sexta-feira, 6 de março de 2015

Os cristãos da Síria agradecem o Papa e a Itália

A cidade de Damasco está nas mãos do governo Assad, os subúrbios estão nas mãos dos rebeldes, enquanto a situação em Aleppo é decididamente desequilibrada a favor das forças jihadistas. Este é o cenário descrito pelo arcebispo Nassar Samir, arcebispo de Damasco dos Maronitas, que falou ontem, 4, em coletiva de imprensa na Casa Bonus Pastor, poucas horas depois de ter participado na audiência dos bispos amigos dos Focolares com o Papa Francisco.
 
“O dia 15 de março é o quarto aniversário da guerra e nós não esperamos nada além da paz", disse o prelado sírio, referindo também a incapacidade dos sírios residentes de apoiar economicamente os seus familiares, devido ao bloqueio das contas bancárias no país, enquanto que “quem quer deixar o país não encontra mais um consulado ou uma embaixada”.
À margem da coletiva de imprensa, monsenhor Samir respondeu a algumas perguntas de ZENIT, destacando principalmente a própria gratidão pela ajuda demonstrada pela Santa Sé e pelo Pontífice.

 Excelência, no mundo católico, tanto no Ocidente quanto no Oriente, são numerosos aqueles que argumentam que o Papa Francisco e o Vaticano não estão suficientemente comprometidos com a paz na Síria e no Iraque e que estejam basicamente calando sobre a perseguição dos cristãos. O que você acha?

Dom Nassar Samir: A Igreja Católica, desde o pontificado de Bento XVI, está fazendo muito pela paz. Cinco anos atrás, houve o Sínodo extraordinário para o Oriente Médio e a Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente se coloca como base para a paz nos nossos territórios.
Quanto ao Papa Francisco, eu acho que é benéfico lembrar que, já em setembro de 2013 conseguiu parar o bombardeio na Síria. O Papa, então, está fazendo muito, através de Cor Unum e da Caritas Internationalis, para ajudar os refugiados na Síria e no Iraque.
O tema do nosso congresso em Castelgandolfo é Eucaristia, mistério de comunhão. O Papa falou-nos esta manhã justamente nesta comunhão e na paz. O que as igrejas na Síria estão se esforçando para fazer é criar essa comunhão e estabelecer as bases para a paz.
Até a Itália está fazendo muito pelo nosso país: todas as escavações arqueológicas na Síria estão nas mãos dos grupos de pesquisa das universidades italianas.

Você acredita que a estratégia de terror que Isis está semeando, poderia, a longo prazo, sair pela culatra e que a população poderia se rebelar?

Dom Nassar Samir: Até o momento, as pessoas se limitam a fugir e não têm a possibilidade de opor muita resistência. Os cristãos do oriente médio são pessoas pacíficas, contrárias à guerra e qualquer tipo de violência. O Isis ainda está distante de Damasco, portanto, não tenho um conhecimento direto da situação, porém, no geral, as pessoas não querem combater os terroristas, querem, pelo contrário, evitar a violência. Alguns escolheram resistir e pegaram em armas, outros preferiram sair e fugir. Aguardam a proteção da Organização das Nações Unidas e das potências mundiais, mas ainda não chega.

Em um cenário tão apocalíptico, como é que é possível para os cristãos não serem dominado pelo medo?

Dom Nassar Samir: Falta medicamentos, médicos, água, eletricidade e, há quatro anos, não há nenhuma possibilidade de emprego ou salário e o valor da moeda local entrou em colapso. Os cristãos mais ricos foram embora, os outros vivem com pouquíssimos meios, por sorte há um pouco de solidariedade que chega e a Igreja está ajudando as famílias a sobreviver: é tudo o que podemos fazer!

Fonte: Zenit.

Nenhum comentário:

Postar um comentário