segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bispo sudanês denuncia terríveis massacres contra cristãos

A violência no sul do Sudão busca dificultar o referendo, afirma

Por Nieves San Martín

O Sínodo da África dedicou especial atenção ao Sudão, país dividido entre o Norte, predominantemente árabe, que impôs a lei corânica, e o Sul, cristão animista. Dom Hiiboro Kussala, bispo da diocese meridional de Tombura Yambio, afirma que há interesse em dificultar o caminho da autodeterminação do Sul, provocando a violência.
As eleições políticas, previstas pelos acordos de paz de 2005, deveriam acontecer em 2010, enquanto para 2011 estão programando um referendo para a autodeterminação do Sul.
Mas o encontro com as urnas está em risco pelas contínuas violências perpetradas por grupos rebeldes ligados ao governo de Cartum.
Segundo Dom Kussala, "estes rebeldes, a nosso modo de ver, estão recebendo ajuda do governo do Norte. Todos têm fuzis, armas. Acho que existe vontade de deixar o Sul do Sudão em dificuldade para que não tenha a paz necessária para preparar o referendo que está previsto para o ano que vem".
O bispo sudanês informa sobre os ataques a cristãos: "No último dia 13 de agosto, os rebeldes entraram na igreja da minha paróquia e tomaram muitas pessoas como reféns. Enquanto fugiam pela selva, mataram 7 delas: eles as crucificaram nas árvores. Acontecem muitos dramas como este. Alguns deles foram instruídos pela Al Qaeda no Afeganistão: estão contra a Igreja. O projeto é atormentar os cristãos".
Viver o Evangelho no Sudão é uma opção difícil, corre-se o risco do martírio, confirma Dom Kussala: "Vivemos justamente neste sentido porque estão matando as pessoas, queimam as suas casas, as igrejas: este é o martírio".
Os cristãos vivem em meio ao medo "porque os rebeldes continuam matando as pessoas. Este é o nosso medo. Mas não queremos morrer: tudo isso reforça a fé das pessoas, que continuam vindo à igreja".
Ser sinal de paz e de reconciliação é testemunhar o Evangelho em uma terra que persegue os cristãos: "Este é o nosso lema: continuar vivendo a reconciliação e a paz. Após 6 séculos, o cristianismo foi praticamente destruído no Norte do Sudão e nós sofremos em nome do Senhor".
Pensando na situação de sua diocese e no conflito de Darfur, Dom Kussala pediu ajuda à comunidade internacional, mas também disse: "Precisamos dos bons samaritanos da Bíblia".
"Queremos bons samaritanos - conclui: nossos irmãos, nossos amigos na comunidade internacional podem vir em nosso auxílio. Porém, mais ainda que isso, pedimos orações, muitas! Por nós, para que possamos ser fortes e prosseguir neste caminho tão difícil. Mas com o Senhor, nós bem o sabemos, no final venceremos!"

Fonte: Zenit.

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