quarta-feira, 25 de maio de 2011

Santa Sé: ajudar os países mais pobres

Para que os países mais pobres do mundo - tecnicamente Países Menos Desenvolvidos (LDC) - possam progredir rumo ao desenvolvimento, devem ser ajudados com um espírito de solidariedade e gratidão pela comunidade internacional.

Esta foi a reflexão de Dom Silvano Maria Tomasi, chefe da delegação da Santa Sé, por ocasião da 4ª Conferência da ONU sobre LDC, realizada em Istambul (Turquia), de 9 a 13 de maio.

Os LDC, explicou o prelado à assembleia, “continuam enfrentando desafios imensos enquanto buscam os recursos e o caminho rumo ao desenvolvimento para seus cidadãos”.

“Não existe uma fórmula simples para conseguir isso, mas a promessa de solidariedade pode ser o fundamento para um compromisso renovado por parte dos que enfrentam este desafio há décadas e uma indicação para os agentes novos neste âmbito”, observou.

Neste contexto, expressou a esperança da Santa Sé em um novo Programa de Ação para estes países para a próxima década e observou que “o futuro bem-estar dos países subdesenvolvidos depende em grande medida do espírito de gratuidade que nos leva a realizar esforços comuns”.

Desenvolvimento integral

Dom Tomasi centrou sua intervenção em três temas, o primeiro dos quais foi “os fundamentos do desenvolvimento humano integral”.

Afirmou que, quando se quer obter resultados duradouros, são fundamentais “o respeito pela dignidade humana; a proteção dos direitos humanos; o cuidado da criação; a participação em comunidade, subsidiariedade e solidariedade”, junto a “um plano de desenvolvimento integral com a educação, a exploração dos recursos naturais, a agricultura, a indústria, o comércio, os serviços financeiros, as infraestruturas e a tecnologia”.

“É imperativo que estes pilares sirvam como guia em nossos esforços por promover e apoiar uma aproximação do desenvolvimento que seja integral e autenticamente humano”, declarou o prelado.

O segundo tema foi o tipo de crescimento necessário para um “desenvolvimento humano integral”.

Frequentemente, indicou, “o uso de medidas quantificáveis e de critérios econômicos para medir realidades como o produto interno bruto ou o estreito horizonte do crescimento das bolsas não consegue captar o que significa ser humanos, não leva em consideração a dimensão transcendente da pessoa nem, portanto, o que é necessário para o desenvolvimento de toda a pessoa”.

O crescimento que promove o autêntico desenvolvimento é, no entanto, “aquele que inclui os pilares já mencionados antes e que deve ser avaliado em função de como promove o desenvolvimento sustentável e as comunidades, cria empregos, alivia a pobreza das pessoas e cuida do meio ambiente”.

“Um modelo de crescimento que compreenda estes três objetivos construirá um ciclo econômico e comercial interno sustentável, respeitoso do meio ambiente e capaz de promover o desenvolvimento”, acrescentou.

De modo especial para os LDC, o prelado apontou a necessidade de “um setor agrícola vivo e a criação de postos de trabalho em diversos setores, capazes de empregar um grande número de pessoas que entram no mercado de trabalho”.

“Qualquer modelo de crescimento que se adote – acrescentou – deve, portanto, reconhecer e reforçar o papel central da agricultura na atividade econômica, reduzindo a desnutrição nas áreas rurais e aumentando a produção per capita, com o fim de promover a independência alimentar local, regional ou nacional.”

O terceiro ponto de sua intervenção foi o papel do Estado de promover este desenvolvimento integral, em um campo no qual existe uma “pluralidade de atores”, como a empresa e a sociedade civil, que “podem oferecer perspectivas e modos de trabalhar diferentes, proporcionando, dessa forma, contribuições únicas para o desenvolvimento necessário nos países subdesenvolvidos”.

No entanto, como se viu na crise financeira de 2008, “o mercado não contém em si mesmo os ingredientes para a correção automática dos erros e teria levado ao colapso do sistema financeiro e econômico se os Estados não houvessem agido”.

“Dado que, em última instância, a correção dos caprichos do mercado acontece em detrimento das populações, os Estados têm o dever de intervir preventivamente para evitar estes sofrimentos.”

“Trabalhando juntos de maneira coordenada e cooperativa, as instituições e os agentes de todos os setores podem e devem sustentar os esforços de todos os países subdesenvolvidos para que alcancem seus objetivos como membros de uma única família humana”, concluiu Dom Tomasi.

Fonte: Zenit - (Roberta Sciamplicotti)

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