sexta-feira, 15 de julho de 2011

México: a luta contra o crime começa no presídio

Para analisar a realidade carcerária no México e melhorar a participação da Igreja Católica na ressocialização dos mais de 220 mil homens e mulheres presos no país, será realizado o XXXIII Encontro Nacional de Pastoral Penitenciária, com o lema “Discípulos em comunhão”.

Mais de mil agentes da Pastoral Penitenciária se reunirão na diocese de Villahermosa, Estado de Tabasco, de 18 a 22 de julho, para compartilhar experiências e implementar planos de trabalho que reforcem o sentido cristão do desafio de transformar os presídios, hoje permeados pelo crime organizado.

O diretor da Dimensão de Pastoral Penitenciária da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), doutor Pedro Arellano, destacou a necessidade de diversificar as atividades da Igreja nas prisões do país para enfrentar a crise do sistema penitenciário.

“As características dos presos mudaram: tem grupos do crime organizado, cartéis da droga que se apropriaram das cadeias e continuam operando de lá dentro, além dos velhos problemas de superlotação, instalações precárias e carência de programas de readaptação”, enfatizou.

Arellano matizou que a Igreja realiza um intenso trabalho em 482 dos 489 presídios mexicanos, em que mais de quatro mil agentes de pastoral fazem visitas ao menos uma vez por semana. “Só não estamos nos outros porque as autoridades limitam, porque são presídios de segurança máxima”.

“Lutamos para realizar programas de prevenção do delito, para dar acompanhamento aos presos e às suas famílias, evangelização, educação, projetos produtivos, alimentação, remédios e, acima de tudo, carinho”.

Mas o trabalho está mais difícil por causa da situação nos centros penitenciários e do medo que os agentes da pastoral têm de denunciar as torturas, corrupção, superlotação e maus tratos das autoridades. O “castigo” pode ser a proibição da sua entrada ou o favorecimento a outras religiões ou seitas destrutivas, como a “Santa Morte”.

Como exemplo, Arellano relatou o caso de um bispo que se atreveu a dizer que os animais no zoológico eram mais bem alimentados do que os presos da sua diocese. Em resposta, o governador o impediu de entrar em qualquer presídio durante três anos.

“As cadeias no México não reabilitam nem ressocializam os presos. A tendência é contaminá-los mais ainda. São lugares que aumentam a delinquência. Quanto mais presos, maior o aperfeiçoamento da criminalidade”, afirmou.

Esta é uma preocupação dos bispos mexicanos, que na exortação pastoral "Em Cristo, nossa Paz, o México tenha vida digna", se referem a este problema: “Enfrentamos a crise do sistema penitenciário que não ressocializa nem readapta os internos, e, em muitos casos, promove a organização criminosa”.

“A superlotação e a corrupção transformam os presídios em covis do crime organizado. Eles planejam e dirigem ações criminosas de lá dentro. Em vez de servir para a readaptação social, eles viram verdadeiras universidades do crime, com a convivência indiscriminada dos réus de alta periculosidade com a multidão de presos por delitos de fome”.

Com o objetivo de reafirmar o trabalho dos agentes da Pastoral Penitenciária, durante o XXXIII encontro, o arcebispo de Tulancingo, Estado de Hidalgo, Dom Domingo Díaz, responsável desta pastoral no episcopado, apresentará um novo curso de especialização para capacitar adequadamente os agentes que visitam os presídios.

O curso terá quatro etapas, todas orientadas a melhorar o trabalho entre os indivíduos privados da liberdade, para que eles consigam seriamente a ressocialização.

Fonte: Zenit.

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