quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O desejo de unidade que anima os cristãos

A Audiência Geral de hoje, inaugura a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que este ano tem como tema “Todos seremos transformados pela Vitória de Jesus Cristo, Nosso Senhor (1Cor 15, 51-58).


Bento XVI iniciou sua catequese explicando que a Semana de Oração é celebrada todos os anos, pelos cristãos de todas as Igrejas e Comunidades eclesiais, para evocar o “extraordinário dom” pelo qual Jesus Cristo mesmo pede durante a Última Ceia : “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. (João 17:21).

Este costume, recordou o Santo Padre, teve inicio em 1908 pelo anglicano Paul Wilson, fundador de uma comunidade, e posteriormente integrada pela Igreja de Roma. A iniciativa foi abençoada pelo papa Pio X, enquanto seu sucessor, Bento XV, em 1916, promoveu a celebração com o Breve Romanorum Pontificorum.

Este empenho espiritual que se inicia hoje “aumenta a nossa consciência sobre o fato de que a unidade que queremos não poderá acontecer somente por nossos esforços, mas será, sobretudo, um dom recebido do alto, algo para invocarmos sempre”, acrescentou Bento XVI.

Os subsídios para a Semana de Oração deste ano foram propostos por representantes católicos e pelo Conselho Ecumênico Polonês. A documentação foi revisada por um comitê composto por membros do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Ecumênico das Igrejas.

Este trabalho realizado “em conjunto, em duas etapas” – comentou o Santo Padre – “é um sinal do desejo pela unidade que anima os cristãos e da consciência que a oração é a primeira via para alcançar a plena comunhão, porque unidos em direção ao Senhor, andamos em direção a unidade.”

O tema central sobre o poder transformador da fé de Cristo foi escolhido “particularmente à luz da importância desta para a nossa oração em favor da unidade visível da Igreja, Corpo de Cristo”. Esta reflexão foi inspirada pelas palavras de São Paulo que em Coríntios recorda a vitoria de Cristo sobre o pecado e a morte.

A escolha do grupo ecumênico polonês foi feita devido à “história particular” da Polônia, país que “conheceu períodos de convivência democrática e liberdade religiosa, como no século XVI”, destacou o Papa.

A terra polonesa foi marcada nos últimos séculos “por invasões e derrotas, mas também pela constante luta contra a opressão e pela sede de liberdade”, observou Bento XVI. Isto levou o grupo ecumênico a aprofundar os conceitos de “vitória” e de “derrota”.

A vitória de Cristo, de fato, “não passa pelo poder e pela potência”. A sua vitória é “através do amor sofredor, por meio do serviço recíproco, da ajuda, da nova esperança e do conforto concreto doado aos últimos, aos esquecidos, aos excluídos”. Nós mesmos podemos participar desta vitória cristã “nos deixarmos transformar por Deus, se operamos uma conversão de nossas vidas”.

Para realizar a plena unidade dos cristãos, prosseguiu Bento XVI, “é necessário abri-se uns aos outros, acolhendo todos os elementos de unidade que Deus conservou para nós e sempre, novamente nos doa; é preciso sentir a urgência de testemunhar ao homem do nosso tempo o Deus vivente, que se fez conhecer em Cristo”.

A responsabilidade ecumênica, resgatado também pelo Concilio vaticano II, é “uma responsabilidade de toda a Igreja e de todos os batizados, que devem fazer crescer a comunhão parcial já existente entre os cristãos até a plena comunhão na verdade e na caridade”, lembrou o Santo Padre. É, dentre outros, um compromisso que não se limita à Semana de Oração, mas “deve se tornar parte integrante de nossas orações”.

A falta de unidade entre os cristãos observou o Pontífice, pode se tornar um grave obstáculo para o anúncio do Evangelho “ porque coloca em perigo nossa credibilidade”. No que diz respeito “às verdades fundamentais da fé, nos unimos mais do que nos dividimos, e prosseguiu, “as divisões restantes resguardam também a várias questões particulares e éticas”, e suscitam “confusão e desconfiança”.

E conclui citando o beato João Paulo II, “que em sua Encíclica Ut unum sint fala do dano causado ao testemunho cristão e ao anúncio do Evangelho de Jesus Cristo e dá uma resposta comum à sede espiritual dos nossos tempos”.


Ao final, o Santo Padre dirigiu a seguinte saudação aos peregrinos de língua portuguesa:

Amados peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os brasileiros vindos de São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, exortando-vos a perseverar na oração, nesta Semana pela Unidade, para que possa crescer entre os cristãos o testemunho comum, a solidariedade e a colaboração! E que Deus vos abençoe!

Fonte: Zenit - Maria Emília Marega

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