sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eleições no Sudão: teste para o referendo de autonomia do Sul do país

Um bispo católico de Cartum advertiu para o risco de que fraudes nas eleições possam desencadear uma grave crise política no Sudão.
Referindo-se aos recentes relatos de possíveis fraudes e à retirada de vários partidos e candidatos, o bispo Daniel Adwok Kur afirmou que existe o perigo “das pessoas perderem a confiança no processo eleitoral”.
O prelado destacou as crescentes preocupações com notícias ainda não confirmadas, provenientes de diversas regiões do país, relativas a uma organização inadequada dos registros eleitorais, intimidação de eleitores e outras irregularidades, e acusações contra o National Congress Party, partido que detém o controle do governo nacional de Cartum.
Falando da capital sudanesa à associação humanitária “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), o bispo auxiliar de Cartum afirmou que “os boatos de irregularidades nos levam a questionar se de fato estas eleições foram livres e justas”.
As consultas – as primeiras eleições no Sudão desde 1986 - foram iniciadas em 11 de abril, e são consideradas um teste fundamental para o próximo referendo de janeiro de 2011, no qual os habitantes da região sul do país decidirão se permanecem como parte de um Sudão unificado, ou se criarão um novo Estado autônomo.
Sublinhando a extensão do período de votação, que se concluirá apenas no final da próxima semana, Dom Adwok expressou profunda preocupação de que o processo eleitoral possa não atender às recomendações previstas no Comprehensive Peace Agreement.
O acordo de paz, que pôs fim a mais de 20 anos de guerra civil, estabelece um pacto temporário para a divisão dos poderes entre o Governo Islâmico, com sede em Cartum, e o Exército de Libertação do Povo Sudanês, que controla a região sul do país.
“Quando os resultados forem divulgados, é possível que ocorram tensões e confrontos entre as partes. Certamente a legitimidade destas eleições será questionada”, acrescentou.
“Para nós do norte” – reconheceu – “parece que houve uma carência de candidatos dispostos a promover um Sudão multicultural, plurilinguístico, multiétnico e diversificado”.
Apesar do desconforto provocado pela retirada do Partido da Libertação do Povo Sudanês das eleições no norte do país, as pessoas estão determinadas a votar.
“A postura das pessoas indica claramente que elas desejam estas eleições. Querem uma verdadeira transformação democrática, após anos de ditadura militar no norte. Para o sul, o que se quer é a liberdade de decidir o próprio destino no referendo de 2011”.
“Estas eleições são um teste em vista do referendo. Permitirão avaliar os candidatos eleitos até próxima consulta de janeiro”, concluiu.

Fonte: Zenit.

Nenhum comentário:

Postar um comentário