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No Evangelho deste domingo, agrupam-se várias cenas de Jesus com seus discípulos, enquanto vão se dirigindo a Jerusalém – um caminho que conduzia a uma meta muito difícil, mas insuperável, porque era o final da vida humana do Senhor. Como refrão deste final de trajeto, aparece o que na verdade foi a constante de toda a existência do Senhor: ser anunciador e inaugurador do Reino de Deus.
A vida de todo discípulo de Jesus sempre será um caminho, um subir a Jerusalém, em cuja andança o determinante e decisivo será o seguimento de Alguém, a pertença a Ele, a adesão à sua Pessoa, a escuta da sua Palavra, a vivência da sua própria Vida. A vida cristã não é, portanto, uma organização, uma estratégia, uma programação moralista nem um marketing religioso. A vida cristã foi e é o pertencimento a Jesus Cristo, vivido como peregrinos e caminhantes, enquanto vamos subindo à Jerusalém eterna. Por esta razão, era improcedente por parte dos discípulos mandar ao fogo os que não acolheram Jesus, quando eles, por sua vez, também o rejeitavam, ao estar adiando seu seguimento quando os convidou a segui-lo.
Nós, discípulos, podemos cair igualmente em uma vivência cristã intolerante dos outros, quando tantas vezes temos pretextos diante da experiência de um seguimento de Jesus que se torne pertença real do nosso coração ao Seu. Tomara que não permaneçamos indiferentes diante de tantas rejeições do Senhor (as que lhe fazem ou as que lhe possam fazer os que Ele vinculou ao seu destino: pobres, marginalizados, doentes, idosos, qualquer pessoa nascida ou não-nascida); mas a melhor maneira de mostrar nossa dor por estas rejeições não é a vingança em qualquer uma das suas formas – como aconteceu com os que acompanhavam Jesus nesta passagem –, e sim nosso acolhimento cordial e grande do Senhor e daqueles que Ele ama. Seria hipócrita nos escandalizarmos e nos indignarmos por tantas desordens em nosso mundo, se, à nossa medida e em nossa proporção, isso também nos acontece.
A atitude justa de quem vê em outros a fuga e o desprezo pelo Senhor não é pedir fogo sobre eles, mas segui-lo aonde Ele for e disser “segue-me”, pertencer-lhe cada vez mais, do nosso lugar na Igreja e no mundo.
Fonte: Zenit.
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