terça-feira, 20 de julho de 2010

Japão deve examinar com honradez sua história, assinala bispo católico

Em vista das tradicionais comemorações do aniversário dos bombardeios em Hiroshima e Nagasaki e do fim da Segunda Guerra Mundial, celebrados a 15 de agosto, o presidente da Conferência episcopal japonesa, Dom Leo Jun Ikenaga SJ, convidou seus compatriotas a refletir com honradez sobre as culpas do passado do país.
Este ano também se celebra o primeiro centenário da ocupação japonesa da Coreia, que aconteceu em 1910. Estima-se para o próximo mês uma viagem do secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, a Nagasaki e Hiroshima.
Dom Leo Ikenaga disse que esta dupla comemoração “é essencial para dar outro olhar à história do colonialismo japonês, incluídas a responsabilidade da Igreja católica no Japão nesse importante ponto da história.
Em mensagem difundida por UCANews, o bispo citou o “Apelo à paz”, documento publicado pelo episcopado japonês em 2005, no 60º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.
Verdade com objetividade
O bispo referiu-se ao período da ocupação japonesa, que se deu na primeira metade do século XX até 1939 em vários países asiáticos (China, Myanmar, Hong Kong, Indonésia, Filipinas, Singapura, Tailândia), em que muitas vezes se forçaram os habitantes locais a renunciar sua cultura e adotar a japonesa. Em vários casos, os japoneses foram autores de massacres.
Um dos episódios mais dramáticos foi o massacre de Nanquim, em que poderiam ter perdido a vida, segundo estimativas, até 300.000 chineses. Essa agressiva política de expansão colonialista continua gerando tensão entre as relações do Japão com vários países asiáticos. Por isso, a insistência do prelado em revisar essa parte da história e não esquecer o contexto em que se geraram os fatos.
Em 2001, um grupo de sacerdotes, religiosos e leigos japoneses das dioceses de Niigata e Urawa viajou a Pequim e a Nanquim (China) para render homenagem às vítimas desses massacres.
“Reconhecer com valentia nossos pecados diante de Deus e buscar seu perdão – assinalou o bispo – não é um ato de auto-humilhação, mas um modo de ser autenticamente humanos, como nos pede Cristo.”
Dom Ikenaga destacou também as diferentes iniciativas que se promoveram nos últimos tempos para o desarmamento nuclear: “este ano, as vozes que pedem paz no Japão e no mundo converteram-se em um forte grito”.
Ele recordo ainda a recente peregrinação da paz de “Nossa Senhora Bombardeada”, promovida pelo arcebispo de Nagasaki, Dom Joseph Mitsuaki Takami, que passou há pouco por Nova York. Trata-se de uma famosa estátua destruída no interior da catedral de Urakami durante o bombardeio de 9 de agosto de 1945.
A mensagem conclui com um convite a olhar o futuro: “Todos temos uma responsabilidade com o futuro, e nosso primeiro dever é escutar o grito das vítimas”, disse o bispo.

Fonte: Zenit.

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