Dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de São Pedro hoje, o Papa os exortou a enamorar-se da Eucaristia, ao dedicar sua terceira catequese a São Tomás de Aquino, aprofundando em vários aspectos do seu pensamento teológico.
Para o santo, explicou o Papa, o eixo do cristianismo é a Encarnação, com a qual a fé "chega a reforçar-se; a esperança se eleva mais confiada ao pensamento de que o Filho de Deus veio entre nós, como um de nós, para comunicar aos homens sua própria divindade; a caridade se reaviva, porque não existe sinal mais evidente do amor de Deus por nós que ver o Criador do universo tornar-se criatura, um de nós".
Na Summa Theologiae, obra prima do santo, "escreve páginas até agora não superadas sobre o mistério da Encarnação e da Paixão de Jesus, acrescentando depois um amplo tratado sobre os sete sacramentos, porque neles o Verbo divino encarnado estende os benefícios da Encarnação para a nossa salvação".
Falando dos sacramentos, Tomás refletiu de modo particular sobre a Eucaristia, pela qual tinha uma grande devoção. Inspirado pelo exemplo do santo, o Papa exortou: "Queridos irmãos e irmãs: na escola dos santos, enamoremo-nos deste sacramento! Participemos da Santa Missa com recolhimento, para obter seus frutos espirituais! Alimentemo-nos do Corpo e do Sangue do Senhor, para ser incessantemente alimentados pela graça divina!".
"Entretenhamo-nos com prazer e com frequência, de igual para igual, em companhia do Santíssimo Sacramento!", acrescentou, em referência à adoração eucarística, devoção muito querida também por Bento XVI.
Além das obras mais conhecidas de São Tomás, a Summa Theologiae e a Summa contra Gentiles, o Papa quis destacar a pregação do Aquinate, tão rigorosa e simples como suas obras científicas.
Referiu-se especialmente aos Opúsculos, uma série de pregações realizadas em 1273, um ano antes de sua morte, na igreja de São Domingos o Maior, em Nápoles.
"O conteúdo da pregação do Doctor Angelicus corresponde quase totalmente à estrutura do Catecismo da Igreja Católica."
"De fato - explicou -, na catequese e na pregação, em uma época como a nossa, de renovado compromisso pela evangelização, não deveriam faltar nunca estes temas fundamentais: o que nós cremos, e aí etá o Símbolo da Fé; o que nós oramos, e aí está o Pai Nosso e a Ave Maria; o que nós vivemos como nos ensina a Revelação Bíblica, e aí está a lei do amor a Deus e ao próximo e os Dez Mandamentos, como explicação desse mandato do amor."
Inclusive em suas pregações, São Tomás não deixava de lado a racionalidade da fé.
"A quem objeta que a fé é uma necedade, porque faz cair em algo que não cai sob a experiência dos sentidos, São Tomás oferece uma resposta muito articulada e recorda que esta é uma dúvida inconsistente, porque a inteligência humana é limitada e não pode conhecer tudo."
"Somente se pudéssemos conhecer perfeitamente todas as coisas visíveis e invisíveis, então seria uma autêntica necedade aceitar as verdades por pura fé", afirmou o Papa.
No demais, explicou, "é impossível viver, observa São Tomás, sem confiar na experiência dos demais, lá onde não chega o conhecimento pessoal. É razoável, portanto, ter Deus que se revela e no testemunho dos Apóstolos".
Os seguidores de Jesus "eram poucos, simples e pobres, aflitos por causa da crucifixão do seu Mestre; e, no entanto, muitas pessoas sábias, nobres e ricas se converteram à escuta da sua pregação".
"Trata-se, de fato, de um fenômeno historicamente prodigioso, ao qual dificilmente se pode dar outra resposta razoável, a não ser a do encontro dos Apóstolos com o Senhor ressuscitado."
Por último, o Papa aludiu à profunda devoção mariana de São Tomás, que definiu Nossa Senhora como "Triclinium totius Trinitatis, triclínio, isto é, lugar onde a Trindade encontra seu repouso".
"Em nenhuma criatura, como n'Ela, as três divinas pessoas inabitam e encontram delícia e alegria em viver em sua alma cheia de graça. Por sua intercessão, podemos obter toda ajuda", acrescentou.
O Pontífice concluiu sua catequese com uma oração que tradicionalmente se atribui a São Tomás e que reflete os elementos da sua profunda devoção mariana: "Ó beatíssima e dulcíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, (...) confio ao vosso coração misericordioso toda a minha vida (...). Alcançai, dulcíssima Senhora minha, caridade verdadeira, com a que possa amar com todo o coração vosso santíssimo Filho e a vós, depois d'Ele, sobre todas as coisas, e ao próximo em Deus e por Deus".
Fonte: Zenit.
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