sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Papa pede mais liberdade para a Igreja em Cuba



Destaca a importância dos últimos “sinais de abertura” religiosa na ilha

O Papa Bento XVI pediu hoje ao governo de Cuba um maior reconhecimento da liberdade religiosa, em seu discurso ao novo embaixador do país caribenho, Eduardo Delgado Bermúdez, ao aceitar suas cartas credenciais.
O pontífice manifestou sua esperança de que “continuem se multiplicando os sinais concretos de abertura ao exercício da liberdade religiosa, assim como tem sido feito nos últimos anos”.
Entre estes gestos, destacou a “oportunidade de celebrar a Santa Missa em algumas prisões, a realização de procissões religiosas, a reparação e devolução de alguns templos e a construção de algumas casas religiosas, assim como a possibilidade de contar com segurança social para os sacerdotes e religiosos”.
Neste sentido, apontou a oportunidade de chegar a um acordo-marco de relações entre Cuba e a Santa Sé, que “defina convenientemente as relações existentes e nunca interrompidas entre a Santa Sé e Cuba, e que garanta o desenvolvimento adequado da vida e da ação pastoral da Igreja nessa nação”.
O Papa destacou o trabalho social da Igreja em Cuba e “como a maior cooperação alcançada com as autoridades permitiu a realização de importantes projetos de assistência e reconstrução, especialmente por ocasião das catástrofes naturais”.
“Confio em que este clima de colaboração favorecerá também sua participação nos meios de comunicação social e na realização de tarefas educativas complementares, de acordo com sua específica missão pastoral”, acrescentou.
Nossa Senhora da Caridade do Cobre
O Papa quis sublinhar a importância da próxima celebração, em 2012, do 4º centenário da descoberta da imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba.
“Esta querida invocação mariana é um símbolo luminoso da religiosidade do povo cubano e das raízes cristãs da sua cultura”, afirmou, destacando que a Igreja “é depositária de um extraordinário patrimônio espiritual e moral que contribuiu para forjar de maneira decisiva a alma cubana, dando-lhe caráter e personalidade própria”.
Sublinhando a separação entre Igreja e Estado, o Papa deu a entender que uma maior liberdade de atuação dos cristãos redundará em benefício para o país.
“O principal serviço que a Igreja presta aos cubanos é o anúncio de Jesus Cristo e da sua mensagem de amor, perdão e reconciliação na verdade. Um povo que percorre este caminho de concórdia é um povo com esperança de um futuro melhor”, afirmou.
Quanto à crise econômica, o Papa pediu com urgência “uma economia que, construída sobre sólidas bases éticas, coloque a pessoa e seus direitos, sem bem material e espiritual, no centro dos seus interesses”.
Neste contexto, Bento XVI reconheceu a importância do processo de abertura de Cuba ao resto do mundo, especialmente os “sinais de distensão em suas relações com o vizinho, Estados Unidos”, que “deixariam pressagiar novas oportunidades para uma aproximação mutuamente benéfica, no pleno respeito da soberania e do direito dos Estados e dos seus cidadãos”.
“Cuba, que continua oferecendo a numerosos países sua colaboração em áreas vitais como a alfabetização e a saúde, favorece assim a cooperação e a solidariedade internacionais, sem que estas estejam subordinadas a mais interesses que a própria ajuda às populações necessitadas.”
“É de esperar que tudo isso possa contribuir para tornar realidade o convite que meu venerado predecessor, o Papa João Paulo II, lançou em sua histórica viagem à ilha: que Cuba, com todas as suas magníficas possibilidades, se abra ao mundo e que o mundo se abra a Cuba”, concluiu o Papa.

Fonte: Zenit.

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