quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cuba: preso político é libertado e outros 6 transportados para suas províncias

A mediação da Igreja Católica sobre a situação dos presos sob o soverno de Cuba continua dando frutos.
Um preso político foi liberado e outros seis transportados para centros penitenciários de suas províncias, segundo foi comunicado pelas autoridades ao cardeal Jaime Ortega.
Com estes, já sobre para 13 o número de prisioneiros que receberam benefícios penitenciários. Ainda nesse contexto, chegou hoje à ilha o secretário para Relações com os Estados da Santa Sé, Dom Mamberti.
Segundo uma nota publicada pelo arcebispado de Havana, "na noite de sexta-feira, 11 de junho de 2010, o cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, foi informado pelas autoridades que na manhã de sábado, 12 de junho, seriam transportados 6 prisioneiros até suas cidades".
A nota inclui os nomes dos presos transportados: Héctor Fernando Maceda Gutiérrez, Juan Adolfo Fernández Sainz, Omar Moisés Ruiz Hernández, Efrén Fernández Fernández, Jesús Mustafá Felipe e Juan Carlos Herrera Acosta.
Contudo, a nota conta que "foi informado que o prisioneiro Ariel Sigler Amaya recebeu licença extra penal, que atualmente se encontra internado no hospital Julito Díaz da Cidade de Havana".
O estado de saúde de Ariel Sigler, de 47 anos, é muito grave. Condenado a vinte anos, está sofrendo com várias doenças e padece de uma paraplegia que o mantém em uma cadeira de rodas.
"Independentemente de tudo, vou me dedicar na minha recuperação, não deixarei em nenhum momento de lutar pela liberdade de todos os presos e pela liberdade da democracia em Cuba", disse Sigler ao chegar à sua casa, na província de Matanzas. Segundo sua família, o ideal seria sair de Cuba para receber cuidados médicos adequados em outro país, talvez na Espanha ou Estados Unidos.
Tanto Sigler como os outros 6 prisioneiros transportados são membros do chamado Grupo dos 75 dissidentes presos e condenados na repressão da chamada Primavera Negra de 2003.
A liberação de Sigler Amaya, com uma "licença extra penal" por motivos de saúde, é na realidade o primeiro "gesto humanitário" do governo, segundo membros da oposição.
"A aproximação dos presos é um direito contemplado na legislação penitenciária, a lei foi somente aplicada. Mas a liberação de Ariel já é uma medida humanitária", disse no hospital da província de Santa Clara o opositor Guillermo Fariñas, que completa 111 dias em greve de fome pela liberação de 26 presos políticos doentes.
Segundo Fariñas, a mediação da Igreja Católica começa a dar frutos, porém é cedo para dizer que obteve êxito.
O ativista de direitos humanos Elizardo Sánchez disse que o governo está "estendendo" e "dosando" as medidas a favor dos presos com a finalidade de boa aparência para a mídia, pois necessita "limpar sua imagem".
O regime cubano sofre uma importante pressão em meios de comunicação nacionais e internacionais desde que o preso político Orlando Zapata, de 42 anos, faleceu como consequência de uma greve de fome.
A revista Espacio Laical, dirigida pelo Conselho de Leigos da arquidiocese de Havana, publicou um editorial que se refere à mediação da Igreja a respeito das Damas de Branco e sua relação direta com o tema dos presos políticos: "Por outro lado, alguns levantaram que o mencionado triunfo é somente parcial, porque não se relaciona diretamente com uma solução à causa real da existência das Damas de Branco: a liberação de seus familiares presos por razões políticas. E tem razão, porém apenas parcialmente, pois a aprovação das ações deste grupo pode constituir uma aceitação por parte das autoridades da necessidade de introduzir na agenda do governo uma gestão encaminhada a resolver essa sensível situação. E ai está a importância de consolidar o acordo entre o governo e as Damas de Branco, com a mediação da Igreja Católica".
Por outro lado, está prevista a visita de Dom Dominique Manberti, secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, convidado pela Igreja em Cuba, e pelo governo cubano, para participar das jornadas que comemoram os 75 anos das relações entre a República de Cuba e a Santa Sé.
Durante sua estadia em Havana, Dom Mamberti presidirá a Eucaristia na catedral, na quinta-feira 17 de junho, e estará presente na recepção ao corpo diplomático que oferecerá a Nunciatura Apostólica em Havana na sexta, 18 de junho.
A visita do secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé coincide ainda com a X Semana Social Católica, previamente programada para ser realizada em Havana de 16 a 20 de junho.
O cardeal Ortega, ao anunciar esta visita, em coletiva de imprensa no dia 20 de maio, indicou que "a visita de Dom Dominique Mamberti não está relacionada com as questões que nas últimas semanas entornaram a Igreja em Cuba sobre as autoridades do país a favor dos presos e das Damas de Blanco".
"Ele não vem para nada disso - acrescentou. Isso é algo da Igreja em Cuba, no tratamento que a Igreja praticou, de maneira discreta, e que nestes dias despertou e sem dar passos que o fazem mais evidente. Isso é algo da Igreja em Cuba e sua presença aqui (de Dom Mamberti) não é para iniciar conversas sobre os presos com o Estado, ou sobre as Damas de Branco. Não. Sua presença aqui é para o que acabo de informar. Sobre a Igreja em Cuba, a Igreja de Cuba, a qual está tratando com o Estado."

Fonte: Zenit.

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