sexta-feira, 15 de maio de 2015

A Igreja e a reforma política

A grande celeuma criada a partir da 53.ª Assembleia da CNBB, realizada em abril de 2015, se deve a alguns mal-entendidos. Primeiramente, é defeso à Igreja receitar uma reforma política. Não existe a chamada “solução católica”, como expliquei no meu livro “A Responsabilidade Cristã na Administração Pública” (Paulus, 2011). Cabe à conferência episcopal, ou a cada bispo isoladamente, apresentar os princípios cristãos que norteiam a política. Segundamente, a Igreja, através de qualquer bispo, deve intervir sempre que algum direito natural estiver ameaçado, como a vida e a propriedade privada, por exemplo. Terceiramente, não deve a Igreja encampar a reforma política delineada por uma agremiação partidária específica. Quem lê as encíclicas sociais de são João Paulo II percebe uma veemente defesa da reforma agrária, contudo, jamais encontrará naqueles documentos explicitações pormenorizadas acerca de como executar a tal reforma no Brasil ou em qualquer canto da Terra.

A hierarquia tem de entender que a reforma política é um assunto a ser resolvido pelos outros membros da Igreja de Cristo, ou seja, pelos leigos, cujo múnus batismal é exatamente animar e aperfeiçoar a ordem temporal à luz do evangelho de Cristo (cânon 225, parágrafo 2.º). Os leigos e as leigas, por sua vez, deixem de brincar de padre, com jalecos e quejandos, e assumam seu papel profético na sociedade, principalmente no mundo da política!

Infelizmente, muitos assessores da CNBB são de linha esquerdista. Isto vem desde os tempos caliginosos da teologia da libertação e persiste até hoje. O corpo assessório da conferência episcopal precisa ser composto por uma equipe positivamente multifacetada, onde haja também peritos que pensem como um Olavo de Carvalho, um Delfim Neto e um Ives Gandra, entre outros.

Os sucessores dos apóstolos, congregados na CNBB, têm prestado uma contribuição relevantíssima ao Brasil. No entanto, é imperioso que os hierarcas continuem a dar o melhor que possuem, porquanto eles não trazem nem ouro nem prata (Atos 3, 6), mas podem alumiar a realidade política com a lucipotente palavra de Jesus. 

Fonte: Zenit.

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