sábado, 24 de julho de 2010

Na gestão pública tem prevalecido a lógica individualista

Diante da predominância dos interesses individuais no âmbito da gestão pública, a Igreja é chamada a enfatizar a centralidade do bem comum como critério fundamental de qualquer interação social e institucional.

Foi que afirmou Dom Mariano Crociata, secretário da Conferência Episcopal Italiana (CEI), ao discursar em 20 de julho num ciclo de palestras de pastoral integrada para seminaristas, cujo tema foi “Educar as relações”, realizado em Sebato-Brunico, Itália.

Em sua intervenção, o prelado explorou diversas linhas de reflexão das quais partir para construir caminhos educativos mais fecundos, abordando desde as características mais marcantes da cultura contemporânea no que se refere à afetividade, até as responsabilidades individuais com a sociedade.

Ao abordar o tema da cidadania, Dom Crociata observou que neste âmbito se constata como “a gestão da coisa pública com frequência é conduzida unicamente nos termos ditados pela racionalidade técnica, alheia a qualquer sensibilidade de caráter ético ou de valores, incapaz de conjugar os interesses, as exigências organizacionais e econômicas com a atenção à pessoa, verdadeira referência última e fim de qualquer atividade econômica, política e social”.

Por outro lado, prosseguiu, “as implicações de uma exasperação do individualismo estético conduz muitos daqueles que não estão diretamente envolvidos com a gestão pública e a organização social ao desinteresse pelo bem comum, à indiferença no que se refere às consequências de seu próprio agir sobre a coletividade, excluindo qualquer forma de responsabilidade social”.

“Deste modo – afirmou o secretário geral da CEI –, não é surpresa que uma tal lógica individualista e privatizante encerre uma tendência sutil à ilegalidade (...), nos encontramos assim diante de um elemento que corrói por dentro as estruturas sociais e o tecido de relações sobre as quais se fundamenta a convivência”.

“Neste contexto – afirmou o prelado – “uma prática cristã centrada numa vaga concepção de ‘querer bem’ e na transmissão de uma postura tolerante no que se refere à religião facilmente deram origem a uma tendência à indulgência diante de comportamentos irresponsáveis em relação ao bem comum”.

Por essa razão, enfatizou a importância de que “o ensino da Doutrina Social da Igreja esteja apoiado em crentes e em instituições que priorizem o bem comum”.

“Caminhos educativos – prosseguiu – podem se tornar também propostas de estudo e reflexão, voltadas à formação de cidadão ativos, que somem à fé o senso de serviço ao bem comum, capaz de testemunhar a força motivadora e transformadora da fé”.

“Cabe de fato à comunidade cristã a tarefa de participar da busca pelo bem comum, não apenas a partir de uma perspectiva política, mas fazendo sentir a própria presença e conservando a própria liberdade de julgamento e de iniciativa”, concluiu.


Fonte: Zenit.

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