A Basílica de S. Pedro acolheu na manhã desta terça-feira a celebração eucarística por ocasião da solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. O tema da homilia do Santo Padre foi a liberdade da Igreja, contida em toda a liturgia da Palavra de hoje.
Comentando as leituras do dia, Bento XVI descreveu as provações físicas e espirituais sofridas por Pedro e Paulo e a ação libertadora de Deus, que os conduziu às portas do Céu. Na primeira leitura, é narrado um episódio específico que mostra a intervenção do Senhor para libertar Pedro da prisão; na segunda, Paulo diz-se convencido de que o Senhor, que já o salvou da "boca do leão", o libertará "de todo o mal".
A experiência dos dois Apóstolos é significativa hoje para a Igreja, notou Bento XVI. Analisando os dois milênios de sua história, observa-se que – como tinha preanunciado Jesus – jamais faltaram provações aos cristãos, que em alguns períodos e lugares assumiram o caráter de verdadeiras perseguições.
Todavia, advertiu o Papa, as perseguições não constituem o perigo mais grave para a Igreja. O dano maior é representado pela contaminação da fé e da vida cristã de seus membros e de sua comunidade, ferindo a integridade do Corpo místico, enfraquecendo a sua capacidade de profecia e de testemunho e ofuscando a beleza de seu rosto.
Esta realidade é descrita nas cartas paulinas, que narram problemas de divisões, de incoerências e de infidelidades ao Evangelho que ameaçam seriamente a Igreja. Em meio aos perigos, Paulo confortava os fiéis: os homens que realizam o mal "não irão muito longe, porque a própria estupidez será manifestada a todos".
Há então uma garantia de liberdade assegurada por Deus à Igreja – liberdade seja dos laços materiais, que buscam impedir ou coagir a sua missão, seja dos males espirituais e morais, que podem ferir sua autenticidade e credibilidade.
O tema da liberdade da Igreja tem também uma atinência ao rito da imposição do Pálio, afirmou o Papa, saudando os 38 arcebispos metropolitanos que receberam hoje a estola de lã.
A comunhão com Pedro e seus sucessores é uma garantia de liberdade para os Pastores da Igreja e para as próprias comunidades a eles confiadas. A comunhão com a Sé Apostólica assegura às Igrejas particulares e às Conferências Episcopais a liberdade no que diz respeito a poderes locais, nacionais e internacionais, que podem em alguns casos impedir sua missão por motivos políticos ou ideológicos. Além disso, o ministério petrino é garantia de liberdade no sentido da plena adesão à verdade, de modo que o Povo de Deus seja preservado dos erros concernentes à fé e à moral.
"O Pálio então se torna, neste sentido, um penhor de liberdade, analogamente ao 'jugo' de Jesus, que Ele convida a tomar cada um sobre os próprios ombros."
Por fim, Bento XVI se dirigiu à delegação do Patriarcado de Constantinopla, tradicionalmente presente na celebração da solenidade dos Padroeiros de Roma.
O Papa citou a promessa de Cristo de que as forças do inferno não prevalecerão sobre a sua Igreja: "Estas palavras podem ter também um significativo valor ecumênico, a partir do momento de que um dos efeitos típicos da ação do Maligno é exatamente a divisão no interior da Comunidade eclesial. As divisões, de fato, são sintomas da força do pecado, que continua a agir nos membros da Igreja também depois da redenção. Mas a palavra de Cristo é clara: 'non praevalebunt' – não prevalecerão (Mt 16,18)".
Depois da homilia, o Pontífice impôs o Pálio pessoalmente a cada um dos 38 arcebispos. Entre eles, estavam dois brasileiros: o Arcebispo de Recife e Olinda, Dom Antônio Fernando Saburido, e o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. (BF)
Fonte: Rádio Vaticano
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