terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cardeal Kasper: ecumenismo não tem nada a ver com sincretismo

O diálogo só é possível se ambas as partes mantêm sua identidade

O diálogo ecumênico entre confissões cristãs só é possível “se as partes mantêm sua identidade” e conseguem “escutar-se, mudar a forma de pensar e os corações”, processo que “não tem nada a ver com o sincretismo religioso”.
Foi o que afirmou na semana passada o cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, durante uma reunião com os membros da Conferência de Bispos Católicos da Bielorrússia.
Segundo explicou, o ecumenismo “não nasceu ontem, mas durante a Última Ceia, quando Jesus proclamou: Ut unum sint - Que sejam um. Cristo fundou a Igreja única. As divisões dentro dela são consequências do pecado”.
“A aspiração à unidade dos cristãos é antes de tudo uma realidade espiritual, e daí que o coração seja o ecumenismo espiritual”, explicou o cardeal. O caminho à comunhão, portanto, passa pela oração e a perseverança. “A perseverança deve ser, contudo, pelas duas partes”, advertiu.
“Precisamos escutar outras pessoas, mudar nossa maneira de pensar e nossos corações. Apenas então estaremos no verdadeiro ecumenismo”.
Este processo, advertiu, “não tem nada a ver com o sincretismo, já que o diálogo é possível enquanto ambas as partes mantenham sua identidade”.
“Nossos inimigos hoje não são as demais confissões, mas o secularismo e a falta de Deus. Por isso, precisamos responder juntos aos desafios do presente”, sublinhou o cardeal Kasper.
O presidente do dicastério vaticano afirmou que existem três colunas de diálogo entre cristãos: o diálogo com a Igreja ortodoxa, o diálogo com as comunidades protestantes e o diálogo com os novos movimentos religiosos.
A respeito do diálogo com os ortodoxos, o purpurado explicou que este “está já em sua segunda fase, a do diálogo teológico. Depois de uma pausa que durou alguns anos, o diálogo foi retomado em 2005”.
“Nos últimos anos se celebraram três reuniões nesse contexto –em Belgrado, Rávena e Chipre. A última delas se dedicou à questão da primazia do bispo de Roma no primeiro milênio. Deram-se pequenos passos, mas ainda resta muito adiante. Um dos aspectos positivos é que ambas as partes estão dispostas a continuar o diálogo iniciado”.
Quando ao diálogo com os protestantes, explicou, “tem-se feito muito”, mas “apareceram muitos problemas ocasionados pelo liberalismo na esfera da moralidade das Igrejas protestantes”.
Neste sentido, afirmou que o diálogo com os anglicanos "é de especial importância” e que a constituição apostólica Anglicanorum coetibus é uma resposta ao pedido dos anglicanos, cuja comunidade hoje vive grande divisão”.

Fonte: Zenit.

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