domingo, 31 de agosto de 2014

Não fomos feitos apenas para ter casa própria, bom emprego, carro novo, muito dinheiro no banco.

"Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito" (Sl 127, 1). Deus nos criou como participantes e responsáveis pela vida, a natureza e o mundo. Olhar em torno de nós é encontrar-nos em casa e nos dispormos a edificar com serenidade o lar comum, com as peças da fraternidade e da solidariedade. Segundo o plano do Senhor, temos as condições para realizar tal tarefa, ainda que, com inquietante frequência, nossas ações pareçam justamente destruir a obra de Deus e de tantas gerações. É que convivemos com o doloroso mistério do pecado, cuja presença já as primeiras páginas da Bíblia constataram. Desde o princípio, parece que apraz à humanidade fazer o jogo da violência, como crianças e adolescentes em brincadeiras eletrônicas, tantas delas montadas em plataformas de destruição recíproca. Incrível é ver quantos marmanjos de idade ou estatura avançada se dediquem a tais "retratos da vida"!
Ao formar seus discípulos, Jesus lhes propõe um jogo diferente (Cf. Mt 16, 21-27), cujas peças têm nomes que se tornam caminhos de realização e de salvação (Cf. Mt 16, 24-25). Primeira delas é "Se alguém quer", para dar o segundo passo que é "seguir". A terceira é "renuncie a si mesmo" e quarta é "tome a sua cruz". Regra do jogo é "quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la".
Deus nos ofereceu o precioso dom da liberdade, dando-nos a possibilidade de nos comprometer com o seu plano. Os objetivos escolhidos na vida estabelecem os rumos a serem percorridos. Quem começa mal, escolhendo metas limitadas, já compromete a corrida da existência. Não fomos feitos apenas para ter casa própria, bom emprego, carro novo, muito dinheiro no banco. Deixemos que o Senhor nos pergunte sobre o que queremos efetivamente! Ideal digno dos homens e mulheres que Deus criou e que somos nós, é justamente aquele que foi descrito nas primeiras páginas da Sagrada Escritura (Cf. Gn 1-2): Deus reconhecido como Criador e Pai de todos, homens e mulheres feitos à sua imagem, com inteligência e liberdade, a fraternidade e o senhorio em relação à criação. Poucas palavras que refletem o plano de Deus. Para entrar no jogo da vida, saber decidir!
Renunciar a si mesmo! Trata-se de mudar o eixo da existência, quando os impulsos da natureza pedem acúmulo de bens e afetos. A maturidade humana efetiva só pode acontecer quando um homem ou uma mulher alcançam esta altitude. Muitas pessoas só conseguirão dar este passo nos instantes derradeiros da existência nesta terra, quando tiverem que se desapegar de tudo, pois deverão apresentar-se diante do Criador. É melhor antecipá-lo! É mais saudável viver não para si, mas para Deus e o próximo, e não são poucos os exemplos de gente que soube fazer esta mudança.
A decisão do cristão comporta o seguimento. A palavra "discípulo" indica a escolha feita, quando se escolhe ir atrás de alguém, com coração e ouvido aberto, pronto a pisar no mesmo rastro daquele que foi reconhecido como mestre. E como não faltam mestres entre as muitas companhias que nos são oferecidas pelo caminho, a proposta é escolher Jesus: "Deu-me o Senhor Deus uma língua habilidosa para que aos desanimados eu saiba ajudar com uma palavra. Toda manhã ele desperta meus ouvidos para que, como bom discípulo, eu preste atenção. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fiquei revoltado, para trás não andei" (Is 50, 4-5).
Os discípulos chamados pelo Senhor Jesus tiveram surpresas. Uma delas, que assustou de forma especial aquele que tinha sido declarado "Pedra" (Cf. Mt 16, 21-23), foi a Cruz. Carregá-la com disposição é regra de jogo na vida cristã. Não se engane quem quer empreender esta estrada, mas decida-se a abraçá-la. Tomar a cruz não significa cultivar um gosto doentio pelo sofrimento ou os muitos incômodos da vida, pois a dor sozinha não gera frutos. Cruz significa transformar, como escolha livre, todos os atos da existência em amor a Deus e ao próximo, saindo de si mesmo para fazer o bem. Quer dizer encontrar o caminho diário da salvação, olhando para o alto, no amor a Deus, e abrir os braços no amor ao próximo. Na confluência dos dois amores se eleva a cruz e esta vem a ser abraçada e não arrastada.
A regra de vida a ser acolhida pelo cristão e proposta a todas as pessoas que desejam a felicidade autêntica é assim descrita por Jesus, num encontro que desencadeou nova etapa na vida de seus discípulos. É que a novidade era tão grande que o Senhor precisou acompanhá-los bem de perto, aproveitando as lições do caminho a ser percorrido, para aprenderem o jeito novo de viver (Cf. Mc 8, 1 - 10, 52).
"Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir! Foste mais forte do que eu e me subjugaste! Tornei-me a zombaria de todo dia, todos se riem de mim. Sempre que abro a boca é para protestar! Vivo reclamando da violência e da opressão! A palavra de Deus tornou-se para mim vergonha e gozação todo dia. Pensei: ‘Nunca mais hei de lembrá-lo, não falo mais em seu nome!’ Mas parecia haver um fogo a queimar-me por dentro, fechado nos meus ossos. Tentei aguentar, não fui capaz" (Jr 20, 7-9). Quando tantos podem pensar que as regras propostas por Deus não atraiam, eis que muita gente se dispõe a seguir o Senhor, aceitando passos do jogo da vida que parecem absurdas. No entanto, são elas o caminho da felicidade verdadeira! O contato com Deus, visto inclusive pelos profetas como verdadeira sedução atrai as pessoas. Que mais pessoas aceitem este jogo, no qual a vitória é certa, pois as partes envolvidas são o Céu e a Terra. Deus ama a humanidade e a faz parceira na construção de um mundo diferente! "Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. De fato, que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?" (Mt 16, 25-26).

     Dom Alberto Taveira Corrêa - Fonte: Zenit.

sábado, 30 de agosto de 2014

O Papa vai administrar o sacramento do matrimônio para 20 casais no Vaticano

O Santo Padre Francisco, pela primeira vez desde que se tornou Papa, presidirá a celebração do sacramento do matrimônio para uns vinte casais. Será na Basílica de São Pedro, às 9h, no domingo 14 de Setembro, assim foi confirmado esta manhã pela agência de notícias francesa I.Media.
Um encontro que pode lembrar aqueles que o Papa Francisco teve com casais de noivos que estavam para se casar, com os quais se encontrou na praça de São Pedro no dia 14 de fevereiro, Dia de São Valentim. Nessa ocasião foram 25 mil casais que participaram da reunião, procedentes de 28 países.
"Como curar esse medo do ‘sim para sempre’? Todo dia se cura, confiando no Senhor Jesus, em uma vida que se torna uma jornada espiritual diária, feita de passos, pequenos passos, passos de crescimento comum, que consiste no esforço para se tornar homens e mulheres maduros na fé. Porque, queridos noivos, o ‘para sempre’, não é somente uma questão de duração! Um matrimônio se consegue não somente com a duração, mas também é importante a sua qualidade”, disse o santo padre naquele dia para os noivos presentes na praça.
A celebração dos matrimônios chega três semanas antes do começo do Sínodo Extraordinário dos Bispos, convocado por Francisco, que afrontará o tema da pastoral familiar. O encontro está marcado do 5 ao 19 de outubro de 2014, e traz como título “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização".
No mês de Junho desse ano o Instrumentum Laboris para o Sínodo foi apresentado no Vaticano. Esse documento é o resultado da investigação promovida pelo Documento Preparatório que incluía um questionário de 39 perguntas que "recebeu uma resposta positiva e uma vasta consulta, tanto do povo de Deus quanto da opinião pública geral”, disse o cardeal Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BATISTA



A festa da natividade de são João Batista ocorre no dia 24 de junho. Ela faz parte da tradição dos cristãos como esta que celebramos hoje, do martírio de são João Batista. No calendário litúrgico da Igreja, esta comemoração iniciou na França, no século V, sendo introduzida em Roma no século seguinte. A origem da comemoração foi a construção de uma igreja em Sebaste, na Samaria, sobre o local indicado como o do túmulo de são João Batista.

João era primo de Jesus e foi quem melhor soube levar ao povo a palavra do Mestre. Jesus dedicou-lhe uma grande simpatia e respeito, como está escrito no evangelho de são Lucas: "Na verdade vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista". João Batista foi o precursor do Messias. Foi ele que batizou Jesus no rio Jordão e preparou-lhe o caminho para a pregação entre o povo. Não teve medo e denunciou o adultério do rei Herodes Antipas, que vivia na imoralidade com sua cunhada Herodíades.

A ousadia do profeta despertou a ira do rei, que imediatamente mandou prendê-lo. João Batista permaneceu na prisão de Maqueronte, na margem oriental do mar Morto, por três meses. Até que, durante uma festa no palácio daquela cidade, a filha de Herodíades, Salomé, instigada pela ardilosa e perversa mãe, dançou para o rei e seus convidados. A bela moça era uma exímia dançarina e tinha a exuberância da juventude, o que proporcionou a todos um estonteante espetáculo.

No final, ainda entusiasmado, o rei Herodes disse que ela poderia pedir o que quisesse como pagamento, porque nada lhe seria negado. Por conselho da mãe, ela pediu a cabeça de João Batista numa bandeja. Assim, a palavra do rei foi mantida. Algum tempo depois, o carrasco trazia a cabeça do profeta em um prato, entregando-a para Salomé e para sua maldosa mãe. O martírio por decapitação de são João Batista, que nos chegou narrado através do evangelho de são Marcos, ocorreu no dia 29 de agosto, um ano antes da Paixão de Jesus.

Fonte: Liturgia Diária - Domtotal.

Ainda segundo o evangelista Marcos, João Batista, antes de ser decapitado, exultou em voz alta: "Agora a minha felicidade será completa; ele deve crescer, eu, ao contrário, diminuirei". Encerrou, com o martírio, a sua missão de profeta precursor do Messias.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Santo Agostinho




"Tarde Vos amei ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-Vos!” Assim bradava Aurélio Agostinho que nasceu no dia 13 de novembro de 354 em Tagaste na África. Filho de Santa Mônica e Patrício, o jovem tinha forte personalidade e mediante os esforços de sua mãe em educa-lo na fé, sempre apresentou resistências, sobretudo pelo comportamento pagão de seu pai.
Estudou em sua cidade, depois em Madaura e posteriormente foi estudar retórica em Cartago, onde aos dezesseis anos envolveu-se com a heresia maniqueísta e entregou-se aos vícios, paixões e prazeres mundanos. Sua mãe não cessava as orações pela conversão do filho que resolveu abrir uma escola de retórica e ambicionando maior fama, foi para Roma onde foi convidado para lecionar na cidade de Milão. Encontrou na cidade o Bispo Ambrósio, um dos mais velhos e experientes mestres em retórica e logo foi influenciado por suas pregações e sermões. Iniciou-se assim o processo de conversão do jovem que não só abandonou os vícios e renunciou às heresias, mas passou a ser um destemido opositor dos hereges. Contribuiu fortemente para sua conversão o fato de ter conhecido as Cartas Paulinas e sobre a vida de Santo Antão, a qual lhe tocou muito e o fez ter aversão ao pecado.
Agostinho sofreu a dor da perda do filho e, pouco tempo depois do seu batismo, a de sua mãe. A este tempo o jovem já vivia o fervor de suas palavras: “Dai-me o que mandas e manda-me o que queiras de mim”. A tradição data sua conversão no dia 15 de Agosto de 386 no qual foi ao norte de Milão para ser batizado por Santo Ambrósio no dia 24 de Abril de 387, durante a vigília pascal, na Catedral de Milão. Após o sepultamento de sua mãe dirigiu-se para Tagaste no ano 388 para lá vender todos os seus bens e seguir uma vida monástica. Em 395, foi chamado por Valério, bispo de Hipona, para ser sagrado sacerdote e em 397 com a morte de Valério, Agostinho foi aclamado Bispo.
Após 35 anos de episcopado, Agostinho faleceu no dia em 28 de agosto de 430.
No ano de 2008 o Papa Bento XVI dedicou uma série de catequeses para falar sobre Santo Agostinho. O pontífice dedicou-se à sua vida, às suas obras, à sua mensagem e à sua vicissitude interior. Clique nos links abaixo para acessar o material.
Santo Agostinho de Hipona (1)
Santo Agostinho de Hipona (2)
Santo Agostinho de Hipona (3)
Santo Agostinho de Hipona (4)
 
Fonte: Zenit.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Santa Mônica



"O coração de teu filho não está ainda preparado, mas Deus determinará o momento. Vai e continua a rezar: é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas". Esta frase dita por um bispo à Santa Mônica norteia a vida e missão desta que nasceu em Tagaste na África por volta do ano 332. Seus pais a confiaram aos cuidados de uma senhora que a educou nos fundamentos da fé cristã e forte disciplina.
Aos dezessete anos casou-se com Patrício que era pagão e infligia à Mônica muitos constrangimentos, maus tratos e traições. Mônica tudo suportava em silêncio e profunda oração na qual suplicava a conversão do esposo. De seu matrimônio nasceram Agostinho e Navígio e Perpétua. As orações de Mônica alcançaram de Deus a graça de ver no ano 371 seu esposo ser batizado. Um ano depois Patrício veio a falecer.
Mônica tomou então as rédeas da educação dos filhos tendo em Agostinho a grande missão, pois o jovem era impetuoso e havia sido enviado para a cidade de Cartago para estudar filosofia e lá ficou inebriado com os vícios e envolvido com as heresias maniqueístas. As notícias advindas de Cartago inquietavam o coração de Mônica que era consolada por Deus na oração e pelos padres e bispos que a acompanhavam em seu sofrimento. No ano 384, Agostinho que já se formara professor em retórica, foi ensinar em Milão e sua mãe foi ao seu encontro.
Em Milão tiveram a oportunidade de conhecer Santo Ambrósio e Agostinho, por meio das pregações e sermões do Santo, foi abandonando os ideais maniqueístas e abrandando o coração para acolher a fé católica. No ano de 387, na festa da Páscoa, Agostinho foi batizado. Mônica pode então contemplar o fruto de suas orações. Assim dizia ela: “E a mim, o que mais pode me amarrar à terra? Já obtive meu grande desejo, o ver-te cristão católico. Tudo o que desejava consegui de Deus”.
Acometida de uma enfermidade, Mônica faleceu no dia 27 de agosto de 387 em Óstia, Roma. No ano de 1153 o Papa Alexandre confirmou o culto a Santa Mônica declarando-a Padroeira das Mães Cristãs.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Papa Francisco enviou um milhão de dólares para desabrigados iraquianos

O papa Francisco enviou uma ajuda de um milhão de dólares para os cristãos e outras minorias religiosas iraquianas que tiveram que abandonar os seus lares diante do avanço dos milicianos extremistas do Estado Islâmico (EI). Uma parte desta doação foi levada pessoalmente pelo enviado especial do Santo Padre ao Iraque, o cardeal Fernando Filoni.
O cardeal, que é prefeito da Congregação Propaganda Fide, revelou a informação durante entrevista à agência de notícias de inspiração católica CNS, dos Estados Unidos, e declarou que, na viagem, de 8 a 20 de agosto, levou somente 10% do valor da ajuda. Do restante, 75% foram destinados aos cristãos e 25% à comunidade yazidi, que tem uma das religiões mais antigas do mundo, com origens que remontam à mesma época do surgimento do judaísmo.
Filone já tinha sido núncio apostólico em Bagdá e permanecido na cidade durante a Guerra do Golfo, quando todos os outros diplomatas tinham deixado a cidade. Ele qualificou a decapitação do jornalista norte-americano James Foley de “ato de barbárie desumana, que, no entanto, eu já vi no passado”.
Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o prefeito da Propaganda Fide afirmou: “O papa nunca disse ‘vá lá pelos cristãos’. Não. Ele me disse: ‘vá lá ajudar as minorias’. Isso demonstra que a Igreja agiu em prol de todos”.
“Eu estive com os yazidis, com seus sábios, aqueles veneráveis de barba longa. Encontrei-os cheios de sofrimento e de lágrimas: ‘Não temos mais nem força nem voz. Vocês são a nossa voz’”. O purpurado completou: "Como Igreja, nós estamos falando em favor de todos: dos yazidis e dos xiitas expulsos das suas aldeias, dos sábios... E também dos sunitas que não aceitam esta onda de terrorismo”.
O cardeal se interrogou sobre as armas dos milicianos: “Como é que todo este movimento de dinheiro e de recursos escapou de quem tem que controlar e de quem dirige as coisas de longe? É uma resposta que por enquanto está difícil de dar”.
Ao jornal Avvenire, o purpurado disse que os habitantes estão “dispostos a voltar para as suas aldeias desde que haja cinturões de segurança internacional que garantam que eles possam retomar a vida normal”. Filoni considerou interessante a ideia de que esses responsáveis pela segurança sejam os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A nossa relação com Jesus constroi a Igreja

No Ângelus ontem, domingo, o Papa Francisco comentou o trecho do Evangelho em que Pedro professa sua fé em Jesus, definindo-o como “o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Apresentamos o texto na íntegra.


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (Mt 16, 13-20) é a célebre passagem, central na história de Mateus, na qual Simão, em nome dos Doze, professa a sua fé em Jesus como “o Cristo, o Filho do Deus vivo”; e Jesus chama Simão “feliz” por esta fé, reconhecendo nessa um dom especial do Pai e lhe diz: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
Paremos um momento justamente neste ponto, no fato de que Jesus atribui a Simão este novo nome: “Pedro”, que na língua de Jesus soa “Kefa”, uma palavra que significa “rocha”. Na Bíblia, este termo, “rocha”, refere-se a Deus. Jesus o atribui a Simão não por suas qualidades ou seus méritos humanos, mas por sua fé genuína e firme, que lhe vem do alto.
Jesus sente no seu coração uma grande alegria, porque reconhece em Simão a mão do Pai, a ação do Espírito Santo. Reconhece que Deus Pai deu a Simão uma fé “confiável”, sobre a qual Ele, Jesus, poderá construir a sua Igreja, isso é, a sua comunidade, isso é, todos nós. Jesus tem em mente dar vida à “sua” Igreja, um povo fundado não mais na descendência, mas na sé, vale dizer na relação com Ele mesmo, uma relação de amor e de confiança. A nossa relação com Jesus constroi a Igreja. E, portanto, para iniciar a sua Igreja, Jesus precisou encontrar nos discípulos uma fé sólida, uma fé “confiável”. É isto que Ele deve verificar a este ponto do caminho.
O Senhor tem em mente a imagem do construir, a imagem da comunidade como um edifício. Eis porque, quando ouve a profissão de fé sincera de Simão, chama-o “rocha” e manifesta a intenção de construir a sua Igreja sobre esta fé.
Irmãos e irmãs, isso que aconteceu de forma única em São Pedro acontece também em cada cristão que desenvolve uma fé sincera em Jesus o Cristo, o Filho do Deus vivo. O Evangelho de hoje interpela também cada um de nós. Como vai a tua fé? Cada um dê a resposta no próprio coração. Como vai a tua fé? Como o Senhor encontra os nossos corações? Um coração firme como a pedra ou um coração de areia, isso é, duvidoso, desconfiado, incrédulo? Fará bem a nós hoje pensar nisto. Se o Senhor encontra no nosso coração uma fé, não digo perfeita, mas sincera, genuína, então Ele vê também em nós pedras vivas com as quais construir a sua comunidade. Desta comunidade, a pedra fundamental é Cristo, pedra angular e única. Da sua parte, Pedro é pedra, enquanto fundamento visível da unidade da Igreja; mas cada batizado é chamado a oferecer a Jesus a própria fé, pobre, mas sincera, para que Ele possa continuar a construir a sua Igreja, hoje, em cada parte do mundo.
Também nos nossos dias, tanta gente pensa que Jesus seja um grande profeta, um mestre de sabedoria, um modelo de justiça… E também hoje Jesus pergunta aos seus discípulos, isso é, a todos nós: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?”. O que responderemos? Pensemos. Mas, sobretudo, rezemos a Deus Pai, por intercessão da Virgem Maria; rezemos para que nos dê a graça de responder, com coração sincero: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Esta é uma confissão de fé, este é o próprio “o credo”. Repitamos juntos por três vezes: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

(Fonte: Canção Nova)

domingo, 24 de agosto de 2014

Fé, depressão e o caso do ator Robin Williams

O suicídio de Robin Williams, famoso ator de Hollywood, impressionou o mundo todo. Deborah Lubov, da redação de ZENIT em inglês, entrevistou em Roma o pe. Wenceslao Vial, sacerdote, médico e professor de psicologia e vida espiritual na Pontifícia Universidade da Santa Cruz.

Apresentamos a seguir uma síntese das suas declarações.
Robin Williams era “um homem famoso que sofria de depressão crônica desde jovem. Acrescente-se a isto o mal de Parkinson. São duas doenças que podem provocar uma alteração da liberdade e da responsabilidade”, observa Vial, sem esquecer que Williams também sofria “da ferida do álcool e das drogas”.
A perda da fé pode levar à depressão? O professor nos respondeu que “o conceito de depressão inclui sintomas e doenças diversas, com causas múltiplas e diferentes, e hoje afeta pelo menos 15% da população mundial”.
No entanto, “a perda de responsabilidade está relacionada, de alguma forma, com a diminuição da fé, e poderia ser outro desses fatores”, já que “com frequência nos esquecemos de que responder por algo implica a existência de alguém que recebe e que merece uma resposta”.
Este alguém pode ser um amigo, a família, os entes queridos... “Se falta o apoio deles ou se não há confiança ou fé humana neles, abre-se mais facilmente a porta para a tristeza patológica”.
“Para quem crê, a fé em Deus não é um remédio contra a depressão, mas aumenta os recursos para combatê-la, até porque existe um Ser superior a quem dar essa resposta”.
A pessoa que tenta permanecer mais perto de Deus encontra mais plenitude na vida, mais sentido para as coisas, mais realização, e consegue ter mais estabilidade. O padre observa, porém, que “ter fé não significa não ter traços de personalidade que podem favorecer a depressão”, como, por exemplo, “o perfeccionismo e a obsessão”.
João Paulo II, recorda o professor, escreveu que Jesus é o único a revelar plenamente o homem ao homem. “Portanto, não é surpreendente que um afastamento de Jesus possa causar um aumento da sintomatologia depressiva, devido às maiores dificuldades para se entenderem diversas situações da vida”. Diversos artigos científicos mostram uma melhoria da saúde relacionada com a prática religiosa, como a “relação de confiança com um Deus que se fez homem e que nos escuta”, ou seja, “não um juiz implacável, mas um Pai que nos ama muito”.
Interrogado sobre as coisas que, do ponto de vista da fé, podem ajudar a combater a depressão, o médico indicou: “A fé cristã leva em consideração também o lado humano e os progressos da ciência. Por isso, a primeira coisa que eu aconselharia a uma pessoa que sofre da depressão é consultar um bom médico”. Hoje existem remédios e psicoterapia muito úteis. Os melhores resultados, considera o pe. Wenceslao Vial, “são normalmente obtidos com a combinação adequada de medicação e psicoterapia”.
“Do ponto de vista espiritual, uma pessoa com depressão, como qualquer pessoa, encontrará ajuda na oração, no encontro com Jesus na eucaristia e na confissão” e até mesmo ao rezar o pai-nosso e “perdoar a quem nos ofendeu”, porque perdoar “é crucial para a estabilidade”.
Vial testemunha que a fé “não modifica a doença, mas sim a atitude diante dela”. É importante destacar, ainda, “que a doença da depressão tem diversas causas, inclusive hereditárias”.
Há pessoas que têm “fé forte”, mas não praticam a religião, e pessoas de pouca fé, mas praticantes: será que as primeiras correm maior risco de sofrer de depressão? O médico nos respondeu: “A coerência é vital. A vida dupla, em qualquer grau, é um fator dos mais desestabilizadores para uma pessoa. Talvez corra menos risco de depressão uma pessoa sem fé do que um crente que não a pratica”.
“O apoio em outros fiéis e nos ensinamentos para se viver uma vida feliz servem como prevenção”, explica o padre, ilustrando que, “na Igreja, a pessoa pode conhecer mais facilmente a importância de se afastar de situações de risco de patologias psíquicas, como o consumo exagerado de álcool, a sexualidade sem limites, a infidelidade conjugal, etc.”.
Sobre a depressão e as regiões mais atingidas do mundo, o sacerdote e professor universitário comenta que nos países frios e com escassa luminosidade há mais registros de casos, assim como nas áreas em que a população sofre violência, perseguição e limitações socioeconômicas consideráveis. “As situações de depressão também variam de uma cultura para a outra”.
“Para muita gente”, conclui o pe. Wenceslao Vial, “poderia ser de ajuda pensar que Deus está fazendo uma espécie de filme e nos ajudando a viver com alegria a nossa parte do roteiro, dentro da grande história dos homens. A fé e a esperança podem nos fazer rezar para que até Robin Williams, com o seu humor, olhe para nós lá do céu e nos diga: ‘Sorria, você está sendo filmado... por Deus’”.


Entrevista com o sacerdote médico Wenceslao Vial: a fé não é um remédio para a depressão, mas ajuda a superá-la. - Fonte: Zenit.

sábado, 23 de agosto de 2014

Itália: pactos entre Estado e Igreja são violados

"Uma convivência de fato não pode sanar um inválido consenso matrimonial” porque “é o válido consenso, e não já a convivência, que faz o matrimônio”. Portanto, “não parece aceitável que, a partir de hoje, o matrimônio reconhecido nulo pelos tribunais eclesiásticos, com dupla sentença, conforme os capítulos de nulidade previstos pelo ordenamento canônico permaneçam para o Estado plenamente válidos”. Essa é a reação de mons. Giuseppe Sciacca, secretário assistente da Signatura Apostólica entrevistado pelo Vatican Insider, sobre a sentença com a qual no dia 17 de julho passado o Tribunal de Cassação decidiu que não é possível reconhecer em nível civil a declaração de nulidade de um matrimônio sentenciado pela Sacra Rota se houve uma convivência de pelo menos três anos.
Uma situação que, de acordo com o bispo, causa consequências problemáticas. "O cidadão católico italiano - explica – se recebe a declaração de nulidade do próprio matrimônio, não é mais garantido como era garantido pelo regime do concordato vigente”. Pelo contrário – diz mons. Sciacca - "o cidadão italiano católico, que obteve sentença de nulidade, à luz desta decisão, fica dividido em dois, porque ficará não casado para a Igreja e casado para o Estado e, caso se casasse canonicamente teria simultaneamente dois cônjuges".
O secretário adjunto da Signatura Apostólica observa que "o veredicto não deixa de criar perplexidade, compartilhada também por juristas influentes". Entre as várias "anotações" que mons. Sciacca expõe, há uma que diz respeito a uma sobreposição legal entre dois ordenamentos autônomos. “A sentença – explica -  estabelece que o juiz civil tem jurisdição paralela e alternativa com relação ao matrimônio celebrado com rito concordatário. Mas, pode-se perguntar se isso não represente uma verdadeira e real interferência com relação ao ordenamento canônico, sua autonomia, garantida pela Constituição, e, claro, da jurisprudência canônica".

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Laicismo e clericalismo: os dois desafios ao leigo católico na vida política.

Não é justo que um leigo, ou um grupo de leigos, resolva dissentir publicamente do Sagrado Magistério naquilo que este, por graça própria, tem por missão específica. Igualmente não é justo que algum leigo seja levado a crer que, para ser um bom católico, tenha que se submeter aos gostos desta ou daquela parte do clero em matéria secular.
A recente história da Igreja tem sido bela para aqueles fiéis que sempre foram chamados de leigos; alçados a um grau de responsabilidade muito alto pelo recente Concílio Vaticano II, que na Constituição Dogmática Lumen Gentium define, pela primeira vez, o leigo a partir de um conceito afirmativo. De fato, se ele era anteriormente definido por exclusão, como “aquele fiel que não recebeu nem o sacramento da Ordem, nem fez profissão de vida religiosa”, agora ele é definido positivamente, na LG 31, como aquele a quem “por vocação própria, compete procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.”
Cabem ao leigo, portanto, os assuntos temporais, opináveis, aqueles nos quais é permitida uma pluralidade de opções, de técnicas, de respostas políticas igualmente lícitas: ou seja, aquilo que se rege pela conveniência, pela oportunidade, pela discricionariedade, pela negociação e acomodação, dentre as várias realidades culturais, históricas e ideológicas que se apresentam na lícita ordenação daquilo que é material, secular, temporal, contingente. Aqui se manifesta a catolicidade da fé, porque no berço maternal da Igreja cabem cristãos leigos das mais diversas matizes políticas, culturais, étnicas e ideológicas, todos igualmente abertos aos ensinamentos da Igreja naquelas matérias que se ordenam com a vida eterna ou a ela se encaminham: os meandros da fé e as definições magisteriais de cunho moral, o que envolve a lei eterna, a lei revelada, a lei natural e a doutrina social que delas decorre. Firmes nestes princípios inegociáveis, os leigos católicos respondem com entusiasmo ao convite eclesial de se envolver cada vez mais profundamente na vida política, pública, social e cultural, para santificar o mundo.
Discernir e ensinar estes assuntos, aqueles nos quais não há espaço para escolhas, pertence propriamente à hierarquia, ao clero, de quem todos os leigos das diversas matizes esperam uma palavra de orientação, de rumo, de abertura e de verdadeira guia. Assuntos como a defesa da vida, da família, da liberdade religiosa e da defesa do bem comum são matéria vinculante para o leigo. E é aqui que os leigos cristãos deparam-se com um grande desafio na vida social, cultural e política: podem encontrar-se perante uma cultura ateia ou agnóstica, ou mesmo violentamente laicista, em que os outros cidadãos não entendem a natureza dessa relação entre o leigo católico e o clero, e o acusam, quando recusa-se a desobedecer ao santo Magistério nestes assuntos, de violar a separação entre a Igreja e o Estado laico, e de não ser mais voz legítima para o debate democrático estatal. É um preço bem alto para alguns, a quem só resta o recurso à escusa de consciência, com seus consectários e inevitáveis prejuízos sociais, econômicos e financeiros pessoais.
Há, no entanto, um problema que ocorre no sentido justamente inverso: é quando os outros membros da Igreja, aqueles que recebem a Sagrada Ordem ou professam votos, sofrem a tentação de invadir a esfera laical e passam a agir politicamente, partidariamente; foi exatamente contra esta tentação que o Papa Francisco alertou na sua primeira homilia como Papa, em 14.03.2013, na Capela Sistina. Ele disse que a Igreja Católica deve se concentrar no Evangelho de Jesus Cristo, caso contrário, corre o risco de se transformar em uma "ONG piedosa". "Se não professamos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa, não em uma esposa do Senhor". É claro que em tempos excepcionais, como grandes crises institucionais ou grandes catástrofes naturais, estes limites tornam-se menos claros, mas quando o clero quer impor ao leigo, em nome da obediência religiosa, decisões unilaterais em matérias opináveis, que versam sobre assuntos temporais, seculares, estritamente políticos ou político-partidários, ou vale-se da estrutura eclesial para impor socialmente suas próprias escolhas ideológicas particulares, ainda que a pretexto de “justiça social” ou de “opção pelos pobres”, desobedece à orientação papal citada e, pior que isso, desconfia da própria graça que Deus não pode deixar faltar àqueles que foram legitimamente chamados para isto, os leigos.

Não é justo que um leigo, ou um grupo de leigos, resolva dissentir publicamente do Sagrado Magistério naquilo que este, por graça própria, tem por missão específica. Igualmente não é justo que algum leigo seja levado a crer que, para ser um bom católico, tenha que se submeter aos gostos desta ou daquela parte do clero em matéria secular.

 Este é o desvio que a história chama de “clericalismo”: a tendência lamentável de imaginar que os clérigos seriam mais competentes que os leigos católicos no exercício direto do governo daquele campo que, segundo o próprio Magistério, vocacionalmente cabe aos leigos de maneira ordinária.
Por isto, dói no coração dos leigos profundamente comprometidos com Jesus ver, em determinados âmbitos de luta partidária, símbolos eclesiais ao lado de logotipos de ONGs e organizações que, ordinariamente, são exatamente os adversários que os leigos católicos muitas vezes enfrentam para viver com lealdade o seu cristianismo no mundo e santificá-lo a partir de dentro. Lembremos o Papa Francisco: a Igreja não é uma ONG. Exatamente porque é dever do clero corrigir o leigo, na lógica da estrutura eclesial, é muito difícil para o leigo corrigir o clero, quando ultrapassa a fronteira que o próprio clero ensinou existir. É preciso, portanto, que os órgãos hierárquicos e clericais confiem nos leigos católicos, mesmo quando as suas escolhas temporais contrariem as ideologias deste ou daquele ordenado; uma mãe deve demonstrar amor e paciência por todos os filhos, mesmo se muitas vezes, pelas melhores intenções, tem vontade de substituí-lo e caminhar no lugar dele.
E mesmo quando este filho já está com o coração tantas vezes malferido por não pertencer a nenhum dos grupos por quem tantas vezes os documentos eclesiais declaram uma “opção preferencial”, merece ser respeitado no seu direito de reger livremente o que é secular, no âmbito do opinável. Entre o laicismo e o clericalismo, muitas vezes dói mais no coração do leigo cristão sofrer o clericalismo, que o vê como um menor de idade. Mas como diz a bela canção sertaneja de Sérgio Reis, não raro é aquele filho adotivo, sofrido e esquecido, que, embora tendo menos espaço no coração materno, não raro permanece mais leal nos momentos mais difíceis.

     Paulo Vasconcelos Jacobina - Fonte: Zenit.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

São Pio X



"Renovar todas as coisas em Cristo" era o lema do Papa Pio X, que nasceu no dia 02 de junho de 1835 na aldeia de Riese, localizada na província de Treviso ao Norte da Itália. Batizado com o nome Giuseppe Melchiorre Sarto era o segundo dos dez filhos de Giambattista Sarto e Margarida Sanson. Levavam uma vida simples no meio rural, mas Giuseppe, sempre dedicado aos estudos, desde cedo aspirava ao sacerdócio.
Com o falecimento de seu pai, sob a orientação da mãe, continuou seu percurso rumo ao sacerdócio, sendo ordenado em 18 de setembro de 1858 aos 23 anos. Sua trajetória deu-se rapidamente, vindo a ser Capelão, Reitor do Seminário de Treviso, Chanceler e Vigário e no ano de 1884 foi sagrado Bispo de Mântua e em 1896 Patriarca de Veneza. E, assim, no 04 de agosto de 1903 foi eleito Papa sucedendo ao Papa Leão XIII.
Seu pontificado durou 11 anos. Foram tempos de grande força e fecundidade para a Igreja que atravessava uma época de grandes desafios impostos pelo laicismo e modernismo. Foram escritos mais de 3.000 documentos oficiais e 16 encíclicas no intuito de reformar a Cúria Romana em sua disciplina e espiritualidade, restabelecer a música sacra, administração e zelo com a primeira comunhão e comunhão diária e formação integral do povo de Deus, ao qual, com veemência, se referia: “É inútil esperar que quem não tem formação possa cumprir os seus deveres de cristão”. Extremamente dedicado à catequese e firme na doutrina, não discorria de sublime mansidão, tanto que seu secretário, o Cardeal Merry del Val, descrevia:”...de modo feliz combinada com a ternura de seu coração paternal, possuía uma indomável energia de caráter...”
Pio X possuía o dom de cura e era conhecido pelos milagres que realizava na simplicidade e caridade própria dos santos. Fundou no Brasil a Diocese de Taubaté e a Arquidiocese de Aracaju. Em virtude da Primeira Guerra Mundial que assolava a comunidade mundial, seu estado de saúde agravou-se e veio a falecer no dia 20 de agosto de 1914. Foi beatificado em 1951 e canonizado no dia 03 de Setembro de 1954 pelo Papa Pio XII.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Bispo das Forças Armadas do Reino Unido exige fim da perseguição contra os cristãos e outros grupos minoritários no Iraque



O bispo das Forças Armadas do Reino Unido, dom Richard Moth, fez um apelo aos capelães militares para "oferecerem a missa do próximo domingo, 31 de agosto, pelas pessoas perseguidas por causa da fé".
Na carta pastoral, dom Moth pede que todos os cristãos ligados à comunidade das Forças Armadas o acompanhem "na intensificação das nossas orações pelas vítimas desta perseguição".
Ele acrescenta: "Recordamos todos aqueles que perderam a vida, que foram sequestrados e que enfrentam a incerteza, depois de terem sido expulsos das próprias casas. Os crimes cometidos contra os nossos irmãos e irmãs são hediondos ​​ao extremo. Eles clamam por contínua ajuda humanitária e pelo aumento dos esforços diplomáticos da comunidade internacional para que a estabilidade chegue à região".

Reproduzimos abaixo a carta pastoral:

Carta Pastoral para o 22º Domingo do Tempo Comum
Domingo, 31 de agosto de 2014
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Consciente da situação no Iraque, peço que vocês disponibilizem esta declaração no próximo domingo a todos os que estão sob os seus cuidados pastorais.
Orações pela Paz
Durante as últimas semanas, os eventos no Oriente Médio continuaram a se agravar. O conflito na Síria prossegue e a situação no Iraque piora a cada dia.
Aproveito esta oportunidade para unir a minha voz à dos líderes da Igreja em todo o mundo, pedindo o fim da perseguição contra os cristãos e contra todos os outros grupos de minorias no Iraque.
Os crimes cometidos contra os nossos irmãos e irmãs são hediondos ao extremo e clamam por contínua ajuda humanitária e pelo aumento dos esforços diplomáticos da comunidade internacional para que a estabilidade chegue à região.
Eu apelo a todos em nossa comunidade para se unirem a mim na intensificação das nossas orações pelas vítimas desta perseguição. Recordamos aqueles que perderam a vida, que foram sequestrados e que enfrentam a incerteza, depois de terem sido expulsos das próprias casas.
Levando em consideração que muitas pessoas estão voltando das férias de verão, eu peço a todos os capelães que ofereçam a missa deste domingo, 31 de agosto, pelas pessoas que estão sendo perseguidas por causa da fé e assegurem que essa intenção seja incluída nas orações dos fiéis.
Com muitos agradecimentos e com a certeza das minhas orações, seu em Cristo,

Dom Richard Moth
Bispo católico das Forças Armadas

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social

Queridos jovens amigos!


«A glória dos mártires resplandece sobre vós»: estas palavras, que fazem parte do tema da VI Jornada Asiática da Juventude, são de consolação para todos nós e dão-nos força. Jovens da Ásia, vós sois herdeiros dum grande testemunho, duma preciosa confissão de fé em Cristo. Ele é a luz do mundo, é a luz da nossa vida! Os mártires da Coreia, e tantos outros em toda a Ásia, entregaram seus corpos aos perseguidores; mas, a nós, entregaram um testemunho perene de que a luz da verdade de Cristo afugenta todas as trevas e o amor de Cristo triunfa glorioso. Com a certeza da sua vitória sobre a morte e da nossa participação nela, podemos enfrentar o desafio de ser seus discípulos hoje, nas nossas situações de vida e no nosso tempo.
As palavras, sobre as quais acabamos de reflectir, são uma consolação. A outra parte do tema desta Jornada – «Juventude da Ásia, levanta-te!» – fala-vos de um dever, de uma responsabilidade. Consideremos brevemente cada uma destas palavras. Antes de mais nada, a expressão «da Ásia». Reunistes-vos aqui, na Coreia, vindos de toda a parte da Ásia. Cada um de vós possui um lugar e um contexto próprios, onde sois chamados a espelhar o amor de Deus. O Continente Asiático, permeado de ricas tradições filosóficas e religiosas, continua a ser uma grande delimitação que espera o vosso testemunho de Cristo, «caminho, verdade e vida» (Jo 14, 6). Como jovens que não apenas vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande Continente, tendes o direito e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social!
Além disso, como jovens asiáticos, vedes e amais, a partir de dentro tudo o que é belo, nobre e verdadeiro nas vossas culturas e tradições. Ao mesmo tempo, como cristãos, sabeis também que o Evangelho tem a força de purificar, elevar e aperfeiçoar este património. Através da presença do Espírito Santo, que vos foi dado no Baptismo e selado na Crisma, podeis, em união com os vossos pastores, apreciar os inúmeros valores positivos das diferentes culturas da Ásia. Além disso, sois capazes de discernir aquilo que é incompatível com a vossa fé católica, o que é contrário à vida da graça enxertada em vós com o Baptismo, e os aspectos da cultura contemporânea que são pecaminosos, corruptos e levam à morte.
Voltando ao tema desta Jornada, detenhamo-nos agora sobre a palavra: «Juventude». Vós e os vossos amigos estais cheios do optimismo, de energia e de boa vontade, característicos desta estação da vossa vida. Deixai que Cristo transforme o vosso natural optimismo em esperança cristã, a vossa energia em virtude moral, a vossa boa vontade em amor genuíno que sabe sacrificar-se! Este é o caminho que sois chamados a empreender. Este é o caminho para vencer tudo o que ameaça a esperança, a virtude e o amor na vossa vidas e na vossa cultura. Assim a vossa juventude será um presente para Jesus e para o mundo.
Como jovens cristãos – quer sejais trabalhadores ou estudantes, quer tenhais já iniciado uma profissão ou respondido à chamada para o matrimónio, a vida religiosa ou o sacerdócio –, não constituís parte apenas do futuro da Igreja: sois uma parte necessária e amada também do presente da Igreja! Vós sois o presente da Igreja! Permanecei unidos uns aos outros, aproximai-vos cada vez mais de Deus, e, juntamente com os vossos Bispos e sacerdotes, gastai estes anos na edificação duma Igreja mais santa, mais missionária e humilde – uma Igreja mais santa, mais missionária e humilde –, uma Igreja que ama e adora a Deus, procurando servir os pobres, os abandonados, os doentes e os marginalizados.
Muitas vezes, na vossa vida cristã, sereis tentados – como os discípulos no Evangelho de hoje – a afastar o estrangeiro, o necessitado, o pobre e quem tem o coração despedaçado. E no entanto são sobretudo pessoas como estas que repetem o grito da mulher do Evangelho: «Senhor, ajuda-me!» A invocação da mulher cananeia é o grito de toda a pessoa que está à procura de amor, aceitação e amizade com Cristo. É o gemido de tantas pessoas nas nossas cidades anónimas, a súplica de muitos dos vossos contemporâneos, e a oração de todos os mártires que ainda hoje sofrem perseguição e morte pelo nome de Jesus: «Senhor, ajuda-me!» Muitas vezes, é um grito que brota dos nossos próprios corações: «Senhor, ajuda-me!» Dêmos resposta a esta invocação, não como aqueles que afastam as pessoas que pedem, como se a atitude de servir os necessitados se contrapusesse a estar mais perto do Senhor. Não! Devemos ser como Cristo, que responde a cada pedido de ajuda com amor, misericórdia e compaixão.
Finalmente, a terceira parte do tema desta Jornada: «Levanta-te!» Esta expressão fala duma responsabilidade que o Senhor vos confia. É o dever de estarmos vigilantes, para não deixar que as pressões, as tentações e os pecados – os nossos ou os dos outros – entorpeçam a nossa sensibilidade à beleza da santidade, à alegria do Evangelho. O Salmo Responsorial de hoje convida-nos repetidamente a «estar alegres e cantar com alegria. Ninguém que esteja a dormir pode cantar, dançar, alegrar-se. Nada de bom espero, quando vejo juventude que dorme… Não! «Levanta-te!» Caminha! Caminha! Caminha para diante! Queridos jovens, «o Senhor nosso Deus nos abençoou» (Sal 67, 8); d’Ele, «alcançamos misericórdia» (cf. Rom 11, 30). Com a certeza do amor de Deus, ide pelo mundo, fazendo com que, «em consequência da misericórdia usada convosco» (Rom 11, 31), os vossos amigos, os colegas de trabalho, os concidadãos e todas as pessoas deste grande Continente «alcancem finalmente misericórdia» (cf. Rom11, 31). É justamente por esta misericórdia que somos salvos.
Queridos jovens da Ásia, faço votos de que, unidos a Cristo e à Igreja, possais seguir por esta estrada que certamente vos encherá de alegria. E agora que estamos para nos aproximar da mesa da Eucaristia, dirijamo-nos a Maria nossa Mãe, que deu ao mundo Jesus: Sim, ó Maria nossa Mãe, desejamos receber Jesus! No vosso carinho maternal, ajudai-nos a levá-Lo aos outros, a servi-Lo fielmente e a honrá-Lo em todo tempo e lugar, neste país e na Ásia inteira.

 Amém.
Juventude da Ásia, levanta-te!

domingo, 17 de agosto de 2014

Pai de jovem que morreu no naufrágio do Sewol foi batizado

No dia 17 de agosto, na capela da Nunciatura as 07:00, o Sr. Lee Ho Jin recebeu o Batismo. Ele é pai de um dos jovens que morreram no naufrágio do barco Sewol e havia pedido ao Papa para ser batizado no encontro com os sobreviventes e familiares da tragédia, no estádio em Daejeon. Lee foi acompanhado pelo filho, pela filha e pelo sacerdote que o tinha apresentado ao Papa em Daejeon. O padrinho foi um leigo membro da equipe da Nunciatura. A celebração foi realizada de forma simples e conduzida em coreano pelo padre John Chong Che-chon S.I, que assiste ao Papa na viagem como intérprete para o idioma coreano.
O Papa interveio pessoalmente no ato do Batismo com a infusão da água e a unção com Sagrado Crisma. Ao batizado foi dado o nome de Francesco. O Papa estava feliz de poder participar - de forma não esperada - do grande ministério do Batismo de adultos da Igreja na Coréia.

Fonte: Zenit.

sábado, 16 de agosto de 2014

Francisco aos religiosos e religiosas: Ser para os outros um sinal tangível da presença do Reino de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!


Saúdo-vos a todos com afecto no Senhor: é bom estar convosco hoje e partilhar este momento de comunhão. A grande variedade de carismas e actividades apostólicas que representais enriquece, de forma maravilhosa, a vida da Igreja na Coreia e para além dela. Nesta celebração das Vésperas, em que cantamos os louvores da infinita bondade e misericórdia de Deus, agradeço-vos, a vós e a todos os vossos irmãos e irmãs, pelo empenho posto na edificação do Reino de Deus nesta amada nação. Agradeço ao Padre Hwang Seok-mo e à Irmã Scholastica Lee Kwang-ok, Presidentes das conferências coreanas dos Superiores Maiores masculinos e femininos dos Institutos Religiosos e das Sociedades de Vida Apostólica, as amáveis palavras de boas-vindas.
As palavras do Salmo – «Minha carne e meu coração desfalecem; rochedo do meu coração e minha porção é Deus para sempre!» (Sal 73, 26) – fazem-nos a pensar na nossa vida. O Salmista expressa jubilosa confiança em Deus. Todos sabemos que, mesmo se a alegria não se expressa da mesma forma em todos os momentos da vida, especialmente nos momentos de grande dificuldade, «sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de sermos infinitamente amados» (Evangelii gaudium, 6). A firme certeza de ser amados por Deus está no centro da vossa vocação: ser para os outros um sinal tangível da presença do Reino de Deus, uma antecipação das alegrias eternas do céu. Somente se o nosso testemunho for alegre é que poderemos atrair homens e mulheres para Cristo; e esta alegria é um dom que se alimenta de uma vida de oração, da meditação da Palavra de Deus, da celebração dos Sacramentos e da vida comunitária. Quando faltam estas coisas, aparecerão as fraquezas e dificuldades que obscurecem a alegria conhecida tão intimamente no início do nosso caminho.
Para vós, homens e mulheres consagrados a Deus, tal alegria está enraizada no mistério da misericórdia do Pai revelada no sacrifício de Cristo sobre a cruz. Quer o carisma do vosso instituto se oriente mais para contemplação, quer se volte mais para a vida activa, o vosso desafio é tornar-vos «especialistas» na misericórdia divina precisamente através da vida em comunidade. Sei, por experiência, que a vida comunitária nem sempre é fácil, mas é um terreno providencial para a formação do coração. Não é realista esperar que não haja conflitos: surgirão incompreensões e será preciso enfrentá-las. Mas, apesar destas dificuldades, é na vida comunitária que somos chamados a crescer na misericórdia, na paciência e na caridade perfeita.
A experiência da misericórdia de Deus, alimentada pela oração e pela comunidade, deve plasmar tudo o que sois e tudo o que fazeis. A vossa castidade, pobreza e obediência tornar-se-ão um testemunho jubiloso do amor de Deus, na medida em que permanecerdes firmes sobre a rocha da sua misericórdia. Verifica-se isto particularmente no que se refere à obediência religiosa. Uma obediência madura e generosa exige que adirais na oração a Cristo, o qual, assumindo a forma de servo, aprendeu a obediência por meio do sofrimento (cf. Perfectae caritatis, 14). Não há atalhos: Deus quer os nossos corações por inteiro, e isso significa que temos de nos «desapegar» e «sair de nós mesmos» sempre mais.
Uma experiência viva da primorosa misericórdia de Deus sustenta também o desejo de alcançar aquela caridade perfeita que brota da pureza de coração. A castidade exprime a vossa doação exclusiva ao amor de Deus, que é a rocha dos nossos corações. Todos sabemos quanto empenhamento pessoal e exigente isso comporta! As tentações neste campo requerem confiança humilde em Deus, vigilância e perseverança e abertura do coração e ao irmão ou irmã sabia que o Senhor envia em nosso caminho.
Através do conselho evangélico da pobreza, sereis capazes de reconhecer a misericórdia de Deus não apenas como fonte de fortaleza, mas também como um tesouro. Mesmo se estamos cansados, podemos oferecer-Lhe os nossos corações carregados de pecados e fraquezas; nos momentos em que nos sentimos mais fracos, podemos encontrar Cristo, que Se fez pobre para que nos tornássemos ricos (cf. 2 Cor 8, 9). Esta necessidade fundamental que temos de ser perdoados e curados é, em si mesma, uma forma de pobreza que nunca deveríamos esquecer, não obstante todos os progressos feitos para a virtude. Além disso, a pobreza deve encontrar expressão concreta no vosso estilo de vida, tanto pessoal como comunitário; penso de modo particular na necessidade de evitar todas as coisas que vos possam distrair e causar confusão e escândalo nos outros. Na vida consagrada, a pobreza tanto é um «muro» como uma «mãe»: um «muro» porque protege a vida consagrada, e uma «mãe» porque a ajuda a crescer e a conduz pelo justo caminho. A hipocrisia de quantos – homens e mulheres consagrados – professam o voto de pobreza mas vivem como ricos, fere as almas dos fiéis e prejudica a Igreja. Pensai também como é perigosa a tentação de adoptar uma mentalidade puramente funcional e mundana, que induz a colocar a nossa esperança apenas nos recursos humanos e destrói o testemunho de pobreza que Nosso Senhor Jesus Cristo viveu e nos ensinou. Agradeço a este ponto, agradeço ao padre presidente, a irmã presidente dos religiosos, porque eles falaram justamente sobre o perigo que a globalização e o consumismo oferecem à vida de pobreza religiosa. Obrigado.
Queridos irmãos e irmãs, com grande humildade, fazei tudo o que puderdes para demonstrar que a vida consagrada é um dom precioso para a Igreja e para o mundo. Não o guardeis só para vós mesmos; partilhai-o, levando Cristo a todos os cantos deste amado país. Deixai que a vossa alegria continue a encontrar expressão nos vossos esforços por atrair e cultivar vocações, reconhecendo que todos vós colaborais para formar os homens e mulheres consagrados de amanhã. Quer vos dediqueis à vida contemplativa, quer à vida apostólica, sede zelosos no amor pela Igreja na Coreia e no desejo de contribuir, através do vosso carisma específico, para a missão de proclamar o Evangelho e edificar o povo de Deus na unidade, na santidade e no amor.
Confio-vos a todos, especialmente aos membros idosos e enfermos das vossas comunidades, também vos saúdo de maneira especial, aos cuidados amorosos de Maria, Mãe da Igreja, e de coração concedo-vos a minha bênção.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Homilía do Papa na missa da juventude asiática




Amados irmãos e irmãs em Cristo!

Em união com toda a Igreja, celebramos a Assunção de Nossa Senhora, em corpo e alma,
à glória do Paraíso. A Assunção de Maria mostra-nos o nosso destino como filhos adoptivos de
Deus e membros do Corpo de Cristo: como Maria, nossa Mãe, somos chamados a participar
plenamente na vitória do Senhor sobre o pecado e a morte e a reinar com Ele no seu Reino
eterno.
O «grande sinal» apresentado na primeira leitura – uma mulher vestida de sol e coroada de
estrelas (cf. Ap 12, 1) – convida-nos a contemplar Maria, entronizada na glória junto do seu
divino Filho. Convida-nos ainda a tomar consciência do futuro que, já desde agora, abre diante
de nós o Senhor Ressuscitado. Tradicionalmente, os coreanos celebram esta festa à luz da sua
experiência histórica, reconhecendo a amorosa intercessão de Maria operante na história da
nação e na vida do povo.
Na segunda leitura de hoje, ouvimos São Paulo afirmar que Cristo é o novo Adão, cuja
obediência à vontade do Pai derrubou o reino do pecado e da escravidão e inaugurou o reino da
vida e da liberdade (cf. 1 Cor 15, 24-25). A verdadeira liberdade encontra-se no amoroso
acolhimento da vontade do Pai. De Maria, cheia de graça, aprendemos que a liberdade cristã é
algo mais do que a mera libertação do pecado; é a liberdade que abre para um novo modo
espiritual de considerar as realidades terrenas, a liberdade de amar a Deus e aos nossos irmãos
e irmãs com um coração puro e viver na jubilosa esperança da vinda do Reino de Cristo.
Hoje, ao venerar Maria, Rainha do Céu, dirigimo-nos a Ela como Mãe da Igreja na Coreia
para Lhe pedir que nos ajude a ser fiéis à liberdade régia que recebemos no dia do Baptismo; que guie os nossos esforços por transformar o mundo segundo o plano de Deus; e que torne a Igreja neste país capaz de ser, de uma forma mais plena, fermento do Reino de Deus na sociedade coreana. Possam os cristãos desta nação ser uma força generosa de renovação espiritual em todas as esferas da sociedade; combatam o fascínio do materialismo que sufoca os autênticos valores espirituais e culturais e também o espírito de desenfreada competição que gera egoísmo e conflitos; rejeitem modelos económicos desumanos que criam novas formas de pobreza e marginalizam os trabalhadores, bem como a cultura da morte que desvaloriza a imagem de Deus, o Deus da vida, e viola a dignidade de cada homem, mulher e criança.
Como católicos coreanos, herdeiros duma nobre tradição, sois chamados a valorizar esta
herança e a transmiti-la às gerações futuras. Isto implica para cada um a necessidade duma
renovada conversão à Palavra de Deus e uma intensa solicitude pelos pobres, os necessitados e
os fracos que vivem no meio de nós.
Ao celebrar esta festa, unimo-nos a toda a Igreja espalhada pelo mundo e olhamos para
Maria como Mãe da nossa esperança. O seu cântico de louvor lembra-nos que Deus nunca
esquece as suas promessas de misericórdia (cf. Lc 1, 54-55). Maria é a cheia de graça, porque
«acreditou no cumprimento daquilo que o Senhor lhe dissera» (Lc 1, 45). N’Ela, todas as promessas divinas se demostraram verdadeiras. Entronizada na glória, mostra-nos que a nossa esperança é real e que, já desde agora, esta esperança se estende, «como uma âncora segura e firme para as nossas vidas» (Heb 6, 19), até onde Cristo está sentado na glória.
Amados irmãos e irmãs, esta esperança – a esperança oferecida pelo Evangelho – é o antídoto contra o espírito de desespero que parece crescer como um câncer no meio da sociedade, que exteriormente é rica e todavia muitas vezes experimenta amargura interior e vazio. A quantos dos nossos jovens não fez pagar o seu tributo um tal desespero! Que os jovens, que nestes dias se reúnem ao nosso redor com a sua alegria e confiança, nunca lhes vejam roubada a esperança!
Dirijamo-nos a Maria, Mãe de Deus, e imploremos a graça de viver alegres na liberdade dos
filhos de Deus, usar sabiamente esta liberdade para servirmos os nossos irmãos e irmãs, e viver
e actuar de tal modo que sejamos sinais de esperança, aquela esperança que encontrará a sua
realização no Reino eterno, onde reinar é servir.

 Amen

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pela primeira vez na história um Papa sobrevoa a China



Partiu ontem, às 16h de Roma, depois de cerca de 11 horas e meio de voo, o Papa Francisco aterrissou às 10h30, hora local (22:30 hora brasileira) na base aérea militar de Seul, na Coréia do Sul. Esperando por ele no aeroporto estava a presidente Park Geun-hye, juntamente com algumas autoridades estaduais, o Presidium da Conferência Episcopal coreana e representantes dos fiéis.
Para chegar no país asiático, o avião que transportava o Papa sobrevoou a Croácia, Eslovénia, Áustria, Eslováquia, Polônia, Bielorrússia, Rússia, Mongólia e China. Para cada um destes países o Papa Francisco quis enviar uma mensagem telegráfica aos respectivos Chefes de Estado.
A Ivo Josipovic, presidente da Croácia, escreveu: "Voando sobre o seu país durante no voo que me levará para a Coreia do Sul, vos envio calorosas saudações e a seus concidadãos. Implorando a bênção divina para a sua nação, peço a Deus Todo-Poderoso que vos abençoe com paz e prosperidade". Para o Presidente da Eslovénia, Borut Pahor, disse: "Dirijo uma cordial saudação a Vossa Excelência e aos seus concidadãos. Ao sobrevoar o seu país, invoco a bênção de Deus Todo-Poderoso, e rezo para que você dê a paz e a prosperidade à sua nação".
Telegramas semelhantes com invocações e orações de paz e bem-estar, O Papa enviou também aos presidentes da Áustria, Heinz Fischer; da Eslováquia, Andrej Kiska; da Polónia, Bronislaw Komorowski; da Bielorrussia, Alexander Lukashenko; da Rússia, Vladimir Putin; da Mongólia, Tsakhiagiin Elbegdorj.
Pela primeira vez, também, o avião papal pôde sobrevoar a República Popular da China, graças à autorização de Pequim. O Papa Francesco, em seguida, enviou uma mensagem de felicitações ao Presidente Xi Jinping, na qual escreve: "À medida que entramos no espaço aéreo da China, estendo meus cumprimentos a Vossa Excelência e a todos os seus concidadãos e invoco a bênção divina de paz e prosperidade sobre a Nação".
Durante a viagem, então, Francisco rezou com os jornalistas presentes por Simone Camilli, o VideoReporter italiano morto ontem em Gaza durante a operação de desarmar um míssil. "Uma oração por Simone Camilli, um dos 'seus' que hoje terminou o seu serviço", pediu o Papa, convidando a orar "em silêncio" e dizendo: "Estas são as consequências da guerra".
"Obrigado por seu serviço - disse o Papa - Obrigado por tudo o que vocês farão, que não será um passeio turístico, mas sim muito cansativo. Que a vossa palavra ajude sempre a unir-nos ao mundo e também vos peço: transmitam essa mensagem de paz”.
Às 15h35, as autoridades coreanas subiram a bordo para saudar o Papa. Ele desceu lentamente pela escada do avião, apertou a mão de Geun-hye e conversou com ela por alguns segundos. Em seguida, duas crianças coreanas vestidas com roupas tradicionais ofereceram-lhe um arranjo de flor, enquanto que para celebrar o início da visita oficiais do Exército deram uma salva de tiros de canhão em sua homenagem. Para o Papa Francisco é a primeira viagem a um país asiático.
As autoridades e o povo coreano têm mostrado grande bondade e cordialidade. Apesar dos católicos serem apenas o 11% da população, o país inteiro tem mostrado grande expectativa pela visita do Papa.
O Bispo de Roma, portanto, cumprimentou uma por uma as autoridades governamentais e representantes de diferentes grupos sociais do país aos quais se dirigiu em espanhol regularmente assistido por um sacerdote coreano que irá atuar como intérprete durante toda a estadia. Não deixou de distribuir, como sempre, sorrisos largos e calorosas saudações aos bispos e aos fiéis presentes no aeroporto. O Santo Padre, em seguida, subiu em um carro preto, um Kia Soul, pouco mais do que um pequeno carro utilitário e seguiu para a Nunciatura, onde celebrou uma Santa Missa em privado. Ele então abriu a janela para cumprimentar todos que encontrava pelo caminho.
A imprensa coreana saudou a chegada do Pontífice com manchetes como: "Este é o Papa Pastor dos fracos". Justamente esse é o aspecto que parece ser que mais tocou a maioria das pessoas do povo asiático: um Papa particularmente perto dos pobres e dos marginalizados.
Certamente as ruas para aguardar o Papa não estão lotadas como aquelas do Rio de Janeiro, mas são muitos os grupos espalhados que o quiseram cumprimentar. Há entusiasmo e as medidas de segurança são muito rigorosas, tanto para os jornalistas quanto para os fiéis. Supõe-se que isso também irá afetar os números de participações nos encontros do Pontífice.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

China: vigário episcopal é solto depois de 8 anos de prisão

Padre José Lu clérigo, sacerdote de 52 anos, foi libertado depois de oito anos de isolamento e reclusão. A Agência AsiaNews recordou que "tinham sido detidos sem julgamento em 2006 e levado para um lugar desconhecido". O padre, que pertence à comunidade não-oficial (subterrânea) de Baoding (Hebei), não querendo aderir à Associação Patriótica, frequentemente tem sofrido detenções ao longo de sua vida.
De acordo com AsiaNews a primeira foi no dia 5 de abril - domingo de Ramos - de 1990, o ano da sua ordenação. Depois, foi preso antes da Páscoa no 2001, e permaneceu por três anos em um campo de trabalho Provincial Gao Yang, na região do Hebei. Foi solto solto e preso novamente logo após, em maio de 2004, por um período não especificado. Finalmente, em 2006, foi levado a vários lugares secretos. Nos últimos tempos estava preso na Escola do Partido Comunista em Baoding.
Padre Lu tinha as funções de vigário episcopal da diocese, após as prisões em 1996 e em 1997 dos dois bispos clandestinos Mons. Tiago Su Zhimin e Francisco An Shuxin. Este último foi persuadido pelas autoridades e se juntou à Associação Patriótica.
Fontes da agência AsiaNews afirmam que foi justamente Mons. An que pediu constantemente às autoridades a liberação do Padre Lu, sem impor-lhe qualquer condição (se inscrever no clero oficial, na Associação Patriótica, etc, ...). Fontes próximas a mons. An afirmam que o padre Lu não teve que submeter-se a quaisquer condições ou a entrada para a Associação Patriótica. Após a sua libertação, ocorrida em 9 de agosto, o padre Lu está como hóspede na casa do bispo An, perto da Catedral de Baoding.
Da cidade de Baoding ainda está desaparecido o bispo ordinário, Mons. Su, que desapareceu em 1996 nas mãos da polícia e, sem julgamento, está preso em algum lugar desconhecido. Também dois sacerdotes, pe. Liu Honggeng e pe. Ma Wuyong estão na prisão porque, em obediência ao Papa, se recusam a aderir à Associação Patriótica.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Santa Joana Francisca de Chantal



“Sede totalmente fiéis a Deus e experimentá-lo-eis” ensinava Joana Francisca Fremyot de Chantal que nasceu em Dijon na França no dia 28 de janeiro de 1572. Filha de Benigno Frémiot e Margarida de Berbizy foi batizada e recebeu desde cedo sólida formação cristã. Admirável em sua espiritualidade a pequena Joana era incisiva quanto ao protestantismo que assolava sua época. Seu pai certa vez recebeu um protestante que sem sucesso argumentou com Joana e ao lhe dar caramelos ouviu da pequena menina de cinco anos: “Vede, senhor, vede. Assim arderão os hereges no fogo do inferno por não quererem crer nas palavras de Nosso Senhor!”
Quando jovem recusou o casamento com um nobre por este ser calvinista e veio a casar-se com Christophe de Rabutin, o barão de Chantal e viveu assim austera vida de santidade. Em sua casa era celebrada a missa todos os dias, catequisava seus empregados e zelava e acolhia os pobres tornando-se conhecida como a “Santa Senhora”. Teve seis filhos dos quais dois faleceram. Aos 28 anos ficou viúva e fez o voto de castidade dedicando-se à educação dos filhos e à caridade.
Em 1604 conheceu São Francisco de Sales na cidade de Dijon e este percebeu na jovem, traços de santidade, acolhendo-a como seu diretor espiritual. Francisco, através de Joana concretizava seu projeto de uma congregação para mulheres. Após o crescimento de seus filhos, Joana foi para a cidade de Annecy e lá, com outras três jovens, iniciou a congregação que ficou conhecida como Ordem da Visitação de Santa Maria. São Francisco de Sales as instruiu nas virtudes da pobreza e obediência e foram crescendo em graça e santidade. Joana passou por diversas provações físicas e espirituais com tamanha serenidade que São Vicente de Paulo narra: “Em meio a tão grandes sofrimentos, jamais perdeu a serenidade nem esmoreceu na plena fidelidade que Deus lhe exigia. Por isso a considero como uma das almas mais santas que encontrei sobre a terra”.
Foram fundadas cerca de 65 casas e no dia 13 de dezembro de 1641 na cidade de Moulins faleceu. Foi beatificada por Bento XIV no dia 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho de 1767.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Papa Francisco: "se o 666 é o diabo, o 99,9 é Jesus"

Na última sexta-feira o Papa Francisco concedeu uma entrevista por telefone aos sacerdotes Joaquin Giangreco e Juan Ignacio Liébana, que foi transmitida ao vivo pela rádio local de Campo Gallo e Huachana, duas paróquias localizadas cerca de 200 quilômetros da capital de Santiago del Estero, na província de mesmo nome, uma das mais pobres da Argentina.
 
"Tenho vocês dentro do meu coração. O trabalho que vocês fazem, me faz feliz. Por isso começo com uma forte saudação e a minha benção”, disse-lhes o Santo Padre.

Perguntado pelos sacerdotes sobre a religiosidade popular e a sua cultura disse:

 “Tenho uma grande convicção de que o nosso povo nunca erra e só adora a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. E junto com esta adoração a Deus, sabe que Jesus deixou nossa Mãe, a Virgem, para que cuidasse de nós. Nosso povo não a adora, a ama e a honra. Como todos nós que queremos e honramos nossa mãe, sabe que Ela cuida de nós e que está no céu. E nosso povo, adorando a Deus, que é o único que deve ser adorado, e Jesus Cristo, que é o único que deve ser adorado, também se deixa cuidar pela Mãe. Nosso povo não é órfão, tem mãe e é uma das coisas mais bonitas da devoção à Virgem, que não é adoração, mas sim carinho de um filho pela sua mãe. E este povo se reúne para adorar a Deus e para recordar a sua mãe. Este é o núcleo da piedade popular da américa latina. Um filho sem mãe tem a alma mutilada. Um povo sem mãe é um povo órfão, órfão de solidão, de secura, talvez de ideias, sem a ternura que só uma mãe dá. Por isso, seguimos sempre as duas coisas na piedade popular: a adoração a Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, e a Ele somente se adora, e o carinho e o respeito e veneração que não é adoração à Nossa Mãe, porque nós não somos órfãos, temos mãe.

Em uma linguagem muito coloquial, estes dois sacerdotes conversaram com o Santo Padre. O conheciam há muito tempo e um deles foi ordenado por Bergoglio.

"Cada um – continuou o Pontífice – tem um papel, cada um tem um trabalho para fazer, uma vocação. Deus chamou vocês dois para ir embora, deixar as suas famílias, a cidade de Buenos Aires que é tão linda, e foram acompanhar este povo. Junto com vocês tem muita gente que não está morando lá, e que, à distância, quer estar com vocês. Agradeço essas pessoas”.
"A Igreja – continuou o Santo Padre – se mantém de pé com a piedade dos fieis. Pela oração, pela missa, pela eucaristia. Essas pessoas que vão à missa, que recebem a eucaristia pedindo por vocês, é a que lhes sustenta, e a paróquia. A eles vai o meu primeiro agradecimento. Também àqueles que se privam de algum bem, de algum dinheiro para dá-lo a vocês. Para eles o meu carinho também. Não importa o quanto ajudam, importa que ajudam, porque mimam vocês e se perguntam: Como eu posso acompanhar estes dois padres que estão tão distantes de Buenos Aires? E também de outras cidades de onde recebem ajuda. A esses homens e mulheres envio uma grande saudação e a minha gratidão. E de maneira especial quero mencionar dois tipos de pessoas que são as que Jesus olha com mais carinho: as avós e os avôs, e as crianças. Quantas avós e avôs rezam por vocês, quantas crianças rezam por vocês e apoiam o trabalho do seu povo. Envio-lhes um grande abraço, junto com a minha benção”.

No diálogo retransmitido por vários meios locais e colocado no youtube, onde se sente o som um pouco metálico de uma pequena rádio, o Papa destacou a importância da Igreja como instituição.

"O peregrino – disse o Papa Francisco – é uma imagem do que é a Igreja, porque a Igreja é peregrina. Jesus fundou uma igreja em caminho, uma igreja peregrina. Quando a Igreja está quieta, deixa de ser Igreja e vira uma associação civil. Nossa Igreja é uma Igreja com dupla saída: com a adoração a Deus e a oração; e outra saída rumo aos irmãos, para ajudá-los, acompanhá-los e fazer as obras de misericórdia que Jesus nos ensinou, e que estão no capítulo 25 de São Mateus. O peregrino que visita um templo para a glória de Deus e adorar a Deus, e para venerar e honrar a Mãe, esse peregrino tem a vocação de caminhar, que tem a Igreja. Que a nossa Igreja nunca se canse de caminhar porque no caminho encontramos esse sentido que Deus quer do seu povo: um povo a caminho”.
Porque "quando uma comunidade cristã ainda quieta é como uma água estagnada, que é a primeira a ser corrompida. Quando uma comunidade não peregrina, não só a pé, mas com o coração, e não tem um coração peregrino para além de si mesma, seja para adorar a Deus ou para ajudar os seus irmãos, essa Igreja está moribunda e tem que ser ressuscitada rápido. Por isso que aqueles que estão trabalhando para construir uma casa de Deus, que é um lugar de peregrinação, saibam que isso é um símbolo da Igreja que caminha. E essa peregrinação que fazem uma vez por ano ali, é uma peregrinação que tem que fazer todos os dias na vida cotidiana. Uma peregrinação a Deus para adorá-lo, uma peregrinação à Nossa Senhora, para venerá-la e amá-la, e rumo aos mais necessitados do nosso povo”.

Em resposta a outras preocupações de um dos sacerdotes, o Papa convidou a evitar críticas destrutivas.

"Trabalhar pela unidade sempre vai ser importante. Sempre vai existir diferenças, brigas, a questão é não deixa-las crescer. Fazer que as coisas se resolvam entre irmãos. É preciso conversar sim, mas com Deus. Não precisa tirar o couro do outro. O que mais destrói a Igreja, os povos e a Nação é a crítica destrutiva. Ou seja, ficar tirando o couro um do outro. Isso não é cristão”.

Questionado sobre a falta de sacerdotes na diocese de Añatuya disse:

"Como disse Jesus, rezem para que Deus envie pastores para a messe. O coração de Deus não é indiferente às orações de seu povo. Orem para que o Senhor envie pastores. E eu diria aos jovens que se sentem o chamado de Jesus, que não tenham medo. Que vejam todo o bem que podem fazer, todo o consolo que podem dar, toda a mensagem cristã que podem transmitir e não tenham medo. A vida é para ser arriscada, não para ser guardada. Jesus disse, quem cuida muito da sua vida acaba perdendo-a. A vida é para ser dada. E assim se é fecundo. Se alguém sente que Deus lhe pede para dar a vida no sacerdócio, que não tenha medo. É necessário apostar em coisas grandes e não pequenas coisinhas. E se sente que Jesus o chama para formar uma família, que seja uma família cristã, grande, linda, com muitos filhos que levem a fé adiante”.
O Santo Padre concluiu com uma bênção e repetiu o lema da rádio que diz: "se o 666 é o diabo, o 99,9 é Jesus" e lembrou-lhes "simplesmente isto: Jesus é muito bom. Jesus nos ama. Deus nos ama. Deus nos espera sempre. Deus não se cansa de perdoar-nos. Só que devemos ser humildes e pedir perdão, para que possamos seguir em frente. Deus nos criou para que sejamos felizes. E Ele está conosco. Quando passamos momentos difíceis, de cruz, de dor, Ele passou primeiro e nos compreende de coração. Peço ao Senhor para que todos os que estão ouvindo sejam muito abençoados por Ele, lhes dê força, vontade de viver, e a coragem de não deixar-se roubar a esperança e especialmente lhes dê uma carícia e lhes faça sorrir, e que a benção de Deus todo poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo desça sobre todos e cada um de vocês e permaneça para sempre".

Fonte: Zenit.

domingo, 10 de agosto de 2014

A visita do papa aos pentecostais foi uma grande vitória espiritual

O pastor Jorge Himitian considerou que o papa foi “muito corajoso” ao visitar abertamente uma comunidade cristã não católica no último dia 28 de julho. O religioso, que conhece Bergoglio há anos e mantém um vínculo estreito com ele, viajou especialmente para participar da visita do pontífice à comunidade pentecostal e contou as suas impressões durante uma entrevista à agência AICA. Himitian avalia o encontro como “uma grande vitória espiritual”.


AICA: Quanto Francisco está colaborando para diminuir as controvérsias e as barreiras entre as confissões cristãs?

Pastor Himitian: Muitíssimo. Mas não por ter discutido sobre as nossas diferenças; nunca fizemos isso; e sim porque encontramos nele um homem espiritual, um verdadeiro cristão. Vemos nele o evangelho encarnado, a sua humildade, o seu amor pelas pessoas, a sua aproximação dos pobres, a sua vida de oração, a sua valentia, a sua coragem profética para enfrentar os corruptos, sejam do governo, sejam da cúria; a sua firmeza contra os pedófilos, contra os estupradores, contra a máfia e contra outros tantos males.

AICA: Por quais caminhos você acha que a unidade dos cristãos deverá transitar?

Pastor Himitian: No passado, foi colocada muita ênfase nas nossas diferenças teológicas, eclesiológicas e litúrgicas. Sem ignorar que tudo isso tem a sua importância e o seu lugar, e que um dia chegaremos a harmonizar as nossas diferenças à luz da Palavra de Deus, nós hoje acreditamos que temos que priorizar o seguinte: aqueles de nós que se chamam de cristãos têm que ser cristãos de verdade, ter uma conduta santa, amar a Deus e amar o próximo.

AICA: E qual é o lugar de Francisco em tudo isso?

Pastor Himitian: Ele tem profundas e firmes convicções teológicas, do meu ponto de vista, mas ele não é um reformador da teologia. Ele é um revolucionário. Ele está encarando uma revolução na Igreja, propondo que os cristãos encarnem o evangelho, vivam as bem-aventuranças, sejam como Cristo, mediante a força transformadora do Espírito Santo. E é isto o que mais nos agrada nele e o que nos fez baixar a guarda.

AICA: Você acha possível um reencontro com Roma? Nesse caso, é mais viável com as igrejas evangélicas ou com as igrejas orientais?

Pastor Himitian: Eu acho possível um reencontro com a única cabeça da Igreja, que, segundo a bíblia, é Jesus Cristo. E não só acho possível como, na minha convicção e fé, vai acontecer. O apóstolo Paulo declara que Deus se propôs a voltar a unir tudo sob uma só cabeça, que é Cristo. E eu estou convencido de que Deus é Todo-Poderoso e o fará. Todos nós temos erros e acertos: os católicos, os evangélicos e os ortodoxos. Temos que permitir que a verdade da Palavra de Deus, no poder e na revelação do Espírito Santo, nos santifique e nos livre dos nossos respectivos erros. Deste modo, a unidade perfeita que Jesus pediu ao Pai se realizará.

Fonte: Zenit.

sábado, 9 de agosto de 2014

A vocação dos homens que se fazem pais tem a sua origem da paternidade do próprio Deus

"Filipe disse: 'Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta'. Jesus respondeu: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Crede, ao menos, por causa destas obras" (Jo 14, 8-11). Bendita seja a aparente ingenuidade de Filipe, desejando ver o Pai. Daqui parte nossa reflexão para o dia dos pais, comemorado no segundo domingo de agosto, quando a Igreja Católica no Brasil inicia também a Semana da Família. Torna-se ainda mais oportuno abordar este tema pela proximidade da Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos a respeito da família.
A vocação dos homens que se fazem pais tem a sua origem da paternidade do próprio Deus, sabendo inclusive que se aprende mais sobre família e sobre as relações entre as pessoas olhando para o alto, para a Santíssima Trindade. Paternidade, filiação, fraternidade criatividade, todas as desejáveis características das pessoas, podem encontrar no próprio Deus sua fonte! E permitam-me todos os pais envolvê-los na voragem de amor que é a vida divina, convidando-os a abrirem o coração e redescobrirem sua vocação e sua missão na família e na sociedade.
Queridos pais, todos vocês foram e são filhos! Ninguém é fonte absoluta de uma família. Desejo-lhes a capacidade de olhar para trás e identificar o melhor que possa existir na história de sua família. Há valores que passam de geração em geração e a dignidade de sua família não se encontra apenas no nome, sem dúvida importante, mas nas coisas boas de que vocês são guardiães. Vocês podem entrar em seu próprio coração, recolhendo, como a criança que existe em cada um, as boas sementes transmitidas pelos antepassados. Por falar em nome, já perceberam que são vocês que o conservam e transmitem às gerações sucessivas? Sejam pois, dignos de manter acesa este facho aceso da dignidade das gerações!
Dentre os muitos tesouros que lhes foram confiados, é proprio da missão paterna ser a referência de autoridade na família. Autoridade e não autoritarismo! E autoridade verdadeira vem de dentro, a partir de convicções claras e objetivos a serem alcançados. Chama atenção a força com que Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, se faz presente em momentos críticos da vida de seus discípulos. Numa travessia do Mar da Galileia (Cf. Mt 14, 22-33), barca agitada pelas ondas, vento contrário, homens medrosos que veem Jesus caminhando sobre as águas e pensam estar diante de um fantasma. "Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!" É tempo de pedir a Deus, na comemoração do dia dos pais, que a força viril dos que receberam esta vocação seja restaurada em nossas famílias. Redescubram a coragem para ajudar a família na superação do medo dos fantasmas! Sejam capazes de discernir entre o vento, os terremotos e o fogo (Cf. 1 Rs 19, 9-13), ajudando a identificar o murmúrio da brisa leve em que o Senhor Deus se manifesta. Brote dos lábios e do coração de todos os pais de família, sustentados no mar na vida pelas mãos firmes do Senhor Jesus, a profissão de fé a ser renovada no domingo dos pais: "Verdadeiramente, tu és o filho de Deus" (Mt 14, 33). Afinal, são adultos estes que realizam uma missão de tamanha importância. Deles pedimos um sinal que nos ajude a firmar a confiança no Senhor.
Mas para chegar ao discernimento pedido aos pais de família, devem estes tirar o tempo necessário para, como o profeta Elias (Cf. 1 Rs 19, 9-10), orar confiantemente em nome da própria família. Proponho, por ocasião do dia dos pais, que as refeições nas casas sejam abençoadas com uma oração feita pelo pai: "Senhor Deus, que conservais tudo o que criastes e não deixais de conceder aos vossos filhos o alimento necessário, nós vos agradecemos por esta mesa fraterna, preparada para alimentar e fortalecer o nosso corpo; nós vos rogamos que também nossa fé, sustentada com a vossa palavra, cresça pela busca constante do vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!" Esta oração pode ser feita sempre às refeições, confiando-a cada dia a um dos membros da família. Entretanto, a oração silenciosa, feita pelo pai de família, com confiança total no Pai do Céu, com o qual lhe foi dada a graça de partilhar a responsabilidade pelo lar, não pode faltar. Só assim terá forças necessárias para enfrentar as muitas tormentas do caminho.
Durante muitos séculos, o pai de família foi considerado como o suficiente provedor das necessidades de todos. As esposas assumiam a educação dos filhos e as tarefas domésticas. Mudam os tempos, as mulheres também têm atividades laborativas fora de casa, as tarefas são compartilhadas e a responsabilidade abraçada a dois. No entanto, valha hoje um apelo aos pais de família justamente pela sua missão ligada ao trabalho. Faz parte da dignidade do ser humano ganhar o pão com o suor do próprio rosto, mesmo quando seu trabalho não for prioritariamente ligado ao esforço físico. Gratidão a Deus providente que permite aos pais levarem o necessário à família e à sustentação dos filhos. Apreensão diante das múltiplas dificuldades existentes para que o trabalho seja adequadamente remunerado e até para que haja postos de trabalho para toda a população. Oração fervorosa, para que aos pais sejam dadas estas condições indispensáveis.
A missão dos pais de família pode se expressar no pedido feito por Filipe, cuja ingenuidade agradecemos. Queridos pais, queremos que saibam ser nosso interesse apenas uma coisa, que vocês nos mostrem "o Pai". Sejam de tal forma parecidos com o Pai do Céu, que trabalha sempre! Ajudem-nos a chamar o Pai de Jesus de "Pai Nosso", ensinando-nos a rezar cada parte da oração que brotou de seu coração para ser entregue a nós. Sejam transparência do amor de Deus, tão infinito que se faz pequeno e próximo de cada filho. Sejam para suas esposas companheiros fiéis, amigos afetuosos, como Deus os pensou. Contamos com a firmeza de vocês e, quando esta lhes faltar, saibam que a Igreja reza por vocês e quer sustentá-los na tarefa exigente e gratificante que lhe foi entregue. Obrigado por vocês serem testemunhas da Providência de Deus para as famílias! Confiem nesta Providência para todos os passos a serem dados na vida! Saibam valorizar as rugas, os achaques da idade, o cansaço, para muitos a calvície ou os cabelos brancos. Tudo encontre seu sentido na entrega alegre da vida, com a qual vocês constroem a própria dignidade e felicidade. Deus os abençoe!

Fonte: Zenit.