quarta-feira, 13 de julho de 2011

Assis: importância do compromisso das religiões

Como preparação para o encontro de representantes de grandes religiões em Assis, no próximo dia 27 de outubro, o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, destacou no L'Osservatore Romano a importância das comunidades religiosas para a justiça e para a paz.

Depois de 25 anos desde o primeiro encontro organizado por iniciativa de João Paulo II, o cardeal recorda que o diálogo entre as religiões deve ser “um diálogo sincero, no pleno respeito pelas diferenças e pela diversidade de tradições”.

Juntas, as diversas religiões são convidadas a “transformar as mentalidades e as estruturas”, especialmente no que se refere ao direito à vida, sem o qual “é impossível desfrutar dos demais direitos”.

“Falar do compromisso das comunidades religiosas pela justiça e pela paz significa sua cooperação pelo bem comum da sociedade, no marco do seu diálogo”, afirma o cardeal no artigo do jornal vaticano.

“As culturas e as religiões do mundo têm, todas, um patrimônio de valores e de riquezas espirituais para compartilhar com as outras, e que pode ser considerado como uma preparação para Cristo.”

“Estas tradições espirituais e morais podem também permitir um diálogo fecundo para ancorar-se em uma plataforma comum”, explica.

“Sobre esta plataforma pode se desenvolver um diálogo sincero, no pleno respeito pelas diferenças e pela diversidade de tradições”, continua.

“Segundo o purpurado, “toda comunidade religiosa está chamada a cultivar o diálogo com as demais religiões, a abrir-se à escuta para continuar caminhando juntos na paz e oferecer o melhor que cada uma possui para construir um mundo mais justo e solidário”.

“Ainda que nem sempre seja possível estabelecer um diálogo no campo teológico ou doutrinal, existem outras vias que merecem ser aprofundadas”, particularmente a via do diálogo, “no campo da vida e das obras”.

“O diálogo supõe que os interlocutores se acolhem e se aceitam em sua especificidade, com suas riquezas e suas fraquezas”, explica o cardeal.

“É o caminho privilegiado do diálogo e da cooperação ao serviço do bem comum: respeitar o outro sem deixar de lado sua identidade, ainda que buscando compreendê-lo.”

Contra as estruturas de pecado

Os fiéis das diversas religiões – afirma o cardeal Turkson – estão chamados a “unir suas forças para reforçar a solidariedade e a fraternidade entre os povos, lutando especialmente contra as causas das injustiças e trabalhando para transformar as mentalidades e as estruturas que, infelizmente, são muitas vezes portadoras de pecado”.

Neste contexto, “o direito à vida merece uma atenção especial porque, sem este direito, é impossível usufruir dos demais direitos”.

Falar do direito à vida, afirma, “significa referir-se ao mesmo tempo ao lugar em que esta nasce e cresce, isto é, a família, uma instituição que hoje em dia é atacada”.

Não se pode jamais questionar “o direito da pessoa de fundar uma família conforme o desígnio do seu Criador, a ter filhos, a educá-los segundo suas próprias convicções religiosas”.

O cardeal Turkson convida a evitar algumas armadilhas para “que a cooperação das comunidades religiosas ao serviço da justiça e da paz seja fecunda”.

“A primeira armadilha é a instrumentalização da religião. Muitas vezes, esta armadilha é uma consequência do fanatismo e do fundamentalismo, que buscam impor suas convicções aos outros pela força e pela violência”, afirma.

“A violência em nome de Deus geralmente está enraizada em um contexto de cegueira religiosa – adverte. Uma forma de violência especialmente preocupante é a do fenômeno do terrorismo.”

“Também existem formas solapadas de violência, que são uma grave ameaça à vida e ao futuro da humanidade”, insiste.

“Basta pensar na violência contra o direito à vida, que é difundida e estimulada por uma mentalidade contrária à vida por meio de muitos caminhos: contracepção, aborto, legislações contrárias ao nascimento, esterilizações incentivadas nos países pobres por algumas ONGs, controle coercitivo de nascimentos, eutanásia.”

É importante, portanto, que “as comunidades religiosas – em nome de Deus, fonte, autor e fim último da vida – unam seus esforços para denunciar esta mentalidade em todos os âmbitos e para comprometer-se na promoção e na defesa da vida, da concepção até a morte natural”.

O cardeal Turkson adverte que “o futuro da nossa humanidade está em jogo”.


Fonte: Zenit.

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