu desse tudo pelos outros



O Santo Padre Francisco recebeu na manhã de sexta-feira (09/05), no Vaticano, os membros do conselho dos executivos que coordenam as Nações Unidas. Eles estão em Roma para o encontro estratégico semestral, que revisa fundos e programas das Nações Unidas e das organizações especializadas, sob o comando do secretário geral, o coreano Ban Ki Moon.
Apesar de ainda estarem longe do cumprimento os objetivos do milênio colocados pela ONU para 2014, de reduzir pela metade a pobreza e a fome no mundo, o papa lhes agradeceu pelo que foi feito e os encorajou a fazer ainda mais, citando, para isso, uma parábola evangélica.
Na Sala do Consistório, no Palácio Apostólico, o papa falou em espanhol e agradeceu por eles serem “os principais responsáveis pelo sistema internacional, pelos grandes esforços realizados em prol da paz mundial, pelo respeito da dignidade humana, pela proteção das pessoas, especialmente dos mais pobres ou frágeis, e pelo desenvolvimento econômico e social harmonioso”.
O pontífice elogiou os “resultados positivos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, especialmente em termos de educação e diminuição da pobreza extrema”, mas recordou “que os povos merecem e esperam frutos maiores ainda”.
Francisco disse que o que é próprio da função diretiva é “não conformar-se com os resultados obtidos, mas empenhar-se cada vez mais”. Particularmente no caso “da organização política e econômica mundial, ainda falta muito, já que uma parte importante da humanidade continua excluída dos benefícios do progresso e, na prática, relegada a seres de segunda categoria”.
“Os futuros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, portanto, devem ser formulados e executados com magnanimidade e valentia, de modo que, efetivamente, cheguem a incidir nas causas estruturais da pobreza e da fome, consigam melhoras substanciais em matéria de preservação do ambiente, garantam um trabalho decente e útil para todos e deem uma proteção adequada à família, elemento essencial de qualquer desenvolvimento econômico e social sustentável”.
Em particular, Francisco os encorajou a “desafiar todas as formas de injustiça, opondo-se à 'economia da exclusão', à 'cultura do descarte' e à 'cultura da morte', que, por desgraça, poderiam se tornar uma mentalidade passivamente aceita”.
Ele recordou o evangelho de Lucas sobre o rico publicano Zaqueu, que tomou a decisão radical da partilha e da justiça quando a sua consciência se viu despertada pelo olhar de Jesus.
O Santo Padre reiterou que a vida “é sagrada e inviolável desde a concepção até o seu fim natural” e que o “episódio de Jesus Cristo e de Zaqueu nos ensina que, acima dos sistemas e das teorias econômicas e sociais, deve-se promover sempre uma abertura generosa, eficaz e concreta às necessidades dos outros”.
“Jesus não pede que Zaqueu mude de trabalho nem denuncia a sua atividade comercial. Ele apenas o incentiva a colocar tudo, livremente, mas imediatamente e sem discussões, a serviço dos homens”.
Seguindo os ensinamentos dos seus predecessores, João Paulo II e Bento XVI, Francisco declarou “que o progresso econômico e social equitativo só pode ser obtido quando unimos as capacidades científicas e técnicas com um empenho solidário constante, acompanhado de uma gratuidade generosa e desinteressada em todos os níveis”, para se conseguir “um desenvolvimento humano integral em favor de todos os habitantes do planeta, como a legítima redistribuição dos benefícios econômicos por parte do Estado e a também indispensável colaboração da atividade econômica privada e da sociedade civil”.
Ao encerrar e antes de dar a sua bênção a eles, às suas famílias e a todo o pessoal das Nações Unidas e dos entes internacionais, Francisco os animou a “promover juntos uma verdadeira mobilização ética mundial que, indo além de toda diferença de credo ou de opiniões políticas, difunda e aplique um ideal comum de fraternidade e solidariedade, especialmente para com os mais pobres e excluídos”.
Os objetivos do milênio, estabelecidos em 1990 para 2015 e aos quais o Santo Padre se referiu, são estes:
1. Erradicar a pobreza extrema e a fome: reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas que sofrem a fome e a proporção de pessoas cujas receitas são inferiores a um dólar por dia, além de conseguir pleno emprego produtivo e trabalho digno para todos, incluindo mulheres e jovens.
2. Atingir a universalização do ensino primário

3. Promover a igualdade entre os gêneros e a autonomia da mulher

4. Reduzir a mortalidade infantil

5. Melhorar a saúde materna

6. Combater o HIV/aids, o paludismo e outras doenças

7. Garantir a sustentabilidade do meio ambiente

8. Fomentar uma associação mundial para o desenvolvimento

Fonte: Zenit.

domingo, 11 de maio de 2014

O Amor não é privilégio das mães, mas nelas se instalou de forma surpreendente

Jesus veio trazer a vida para todos, e a vida em abundância. As atividades pastorais da Igreja, assim como todas as ações realizadas com espírito de caridade, por quem quer que seja, poderão se espelhar sempre naquele que se ofereceu para a salvação da humanidade. Nenhum amor será maior e suscitará tamanho fruto para a vida dos homens e mulheres de todos os tempos.
Sua Ressurreição é a resposta à entrega total realizada em benefício da vida em plenitude, o que leva os cristãos a dedicarem anualmente um período significativo de sua vida ao aprofundamento do mistério pascal de Cristo, certos de que nunca se esgotará esta fonte, na qual todos podem se saciar continuamente.
A pregação dos Apóstolos de Jesus era muito direta e simples, pois anunciava que o mesmo Jesus que tinha sido morto havia ressuscitado, e ele é o Senhor e Salvador e um dia há de voltar. O anúncio foi suficiente para a conversão de uma multidão de pessoas, já no início da pregação do Evangelho. Depois da primeira pregação feita por Pedro, após a descida do Espírito Santo, ficaram compungidos os corações, suscitando a pergunta sobre os caminhos a serem percorridos a partir dali. A resposta é igualmente direta e provocadora: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38).
Os Atos dos Apóstolos contam os feitos e fatos das primeiras comunidades cristãs, nas quais resplandece, naqueles que acolhem o anúncio, um novo estilo de vida: comunhão na oração, perseverança na doutrina dos Apóstolos, que anunciavam a Palavra de Deus, partilha fraterna dos bens e a Fração do Pão, que foi o primeiro nome da celebração da Eucaristia. Nasceu a Comunidade viva, estendeu-se a grande rede da caridade, as pessoas se sentiram acolhidas e amadas. Na mesma fonte, continuam disponíveis as graças e as forças necessárias, para que a vida dada por Jesus a todos se multiplique e seja repartida no amor fraterno experimentado no cotidiano, até a volta do Senhor.
Desde os primeiros tempos, a doação de vida e o amor verdadeiro, testemunhado no dia a dia da humanidade, atraem e convocam as pessoas. Mais do que as palavras, vale o testemunho de vida. Multiplicam-se os exemplos de pessoas com grande criatividade no amor ao próximo, com o qual a vida em abundância (Cf. Jo 10,10) permanece a meta a ser alcançada. Sempre que a gratuidade do amor se faz visível, a partir da emoção e até chegar à profundidade do raciocínio dos mais sábios e inteligentes, ninguém resiste.
Basta pensar em dias significativos, como as comemorações das mães, dos pais, ou o dia dos professores, ou dos médicos e assim tantas outras celebrações que envolvem as famílias, a sociedade e a Igreja. Ao celebrar neste final de semana o dia das mães, esta imagem do amor gratuito e desinteressado, livre, forte e cheio de ternura, ocupa espaço na imaginação das pessoas e provoca gestos de carinho, presentes, flores e alegria. Vale meditar sobre este amor, conduzidos pelas mãos do Bom Pastor.
Que força é esta, capaz de dobrar os mais rígidos em seu temperamento? São João, em sua Primeira Carta, afirma de forma categórica: “Amemos-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos a vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é plenamente realizado” (1 Jo 4, 7-12).
O Amor não é privilégio das mães, mas nelas se instalou de forma surpreendente, justamente por ser tão semelhante ao amor de Deus. Parece-me possível encontrar a figura ímpar do Bom Pastor, Jesus, na festa que a Igreja celebra, na alma das mães que enaltecemos nas grandes figuras maternas que nos envolvem (Cf. Jo 10, 1-10).
O amor de mãe conduz os filhos e a família a escolherem os melhores caminhos. Mãe imprime rumo nas opções feitas pelos filhos gerados no seio da família. Mesmo se porventura se desviarem, será sempre possível voltar ao regaço acolhedor de um coração de mãe. As mães se cansam para levar a descansar esposo e filhos. Prados e campinas verdejantes, ou as águas repousantes que restauram, muitas vezes são sinalizadas pelas mães que velam pelos filhos pequenos ou grandes. E quem não sentiu restauradas as forças para a luta ao encontrar a solicitude de sua mãe?
A honra dos muitos nomes de tantas e generosas mães conduz por caminhos seguros, ainda que passem os filhos por vales tenebrosos pelos caminhos da vida. Quando o medo toma conta, a figura e o apelo à mãe se repetem mesmo nos filhos crescidos ou até envelhecidos. Ao por do sol da existência nesta terra, as pessoas acometidas por diminuição da lucidez, viram crianças, como costumamos dizer, e não é raro ouvir pessoas velhinhas que começam a chamar pela mãe, falecida há tanto tempo. Força e ternura, bastão e cajado, cabem bem nas mãos das mães.
E se queremos uma imagem bonita da força do amor que dá a vida, basta pensar em almoço de domingo, em que as mães preparam a mesa, perfumam com o óleo do carinho suas casas e fazem vir à festa da fartura, a abundância cantada pelo salmista.
Enfim, não faz mal algum pensar apenas na felicidade e no bem, desejado e edificado pelas mães, ao darem a vida pelos seus, no heroísmo cotidiano. E como queremos todos passar um dia da mesa da família para a Casa do Senhor, na qual habitaremos por toda a eternidade, as mães são aquelas que nos falam do Céu, que nos ensinam a rezar e nos abrem os horizontes do infinito (Cf. Sl 22).
A festa das mães acontece no segundo domingo de maio, mês dedicado àquela que foi escolhida para ser Mãe do Redentor, Mãe de Deus e Senhora nossa. A ela, nos vários e lindos títulos com os quais a homenageamos, Chegue ela a oração fervorosa, especialmente por nossas famílias, a fim de que sejam o lugar da doação recíproca da vida. Assim nos conduza o Cristo, Bom Pastor!

Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

Fonte: Zenit.

sábado, 10 de maio de 2014

Evangelizar requer toda uma Igreja em atitude de saída

O Papa Francisco recebeu na manhã de ontem os participantes do encontro das Pontifícias Obras Missionárias que desde a segunda-feira, 5 de maio, começaram os trabalhos da Assembleia Geral. Os mesmos vão durar até o sábado e terminarão com uma missa na basílica de São Pedro. Junto com eles na audiência de hoje estavam os colaboradores da Congregação para a Evangelização dos Povos.
O Santo Padre disse que com a sua exortação apostólica “Evangelii gaudium” quis convidar todos os fiéis a uma nova estação evangelizadora. “Evangelizar, neste momento de grande mudança social, requer uma Igreja missionária, toda em atitude de saída, capaz de discernir e enfrentar as diferentes culturas e visões de homem".
E acrescentou que "num mundo em mudança é necessário uma Igreja renovada e transformada pela contemplação e contato pessoal com Cristo pelo poder do Espírito Santo", porque "Ele nos dá força para empreender o caminho missionário e a alegria do anúncio para que a luz de Cristo ilumine todos aqueles que ainda não o conhecem ou o rejeitaram. Por isso nos pedem a coragem de “chegar em todas as periferias que precisem da luz do Evangelho”. Não nos podem parar nem as nossa debilidades, nem os nossos pecados, nem tantos obstáculos colocados ao testemunho e anúncio do Evangelho''.
Isso porque a Igreja, "missionária por natureza, tem como prerrogativa fundamental o serviço de caridade a todos” e dado que “a fraternidade e a solidariedade universal são inerentes à sua vida e missão no mundo e para o mundo''. A todos, reiterou o Papa, deve chegar esta chamada, embora tenha dito que “começando dos últimos, dos pobres, dos que têm as costas dobradas pelo peso do cansaço e da vida. Fazendo assim, a Igreja continua a missão do próprio Cristo'.'
A Igreja é “o povo das bem-aventuranças, a casa dos pobres, dos aflitos, dos excluídos e perseguidos, daqueles que têm fome e sede de justiça'' e aos representantes das Pontifícias Obras Missionárias é pedido que atuem para que as comunidades eclesiais “acolham com amor preferente os pobres, deixando abertas as portas da Igreja para que todos entrem e encontrem refúgio”.
Definiu as Pontifícias Obras Missionárias como ''o instrumento privilegiado que chama à “missio ad gentes” e se preocupa dela com generosidade. Por isso exortou os seus membros a “promover a co-responsabilidade missionária” porque faz muita falta sacerdotes, consagrados e leigos que “tomados pelo amor de Cristo, estejam marcados com o fogo da paixão pelo Reino de Deus e à disposição para percorrer o caminho da evangelização''.

Fonte: Zenit.