quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bento XVI aos sacerdotes (I): não basta “fazer”

Os sacerdotes hoje, em geral, encontram-se sobrecarregados de trabalho. Muitos dirigem várias paróquias ao mesmo tempo, as dificuldades aumentam e o contexto social não ajuda. Como fazer?
Esta foi a primeira pergunta – vinda do Brasil – feita ao Papa Bento XVI durante a Vigília de Oração realizada na Praça de São Pedro, na quinta-feira, 10 de junho, no encerramento do Ano Sacerdotal.
O Pe. José Eduardo Oliveira e Silva, em nome dos sacerdotes da América, sublinhou que muitos se sentem “superados”: “Com toda a boa vontade, tentamos enfrentar as necessidades de uma sociedade muito transformada, já não mais inteiramente cristã, mas percebemos que nosso ‘fazer’ não é suficiente”.
“Para onde ir, Santidade? Em que direção?”, perguntou ao Papa.
É difícil ser pároco
O Papa admitiu que hoje “é muito difícil ser pároco, também e sobretudo nos países de antiga cristandade”.
“As paróquias são cada vez mais extensas, unidades pastorais... É impossível conhecer todos, é impossível fazer todos os trabalhos que são esperados de um pároco”, acrescentou.
A causa, explicou o Papa, é que “nossas forças são limitadas e as situações são difíceis em uma sociedade cada vez mais diversificada, mais complicada”.
O Pontífice quis dar alguns conselhos aos presbíteros. O primeiro foi a “doação total”
Se os fiéis veem que o sacerdote “não realiza apenas um ofício, horas de trabalho, e depois está livre e vive só para si mesmo, mas sim que é um homem apaixonado por Cristo”, se “veem que está repleto da alegria do Senhor, compreendem também que não pode fazer tudo, aceitam seus limites e ajudam o pároco”.
“Este me parece o ponto mais importante: que se possa ver e sentir que o pároco realmente se sente um chamado pelo Senhor; que está repleto de amor pelo Senhor e pelos seus”, acrescentou.
Em segundo lugar, o Papa aconselhou estabelecer prioridades, “ver o que é possível e o que é impossível”.
As três prioridades fundamentais, disse o Papa, “são as três colunas do nosso ser sacerdotes. Primeiro a Eucaristia, os sacramentos: tornar possível e presente a Eucaristia”. Depois, “o anúncio da Palavra em todas as dimensões: desde o diálogo pessoal até a homilia”. O terceiro ponto é “a caritas, o amor de Cristo”.
Outro aspecto que não se pode desatender, advertiu o Papa, é “a relação pessoal com Cristo”.
“A relação com Cristo, o diálogo pessoal com Cristo é uma prioridade pastoral fundamental, é condição para nosso trabalho pelos demais! E a oração não é algo marginal: orar é precisamente a ‘profissão’ do pároco.”
E a terceira recomendação do Papa foi a humildade: “reconhecer nossos limites”.
“Recordemos uma cena de Marcos, no capítulo 6, na qual os discípulos estavam ‘estressados’, queriam fazer tudo, e o Senhor disse: ‘Vinde também vós à parte, a um lugar solitário, para descansar um pouco’. Também este é trabalho – eu diria – pastoral: encontrar e ter a humildade, o valor de descansar.”
“Portanto, penso que a paixão pelo Senhor, o amor pelo Senhor, nos mostra as prioridades, as decisões, ajuda-nos a encontrar o caminho.”
Bento XVI concluiu animando os presentes: “Sei que há muitos párocos no mundo que realmente oferecem todas as suas forças pela evangelização, pela presença do Senhor e dos seus sacramentos”.
“A estes párocos fiéis, que trabalham com todas as forças da sua vida, do nosso ser apaixonados pro Cristo, eu gostaria de dizer um grande ‘obrigado’ neste momento.”

Fonte: Zenit.

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