A Companhia de Jesus e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) trabalham juntas há meses em uma exposição sobre as Missões (ou Reduções) Jesuíticas do Paraguai. A mostra fala do passado e do presente, de como os jesuítas foram e são “enviados às fronteiras, sob o Pontífice Romano”.
As Missões Jesuíticas do Paraguai (1609-1769) foram assentamentos de índios guaranis promovidos pelos padres da Companhia de Jesus nas terras conquistadas por Portugal e Espanha, com o desejo de proteger sua identidade de pessoas e de vassalos da coroa.
Os povos indígenas que viviam de acordo com seu antigo costume, nos montes, em pequenos grupos, muito distantes entre si, reuniram-se por iniciativa dos jesuítas para formar assentamentos de cerca de cinco mil índios cada um.
As Missões eram verdadeiros povos “civilizados” que tinham organizada sua subsistência (agricultura, criação de gado, confecção de vestidos), organização social (prefeitura, corregedor, prefeitos, juízes) e cultural (educação, arquitetura, escultura, música, ciência), bem como sua espiritualidade (esses povos, considerados pelos conquistadores como selvagens, receberam a fé por meio dos missionários).
As Missões não foram originárias dos jesuítas, mas dos franciscanos. O que os jesuítas ofereceram foi uma especial sensibilidade com relação a muitos aspectos da cultura guarani, que trabalharam por defender e perpetuar e que se tornaram um eixo da concepção das Reduções.
As Missões têm um contexto complexo que, no percurso da exposição, se contempla com mais detalhe. Têm a ver com a encomenda, sistema colonizador que, com frequência, podia ser uma escravidão encoberta; e têm a ver com o forte desejo evangelizador de missionários e colaboradores que, no exercício da sua missão, nem sempre acertaram em respeitar a identidade guarani, mas sim em defender sua liberdade e dignidade, pois em muitas ocasiões as Reduções foram a única via de protegê-las.
Chegaram a existir trinta Missões dos povos guaranis, que se estenderam entre os rios Paraná e Uruguai, em um vasto território, que compreendia regiões que hoje fazem parte do Paraguai e também da Argentina (Corrientes, Misiones, Entre Ríos e parte das províncias de Chaco e Formosa); do Sul e Sudoeste do Brasil (Rio Grande, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul); do Sudeste da Bolívia e do Uruguai. Esta exposição, ainda que se refira a todas elas, se detém mais nas situadas no atual território paraguaio.
A Exposição
Há vários meses, a Companhia de Jesus e a JMJ estão trabalhando nesta exposição, que será uma das grandes mostras oferecidas aos jovens que estiverem em Madri em agosto.
Intitulada “As Missões Jesuíticas do Paraguai, uma aventura fascinante que perdura no tempo”, explicará como a paixão por transmitir a Boa Notícia de Jesus, que impulsionou os missionários jesuítas dos séculos XVII-XVIII, continua viva hoje na Companhia de Jesus e em toda a Igreja.
Os jesuítas foram e são enviados às fronteiras, “sob o Pontífice Romano”, como foram recentemente chamados por Bento XVI, em sua última Congregação Geral (2008). As Missões são consideradas um momento apaixonante do impulso missionário que gerou quase 160 anos (1609-1769) de uma fecunda evangelização entre o povo guarani.
A paróquia jesuíta de São Francisco de Borja sediará esta bela exposição. A origem da mostra deve ser buscada na organizada pelo Pe. Aldo Trento, da Fraternidade de São Carlos Borromeu e missionário no Paraguai, em Rimini (2009, Itália), organizado por Comunhão e Libertação. O cardeal arcebispo de Madri, Antonio María Rouco Varela, presente em Rimimi e admirado pela força testemunhal da mostra, desejou trazê-la para a JMJ.
Acolhe alguns elementos da Mostra de Rimini, mas a Companhia de Jesus assumiu grande parte da organização, introduzindo muitas novidades: nova disposição física, novos painéis e uma presença intensa jesuítica, tanto entre os guaranis (Paraguai), como entre os chiquitos e moxos (atual Bolívia).
Contaram com a ajuda dos jesuítas do Paraguai e da Embaixada do Paraguai em Madri. Seu desenvolvimento não teria sido possível tampouco sem o patrocínio da Fundação Endesa, que promove a pesquisa, cooperação para o desenvolvimento econômico-social e a defesa do meio ambiente, a iluminação de monumentos do patrimônio histórico-artístico e atividades culturais nas áreas em que desempenha sua atividade internacional, especialmente na América Latina.
O comissário da exposição, por parte da JMJ, é Faustino Giménez Arnau, e o diretor, pela Companhia, é o Pe. Enrique Climent SJ.
Fonte: Zenit.
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