quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Apostolado com migrantes e seus desafios atuais

Próximo congresso sobre migrações e globalização na Santa Sé

Por Carmen Elena Villa

A Igreja deve atualizar as dinâmicas pastorais para os migrantes e enquadrá-las no contexto do fenômeno da globalização. Assim afirmou na manhã de hoje o presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes, Dom Antonio Maria Vegliò.
Durante uma coletiva de imprensa realizada hoje na Santa Sé, o prelado apresentou o VI Congresso Mundial da Pastoral para os Migrantes e Refugiados, que acontecerá de 9 a 12 de novembro no Vaticano, com o título: “Uma resposta pastoral ao fenômeno migratório na era da globalização”.
Pretende-se avaliar a instrução Erga migrantes caritas Christi, publicada em maio de 2004, que fala de temas como o fenômeno migratório em nossos dias, a pastoral de acolhida, as migrações na época dos primeiros cristãos e o compromisso de todos os agentes pastorais na acolhida, assim como do apostolado com aqueles que, por diversas razões, abandonam seu lugar de origem.
Globalização integral
Dom Vegliò se referiu às vantagens oferecidas pelo fenômeno da globalização nos últimos cinco anos: “Diminuíram flagelos que, junto com a guerra, representavam um pesadelo para as gerações passadas. Elevou-se a esperança de vida de forma inimaginável com relação ao passado”.
E mostrou como o mundo se torna cada vez menor: “Agora são mais fáceis e seguras as viagens e os transportes. As comunicações cresceram e aumentaram as relações comerciais”.
Dom Vegliò destacou o fato de que no presente “as pessoas são mais instruídas, mais protegidas e mais assistidas”, mas advertiu que nem por isso são mais felizes: “Frequentemente, são vítimas da solidão, da incomunicação, da insatisfação, da depressão e da angústia”.
“São ainda prisioneiras do pesadelo da guerra, de suas diversas formas, da fome, do estancamento econômico, de várias ameaças à saúde e à liberdade”, acrescentou.
O prelado sublinhou também como a globalização criou um novo mercado de trabalho e como isso levou muitas pessoas a fugirem da realidade de pobreza e das faltas de oportunidade que sofrem em seus países de origem.
“Este fenômeno abriu os mercados a uma intervenção internacional, mas não derrubou os muros dos limites nacionais para uma livre circulação das pessoas, que respeite a soberania dos Estados e de suas constituições, sem deixar de salvaguardar a legalidade e a segurança”, disse.
Por isso, assegurou que o fenômeno da globalização não pode ser lido somente à luz da esfera econômico-financeira, “caracterizada pela quantidade de ajudas internacionais e do grau de liberalização do comércio”.
“O desafio está em como promover e proteger cada pessoa humana, dando preferência aos mais vulneráveis, imigrantes, refugiados, entre outros”, sublinhou o prelado.
O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes indicou que a pastoral das migrações se resume em uma palavra: acolhida.
“Para que a pastoral seja eficaz, a cooperação entre as igrejas de origem, trânsito e destino dos migrantes é fundamental, assim como o diálogo entre a Igreja Católica e as comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com ela”, afirmou.
Alguns temas enfatizados no congresso são: a acolhida, o diálogo entre católicos e praticantes de outras religiões e o princípio de reciprocidade que os membros de diferentes credos devem viver.
Igualmente, tocarão temas como a paz, a convivência e os direitos e deveres entre os migrantes e as políticas dos seus Estados de destino.
O prelado concluiu destacando que a Igreja deve enfrentar as causas que provocam as migrações, assim como as consequências às quais tanto estrangeiros como pessoas autóctones estão sujeitas.
“A Igreja está perto dos migrantes, especialmente das vítimas do tráfico de seres humanos que pedem asilo às pessoas que sofrem os dramas da mobilidade”, disse.
“Ela está chamada a defender sua causa nos diferentes contextos, também colaborando na promoção de normativas adequadas, no âmbito local e internacional, que favoreçam a boa integração”, concluiu Dom Vegliò.

Fonte: Zenit.

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