segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Inculturação e evangelização: desafios dos franciscanos na China



A inculturação e a difusão do Evangelho são duas das prioridades da Ordem Franciscana em sua missão na China, esclareceu o padre José Rodrigues Carballo, ministro geral da Ordem, ao intervir na Universidade Pontifica Antonianum de Roma, no dia 15 de janeiro.
Nesse dia, foi celebrada uma jornada de estudo sobre a Igreja na China, a fim de celebrar o VII centenário da ordenação episcopal do frade Juan Montecorvino, primeiro bispo no país asiático, nomeado arcebispo da atual Pequim e Patriarca do Oriente.
O ministro geral dos Frades Franciscanos lembrou que a sociedade chinesa está vivendo atualmente “um período histórico de transição em direção a uma colaboração cada vez maior com o mundo ocidental, especialmente no âmbito econômico”.
“A juventude parece vazia de valores e entre os mais sensíveis aparece a busca por uma nova espiritualidade que possa dar um sentido à vida”, reconheceu.
“Neste sentido, o cristianismo, enquanto religião estrangeira, a muitas pessoas parece oferecer algo novo e algo mais que as religiões ou ideologias já conhecidas ou experimentadas na China”, disse.
“Isso explica em parte o crescimento dos cristãos no continente, e a participação dos budistas nas celebrações mais importantes da Igreja”, continuou.
Neste contexto, o desafio para a Igreja na China e para os franciscanos é “como ajudar a sociedade neste tempo de transição”, afirmou o padre Carballo.
Com este objetivo, destacou alguns compromissos que a Ordem deverá enfrentar. O primeiro deles, a inculturação.
“Para nós, franciscanos, a primeira forma de inculturação é a implantatio Ordinis en China”.
Isto significa, explicou, formar verdadeiros frades menores autóctones, representar nosso carisma na religiosidade, na cultura chinesa e, como consequência, oferecer à Igreja um modelo vivido de inculturação.
Um segundo desafio é “contribuir de maneira importante à comunhão interna na única Igreja que há na China”, seguido do compromisso com as obras sociais e com o desenvolvimento humano.
“Hoje, a evangelização na China é transmitida através das atividades sociais e caritativas, nas quais o testemunho silencioso, mas vivo, de tantos religiosos, se faz mensagem dos valores do Evangelho de Jesus Cristo”.
Também pede compromisso o acompanhamento e a formação dos franciscanos na China, onde estão presentes várias congregações femininas e ao menos quatro mil membros da Ordem Franciscana Secular.
Missão franciscana na China
Entre os aspectos característicos da evangelização franciscana na China, o padre Rodriguez Carballo destacou em primeiro lugar “a utilização por parte dos missionários, de ‘caminhos humanos’ que lhes são abertos”.
Da mesma forma, tem sido fundamental a “promoção humana e cultural”, disse.
“Não foram poucos os franciscanos que se dedicaram à língua chinesa” e constituíram “muitas obras humanitárias e caritativas” dedicadas, sobretudo, às populações das zonas rurais.
A principal atividade visava a difundir o Evangelho para “fornecer o conhecimento sobre Jesus Cristo, provocar e acompanhar as conversões ao cristianismo e oferecer a graça de Deus com a administração dos sacramentos”.
No anúncio missionário, tal como na cultura chinesa, a palavra possui uma função muito importante.
Juan de Montecorvino já havia traduzido à língua dos dominadores tártaros o Saltério e o Novo Testamento. No século XX, frade Gabriele M. Allegra decidiu traduzir toda a Bíblia para o chinês.
Depois de passar por diversas dificuldades, não podia deixar de ser especialmente importante o testemunho do martírio.
Nas primeiras missões e terríveis experiências de “tantos outros frades anônimos que deram sua vida com penúrias e sofrimentos de vários tipos na prisão, onde estavam fechados como em um túmulo”.
Neste contexto, o padre Rodriguez Carballo lembrou que “dizer vocação franciscana significa o compromisso de sair de si mesmo” e “andar pelas ruas do mundo para anunciar o Evangelho como frades e menores”, porque “o Evangelho é um dom a ser compartilhado”.
“É a hora de responder, com imaginação e criatividade, a esta exigência de nossa vocação”, declarou.
A Ordem dos Frades Franciscanos “não pode renunciar a obedecer ao mandato de Jesus” de ir a todos.
E concluiu: “nesta obediência está a fidelidade à nossa vocação e à missão de portadores do dom do Evangelho”.


Fonte: Zenit.

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