Voltar a dar o selo do cristianismo à identidade caritativa, fazer entender que tal identidade provém de Deus: este é o objetivo do congresso internacional de voluntários católicos que se realizará nos dias 10 e 11 de novembro em Roma.
Quem explicou nesta quinta-feira foi o cardeal Robert Sarah, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum, em um café da manhã de trabalho com jornalistas que participaram de um curso de informação religiosa na Universidade da Santa Cruz.
“Eu não estaria aqui se não tivesse visto homens morrendo por mim, que me deram a fé, a cultura e tantas coisas”, disse com emoção o cardeal que, nos anos 80, foi bispo de Conakry, na Guiné, e que se salvou por pouco durante algumas perseguições na África.
E sublinhou que, em muitos países, “a verdadeira insuficiência não é de alimento ou vestimenta, mas de Deus” e que Bento XVI explicou como este vazio “é causa de sofrimento na sociedade”.
O número total de voluntários na Europa é de aproximadamente 140 milhões, ainda que seja muito difícil precisá-lo.
No congresso, estarão presentes os responsáveis de associações de voluntários de inspiração católica, além de convidados, como a responsável da UE de cooperação internacional e ajuda humanitária e voluntários,Kristalina Georgieva.
Dois dias que serão um passo a mais no percurso iniciado há poucos anos com a encíclica Deus caritas est, seguida pelos exercícios espirituais continentais e depois repetidos em diversos níveis, e com vários encontros com bispos.
Nesta perspectiva se insere também a reforma da Cáritas Internacional, que teve em maio passado sua assembleia geral, com a presença de representantes de 165 organizações membros, “com novos estatutos que deverão ser aprovados e cujo rumo está na direção correta”.
O purpurado recordou que, entre os voluntários, “não queremos somente técnicos, mas que estes também sejam testemunhas de Cristo, particularmente quando se trabalha nas missões”.
O cardeal Sarah traçou também um panorama do trabalho de Cor Unum, querido por Paulo VI para que se ocupe da caridade do Papa e da Igreja, realizando catequeses da caridade nos diversos continentes; e para que seja referência e instrumento de coordenação entre as associações de voluntários e a Santa Sé, além de organizar em primeira pessoa ações humanitárias de emergência.
Entre elas, a do Japão, para onde enviaram 150 mil euros imediatamente após o tsunami. O cardeal definiu como notável a capacidade de organização do país, onde, dois meses depois da catástrofe, já se estava começando a reconstruir.
Outra intervenção foi no Haiti, para onde enviaram 300 milhões de dólares, dos quais 1,2 milhão a título pessoal de Cor Unum.
Aqui, o cardeal constatou que existe uma dificuldade muito grande para coordenar as intervenções, em parte devido à responsabilidade dos governantes, razão pela qual as associações se veem obrigadas a caminhar cada uma por conta própria.
Interrogado sobre as causas da pobreza em um continente tão rico como a África, se era culpa dos dirigentes locais ou dos investidores estrangeiros, o purpurado africano considerou: “Não devemos negar a nossa responsabilidade, mas também a dos poderosos. Se existem corruptos é porque também existem corruptores”.
E acrescentou: “Não nos esqueçamos de que as guerras permitem explorar sem regras”; e perguntou-se: “De onde saem todas essas armas tão caras? Como são pagas?”.
Por outro lado, explicou que a Fundação Populorum Progressio, fundada por João Paulo II, intervém com diversos projetos de microcrédito, geralmente não superiores a 10 mil dólares. Na América Latina, por exemplo, nos últimos 15 anos, financiou mais de 3 mil, em um valor total superior a 26 milhões de dólares.
Além disso, os custos de gestão são particularmente baixos. Nos próximos meses, a Fundação Populorum Progressio realizará diversas atividades em vários países da América Latina, dando a conhecer o trabalho que realiza.
Fonte: Zenit.
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