Ao se despedir de Chipre, Bento XVI apresentou, na tarde deste domingo, a verdade e a reconciliação como as duas chaves que permitirão um futuro de unidade para Chipre.
Na cerimônia de despedida, que aconteceu no Aeroporto Internacional de Larnaca, na presença do presidente de Chipre, Demetris Christofias, o Papa confirmou o compromisso da Igreja Católica na busca da unidade plena com as Igrejas Ortodoxas e o diálogo com os crentes do Islã.
Ao concluir a primeira visita de um bispo de Roma a esta ilha, que havia começado em 4 de junho, o Papa falou da separação que Chipre vive com o norte da ilha, ocupado pela Turquia desde 1974.
O próprio Pontífice foi testemunha desta divisão, pois nestes dias se hospedou na nunciatura apostólica, que se encontra na "linha verde" ou área de separação entre as duas partes da ilha, sob controle das Nações Unidas.
"Pude ver pessoalmente algo da triste divisão da ilha, assim como perceber uma parte significativa de uma herança cultural que pertence a toda a humanidade.", reconheceu.
"Pude também escutar os cipriotas do norte que queriam retornar em paz às suas casas e aos seus lugares de culto, e fiquei profundamente impressionado por seus pedidos", destacou.
Para o Papa, "a verdade e a reconciliação, junto ao respeito mútuo, são o fundamento mais sólido para um futuro de unidade e de paz para esta ilha e para a estabilidade e prosperidade de todos os seus habitantes".
O Bispo de Roma reconheceu que, "nos anos passados, alcançamos algo muito positivo por meio de um diálogo concreto; porém, resta ainda muito por fazer para superar as divisões", encorajando os participantes a "trabalhar com paciência e consistência com vossos vizinhos para construir um futuro melhor e mais seguro para vossos filhos".
Diálogo ecumênico com o Islã
Agradecendo o acolhimento feito por Crisóstomos II, arcebispo ortodoxo de Chipre, confissão à qual pertence 81,5% da população, o sucessor de Pedro confiou em que sua visita possa dar um passo "maior no caminho que foi aberto com o abraço em Jerusalém", em 1964, entre o então patriarca ecumênico de Constantinopla, Atenágoras, e o Papa Paulo VI.
A partir desse encontro, foi definida, em 1965, a revogação dos decretos de excomunhão mútua lançados em 1054 e que levaria à separação das Igrejas Ortodoxas de Roma.
"Recebemos um convite divino a ser irmãos, a caminhar um ao lado do outro na fé, com humildade, diante de Deus onipotente, e com inseparáveis laços de afeto mútuo", afirmou.
Assim, garantiu que "a Igreja Católica, com a graça de Deus, se comprometerá para alcançar o objetivo da perfeita unidade na caridade, por meio de uma estima profunda pelo mais querido para católicos e ortodoxos".
Por último, expressou sua esperança de que juntos, "cristãos e muçulmanos, se convertam em agentes de paz e reconciliação entre os cipriotas, o que se transformará em exemplo para os demais países".
A cerimônia de despedida concluiu assim como começou a visita, com a bênção de uma árvore de oliva, símbolo de paz.
Depois do ato, o Papa entrou no avião, modelo A320 da Cyprus Airways, que o levou de volta a Roma.
Fonte: Zenit.
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