segunda-feira, 19 de outubro de 2009

' Eu não menti. Eu omiti '



Monsenhor de uma certa Igreja Católica Apostólica Reunidas do Brasil, criada em 1972, Marcos Rodrigues Fontana, de 48 anos, é acusado de realizar casamentos e exéquias (rezas de despedida) sem avisar que não é seguidor do papa, ou seja, da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele atua no Cemitério do Araçá, localizado na Avenida Doutor Arnaldo. Mesmo antes de o caso sair no jornal O Estado de S. Paulo, a Arquidiocese de São Paulo já havia recebido mais de quarenta reclamações. Fontana afirma que chega a celebrar seis casamentos por mês, pelo preço de 1 000 reais cada um. ‘Doo o dinheiro a instituições de caridade’, afirma.Veja São Paulo- O senhor informava aos casais que a união, segundo regras da Igreja Católica Apostólica Romana, não teria a bênção do papa?Fontana-Eles perguntavam se eu era padre católico, então respondia que sim. Católico quer dizer universal.Veja São Paulo- Os filhos frutos desses matrimônios não poderão ser batizados na Igreja romana. O senhor passava essa informação?Fontana- Não. Mas eram os casais que não me perguntavam. Eu nunca menti, eu omiti. Veja São Paulo- Não é antiético esconder detalhes assim?Fontana- Falo apenas para quem pergunta. Houve um casal que me procurou porque um deles já era divorciado, então eu penso: ‘Quem somos nós para não dar uma segunda chance?’.Veja São Paulo- O senhor distribui um cartão com uma imagem de Santa Rita de Cássia. Nele, estão seus números de telefone. É comum padres darem cartões?Fontana- Hoje em dia, propaganda é tudo. Eu era desconhecido. Em alguns meses, já celebrei seis casamentos. Fiz no Leopolldo, na Casa das Caldeiras, em sítios... No ano que vem, celebrarei uma boda na Argentina.Veja São Paulo- Dizem que o senhor cobra 1 000 reais por casamento e entre 70 e 200 reais pelas exéquias realizadas no Cemitério do Araçá. Quanto tira por mês?Fontana- Doo o dinheiro a instituições de caridade. Não cobro as exéquias. Na verdade, algumas famílias me requisitam para horários específicos. Aí peço ajuda para o táxi, pois tirar do meu bol¬so seria demais. Mas não vivo disso.Veja São Paulo- Como se mantém?Fontana-Sou professor da Escola Estadual Oswaldo Catalano, no Tatuapé. Mas estou afastado por hipertensão. (A Secretaria Estadual da Educação confirma que Fontana é professor do tipo ACT, ou seja, Admitido em Caráter Temporário, das disciplinas de história, filosofia e pedagogia desde 2002. Por motivos de saúde, está na condição de readaptado há seis anos. Re cebe salário de 1 400 reais. Sua última licença começou no dia 8 de setembro.)Veja São Paulo- Depois de descobrir que não era da Igreja romana, uma juíza o processou por ter velado o corpo do pai dela. Ficou surpreso?Fontana-Sim, pois nunca cometi falsidade ideológica. Apenas confirmei que era católico.Veja São Paulo- O que mudou na sua vida desde que surgiram as denúncias de que seria um impostor?Fontana-Minha pressão subiu ainda mais. Foi a 18 por 15. As pessoas me hostilizam na rua. Sinto que minha imagem foi aviltada.


Fonte: Veja - São Paulo.

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