sábado, 5 de junho de 2010

DÉCIMO DOMINGO COMUM

“Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela”
Lucas 7,11-18
De novo, nos deparamos com um dos temas centrais de Lucas - a compaixão de Jesus, ou melhor, a compaixão de Deus manifestada em Jesus. Em qualquer sociedade, em qualquer época, a morte do filho único de uma viúva seria trágica. Mas na sociedade patriarcal do tempo de Jesus, mais ainda. Pois uma mulher, sem marido e sem filho, seria totalmente desamparada, sem segurança qualquer. “Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela” ( v.13). Ele nem a conhecia, não sabia se era ‘gente boa”, “gente de fé”, ou não. Bastava ver o seu sofrimento para que Jesus sentisse compaixão dela. Lucas aqui desafia a todos nós para que superemos o moralismo e a mania de julgar, para simplesmente ver as pessoas com os seus sofrimentos como Jesus as vê; para termos “coração de carne e não coração de pedra” (cf. Ez 36,26). Peçamos este dom - pois realmente é uma graça de Deus! Jesus disse-lhe “Não chore!” Quantas vezes ouvimos estas palavras de “pano quente” dirigidas às pessoas sofridas, para que escondem o seu pranto e parem de nos incomodar. Mas na boca de Jesus não são meras palavras paliativas - mas garantia de esperança! Ele não conforta com palavras vazias, mas faz o que pode. Tais palavras só têm sentido quando pronunciadas por pessoas solidárias, que tomam passos concretos para aliviar as dores alheias. “E Jesus o entregou à sua mãe”( v 15b). Com esta frase, Lucas evoca a figura do Profeta Elias, que devolveu o filho único morto à viúva de Sarepta (cf. 1 Rs 17,23). Neste gesto de Jesus, feito em solidariedade e com compaixão, a multidão vê a presença do Deus misericordioso e amoroso: “Glorificavam a Deus dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.” (v.16) É certo que nós não temos poder de ressuscitar fisicamente os defuntos - mas podemos lutar pela vida, pela saúde, contra a morte prematura, em favor de um sistema social adequado de saúde! Podemos ressuscitar pessoas desanimadas, com palavras de coragem e ânimo: “O Senhor Javé me deu a capacidade de falar como discípulo, para que eu saiba ajudar os desanimados com uma palavra de coragem.”(Is 50,4)
Podemos sentir e manifestar compaixão, ser solidários, ser sinal da presença do Deus de vida. Lucas nos desafia mais uma vez, para que a nossa vivência cristã leve os sofridos a dizer: “Realmente Deus visitou o seu povo!”

Fonte: Tomas Hughes, SVD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário