O papa Bento XVI falou da importância dos religiosos ao longo dos anos e fez um apelo aos jornalistas durante o Angelus celebrado neste domingo, alguns dias após a conclusão do Ano Sacerdotal. "Se olhamos a História, podemos observar quantas páginas de autêntica renovação espiritual e social foram escritas com a contribuição decisiva de sacerdotes católicos animados somente pela paixão pelo Evangelho e pelo homem, por sua verdadeira liberdade, religiosa e civil", disse o Pontífice. Sem aludir diretamente às denúncias de pedofilia que causaram uma crise na Igreja durante os últimos meses, o chefe de Estado do Vaticano citou as figuras do Santo Cura d'Ars e do padre polonês Jerzy Popieluszko em sua homilia. "Os sacerdotes são os primeiros operários da civilidade do amor" e muitos deles, moldados "pela mesma caridade de Cristo", estão prontos a "dar a vida pelos amigos e também a perdoar os inimigos", explicou o Papa, recordando que muitas iniciativas de promoção humana integral partiram de instituições sacerdotais. No início de seu pronunciamento, Bento XVI havia agradecido a Deus "por todos os benefícios que deste Ano Sacerdotal vieram à Igreja", assinalando que "ninguém nunca poderá medi-los", mas que "certamente se veem e ainda mais se veem os frutos". Iniciado em 19 de junho de 2009 e finalizado nesta semana, o Ano Sacerdotal foi convocado pelo Pontífice em ocasião dos 150 anos da morte do Santo Cura D¿Ars. O perído pretendia "promover a renovação interior de todos os sacerdotes", além de ser "um testemunho do Evangelho mais firme e incisivo". Ao lembrar as solenidades de encerramento realizadas entre quarta-feira e sexta-feira com a presença de 15 mil religiosos no Vaticano, o Papa declarou que "o sacerdote é um presente do coração de Cristo, um presente para a Igreja e para o mundo". Ainda neste domingo, Bento XVI citou a figura de Manuel Lozano Garrido, jornalista espanhol proclamado beato ontem, para assinalar que estes profissionais "poderão encontrar um testemunho eloquente do bem que se pode fazer quando a caneta reflete a grandeza da alma e se coloca a serviço da verdade e das causas nobres". Conhecido como "Lolo", o jornalista foi beatificado em sua localidade natal, Linares. Entre as ações de Garrido, nascido em 1920 e falecido em 1971, estava distribuir a comunhão aos detidos durante a Guerra Civil Espanhola, o que o levou à prisão. Ele adoeceu em 1942 e passou os anos seguintes até sua morte em uma cadeira de rodas. Em uma saudação em espanhol, o Pontífice declarou que o jornalista "soube irradiar com seu exemplo e seus escritos o amor por Deus", manteve "sua alegria serena e sua fé inalterável" apesar das condições físicas e "trabalhou com espírito cristão" "no campo da comunicação social". Joseph Ratzinger também comentou que Jerzy Popieluszko -- capelão do partido polonês Solidariedade morto há 37 anos pela polícia secreta comunista e proclamado beato no último domingo -- representou uma "semente de uma nova primavera na Igreja e na sociedade". Segundo o Papa, a obra do sacerdote "a seviço do bem e da verdade" contradizia o regime que governava o país naquela época, e ele "exercitou seu generoso e corajoso mistério junto a todos que se empenhavam pela liberdade, a defesa da vida e sua dignidade". Bento XVI lembrou ainda o leigo esloveno Alojzij (Lojze) Grozde, militante católico torturado e assassinado aos 20 anos por partidários comunistas, beatificado na manhã de hoje. Usando o exemplo, o Santo Padre falou da "capacidade de sacrifício pela salvação das almas".
(ANSA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário