quarta-feira, 17 de março de 2010

Os novos confessionários

Os jornais, as televisões, as rádios são os confessionários dos dias de hoje. Antigamente, quem tinha um problema, sobretudo de foro mais íntimo, ia aconselhar-se com o padre, numa conversa que ficava só entre a pessoa, o padre…e Deus. Se tivesse algo de escabroso para contar, ia ao confessionário e procurava livrar-se dessa culpa, contando o seu pecado. Ou o pecado de outros.
Hoje, quem tem um problema íntimo ou algo de escabroso para contar, telefona para um jornal ou para uma televisão e tenta vender a sua história. Este recurso também é agravado pela lentidão do funcionamento dos tribunais e pela impotência que as pessoas sentem quando vêm que a sua questão nunca mais tem solução. Por isso, se a Justiça falha ou tarda (o que vem a dar no mesmo), recorre-se aos meios de comunicação social.Aqui no «barlavento», quase todas as semanas recebemos um telefonema de alguém que nos quer contar o seu caso. São histórias de maus tratos familiares, de zangas entre vizinhos, de dívidas nunca pagas, de falcatruas de que foram vítimas, de rancores que custam a passar.Na maior parte das vezes, mal as pessoas começam a contar as suas histórias, vemos logo que, dali, nunca poderemos fazer uma notícia. Ou porque de facto o que nos contam não é material noticioso – por mais importante que o caso seja para aquela pessoa – ou porque, se fizéssemos um artigo, estaríamos a invadir campos de privacidade, trilhando um caminho que não é costume no «barlavento».Há até as pessoas que nos telefonam e que dizem logo, à cabeça: «já falei com a TVI e com o Correio da Manhã e eles não estão interessados»... Muito menos estará o «barlavento», pensamos nós. Mas, quando há tempo, lá ouvimos as pessoas, às vezes durante muito e muito tempo. A nós não nos adianta nada, só nos faz perder tempo, mas a quem se queixa é como se um peso lhe saísse de cima…

Fonte: Barlavento Online.

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