quarta-feira, 27 de março de 2013

Adolescente de quinze anos condenada a cem chicotadas em público nas Maldivas

Uma jovem de quinze anos vítima de violência sexual foi condenada a cem chicotadas em público nas Ilhas Maldivas. Foi lançada uma campanha cidadã para pressionar o governo das Ilhas Maldivas "onde mais dói: na sua indústria do turismo". O padrasto da garota é acusado de estuprá-la durante anos, e de assassinar o bebê fruto dos seus abusos. Mas o tribunal decidiu que é ela que deve ser chicoteada por ter mantido “relações sexuais antes do matrimônio” com um homem que nem sequer foi nomeado. O presidente Waheed das Ilhas Maldivas, já está sob uma grande pressão internacional, e a campanha visa forçá-lo a salvar a menina e a mudar a lei para impedir que outras vítimas sofram este castigo cruel. "É assim que podemos acabar com a guerra contra as mulheres: levantando a nossa voz sempre que aconteçam atrocidades como essa”, dizem os promotores da campanha. O turismo é a principal fonte de renda das Ilhas Maldivas. "Vamos juntar um milhão de vozes nesta petição ao Presidente Waheed esta semana, e depois ameacemos a reputação das Ilhas com propagandas chocantes na internet e em revistas especializadas em turismo até que intervenha para salvá-la e abolir essa lei hedionda”, afirma a organização Avaaz. As Maldivas são um paraíso para os turistas. Mas para as mulheres do país, pode ser um verdadeiro inferno. Sob severas interpretações da lei islâmica (Sharia), as mulheres e as crianças são normalmente punidas com chibatadas ou prisões domiciliares se são consideradas culpadas de sexo extraconjugal ou adultério. Quase sempre são as mulheres que são punidas, não os criminosos. Uma em cada três mulheres com idade entre 15 e 49 anos de idade sofreram abuso físico ou sexual, enquanto que nos últimos três anos nenhum estuprador foi preso. "Vencer esta batalha pode ajudar as mulheres em todo o mundo, já que o governo das Maldivas é um candidato a um cargo elevado no Conselho de Direitos Humanos da ONU, justamente numa plataforma para os direitos das mulheres. O protesto internacional já obrigou o presidente Waheed a recorrer da sentença contra a jovem de 15 anos. Mas isso não é o suficiente. Os extremistas do seu país o forçarão a abandonar as reformas se a atenção internacional desaparece. Digamos para as Maldivas que estão correndo o risco de perder a sua reputação como destino turístico romântico caso não mudem as suas atitudes e leis sobre as mulheres ", diz esta organização cidadã. Você pode assinar a petição em: http://www.avaaz.org/es/maldives_global/?bcikOdb&v=23234. Fonte: Zenit.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo!

Apresentamos a homilia do Santo Padre Francisco na Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. 1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19, 38). Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus e inclinou-Se para curar o corpo e a alma. Assim é Jesus. Assim é o seu coração, que nos vê a todos, que vê as nossas enfermidades, os nossos pecados. Grande é o amor de Jesus! E entra em Jerusalém assim com este amor que nos vê a todos. É um espectáculo lindo: cheio de luz – a luz do amor de Jesus, do amor do seu coração –, de alegria, de festa. No início da Missa, também nós o reproduzimos. Agitámos os nossos ramos de palmeira. Também nós acolhemos Jesus; também nós manifestamos a alegria de O acompanhar, de O sentir perto de nós, presente em nós e no nosso meio, como um amigo, como um irmão, mas também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas desceu a caminhar connosco como nosso amigo, como nosso irmão; e aqui nos ilumina ao longo do caminho. E assim hoje O acolhemos. E aqui temos a primeira palavra que vos queria dizer: alegria! Nunca sejais homens emulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está no meio de nós; nasce do facto de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! E nestes momentos vem o inimigo, vem o diabo, muitas vezes disfarçado de anjo, e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas sobretudo sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis roubar a esperança… aquela que nos dá Jesus! 2. Segunda palavra. Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que possuem um sentido para ver em Jesus algo mais; têm o sentido da fé que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objecto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Vem-me à mente aquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: Vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado. Tal é o trono de Jesus. Jesus toma-o sobre Si… Porquê a Cruz? Porque Jesus toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso pecado, o pecado de todos nós, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor… Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos económicos que atingem quem é mais fraco, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar consigo, terá de o deixar. A minha avó dizia-nos (éramos nós meninos): a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também – como bem o sabe e conhece cada um de nós-os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. E na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus realiza por todos nós sobre o trono da Cruz. Abraçada com amor, a cruz de Cristo nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de sermos salvos e de realizarmos um bocadinho daquilo que Ele fez no dia da sua morte. 3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens. Desde há 28 anos que o Domingo de Ramos é a Jornada da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, vi-vos quando entráveis em procissão; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes um parte importante na festa da fé! Vós trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo, o coração nunca envelhece. Entretanto todos sabemos – e bem o sabeis vós – que o Rei que seguimos e nos acompanha, é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz; antes, abraçai-la, porque compreendestes que é no dom de si, no dom de si, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Levai-la para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI, também eu, desde hoje, me ponho a caminho convosco. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro. Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o referido Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos para levar Jesus às periferias do mundo e da existência. Três palavras: alegria, cruz, jovens. Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja. Fonte: Zenit.

sábado, 23 de março de 2013

Aborto que não influi...

Colunistas de jornal e políticos reclamaram contra os religiosos por terem empurrado a questão do aborto para a política, num país laico, mas, em nome da sua não religiosidade eles empurraram a questão do aborto para as sacristias e púlpitos. Não querem que lhes empurremos pela garganta um assunto que consideram religioso, mas querem empurrar pela nossa um assunto que consideramos humano, ético e de direito. Está lá no artigo 2º do Código de Direito Civil que o nascituro tem o direito de nascer e goza de cidadania desde o primeiro instante da sua concepção. Tirar-lhe a vida é matar um cidadão brasileiro de poucos dias, mas cidadão com direito de nascer... Então não é apenas questão religiosa! Para provar que era contra o aborto ouviu-se da candidata eleita o argumento de que é contra porque ele é uma violência contra a mulher. Esqueceu de citar que, em primeiro lugar, o aborto é uma violência contra o cidadão que tem o direito de nascer. É isso que ela será chamada a defender como presidente dos brasileiros. Um presidente da Republica precisa defender em primeiro lugar os mais fracos e os mais feridos pela vida. Se, portanto, alguém é contra o aborto, que o seja primeiro por causa do feto e só depois por causa da mulher que não deseja ou não pode ser mãe naquela hora. Dos dois, o feto ainda é o mais frágil, porque, se a mulher hipoteticamente se fere em abortos clandestinos o feto certamente morre. E a morte premeditada do feto, além de ser contra a lei vigente é também assunto de saúde publica. Não se vai ao hospital para ser morto! Uma coisa é a morte acidental e outra a morte premeditada. O artigo 2º deixa claro que feto não é tumor extirpável. Se o hipotético é que a mulher se fere, o fato é que o feto morre. Somos uma democracia e se há os que valentemente lutam pelo direito da grávida de não dar à luz e se consideram modernos por isso, há também quem lute pelo direito do feto de vir à luz. Se há quem seja pró ou contra o aborto pelo bem da mulher, também há quem o seja contra pelo bem do feto. Tudo democraticamente e escudado por leis vigentes! Agora, querem mudar a lei em favor de quem não quer levar adiante uma gestação e esperam que se declare que o feto não é cidadão. A discussão não vai parar tão cedo. O Código de Direito civil, de 2002, artigo 2 º deixa claro que a questão não está circunscrita ao púlpito e à sacristia. É questão de Estado. O Brasil assinou convenções que defendem os mais fracos. Na democracia que ainda temos, há quem queira mudar a lei e quem não queira que ela mude. Há quem ache que Deus não existe, ou, se existe, não tem nada a ver com este mundo. Garantem que os donos daquela vida no seu estágio inicial são os pais. Há quem creia em Deus e garanta que o autor e dono daquela vida é Ele. Há quem escolha a vida da mulher e quem escolha a vida do feto. Diante da vida de quem já é grávida e será, talvez, chamada de mãe, há quem fique com o presente da mulher. Diante da vida do feto que já é filho e será talvez chamado de pessoa, há quem fique com presente e o futuro do feto. Se lhe perguntassem ele certamente pediria para nascer. De quebra, não aceitam que alguém fale por ele. Mas o mundo está cheio de advogados que falam por quem não pode falar por si mesmo. E isto foi e é um grande avanço na ciência do Direito. Daí que defender um nascituro é modernidade e optar por eliminá-lo em favor de uma pessoa adulta que teria problemas com seu nascimento é retrocesso. Com o advento da civilização passou a ser um retrocesso descartar-se de uma vida para resolver um problema. Na Grécia Antiga jogava-se condenados num precipício chamado Apotétes. Resolveremos os nossos criando novos apotetes legais? Fonte: José Fernandes de Oliveira (Padre Zezinho scj) Sacerdote católico, educador e pregador Sacerdote Dehoniano, missionário

sexta-feira, 22 de março de 2013

Papa Francisco, um pastor também para a Ásia

O papa Francisco é um "pastor universal", inclusive da Ásia. Esta é a profunda convicção do cardeal Oswald Gracias. "Deus respondeu às nossas preces", disse o arcebispo da cidade indiana de Mumbai, antiga Bombaim, um dos 115 cardeais eleitores que participaram do conclave. O cardeal arcebispo de Buenos Aires é o papa "de que a Igreja precisa para enfrentar os desafios de hoje", declarou Gracias à agência AsiaNews (18 de março). De acordo com o cardeal, que também é presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI, na sigla em Inglês), o 265º sucessor de Pedro "entenderá de modo profundo a situação real dos cristãos na Ásia", até por causa da sua experiência como ordinário para os fiéis de rito oriental na Argentina. "O Santo Padre vem de uma grande Igreja, como é o caso da argentina, que, apesar de ter fortes raízes, também enfrenta os mesmos problemas de uma Igreja jovem como a da Ásia", explicou o cardeal indiano, que se disse "convencido" de que o novo Sumo Pontífice é "plenamente consciente de todos os desafios que a Igreja, na sua totalidade, está enfrentando". Em seu primeiro conclave, o cardeal Gracias disse que se preparou para o evento "rezando intensamente, consciente de ter uma grande responsabilidade". O cardeal também se referiu com gratidão ao papa emérito Bento XVI, cuja renúncia fez "muitos refletirem, inclusive nestes dias". "Ele foi um ótimo guia, realmente um ótimo guia, e nós estávamos nos perguntando quem poderia assumir o ministério petrino depois de um papa como ele", disse Gracias, que nasceu em 24 de dezembro de 1944, em Bombaim. "Nós oramos muito e, quando o papa Francisco foi eleito, entendemos que Deus respondeu às nossas preces", completou. Fonte: Zenit.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Irmã Ana Rosa, prima do papa: sempre nos pediu para orar por ele

Ao término da missa do início de pontificado do papa Francisco, falamos com Ana Rosa, da congregação das Filhas de Maria Auxiliadora, salesiana de Dom Bosco, uma prima do papa Francisco; a mãe de Bergoglio e o pai da irmã Ana Rosa eram primos. A religiosa é missionária na Tailândia e conta que “ali eram as duas da manhã quando ficamos sabendo da notícia e eu pensei: Sim? Sério? Foi muito emocionante." "Deu uma linda mensagem de esperança e chamou para trabalhar pelos que mais precisam do serviço da Igreja. Quem mais tenha e quem mais possa que se misture mais com quem mais precisa, que é muito importante”. Um gesto muito significativo, comenta a irmã, foi que convidou o chefe dos “cartoneros”. Os “cartoneros”, explica, são pessoas que catam papel e derivados do papel pelas ruas e os reciclam para conseguir algo de dinheiro. A irmã Ana Rosa, que conhece pessoalmente o papa, contou que “é uma pessoa muito humilde e muito austera. Quando estamos com ele, estamos em família. Sempre que vou a Buenos Aires da Tailândia faço-lhe uma visita. Hoje tive ocasião de falar com ele e fiquei sentada do lado do altar”, afirma ainda emocionada. “Quando o papa me viu me disse “o que você está fazendo aqui? Você veio!". Lembra que quando criado Cardeal também veio toda a família da Argentina e ela da Tailândia. Nesta ocasião também a família quis acompanhá-lo neste momento importante para ele, “vieram a cunhada e 18 entre sobrinhos e sobrinhos netos”. A irmã também conta que Franscico é muito familiar. “Sempre que nos encontramos fala: Ana Rosa reze por mim. Também faz rezar as irmãs mais anciãs”. “Sim desde antes ele pedia, ainda mais agora, para rezar por ele”. Duas mulheres argentinas que estão com ela contam a casualidade de estar aqui com uma viagem organizada há tempo. No momento em que soubemos que o cardeal Bergoglio era o novo papa, ainda no seu país, ligaram entre si para compartilhar a alegria do momento. “Chorei de emoção”, diz uma delas, “na verdade nós não o esperávamos”. Quando escutei que o nome que tinha escolhido era Francisco, me emocionei mais ainda - continua a sua amiga - meu filho e meu pai também se chamam assim! Eu neste dia – continua – tocava o céu com as mãos”. Nestes primeiros dias, afirmam “o papa marcou tendência, o vemos muito humilde”. Centenas de fiéis juntaram-se hoje ao papa Francisco na missa de início do ministério petrino do bispo de Roma na solenidade de São José. Estima-se que entre 150.000 e 200.000 pessoas estiveram presentes na Praça de São Pedro e arredores. A chuva assinou uma trégua e deixou que o sol brilhe durante toda a celebração da Eucaristia. Uma cerimônia repleta de símbolos e gestos que foi acompanhada pela emoção dos presentes. O papa apareceu na praça em torno das 8h50 encima de um jeep branco descoberto e cumprimentando o povo reunido para a Eucaristia. Com um gesto alegre e levantando o polegar em algumas ocasiões em gesto de aprovação e proximidade. Em certa ocasião aproximaram-lhe uma criança pequena que beijou com ternura e poucos minutos depois desceu do automóvel para beijar um doente que estava na primeira fila atrás de uma das cercas. Além dos fiéis na praça, o Papa Francisco também contou com a companhia de representantes de outras religiões, outros ritos cristãos, e delegações de 134 países. Bandeiras de todos os países e cartazes de diferentes movimentos, paróquias e grupos coloriam a praça. Um casal argentino, de Rosario, se afasta de São Pedro ao finalizar a eucaristia com a bandeira do seu país nos ombros. Vieram à Roma com o propósito de acompanhar o papa neste dia tão especial. Reconhecem que sentiram uma emoção indescritível quando souberam da notícia de que o cardeal Bergoglio tinha sido eleito novo papa. “É um presente para o mundo, não só para os argentinos", diz a mulher. "Estes primeiros dias do papa estão marcando um caminho, está mostrando sinais do que será o seu pontificado e acreditamos que vai continuar neste caminho, não vai ser fácil mas vai conseguir. Por isso viemos, porque confiamos nele", disse o marido. Um grupo de religiosas do Verbo Encarnado, uma congregação argentina. Moram na Itália e vieram à missa porque estão muito felizes com o papa e quiseram acompanhá-lo. Nos comentam que sentiram uma grande alegria ao saber da notícia, ainda que, a princípio quase não podiam acreditar. "Estamos muito felizes e rezaremos muito por ele para que seja o melhor para a Igreja”, afirmaram. Mauro, também argentino, tinha viagem programada há muito tempo porque sua filha mora aqui e vinha visitá-la. Sobre o papa Francisco comenta que “é excepcional como pessoa, terá muito êxito e é perceptível como as pessoas se aproximaram mais da Igreja com esse papa que é tão próximo a todos”. Os primeiros dias do papa, continua, “foram maravilhosos com uma perspectiva de futuro grandiosa da raiz católica”. Este papa revela “irmandade, fraternidade, amizade e fé, muita fé." Reconhece que recebeu a notícia com grande alegria, mas também com o choque inicial e que é muito gratificante. Dois jovens espanhóis, estudantes Erasmus em Roma, reconhecem a emoção que sentiram para viver este momento histórico. Contam que também estiveram na praça na terça-feira e na quarta-feira passada esperando a fumaça branca, e também o viveram com muita emoção. Sobre o papa dizem que “nota-se que é um homem muito humilde”, e que o demonstrou com gestos como o manter a cruz que usava como cardeal. Fonte: Zenit.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!

Queridos irmãos e irmãs! Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão. Saúdo, com afecto, os Irmãos Cardeais e Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos Representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às Delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático. Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap.Redemptoris Custos, 1). Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus. Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação! Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus! E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher. Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura. A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura! Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger. Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus. Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amen. Fonte: Zenit.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Dom Raymundo Damasceno confirma a viagem do Papa Francisco ao Brasil

O presidente da CNBB, o cardeal Raymundo Damasceno, afirmou na manhã do dia 14 de março que o papa Francisco confirmou que visitará o Brasil em Julho para a JMJ. Apenas terminado o Conclave, o cardeal Damasceno saiu pela manhã no Vaticano para comprar o jornal. "Estava muito curioso para saber qual era a reação mundial ante a eleição", declarou ao jornal brasileiro Estadão. "Tive a oportunidade de falar com Bergoglio (o papa Francisco) e me disse ontem mesmo que vai ao Brasil", destacou o cardeal brasileiro, que participou do Conclave. "Eu o conheço muito bem. E trabalhamos juntos em Aparecida. Foi uma grande eleição", afirmou Dom Damasceno. O cardeal brasileiro também disse que o argentino foi ganhando votos à medida que a eleição progredia, num pleito que não era favorito. "Bergoglio foi surgindo. E foi uma bela surpresa", completou o cardeal Damasceno, que, com uma sacola cheia de jornais voltou ao Vaticano. Fonte:Zenit.

sexta-feira, 15 de março de 2013

"Espero contribuir para o progresso das relações entre judeus e católicos"

O papa Francisco, a poucas horas da sua eleição, enviou uma carta pessoal ao rabino chefe da Comunicade Judia de Roma, Riccardo Di Segni. Na carta, o pontífice promete grande colaboração na continuação das relações entre católicos e judeus. "No dia da minha eleição como Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja Católica, envio minhas cordiais saudações, anunciando-lhe que a solene abertura do meu pontificado será na terça-feira, 19 de março”, começa a mensagem papal. "Confiando na proteção do Altíssimo, espero vivamente poder contribuir para o progresso que as relações entre judeus e católicos conheceu a partir do Concílio Vaticano II, num espírito de renovada colaboração e à serviço de um mundo que possa estar cada vez mais em harmonia com a vontade do Criador”, conclui a carta do Papa Francisco. A carta do Papa chega à sede da Comunidade Judaica de Roma há poucas horas da saudação do Rabino-Chefe Riccardo Di Segni, que com essas palavras tinha, ontem à tarde, desejado um bom pontificado a Jorge Mario Bergoglio: “Expresso os melhores desejos a Jorge Mario Bergoglio eleito Papa Francisco I. Que possa guiar com força e com sabedoria a Igreja católica nos próximos anos. As relações da Igreja com a Comunidade Judía de Roma e o diálogo com o judaísmo deram passos importantes. A esperança é que se possa continuar o caminho no sinal da continuidade e das boas relações.” Fonte: Zenit.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Francisco, primeiro papa latino-americano e jesuíta

Jorge Mario Bergoglio, 77 anos, nasceu no bairro de Flores na grande Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936. Depois de estudar para técnico em química escolheu o sacerdócio e entrou na Companhia de Jesus. Estudou filosofia e teologia na Faculdade do Colégio Máximo de São José. Foi mestre de noviços e professor universitário de teologia, provincial dos jesuítas em seu país e presidente da Conferência Episcopal de 2005-2011. No dia 13 de dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote. Concluiu pós-graduação na Universidade de Alcalá de Henares e em 1986 completou sua tese de doutorado na Alemanha. João Paulo II o nomeou Cardeal em 2001. Segundo informações, no conclave de 2005 foi protagonista junto a Ratzinger. Tem uma forte experiência pastoral, é conhecido por dizer a verdade com clareza. Sua página no Facebook tem mais de 37.000 Likes, mesmo não sendo ele quem administra. Geralmente utiliza os meios públicos de transporte. Ele não dá entrevistas, os jornalistas tiram suas declarações das homilias. Enfrentou fortemente as autoridades locais em questões como o aborto, matrimonio homossexual e a liberalização das drogas. O cardeal primaz da Argentina sempre teve uma posição próxima às classes menos favorecidas. Recentemente, criticou os sacerdotes que se recusam a batizar bebês nascidos fora do casamento, de acordo com informações da imprensa local. Aos religiosos pediu "para testemunhar e demonstrar interesse pelo irmão” porque a cultura do encontro "nos faz irmãos, nos faz filhos, e não membros de uma ONG ou prosélitos a favor de uma multinacional”. Em várias ocasiões criticou fortemente a corrupção e o tráfico de seres humanos: "Cuida-se melhor de um cão do que desses escravos nossos”. "A escravidão é a ordem do dia, tem crianças nas ruas há anos, não sei se mais ou menos, mas são muitos”. Lembrou que "algumas meninas param de brincar com bonecas para entrar na prostituição porque foram roubadas, vendidas ou são vítimas do tráfico". Ele criticou o “limitar ou eliminar o valor supremo da vida, ignorando os direitos do nascituro”. E afirmou: o aborto nunca é uma solução. Foi contra a liberalização da droga e pediu para que os jovens não acreditassem nos "mercadores da morte". Advertiu que seu país "não se sedimentou com delírios de grandeza desafiantes”, e convidou a ir "além das diferenças". Criticou a falta de "humildade" dos governantes e a "inconstância" como sendo falta de valor "que carece de alguma proposta." Sobre Aparecida indicou que "a inspiração do Espírito é a grande luz que teve alí. As sombras são mil e uma pequenas coisas que impediam e tivemos de superar”. "Tudo foi um complexo de luz e sombra, e a luz ganhou". Sempre foi relutante em receber cargos de algum peso na Cúria Romana, mas foi nomeado consultor da Pontifícia Comissão para a América Latina, membro da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; do Clero; dos Institutos de Vida Consagrada, Conselho pós-sinodal, e presidente do Pontifício Conselho para a Família. A força da Igreja, disse o purpurado no Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, está na comunhão, e a sua debilidade está na divisão e na contraposição. Fonte: Zenit.

quarta-feira, 13 de março de 2013

A evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana

Queridos Concelebrantes, distintas Autoridades, Irmãos e Irmãs no Senhor! "Cantarei, eternamente, as bondades do Senhor" é o canto que mais uma vez ressoou junto ao túmulo do Apóstolo Pedro nesta ora importante da história da Santa Igreja de Cristo. São as palavras do Salmo 88 que afloraram em nossos lábios para adorar, agradecer e suplicar ao Pai que está nos Céus. "Misericordias Domini in aeternum cantabo": é o bonito texto latino, que nos introduziu na contemplação d'Aquele que sempre vela com amor a sua Igreja, sustentado-a em seu caminho ao longo dos séculos e vivificando-a com o seu Espírito Santo. Também nós hoje com tal atitude interior queremos oferecer-nos com Cristo ao Pai que está nos Céus para agradecer-lhe pela amorosa assistência que sempre reserva à sua Santa Igreja e em particular pelo luminoso Pontificado que nos concedeu com a vida e as obras do 265º Sucessor de Pedro, o amado e venerado Pontífice Bento XVI, ao qual neste momento renovamos toda a nossa gratidão. Ao mesmo tempo hoje queremos implorar do Senhor que mediante a solicitude pastoral dos Padres Cardeais queira em breve conceder outro Bom Pastor à sua Santa Igreja. Certamente, auxilia-nos nesta ora a fé na promessa de Cristo sobre o caráter indefectível da sua Igreja. De fato, Jesus disse a Pedro: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (cfr. Mt 16,18). Meus irmãos, as leituras da Palavra de Deus que acabamos de ouvir podem nos ajudar a compreender melhor a missão que Cristo confiou a Pedro e a seus Sucessores. 1. A mensagem do amor A primeira leitura repropôs-nos um célebre oráculo messiânico da segunda parte do livro de Isaías, aquela parte que é chamada "o Livro da consolação" (Is 40-66). É uma profecia dirigida ao povo de Israel destinado ao exílio na Babilônia. Deus anuncia para o povo de Israel o envio de um Messias cheio de misericórdia, um Messias que poderá dizer: "O espírito do Senhor repousa sobre mim... enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, aos prisioneiros a liberdade, proclamar um ano de graças da parte do Senhor" (Is 61,1-3) O cumprimento de tal profecia realizou-se plenamente em Jesus, vindo ao mundo para tornar presente o amo do Pai pelos homens. É um amor que se faz notar particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza, com todas as fragilidades do homem, tanto físicas quanto morais. É conhecida, a esse propósito, a célebre Encíclica do Papa João Paulo II Dives in misericordia, que acrescentava: "o modo e o âmbito em que se manifesta o amor são chamados na linguagem bíblica «misericórdia» (Ibidem, n. 3). Esta missão de misericórdia foi confiada por Cristo aos Pastores da sua Igreja. É uma missão que empenha todo sacerdote e bispo, mas empenha ainda mais o Bispo de Roma, Pastor da Igreja universal. De fato, Jesus disse a Pedro: "Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?... Apascenta os meus cordeiros" (Jo 21,15). É conhecido o comentário de S. Agostinho a essas palavras de Jesus: "seja, portanto, missão do amor apascentar o rebanho do Senhor"; "sit amoris officium pascere dominicum gregem" (In Iohannis Evangelium, 123, 5; PL 35, 1967). Na realidade, é este amor que impele os Pastores da Igreja a realizar a sua missão de serviço aos homens de todos os tempos, do serviço caritativo mais imediato até o serviço mais alto, o serviço de oferecer aos homens a luz do Evangelho e a força da graça. Assim o indicou Bento XVI na Mensagem para a Quaresma deste ano (cfr. n. 3). De fato, lemos em tal mensagem: "De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16)". 2. A mensagem da unidade A segunda leitura é extraída da Carta aos Efésios, escrita pelo Apóstolo Paulo justamente nesta cidade de Roma durante a sua primeira prisão (anos 62-63 d.C.). É uma leitura sublime na qual Paulo apresenta o mistério de Cristo e da Igreja. Enquanto a primeira parte é mais doutrinal (cap. 1-3), a segunda, onde se insere o texto que ouvimos, é de tom mais pastoral (cap. 4-6). Nesta parte Paulo ensina as conseqüências práticas da doutrina apresentada antes e começa com um forte apelo à unidade eclesial: "Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor – que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade, mansidão, e paciência. Suportai-vos caridosamente uns aos outros. Esforçai-vos por conservara unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4,1-3)". S. Paulo explica em seguida que na unidade da Igreja existe uma diversidade de dons, segundo a multiforme graça de Cristo, mas essa diversidade está em função da edificação do único corpo de Cristo: "A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, visando o aperfeiçoamento dos cristãos, e o trabalho na obra da construção do corpo de Cristo" (cfr. 4,11-12). É justamente para a unidade do seu Corpo Místico que Cristo em seguida enviou o seu Espírito Santo e, ao mesmo tempo, estabeleceu os seus Apóstolos, entre os quais Pedro tem a primazia como o fundamento visível da unidade da Igreja. Em nosso texto São Paulo ensina-nos que também todos nós devemos colaborar para edificar a unidade da Igreja, porque para realizá-la é necessária "a colaboração de cada conexão, segundo a energia própria de cada membro" (Ef 4,16). Todos nós, portanto, somos chamados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesial. 3. A missão do Papa Irmãos e irmãs no Senhor, o Evangelho de hoje reconduz-nos à última ceia, quando o Senhor disse aos seus Apóstolos: "Este é o meu mandamento: que vós ameis uns aos outros, com eu vos amei" (Jo 15,12). O texto se une assim também à primeira leitura do profeta Isaías sobre o agir do Messias, para recordar-nos que a atitude fundamental dos Pastores da Igreja é o amor. É aquele amor que nos impele a oferecer a própria vida pelos irmãos. De fato, Jesus nos diz: "ninguém tem um amor maior do que este: dar a vida pelos próprios amigos" (Jo 15,12). A atitude fundamental de todo bom Pastor é, portanto, dar a vida por suas ovelhas(cfr Jo10,15). Isto vale, sobretudo, para o Sucessor de Pedro, Pastor da Igreja universal. Porque quanto mais alto e mais universal é o ofício pastoral, tanto maior deve ser a caridade do Pastor. Por isto no coração de todo Sucessor de Pedro sempre ressoaram as palavras que o Divino Mestre dirigiu um dia ao humilde pescador da Galileia: "Diligis me plus his? Pasce agnos meos... pasce oves meas"; "Amas-me mais do que estes? Apascenta os meus cordeiros... apascenta as minhas ovelhas!" (cfr. Jo 21,15-17). No sulco deste serviço de amor pela Igreja e pela humanidade inteira, os últimos Pontífices foram artífices de muitas iniciativas benéficas também para os povos e a comunidade internacional, promovendo sem cessar a justiça e a paz. Rezemos para que o futuro Papa possa continuar esta incessante obra em nível mundial. Ademais, este serviço de caridade faz parte da natureza íntima da Igreja. Recordou-nos isso o Papa Bento XVI dizendo-nos: "também o serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e é expressão irrenunciável da sua própria essência" (Carta Apostólica em forma de Motu proprio Intima Ecclesiae natura, 11 de novembro de 2012, proêmio; cfr. Carta Encíclica Deus caritas est, n. 25). É uma missão de caridade que é própria da Igreja, e de modo particular é própria da Igreja de Roma, que, segundo a bela expressão de S. Inácio de Antioquia, é a Igreja que "preside à caridade"; "praesidet caritati" (cfr. Ad Romanos, praef.: Lumen gentium, n. 13). Meus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um Pontífice que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, e de todos os Mártires e Santos que ao longo dos séculos deram glória a esta igreja de Roma. Amém! Fonte: Zenit.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Conclave, verdadeiro Pentecostes

O Ano da Fé no período de Sé vacante: para o Arcebispo de Aparecida, Card. Raymundo Damasceno Assis, este é um momento de expectativa, de renovarmos a nossa fé. Em visita ao Programa Brasileiro da Rádio Vaticano, Dom Raymundo faz uma reflexão sobre a renúncia de Bento XVI e o período de Sé vacante que estamos vivendo: Leia parte da declaração de dom Damasceno à Rádio Vaticano: "O Ano da Fé nos convida a aprofundar cada vez mais a nossa fé em Jesus Cristo. E a nos convertermos mais plenamente para Deus. Eu creio que num momento como este, em que a sé de Pedro está vacante e aguardando um novo sucessor de Bento XVI, é um momento de nós renovarmos a nossa fé em Jesus Cristo - Aquele que é o Pastor supremo da Igreja, que conduz a Igreja e está sempre presente. Muitas vezes parecendo que está dormindo, como disse o Papa. Mas não está dormindo, Ele está presente, está conduzindo sua Igreja através da assistência do Espírito Santo, de modo que é momento de expectativa, um momento muito singular na história da Igreja, porque não é normal a renúncia de um Papa. Normalmente, o Papa termina o seu mandato com a morte, mas neste caso o Papa Bento XVI não inova, porque tivemos o caso de Celestino V, que renunciou após poucos meses de mandato. E devemos confiar de que Deus também vai estar assistindo a Igreja e o Espírito Santo vai nos iluminar, a nós cardeais, que vamos participar do Conclave, para justamente decidir sobre aquele que melhor poderá desempenhar esta missão nos tempos atuais da Igreja – um tempo de tantas mudanças, tempo de tantos desafios, mas certamente Ele nos dará também, mesmo usando as mediações humanas, que são os cardeais, um sucessor de Bento XVI com muita sabedoria, muita prudência e que certamente vai conduzir a Igreja com essa mesma dedicação, esse mesmo amor com que a dirigiu também o Papa Bento XVI nesses oito anos". Card. Raymundo revela também seu pedido a Nossa Senhora, definindo o Conclave um verdadeiro Pentecostes Fonte: CNBB/Rádio Vaticano

sábado, 9 de março de 2013

Conclave começa dia 12 de março

A Sala de Imprensa do Vaticano acaba de informar que a Oitava Congregação do Colégio Cardinalício decidiu que o Conclave para eleição do Papa começa dia 12 de março de 2013. De manhã na Basílica de São Pedro será celebrada a Missa “Pro Eligendo Pontífice” e à tarde ingresso dos Cardeais em Conclave. Fonte: Zenit.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Todos os cardeais eleitores já estão em Roma

Desde ontem à tarde o número dos cardeais eleitores está completo. O último que faltava jurar, cardeal Jean-BaptistePhan MinhMan, do Vietnã, chegou a tempo para a Sexta Congregação Geral. O purpurado asiático fez o juramento junto ao cardeal Adam Joseph Maida (não eleitor). No decorrer da Congregação de ontem à tarde, das 17h às 19h da noite, 16 pronunciamentos foram realizados. Ainda não foi estabelecida a data de inicio do Conclave, mas estando completo o grupo de cardeais eleitores (115 no total), tal decisão já poderia ser tomada.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Cardeais rezam pela Igreja na Basílica de São Pedro

Um belo momento de oração aconteceu hoje, na Basílica de São Pedro, por ocasião das Congregações Gerais que precedem o Conclave. O Colégio Cardinalício intercedeu pela Igreja e pelo futuro Pontífice. A celebração teve início às 17h no Altar da Cátedra da Basílica, com a recitação dos Mistérios Gloriosos do Santo Rosário em latim, seguido pela exposição do Santíssimo Sacramento. Os cardeais foram convidados a participar de acordo com as suas possibilidades, mas a grande maioria estava presente. Dentre eles Dom João Braz de Aviz que saudou afetuosamente algumas pessoas antes de se sentar junto aos demais purpurados. Além dos cardeais, vários sacerdotes e religiosas ocupavam os bancos mais próximos ao altar. Estavam presentes também o secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), Prof. Guzmán Carriquiry; o fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Louro de Azevedo Filho; padre Eric Jacquinet, responsável pela Seção Jovem do Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), dentre outros. Muitos fiéis e peregrinos acompanharam a celebração. Este momento de intercessão pela Igreja contou com a oração das Vésperas recitada de forma simples, em latim, presidida pelo cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro. O rito terminou com a benção solene após a recitação do Tantum Ergo. O Santíssimo Sacramento foi recolhido e levado em procissão para o sacrário localizado na lateral da Basílica acompanhado do canto Ave, Regina Caelorum. O livro da cerimônia distribuído aos fiéis presentes na Basílica foi disponibilizado também online pelo Escritório das Celebrações Litúrgicas do Vaticano. Neste contexto, a Secretaria de Estado do Vaticano publicou hoje o primeiro Twitter na sua conta oficial @terzaloggia: “Neste momento de particular importância, a Secretaria de Estado se une a toda a Igreja em oração pelo futuro Pontífice”. Fonte: Zenit.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Frutos da conversão

A Igreja foi posta, mais uma vez, como espetáculo diante do mundo. Todos os olhos estão voltados para ela e proclama-se, especialmente quando vista de fora, uma grande crise. Aproveita-se a oportunidade para que as muitas bandeiras de uma parcela permissiva da sociedade sejam levantadas. Na cabeça de muitos, vale apostar tudo para ver o que se pode colher, como se a Igreja de Jesus Cristo fosse um balcão de informações turísticas, ou, quem sabe, um parlamento democrático aberto a todos ou as orientações morais viessem a ser decididas pelo voto da maioria. A grande renovação da Igreja, ou acontece a partir da ação do Espírito Santo que atua dentro do coração de cada cristão, com a força da permanente conversão, ou será indevida e mentirosa, pois ela não pode ser infiel ao seu Senhor. Ser cristão incomoda e muito, começando mesmo por aqueles que desejam professar sua fé com coerência, em tempos nos quais a perseguição se volta furiosa, especialmente contra os católicos. Não estamos mais em época de cristandade! Com certeza os cristãos católicos devem tomar consciência de sua responsabilidade e se decidirem a ser sal, luz e fermento, com qualidade de vida e testemunho, indo além das valiosas e reconhecidas devoções, para serem presenças qualificadas, capazes de transparência da inigualável mensagem evangélica, dispostos a superar os próprios limites e pecados. Sabemos que o mistério da iniquidade está presente onde quer que existam pessoas humanas. Falta muito para que todos os homens e mulheres, de qualquer religião ou fé, vejam vencidos em si ou na vida social a maldade que se espalha. Também para nós vale o chamado contínuo à conversão, tanto que, nos dias da Quaresma, a Igreja inteira, consciente de que foi resgatada pelo Sangue do Cordeiro imolado, canta em sua oração: "Humildes, ajoelhados na prece que a fé inspira, ao justo Juiz roguemos que abrande o rigor da ira. Ferimos por nossas culpas o vosso infinito amor. A vossa misericórdia do alto infundi, Senhor. Nós somos, embora frágeis, a obra de vossa mão; a honra do vosso nome a outros não deis, em vão. Senhor, destruí o mal, fazei progredir o bem; possamos louvar-vos sempre, e dar-vos prazer também. Conceda o Deus Uno e Trino, que a terra e o céu sustém, que a graça da penitência dê frutos em nós. Amém" (Hino de Laudes para os Domingos da Quaresma). É bom que o mundo saiba que nos reconhecemos pecadores, suplicamos a misericórdia de Deus, somos continuamente chamados à conversão e nos empenhamos em buscar as formas de vida cristã e as estruturas necessárias ao testemunho autêntico de Jesus Cristo. No terceiro domingo da Quaresma, a Igreja proclama e medita o Evangelho de São Lucas, no capítulo treze, versículos um a nove. Jesus forma seus discípulos e as pessoas que dele se aproximam. Cabe-lhes estar atentos aos acontecimentos. O primeiro deles é de ordem religiosa no qual alguns galileus são mortos por Pilatos, quando ofereciam sacrifícios. O segundo é um acidente, quando uma torre cai sobre algumas pessoas. É mais ou menos como as notícias novas ou requentadas, que correm pelo mundo afora e também no boca a boca das conversas. Em nossos dias, pululam acusações de toda ordem contra a Igreja e os católicos. Os fatos negativos tenham sua devida apuração e, quando comprovados, as pessoas sejam devidamente responsabilizadas. Também os desastres públicos são passíveis de verificações e providências cabíveis. No entanto, envolvidos diretamente ou não nos dois tipos de eventos, todos sejam provocados a tirar as lições devidas. Trata-se de perguntar o que Deus quer nos dizer com os fatos. Jesus propõe a conversão nos dois casos. Se existem cristãos que agem mal, que comecem uma vida nova, transformem sua mentalidade e suas práticas. Se qualquer um de nós se encontra distante dos fatos e responsabilidades, pergunte-se como pode ser melhor e viver melhor, mesmo em áreas totalmente diferentes. Quando na sociedade uma obra desaba, um incêndio se alastra, as ruas estão esburacadas ou os serviços são de baixa qualidade, mesmo quem não tem poder para mudar tudo, pode começar por si mesmo ou perto de sua casa. O lixo que cada um recolhe de forma adequada pode ser uma pequena, mas indispensável ajuda, como também a direção segura e defensiva no trânsito e outras práticas. Vale, como sempre, ouvir Jesus: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não” (Lc 13,2-5). Os frutos da conversão se manifestem em nova mentalidade e novas práticas de vida! A Igreja tem a alegria de oferecer ao mundo, depois de oito anos de trabalho intenso, o exemplo luminoso do até agora Papa Bento XVI, que acaba de renunciar. Certamente incomodou muita gente, mas edificou crianças, jovens e adultos, homens e mulheres de todos os quadrantes do mundo. Sua palavra e seu comportamento foram retilíneos, coerentes com o lema escolhido, “colaborador da verdade”, um cristão autêntico, apaixonado pela Verdade, que é Jesus Cristo. É a esta verdade que queremos converter-nos! É a esta verdade que estará a serviço o novo Papa a ser eleito! Unindo-se às preces de todo o mundo, a Arquidiocese de Belém reza assim: “Senhor Jesus, Pastor eterno, fundastes a Igreja para ser no mundo o Sacramento da Salvação, na perfeita comunhão de amor, e destes a Pedro a tarefa de criar a unidade entre vossos filhos e filhas. Amparai, Senhor, a vossa Igreja que, sustentada pelo vosso Santo Espírito, espera confiante a escolha do Sucessor de Pedro, que nos sustentará na mesma fé que da mesma Igreja recebemos no Batismo. Não permitais, Senhor, que ventos de doutrinas contrárias venham a nos confundir. Sustentai a nossa fé e mandai, sem demora, aquele que conduzirá a Barca da Igreja pelos caminhos da história em nosso tempo, para a honra e glória do vosso nome, vós que sois caminho, verdade e vida. Amém!” Dom Alberto Taveira Corrêa Arcebispo Metropolitano de Belém

sexta-feira, 1 de março de 2013

Um Pontífice revolucionário

Desde a sua eleição, Bento XVI foi retratado como um severo guardião da ortodoxia, um ancião rígido, conservador da estrutura. Na realidade, em seus oito anos de pontificado, ele realizou uma obra de renovação, reforma e refundação da Igreja que chega a ser revolucionária. Ratzinger ainda não era papa quando, na meditação da nona estação da via crúcis de 2005, disse: "O que pode nos dizer a terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Talvez ela nos faça pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, na deriva, à mercê de um secularismo sem Deus". Não era uma reflexão fora do tempo. Ele salientou: "Não devemos pensar, também, no quanto Cristo tem que sofrer dentro da sua própria Igreja?". "Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença! Em que vazio de corações ele tem que entrar tantas vezes! Quantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem perceber a presença dele! Quantas vezes sua Palavra é distorcida e mal empregada!". "Que pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, inclusive entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a ele! Quanto orgulho, quanta autossuficiência! Que pouco respeito nós temos pelo sacramento da reconciliação, onde ele nos espera para nos levantar sempre que caímos!". "Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue, isto é certamente o maior sofrimento do Redentor, aquele que lhe atravessa o coração! Não nos resta mais que clamar, do fundo do coração: Kyrie eleison - Senhor, salvai-nos! (cf. Mt 8,25)". A coragem e a força destas palavras convenceram os cardeais e o Espírito Santo a tal ponto que o cardeal Joseph Ratzinger foi eleito papa com o nome de Bento XVI. Ele rejeitou imediatamente a tentação de um pontificado de transição, que servisse apenas para evitar o naufrágio da barca de Pedro nas dificuldades externas e internas que cresciam. Apesar da fragilidade de saúde e do peso dos anos, ele aceitou com alegria e fé o desafio de renovar a igreja, empurrando-a para a nova evangelização. Ele sabia das dificuldades. Quando se apresentou na janela da basílica de São Pedro, se disse "um humilde trabalhador na vinha do Senhor". Poucos compreenderam. O primeiro trabalho que se faz na vinha é a poda. Como disse o núncio no Quirguistão e Tajiquistão, dom Miguel Maury Buendía em entrevista à EWTN Notícias, Bento XVI "tem feito uma limpeza do episcopado. Ele tem removido dois ou três bispos por mês em todo o mundo, porque as dioceses deles eram uma bagunça, ou a disciplina deles era um desastre". "Os núncios locais iam até o bispo e diziam: ‘O Santo Padre pede, pelo bem da Igreja, que o senhor renuncie’. Quase todos os bispos, quando o núncio chegava, reconheciam o desastre e concordavam em renunciar. Houve dois ou três casos em que eles disseram que não; o papa, então, simplesmente os removeu. E esta é uma mensagem para os bispos: façam o mesmo na sua diocese". É difícil essa tarefa da limpeza. Na homilia da sua primeira missa como papa, Bento XVI pediu aos fiéis: "Não me deixem só, rezem por mim, para que eu não fuja, com medo, diante dos lobos". Estas palavras fortes nos voltaram à mente quando soubemos que o mordomo do papa fotocopiava e roubava a correspondência privada do pontífice, passando-a para pessoas que usavam as informações para criar escândalo, divisões e medos. Mas seria enganoso pensar no pontificado de Bento XVI como mero trabalho de limpeza da Igreja, ainda que heróico. Juntamente com a poda da árvore milenar da Igreja, Bento XVI cuidou e regou as raízes e fez crescer os ramos e os brotos. Ele nos deliciou com suas catequeses semanais e com seus livros e discursos. Falou com coragem e sabedoria para os governos do mundo; tentou consertar os cismas com as várias denominações cristãs, oferecendo soluções iluminadoras; apoiou os leigos e os movimentos eclesiais, incentivou o clero e os religiosos, suscitou vocações; foi incansável em recomendar a prática da confissão e da eucaristia; empurrou toda a Igreja a se aprofundar no ano da fé, a fim de encontrar o entusiasmo para a nova evangelização. Ciente da gravidade do momento histórico e da importância da Igreja católica para o mundo, Bento XVI se confiou à misericórdia divina, assumindo o papel de papa emérito e abrindo espaço para um conclave que elegerá um novo papa. Agradecemos a Deus por tudo o que o nosso amado papa Bento XVI fez pela Igreja e pela humanidade, e esperamos confiadamente pela chegada do novo pontífice. Fonte: Zenit.