quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Deveria se chamar "Amigo da Verdade

Deveria se chamar “Amigo da verdade”. Opôs-se ao Nazismo e ao Comunismo. Em defesa do Papa e dos pobres desafiou os ditadores de todas as partes do mundo. O seu lema declara “Non praevalebunt”. O Papa Paulo VI indicou-o como “uma luz alimentada pela sede de Pedro”. Acaba de festejar seus 150 anos, e Bento XVI falou sobre “uma longa e grande história”.

Estamos falando do “L´Osservatore Romano”, popularmente conhecido como “o jornal do Papa”. Nascido em tempo difíceis em 1861, quando parecia que a Santa Sé deveria ser exterminada, cresceu muito e hoje é publicado em oito línguas, dentre elas o malayalam publicado na Índia.

No Brasil, existe uma rua dedicada a “L`osservatore Romano”, no bairro Jardim Carlos Lourenço, em Campinas, São Paulo.

Foi fundado pelo advogado Nicola Zanchini e o jornalista Giuseppe Bastia, depois do parecer favorável do Papa Pio IX à publicação.

No ato de sua fundação foi escrito que o objetivo do “L`Osservatore Romano” era “desmascarar e rebater as calúnias lançadas contra o Pontificado Romano”, de “recordar os princípios da religião católica e aqueles da justiça e do direito, como fundamento para toda a vida civil ordinária” e de “estimular e promover a veneração do Sumo Pontífice”.

No que se refere ao nascimento da nação italiana e das ciências, “L´Osservatore Romano”, se propôs “a instruir sobre os deveres em relação à Pátria” e de “coletar e ilustrar como as artes, letras e ciências devem ser relatadas ao público e, especialmente as invenções e aplicações relacionadas.”

No curso de sua história gloriosa “L`Osservatore Romano” se destacou pela oposição a qualquer forma de totalitarismo e pela defesa da liberdade e da dignidade das pessoas.

Nos anos trinta, quando na Itália vigorava a ditadura fascista, no livro de memórias de Francis Charles-Roux, embaixador da França junto a Santa Sé, diz que o “L`Osservatore Romano” é o único jornal na Itália que não obedecia às disposições do governo e do partido fascista”.

“A sua independência em relação ao governo – acrescentou o diplomata francês – aumentou sua tiragem para um número maior do que o normal”. Naquele período o jornal do Papa vendia cerca de 60.000 cópias com picos de venda de 100.000. Um número enorme para a época.

A difusão do “L`Osseravtore Romano” deixou a milícia fascista furiosa, a ponto de maltratar alguns compradores, e queimar ou fazer desaparecer pacotes inteiros do jornal.

Sobre isso, na Assembléia Constituinte do dia 20 de março de 1947, o notável jornalista, jurista, escritor e político italiano Piero Calamandrei sustentou que “nos anos de maior opressão, percebemos que o único jornal no qual podíamos ainda encontrar algum sinal de liberdade, da nossa liberdade, da liberdade comum a todos os homens era o “L`Osservatore Romano”.

“Quando começaram as perseguições raciais – acrescentou Calamadrei – a Igreja se declarou contra os perseguidores e em defesa dos oprimidos; porque quando os alemães procuravam nossos afilhados para torturá-los e fuzilar-los, independentemente do partido, procuravam refúgio nos canonicatos e nos conventos; pois encontravam padres dispostos a ofertar-se como refém para salvar a população de uma cidade e resgatar com seu próprio sacrifício a vida de todos”.

Entre os milhares de atos heróicos realizados por católicos, emerge aquele do então diretor do “L`Osservatore Romano”, Giuseppe Dalla Torre, que obedecendo a indicações do servo de Deus Pio XII, no dia 29 de outubro de 1943 , cuidou e enviou ao Seminário Lombardo de Roma, os hebreus Giovanni Astrologo, com o pai e quatro tios.

Foram perseguidos e procurados pelos nazistas. Dalla Torre confiou-os ao Monsenhor Francesco Bertoglio, Reitor do seminário que em 29 de junho de 2012, recebeu o reconhecimento pelo Yad Vashem como “Justo entre as Nações”.

Dia 24 de setembro de 1936, em uma intervenção no segundo congresso dos jornalistas católicos, o Cardeal Eugenio Pacelli, disse sobre o “L`Osservatore Romano”: “Por quinze décadas é o austero arauto da voz e das decisões de Pedro e curador dos seus direitos mais sagrados.” E quando Pacelli se tornou Papa Pio XII descreveu-o como “fiel e querido”.

Segundo o beato Pontífice João XIII, o “L`Osservatore Romano” é “o arauto cotidiano, o instrumento, a voz mais segura pela qual os pensamentos do Papa são transmitidos cotidianamente e tem sua autenticidade garantida, desde Roma, até os lugares mais extremos do mundo”.

Na introdução do fascículo especial, publicado por ocasião do aniversário de 150 anos, Bento XVI disse que “L`Osservatore Romano” sabe expressar “a cordial amizade da Santa Sé pela humanidade do nosso tempo, em defesa do ser humano criado a imagem e semelhança de Deus e redimido por Cristo”.

Fonte: Zenit - Antonio Gaspari

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