Inicia-se em Chipre uma "nova era de abertura" no diálogo entre ortodoxos e católicos, reconhece em uma entrevista concedida a ZENIT o arquimandrita Ignatios Moysis Sotiriadis, conselheiro da Representação da Igreja na Grécia junto à União Europeia, ao analisar o contexto da visita de Bento XVI à ilha.
Enfatizando a importância que atribui ao diálogo com a Igreja Ortodoxa, o Papa presidiu, ao chegar na ilha, uma celebração ecumênica na área arqueológica da igreja de Agia Kiriaki Chrysopolitissa, ao lado do arcebispo ortodoxo do Chipre, Crisóstomos II.
O arquimandrita, que participou do Sínodo dos Bispos Católicos no Vaticano sobre a Palavra na condição de "delegado fraterno", constata que a visita do Papa ao Chipre acontece em um momento decisivo, "pois a Igreja de Chipre entra, finalmente, sob a liderança iluminada de seu novo arcebispo Crisóstomos II, em uma nova era de abertura, diálogo e reconciliação com as demais confissões cristãs. Certamente há, no seio da Igreja de Chipre e outras, vozes contrárias ao diálogo com a Igreja romano-católica, mas isto é parte da natureza do diálogo interno das Igrejas".
Desde que foi eleito arcebispo de Chipre, em 6 de novembro de 2006, o arcebispo Crisóstomos II já alcançou claros progressos ecumênicos.
"Creio que o dinamismo e a incansável atuação deste homem de grande carisma, tal qual o patriarca ecumênico Bartolomeu, influi muito positivamente no futuro do diálogo teológico e de colaboração, na Europa e no mundo, com a Igreja católica. Por outro lado, a Igreja russa, através figura sábia e de ampla visão de seu novo pastor, o patriarca Kiril, está reconstruindo a vida espiritual do povo russo e o prepara para o diálogo com a Igreja de Roma. O diálogo fraterno entre os dois patriarcas ortodoxos, pelo meu ponto de vista, favorece muito o clima de diálogo ecumênico, no qual se darão muitos passos adiante no futuro", afirma o representante ortodoxo.
O arquimandrita considera que todos os cristãos, católicos e ortodoxos, devem apoiar a Igreja de Chipre, que teve muitos de seus templos destruídos ou profanados na ocupação do norte da Ilha pela Turquia.
"Antes de tudo, temos que rezar, rezar muito, rezar mais! E depois colaborar junto à Europa e seus respectivos países, bem como no seio das instituições europeias, para que a Europa entenda que o patrimônio cultural e artístico de Chipre é um patrimônio cristão comum, que pertence a todos os povos europeus."
"Dessa forma, a Europa, consciente deste tesouro, tratará de convencer a Turquia para que dê permissão de restaurar, gradativamente, os locais de culto cristãos que se encontram na parte ocupada de Chipre. Este gesto seria uma ótima prova de que a Turquia, em processo de integração com a União Europeia, respeita a liberdade de culto e que finalmente pode se apresentar ao mundo com um perfil europeu", conclui.
Antes de terminar a entrevista, o arquimandrita lembrou o bispo católico Luigi Padovese, vicário apostólico de Anatólia e presidente da Conferência Episcopal da Turquia, assassinado no dia anterior, aos 63 anos. Era, - disse ele, "um amigo e um irmão; estou chocado".
Fonte: Zenit.
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