quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Bento XVI: separação preocupante entre razão e liberdade

São equitativas as leis que respeitam a vida e promovem a solidariedade

Em muitos países se assiste hoje a uma separação preocupante entre razão e liberdade, que pode levar a uma ditadura do relativismo.
Assim observou hoje Bento XVI por ocasião da audiência geral, refletindo sobre o pensamento do teólogo inglês João de Salisbúria.
Falando para cerca de 9 mil pessoas presentes na sala Paulo VI, o pontífice explicou que este pensador do medievo sustentava que as leis humanas e a atuação política deveriam sempre conformar-se à lei natural.
Para João de Salisbúria, prosseguiu o Papa, existe “uma verdade objetiva e imutável, cuja origem é Deus, acessível à razão humana e que tem a ver com a atuação prática e social. Trata-se de um direito natural, no qual as leis humanas e as autoridades políticas e religiosas devem inspirar-se, para que possam promover o bem comum”.
Ao contrário da nossa época, observou o Papa, “sobretudo em alguns países, assistimos a um desapego preocupante entre a razão, que tem a tarefa de descobrir os valores éticos ligados à dignidade da pessoa humana, e a liberdade, que tem a responsabilidade de acolhê-los e promovê-los”.
“Talvez João de Salisbúria nos recordasse hoje que são conformes à equidade somente essas leis que tutelam a sacralidade da vida humana e rejeitam a licitação do aborto, da eutanásia e das experimentações genéticas sem limites, essas leis que respeitam a dignidade do matrimônio entre um homem e uma mulher, que se inspiram em uma correta laicidade do Estado – laicidade que comporta sempre a salvaguarda da liberdade religiosa – e que buscam a subsidiariedade e a solidariedade no âmbito nacional e internacional.”
“Do contrário, acabaria por instaurar-se o que João de Salisbúria define como ‘a tirania do príncipe’ ou, diríamos nós, ‘a ditadura do relativismo’: um relativismo que, como recordava há alguns anos, ‘não reconhece nada como definitivo e deixa como última medida somente o próprio eu e seus caprichos’.”
Um tipo de relativismo ético, o que o Papa sublinha, que “frequentemente se estende à mídia”.
“Hoje – afirmou –, o que João chamava de ‘eloquência’, isto é, a possibilidade de comunicar com instrumentos cada vez mais elaborados e difundidos, multiplicou-se enormemente. Contudo, continua sendo urgente a necessidade de comunicar mensagens dotadas de ‘sabedoria’, isto é, inspiradas na verdade, na bondade, na beleza.”
“Esta é uma grande responsabilidade, que interpela em particular as pessoas que trabalham no âmbito multiforme e complexo da cultura, da comunicação, da mídia.”
A fonte última desta verdade, disse o Santo Padre, que deve guiar cada esfera da atuação humana, é Deus: “Este princípio é muito importante para a sociedade e para o desenvolvimento, enquanto nem uma nem outro podem ser somente produtos humanos”.
“A própria vocação ao desenvolvimento das pessoas e dos povos não se funda sobre a simples deliberação humana, mas está inscrita num plano que nos precede e constitui para todos nós um dever que há de ser livremente assumido” para que nasça a justiça.
Após a audiência, o Papa cumprimentou Rumiana Jeleva, ministra do Exterior da Bulgária, que foi recebida depois por Dom Dominique Mamberti, secretário para as Relações com os Estados.
O Papa cumprimentou também, entre outros, a tripulação do Space Shuttle e o ex-jogador de basquete Dino Meneghin, presidente da Federação de Basquete Italiana, que presenteou o Papa com uma bola e a camiseta da seleção italiana personalizada.

Fonte: Zenit.

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