segunda-feira, 21 de julho de 2014

Diante das cizânias, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus

O Santo Padre Francisco na manhã deste domingo, da janela do escritório do Palácio Apostólico, rezou o Angelus com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Estas são as palavras pronunciadas pelo Papa antes da oração mariana:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia.

Nestes domingos a liturgia apresenta algumas parábolas evangélicas, ou seja, histórias curtas que Jesus usou para anunciar à multidão o reino dos céus. Dentre as presentes no Evangelho de hoje, há uma bastante complexa: Jesus dá aos seus discípulos a explicação da boa semente e do joio, que aborda o problema do mal no mundo e destaca a paciência de Deus (cf. Mt 13,24-30, 36-43). A cena se passa em um campo onde o proprietário semeia o trigo; mas uma noite o inimigo vem e semeia joio, um termo que vem da mesma raiz hebraica do nome "Satanás", e refere-se ao conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um "divisor", aquele que sempre tenta dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os servos queriam logo arrancar a erva daninha, mas o proprietário impede, justificando: "Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo" (Mt 13, 29), para que saibamos que a erva daninha, quando cresce, se parece com a semente boa e existe o perigo de confundi-las.
O ensinamento da parábola é duplo. Primeiro, diz que o mal do mundo não vem de Deus, mas do inimigo, o Maligno. Curiosamente, o maligno vai à noite para semear a discórdia, no escuro, na confusão; ele vai onde não há luz para semear a discórdia. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de modo que é impossível para nós separá-los claramente; mas Deus, no fim dos tempos, poderá fazê-lo.
E chegamos ao segundo tema: a contraposição entre a impaciência dos servos e a espera paciente do proprietário do campo, que representa Deus. Nós, às vezes, temos pressa de julgar, classificar, colocar aqui o bom e, para lá, o mau... Mas lembrem-se da oração do homem orgulhoso: "Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros (...)" (cf. Lc 18,11-12). Mas Deus sabe esperar. Ele olha para o "campo" da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: Ele vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas também vê as sementes do bem e espera com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Que lindo isso: o nosso Deus é um pai paciente, que sempre espera por nós e nos espera com o coração na mão para nos acolher, para nos perdoar. Ele sempre nos perdoa se vamos a Ele.
A atitude do proprietário é a da esperança fundada na certeza de que o mal não tem nem a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que a própria cizânia, ou seja, o coração ruim, com tantos pecados, pode se tornar ao fim trigo bom. Mas cuidado: a paciência evangélica não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Diante das cizânias presentes no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o apoio de uma fé inabalável na vitória final do bem, que é Deus.
No final, de fato, o mal será retirado e eliminado: no momento da colheita, que é o julgamento, os ceifeiros executarão a ordem do mestre separando o joio para queimar (cf. Mt 13,30). Naquele dia, da colheita final, o juiz será Jesus, Aquele que semeou boa semente no mundo e que tornou-se o "grão de trigo" que morreu e ressuscitou. No final todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a misericórdia que tivemos para com os outros também será usada conosco. Peçamos à Virgem Maria, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia para com todos os irmãos.

Após o Angelus

Caros irmãos e irmãs,

Soube com preocupação as notícias que chegam das comunidades cristãs em Mosul (Iraque) e outras partes do Médio Oriente, onde eles viveram desde o início do cristianismo, com os seus concidadãos, oferecendo um significativo contributo ao bem da sociedade. Hoje são perseguidos, os nossos irmãos são perseguidos, são mandados embora, devem deixar suas casas sem ter a possibilidade de levar nada consigo. Asseguro a estas famílias e a estas pessoas a minha proximidade e a minha constante oração. Caríssimos irmãos e irmãs, tão perseguidos, eu sei quanto sofreis, eu sei que sois despidos de tudo. Estou convosco na fé Naquele que venceu o mal! E a vós aqui na Praça, e a todos os que nos seguem através da televisão, convido-vos a recordar destas comunidades cristãs na oração. Vos exorto também a perseverar na oração pelas situações de tensão e conflito que persistem em diversas partes do mundo, especialmente no Médio Oriente e na Ucrânia. Que o Deus da paz inspire em todos um autêntico desejo de diálogo e reconciliação. A violência não se vence com a violência. A violência vence-se com a paz! Rezemos em silêncio, pedindo a paz; todos, em silencio... Nossa Senhora Rainha da Paz, rogai por nós!

Fonte: Zenit.

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