sábado, 20 de junho de 2009

Sagrado Coração: devoção ao coração humano e divino de Jesus



A Igreja celebra esta solenidade na sexta-feira da oitava de Corpus Christi

Por Carmen Elena Villa

A devoção ao Sagrado Coração visa “não só a contemplação do seu amor sensível”, mas também “até a consideração e adoração do seu excelentíssimo amor infuso”: assim disse o Papa Pio XII em sua encíclica Haurietis aquas, a terceira que se escreveu sobre o culto al Sagrado Coração.
A história desta devoção tem mais de 800 anos. Seus inícios se deram com a mística alemã da Alta Idade Média Matilde Magdeburgo (1207 - 1282), seguida por Matilde de Hackenborn (1241 - 1299) e por Getrudes de Helfta (1266 - 1302).
Depois, foram vários os santos que continuaram promovendo o culto ao Sagrado Coração. Entres eles está São Boaventura, Santo Alberto Magno, Santa Gertrudes, Santa Catarina de Sena, o beato Henrique Suso, São Pedro Canísio e São Francisco de Sales.
São João Eudes foi o autor do primeiro ofício litúrgico em honra do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa solene se celebrou pela primeira vez no dia 20 de outubro de 1672.
O marco desta celebração está ligado a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa da Ordem da Visitação, quem recebeu várias revelações do próprio Senhor Jesus para que impulsionasse mais esta devoção. Tais revelações depois foram difundidas pelo seu conselheiro espiritual, o jesuíta São Claudio de la Colombière.
O Papa Pio XII assegurava que esta devoção pode levar os homens, “em um voo sublime e doce ao mesmo tempo, até a meditação e adoração do Amor divino do Verbo Encarnado”.
Devoção ou idolatria?
Mas adorar um coração não é idolatria? Esta devoção não pode diminuir no crente o fervor com relação a Deus Pai? Os católicos adoram um coração mais metafórico e menos real?
Segundo informações oferecidas a Zenit na Basílica do Sagrado Coração de Roma, que recentemente organizou um congresso sobre o culto ao Sagrado Coração, no século 13 houve um forte debate sobre o objeto deste culto, qualificado por muitos fiéis justamente como um ato de idolatria.
Para esclarecer qualquer distorção, em 1765, a Congregação Vaticana para os Ritos afirmou que o coração de carne seria símbolo de amor. Em 1794, o Papa Pio VI, na bula Auctorem fidei, confirmou esta declaração dizendo que se adora o coração “indispensavelmente unido à pessoa do Verbo”.
Pio IX estendeu a festa do Sagrado Coração a toda a Igreja no dia 23 de agosto de 1856 e no calendário pós-conciliar ela permaneceu como solenidade.
Três encíclicas se centraram propriamente em falar sobre esta devoção: Annum Sacrum, do Papa Leão XIII, quem consagrou a humanidade inteira ao Sagrado Coração, Miserentissimus Redemptor, de Pio XI, e Haurietis aquas, de Pio XII.
“Aquele que conhece Cristo, mas descuida de sua lei e de seus preceitos, ainda pode ganhar do seu Sagrado Coração a chama da caridade”, dizia Leão XIII na encíclica Annum Sacrum.
“Ele cumprirá sua vontade sobre todos os homens pela salvação de uns e o castigo de outros, mas também em sua vida mortal, dando fé e santidade. Que eles, por estas virtudes, se esforcem por honrar a Deus como deveriam e ganhar a felicidade eterna no céu”, dizia o pontífice.
Por sua parte, o Papa Pio XI fala, em sua encíclica Miserentissimus Redemptor, sobre a união de amor dos homens com o coração humano e divino de Jesus: “Uma alma realmente amante de Deus, quando olha para o tempo passado, vê Jesus Cristo trabalhando, sofrendo duríssimas penas ‘por nós, os homens, e pela nossa salvação’, tristeza, angústias, opróbrios, ‘trespassado por nossas culpas’ e curando-nos com suas feridas”.
Adorar o Sagrado Coração
Assim, a Igreja, durante séculos, meditou sobre esta devoção e expôs sobre ela três postulados principais. O primeiro indica que, assim como todo edifício deve ter sua base firme, a base do cristão deve ser o amor. Este ponto recorda aos cristãos que Deus nos amou primeiro.
O segundo fala da reparação como compromisso: a alma tem a virtude e a necessidade do amor que quer demonstrar-se e ser compartilhado nos sofrimentos que Cristo padeceu em Getsêmani.
Por último, fala da imitação como aspiração: tomar a familiaridade com Cristo no mistério pascal e abraçá-la, e na Eucaristia também. Isso induz a incorporar as virtudes para que possamos dizer, como Jesus, “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11, 28).
Assim, pois, o Papa Pio XII sintetiza em sua encíclica dedicada a este culto: “Que homenagem religiosa mais nobre e mais suave que este culto, que se dirige inteiro à própria caridade de Deus?”.

Fonte: Zenit.

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