sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Reino Unido: católicos aprendem a fazer uso da mídia à espera do Papa

Ao se consultarem os jornais ingleses de algumas semanas atrás, tem-se a impressão que Bento XVI seria contrário à igualdade de direitos na Inglaterra.
O discurso proferido pelo Papa em 1º de fevereiro aos bispos do Reino Unido em Roma, por ocasião de sua visita quinquenal “ad limina apostolorum”, estaria “atacando” a lei de igualdade do país.
De fato, o pontífice tratou da lei natural e da liberdade dos grupos religiosos de agirem segundo suas crenças. Os ativistas pelos direitos dos homossexuais expressaram sua contrariedade, e os diversos veículos de comunicação divulgaram suas opiniões.
Esse tipo de resposta por parte da imprensa é justamente o que a iniciativa Catholic Voices da União Católica da Grã Bretanha buscará prevenir quando o Santo Padre estiver em visita ao Reino Unido em setembro.
Será uma cobertura “autorizada, mas não oficial”, divulgada por porta-vozes católicos “idôneos e preparados”, para tratar com a imprensa a respeito do que o Papa realmente está dizendo.
Preparados para os holofotes
Cerca de 25 pessoas estarão preparadas por especialistas nos temas mais polêmicos que provavelmente atrairão a atenção da mídia durante a visita papal”, explica o grupo em uma declaração.
“Ao longo dos próximos meses”, estas pessoas “participarão também de seções preparatórias” sobre diversos aspectos da mídia, e concluirão sua preparação com um retiro na abadia de Worth.
O Catholic Voices é um órgão independente da Conferência Episcopal, mas conta com sua aprovação.
O projeto é promovido pelo presidente da União Católica da Grã Bretanha, Lord Daniel Brennan, e pelo abade de Worth, Christopher Jamison.
A declaração faz notar que no mesmo dia 1º de fevereiro, uma outra mensagem do Papa não recebeu a mesma atenção.
De fato, Bento XVI convidou os bispos a insistirem em seu direito de “participarem do debate nacional através de um diálogo respeitoso com os demais elementos da sociedade” e a recorrerem aos fiéis leigos da Inglaterra e País de Gales, para que se possa transmitir a fé às próximas gerações, com a convicção que assim estarão desempenhando seu próprio papel na missão da Igreja”.
De acordo com o abade Jamison, “o discurso do Papa Bento XVI aos nossos bispos serviu para demonstrar a importância deste projeto”.
A mídia como instrumento
Catholic Voices não navegará por águas desconhecidas.
Jack Valero e Austen Ivereigh coordenarão o projeto, em colaboração com Kathleen Griffin, ex-produtora da BBC com vasta experiência em comunicação. Valero e Ivereigh também já coordenaram outro projeto semelhante, o “Grupo de Resposta ao Código da Vinci”.
O “Grupo de Resposta ao Código da Vinci” foi capaz de oferecer uma cobertura positiva das atividades da Igreja partindo da versão enganosa dos fatos apresentada no best-seller. Isto mostra o que é possível obter sem recorrer a agressões defensivas”, explicou o abade Jamison.
O projeto divulgou uma declaração de alguém que promete ser uma estrela na visita papal: o cardeal John Henry Newman, que espera-se venha ser beatificado pelo Papa durante sua visita à Inglaterra.
O cardeal Newman expressou certa vez seu desejo de um “laicato não arrogante nem precipitado em suas palavras, mas de homens e mulheres que conheçam sua própria religião, que se integrem a ela, que saibam seu papel, que compreendam as posições que sustentam e as que não sustentam, que conheçam seu credo tão bem a ponto de dar-lhe razão, e que saibam história suficiente para que possam defendê-lo. Desejo um laicato inteligente e instruído – desejo (...) ampliar seu conhecimento, para que aprenda a ver as coisas como são, para que compreendam que fé e razão se completam, para que entendam as bases e os princípios do catolicismo”.

Fonte: Zenit.

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