quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A fuga dos Cristãos é uma perda para o Oriente Médio

“A fuga dos cristãos representa uma grave perda para os muçulmanos e para o Oriente Médio”. É o que declara em uma entrevista à agência Si, o estudioso do Islã, o jesuíta, Padre Samir Khalil Samir, comentando os recentes fatos de violência contra cristãos no Iraque e que os está forçando a emigrar para fora do país. Para o jesuíta, “a fuga dos cristãos privaria o Oriente Médio de uma contribuição importante em dois níveis: no nível de competência e de capacidade. Os cristãos, na verdade, são pessoas que têm um nível cultural relativamente elevado, e representam diferentes princípios, insistem sobre os direitos humanos, sobre a igualdade entre todos entendendo como todos, crentes e não crentes. Eles têm as sementes da laicidade no sentido da liberdade de consciência, que está no Evangelho”, destacou o sacerdote.
Na verdade, acrescenta Padre Samir, seria “uma dupla perda: em primeiro lugar para o cristianismo – sem o cristianismo oriental, a Igreja perderia uma tradição vital à sua vida, mas especialmente para o mundo muçulmano”. Os cristãos, de fato, “representam um elemento de diversidade e o mundo islâmico tem necessidade, especialmente agora que tende a se fechar sobre si mesmo e de se opor a tudo o que é diferente, o Ocidente, em primeiro lugar.
Cabe às instituições defender a comunidade cristã – reafirma Padre Samir, referindo-se à violência no Iraque - como solicitado diversas vezes pelos seus mesmos líderes. Atacar o Ocidente através dos cristãos, acusados de estarem ligados a ele por causa da fé, é uma atitude covarde, enquanto os cristãos iraquianos não têm nenhuma relação especial com o Ocidente, e ainda menos com a política ocidental. Na verdade, eles são mais orientais (e também árabes) do que os muçulmanos, enquanto vivem nestas terras antes dos muçulmanos. “Os cristãos orientais não estão vinculados ao Ocidente, nem política, nem militarmente”.
Explica o jesuíta: “os muçulmanos fazem um duplo erro de princípio: consideram o mundo árabe, muçulmano, e o ocidental, cristão. O Ocidente, é verdade, nasce de uma tradição cristã, mas hoje não podemos afirmar que o Ocidente, há tempo secularizado, utilize o Evangelho para promulgar leis. Os cristãos do Oriente, por causa de sua fé, podem compreender melhor o Ocidente que tem uma raiz cristã. O cristão serve como um mediador entre o mundo islâmico (ao qual pertence pela língua, história e cultura) e o mundo ocidental (do qual é membro por causa do Evangelho e da fé cristã). Agredir quem se faz de mediador - concluiu - é um verdadeiro suicídio, e é isso que eles estão fazendo”.

fonte: Rádio Vaticano

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