O secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, sublinhou, ao discursar na reunião do Conselho Nacional Forense da Itália, a importância de ir além da multiculturalidade para alcançar a interculturalidade, afirmando que "a urgência dos dias de hoje e a chave para o futuro" residem "no diálogo entre pessoas, comunidades, autoridades, organizações civis, povos, culturas e religiões".
A reunião, que se desenvolveu entre os dias 17 e 19 de junho em Roma, teve como tema "A salvaguarda dos direitos do homem e das liberdades fundamentais", e lembrou os 60 anos da assinatura da Convenção Europeia sobre o assunto.
Para Dom Marchetto, "uma atitude de acolhida no diálogo se exprime em um encontro autêntico, que se serve da difícil arte de conjugar o aspecto pessoal e o de grupo, de articular identidade, complementaridade, corresponsabilidade e criatividade, passando assim da multiculturalidade para a interculturalidade, ao oferecer espaços dinâmicos para a reciprocidade e a fecundidade".
O prelado enfatizou que "a tolerância já não é suficiente", sendo necessário alcançar a ‘convivilidade' das diferenças".
"A questão, portanto, não será solucionada indagando ‘quem é o outro' ou ‘quem sou eu', e sim ‘quem sou eu na relação com o outro'."
Dom Marchetto constatou que "nossa época constitui um momento de encontro entre pessoas e povos de diversas culturas, nacionalidades e religiões", processo em que as imigrações desempenham um papel fundamental.
Em seguida, lamentou o fato de que "as legítimas diferenças" têm sido "utilizadas para dominar ou discriminar" e que assim não podem ser "justamente valorizadas".
Por essa razão, assinalou a necessidade de "conceber a justa diversidade como um valor, desenvolvendo uma visão plural da realidade".
"O pluralismo, de fato, como linha de pensamento e em si mesmo, implica no reconhecimento, no respeito e na promoção da diversidade, dos direitos de todos, em regime de harmonia e de pacífica convivência", explicou.
Neste sentido, destacou o papel desempenhado pela religião, "seja em favorecer a aceitação da realidade mutável própria dos nossos tempos, sem a perda da própria identidade, seja no empenho em promover o respeito para com as mulheres e homens de diferentes grupos, particularmente nas regiões onde a realidade da imigração se faz mais presente".
"E não basta apenas o respeito, pois devemos acolhê-los, como expressão de amor", acrescentou.
"Os movimentos migratórios criam a ocasião para o encontro entre pessoas de diferentes culturas e religiões, e assim nos convidam a superar certos comodismos e esquemas mentais para nos colocarmos no caminho em direção ao outro, na oferta de diálogo inter-religioso", concluiu.
Fonte: Zenit.
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