sábado, 16 de julho de 2011

Arinze critica eufemismos no debate sobre o aborto

O presidente emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sustenta que é preciso “falar claramente” no debate sobre o aborto.

O cardeal Francis Arinze fez esta reflexão no sábado passado, durante uma conferência sobre bioética, realizada no Christendom College de Front Royal, da qual participaram também Dom Robert Morlino de Madison (Wisconsin), a autora Janet Smith o Pe. Tadeusz Pacholczyk.

O cardeal Arinze observou que os direitos humanos são invioláveis porque são recebidos de Deus e inerentes a toda pessoa humana.

“Se uma pessoa é assassinada, de que lhe servem todos os demais direitos? – perguntou-se. Alguns dizem: 'Pessoalmente, sou contra o aborto, mas não imponho minha opinião aos outros'. É como dizer: 'Alguém quer atirar no Senado e na Câmara dos Deputados, mas eu não imporei a ninguém meu ponto de vista'.”

“Não é altamente ilógico para algumas pessoas falar de baleias, chimpanzés e árvores como 'espécies em perigo' que devem ser preservadas – e quando se tortura um cachorro em alguns países, se é levado aos tribunais por tortura contra os animais –, enquanto o assassinato de não-nascidos é definido 'pro choice' antes do que realmente é, um homicídio? É preciso 'dar nome aos bois'.”

A autora Janet Smith tratou, por sua vez, da questão da contracepção. Usando a filosofia do personalismo contida na Teologia do Corpo do Beato João Paulo II, explicou os efeitos prejudiciais da contracepção na relação esponsal.

“Ter relações conjugais com uma pessoa e não estar aberto a ter um filho com essa pessoa nega a realidade pela qual a relação sexual leva a relações que duram a vida inteira – disse. Deveria ser um motivo de alegria, não algo visto como um castigo pelo fato de ter relações sexuais.”

O Pe. Tadeusz Pacholczyk, do National Catholic Bioethics Center, falou sobre a pesquisa com células-tronco.

A publicidade de Hollywood, a curiosidade científica e a busca de lucro são as causas pelas quais a destruição de embriões para obter células-tronco é financiada e ativa, segundo o especialista.

O sacerdote destacou a ironia de uma lei americana de 1940 que defende não somente a águia-de-cabeça-branca, mas também seus ovos.

“Se consideramos que destruir um ovo de águia é um mal igual à destruição de uma águia, por que não conseguimos pensar o mesmo quando se trata de uma vida humana?”, perguntou-se.

Dom Morlino prosseguiu depois com o debate, falando sobre o direito natural e o fim da vida. “Cada caso de doença terminal ou de uma pessoa moribunda é único”, afirmou.

“O difícil não são as avaliações, mas a comunicação pastoral. Se a pessoa não se sente um peso para os outros e não o é, o enfoque pastoral da comunicação da verdade é muito mais simples.”

Lorna Cvetkovich, do Tepeyac Family Center, falou do desafios que os médicos católicos devem enfrentar.

“Na nossa sociedade, 80% das mulheres usam pílulas anticoncepcionais. Se têm mais de 35 anos e um filho, há uma possibilidade entre 50-60% de que já tenham se tornado estéreis, e a porcentagem de gravidezes com fecundação in vitro aumenta cada ano – destacou. Devemos enfrentar muitas questões.”

Os profissionais médicos católicos, segundo ela, devem se preocupar não somente com as questões relativas à saúde reprodutiva, mas também às práticas de pesquisa. Um desafio para a profissão médica é entender e reconhecer o quanto a ideologia influenciou no ideal científico.

“Muitos dados e várias pesquisas mostraram que o aborto aumenta o risco de câncer de mama – comentou. Por que se esconde esta informação? No passado, podíamos confiar em que as pessoas tinham vontade de realizar pesquisas positivas.”

Concluindo, Cvetkovich confessou temer pelo futuro da medicina católica: “Deveremos escolher entre praticar a medicina anti-hipocrática e pro-choice e praticar uma hipocrática, católica, pró-vida e perder nosso trabalho”.

Fonte: Zenit.

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