Em sua intervenção na XIV Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Suíça, o arcebispo Silvano Maria Tomasi, observador permanente da Santa Sé, pediu o fim da especulação dos chamados “fundos abutre”.
Esses últimos, explicou em uma entrevista à Rádio Vaticano, são “fundos ou investimentos que tomam o nome desse pássaro que ataca quando um animal está prestes a morrer”.
Em outras palavras, “são fundos especulativos que adquirem a preço baixo a dívida dos países em vias de desenvolvimento, perante credores públicos ou privados, mas sobretudo do Estado. Depois, a companhia que compra a dívida a um preço muito reduzido vai pedir ao país devedor, de modo completamente legal, o reembolso do crédito inicial, aumentando a exigência e pedindo também os juros, de modo que o custo inicial aumente muito”.
“Quando o país não pode pagar, especialmente os países em vias de desenvolvimento da África, estes ‘fundos abutre’ tentam pegar o dinheiro proveniente dos financiadores públicos ou de qualquer recurso primário deste país, como petróleo ou outras matérias-primas, de modo não só a recuperar o gasto inicial, mas fazendo enormes lucros à custa desses países”.
Nesse contexto, a Santa Sé pede o fim de tais especulações, “porque prejudicam os países mais pobres, que têm direito em contrapartida a ter o necessário para sua gente e para encaminhar-se para o desenvolvimento”.
Em outras palavras – sublinhou –, “a economia tem consequências sociais” que devem ser “tomadas em consideração” e às quais se deve dar prioridade, porque, ao final, é o bem comum que estamos buscando: o bem das pessoas está acima dos mecanismos do lucro”.
“Sustentamos o princípio de que as dívidas devem ser pagas, mas ao mesmo tempo se diz também que as populações têm direito à sobrevivência”, afirma o prelado, recordando que “há que garantir o exercício dos direitos humanos fundamentais”.
A dívida, portanto, “não deve se converter em uma forma de opressão, bloqueando o desenvolvimento e a sobrevivência”.
“Devem-se buscar fórmulas para animar tanto os países endividados a evitar a falta de uma gestão transparente, evitar a corrupção, evitar uma programação falida, como os países ricos a coordenar quando seja possível estas dívidas, de modo que se garanta uma recuperação nova para estes países”, concluiu.
Fonte: Zenit.
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