quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Santa Sé denuncia nova corrida armamentista global

Em menos de uma década, aumentaram 50% dos gastos militares mundiais, segundo denunciou a Santa Sé nas Nações Unidas, relançando a ideia de destinar o que hoje se gasta em armas à criação de um fundo mundial para o desenvolvimento.
O arcebispo Francis Chullikatt, núncio apostólico, observador permanente vaticano na ONU, interveio na 65ª assembleia geral desta instituição, que tratava o tema do desarmamento e da segurança internacional.
O representante do Papa começou recolhendo um informe (SIPRI, "Yearbook" 2010, Oxford 2010) que mostra como os gastos militares mundiais alcançaram, em 2009, 1.1531 bilhões de dólares, um incremento, em termos reais, de 49% com relação ao ano 2000 e de 6% com relação ao 2008.
"São cifras impressionantes, sobretudo à luz da Carta das Nações Unidas, que não busca construir a segurança e a paz sobre um equilíbrio de medo, mas sobre o respeito pleno dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas e dos povos."
Além disso, recordou, a Carta das Nações Unidas compromete os Estados na promoção do estabelecimento e manutenção da "paz e da segurança internacionais, com o menor desvio possível dos recursos econômicos e humanos".
"Os importantes recursos, tanto humanos como materiais, dedicados a objetivos militares, não só distraem, mas também impedem a promoção de um autêntico desenvolvimento, a luta contra a pobreza e o término da atual crise internacional."
O prelado retomou a proposta lançada em 1964 pelo Papa Paulo VI, quem considerou que os recursos destinados aos gastos militares poderiam ser utilizados para criar um "fundo mundial para programas de desenvolvimento, que poderiam ser de especial benefício para os mais pobres".
"Infelizmente, é um projeto que ainda está esperando ser realizado, pois requer que todos os Estados se unam em uma manifestação de sua boa fé e contribuam, assim, para a paz e a segurança internacionais", indicou o núncio apostólico.
No que se refere às armas nucleares, o representante da Santa Sé vê uma grande contradição.
"Por um lado, a linguagem de muitos países mudou, indicando talvez um desejo de virar a página e superar a ideia da dissuasão como pilar das relações internacionais - reconheceu; por outro, parece difícil chegar a uma mudança real nas políticas e nas ações. As reduções estratégicas dos arsenais nucleares são passos importantes, mas são insuficientes quando não seguidos por um desarmamento geral e efetivo, realizado com boa vontade no nível multilateral e internacional", indicou.
A Santa Sé promoveu os tratados internacionais destinados a garantir o desarmamento no âmbito global, com a esperança de que também sirvam para refletir e fortalecer as instituições internacionais e, em geral, "os fóruns da diplomacia multilateral".
"A comunidade internacional está chamada a encontrar soluções originais e práticas aos objetivos desejados, entre os quais se encontra o desarmamento completo", concluiu Dom Chullikatt.

Mais informação em www.holyseemission.org

Fonte: Zenit.

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