A Pave the Way Foundation iniciou um projeto de recuperação de documentos para mostrar toda a informação e os testemunhos possíveis sobre o pontificado do Papa Pio XII, o pontífice da Segunda Guerra Mundial, com o propósito de acabar com o "aperto" acadêmico causado abertamente pela falta de informação disponível.
Novas descobertas trouxeram à luz documentos e testemunhos que mostram claramente que, em 16 de outubro de 1943, foi uma falta deliberada de uma denúncia pública, por parte do Papa Pio XII contra a detenção dos judeus romanos, o que os salvou a vida e permitiu seu resgate.
Temos uma declaração juramentada de 1972 do general Karl Wolff, comandante da SS na Itália e segundo de Heinrich Himmler, que estabelece que, em setembro de 1943, Adolf Hitler ordenou desenvolver imediatamente um plano para invadir o Vaticano, sequestrar o Papa, confiscar os bens de Vaticano e matar a Cúria Romana.
Wolff sabia que, se esta invasão ocorresse, perturbações volumosas aconteceriam em toda a Europa, o que incorreria num desastre militar para o esforço bélico alemão. Wolff declarou que tinha êxito em convencer Hitler a retardar a invasão. Este ponto de vista de um desastre militar potencial foi compartilhado pelo governador militar de Roma, o general Rainer Stahel, e pelo embaixador alemão na Santa Sé, Ernst von Weizsäcker.
Há manuscritos que registram que, em 6 de setembro de 1943, Pio XII convocou secretamente os cardeais para comunicar-lhes que o Vaticano poderia ser invadido e que ele seria levado ao norte e, provavelmente, seria assassinado. Os cardeais teriam que prepararem-se para fugirem imediatamente para o país neutro mais próximo.
Também assinou uma carta de renúncia e a deixou sobre sua escrivaninha. Deu instruções aos cardeais para formarem um governo no exílio e escolherem um novo papa.
Ao longo deste período, von Weizsäcker enviou mensagens positivas, porém enganosas, sobre o Papa para Berlim, no intuito de acalmar a Hitler, não para justificar uma ordem de invasão. Alguns críticos de Pio XII, erroneamente fundaram nisto suas teorias de cumplicidade e colaboração do Papa - no que, mais tarde, o assistente de von Weizsäcker, Albrecht von Kessel, veio a chamar de "mentiras táticas".
Quando as apreensões começaram na manhã de 16 de outubro 1943, Pio XII foi alertado pela princesa Enza Pignatelli Aragona Cortes. Imediatamente deu vários passos para forçar os alemães a pararem as apreensões. Ele chamou o Ministro de Estado do Vaticano, o cardeal Maglione, e o instruiu para que lançasse um protesto veemente contra as apreensões. O cardeal Maglione advertiu von Weizsacker, nesta mesma manhã, de que o Papa não poderia permanecer em silêncio perante os sequestros de judeus debaixo de seu próprio nariz, em sua própria diocese.
O último esforço de Pio XII, o mais próspero, foi enviar seu confidente, o Superior Geral dos Salvatorianos, o padre Pankratius Pfeiffer, para que se reunisse diretamente com o governador militar de Roma, general Stahel. Padre Pfeiffer advertiu Stahel de que o Papa lançaria um protesto em voz alta e público contra estas detenções. O medo de que este protesto público desse lugar a Hitler, para que ordenasse a invasão da Santa Sé, impulsionou Stahel a agir.
Stahel telefonou imediatamente para Heinrich Himmler, inventando razões militares para deter as apreensões. Confiando nas estimações de Stahel, Himmler advertiu a Hitler, que parou as apreensões. A ordem de parar as apreensões foi dada ao meio-dia de 16 de outubro.
É sabido que no Vaticano havia espiões infiltrados. O Papa só podia enviar padres de confiança e confidentes por Roma e pela Itália, com ordens verbais e por escrito do mesmo para abrir os claustros, permitindo a homens e mulheres entrarem nos conventos e monastérios católicos e ordenando que todas as instituições eclesiásticas escondessem aos judeus onde elas pudessem.
De acordo com o famoso historiador britânico sir Martin Gilbert, o Vaticano escondeu a milhares de judeus literalmente em um dia. Uma vez escondidos, o Vaticano continuou alimentando e mantendo seus "convidados" judeus até a liberação de Roma, 4 de junho de 1944.
Falando do Papa Pio XII, o mais importante perito sobre o Holocausto na Hungria, Jeno Levai, declarou que foi uma ironia "especialmente lamentável que a única pessoa em toda a Europa ocupada que fez mais que qualquer um para frear o terrível crime e mitigar suas consequências, se tenha convertido hoje em dia no bode expiatório dos fracassos dos demais".
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Gary Krupp é o fundador da Pave the Way Foundation (PTWF), uma organização não-governamental cuja missão é identificar e tentar eliminar obstáculos entre as religiões e iniciar medidas positivas, a fim de melhorar as relações inter-religiosas.
Fonte: Zenit.
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