Junto com Joseph Ratzinger, num 29 de junho de sessenta anos atrás, também foi ordenado padre na catedral de Freising seu irmão maior, Georg Ratzinger (Pleiskirchen, 1924), que dedicaria boa parte da vida ao louvor de Deus através da música litúrgica.
Nesta entrevista emitida pela Rádio Vaticano, Georg, que foi conhecido durante anos como o diretor dos meninos cantores da catedral de Ratisbona (Domspatzen), recorda o dia mais importante da vida, tanto sua como de seu irmão, hoje papa.
- Quais são as suas lembranças da ordenação sacerdotal de sessenta anos atrás?
- Pe. Georg Ratzinger: É difícil explicar com palavras. Era um dia muito solene. Nos tínhamos nos preparado muito bem, do ponto de vista espiritual e prático também. Foi uma festa bonita. Entrar na catedral de Freising... era claro para nós que aquele dia era muito importante para a nossa vida. Infelizmente, naquela mesma tarde nós tivemos que partir de Freising, porque no dia seguinte íamos participar na ordenação de um amigo.
- Foram mais de quarenta ordenandos. Como era o grupo?
- Pe. Georg Ratzinger: Éramos um grupo bem variado. Muitos jovens. Meu irmão era o segundo mais novo. Mas tinha também algum com uns bons anos nos ombros... Por causa da guerra... Ela atrasou a chegada de muitos jovens ao sacerdócio. Mas nós éramos um bonito grupo. Cada um era capaz de oferecer alguma coisa especial com a sua vida.
- O senhor fala das várias idades dos ordenandos. Seu irmão é três anos mais novo que o senhor. No dia da ordenação, o senhor se sentia como o irmão mais velho?
- Pe. Georg Ratzinger: Não, a idade para mim não contava nada. Meu irmão era bem maduro. No dia da ordenação, o mais importante era precisamente a ordenação.
- O senhor seguiu tanto o caminho sacerdotal como o caminho da música. Ainda se lembra da música da missa naquele dia?
- Pe. Georg Ratzinger: Infelizmente, eu não me lembro com exatidão. Mas naquela época eu era membro de um coro de padres, e, para as ordenações, nós cantávamos mais ou menos os mesmos cantos, sempre. Eu estou pensando no “Veni Creator” ou no “Christus Vincit”, que cantamos ainda hoje em Freising no fim das ordenações sacerdotais. Pena que eu não me lembro do nome dos compositores. Passou tanto tempo desde aquele dia...
- O senhor e seu irmão guardaram algum objeto particular daquele dia?
- Pe. Georg Ratzinger: Eu guardei a estola e a batina. No mais, nós não guardamos objetos particulares.
- A ordenação é de certa forma uma festa de casamento. Convidados, parentes, amigos... Quem participou da família Ratzinger?
- Pe. Georg Ratzinger: Nossos pais e a nossa irmã. Mas não havia mais pessoas em particular. Para nós era importante a participação dos nossos pais e estarmos juntos, unidos.
- O senhor e seu irmão pensaram alguma vez em entrar numa ordem religiosa?
- Pe. Georg Ratzinger: Eu nunca, e acho que o meu irmão também não. Mas não posso dizer com certeza.
- É mais importante a ordenação sacerdotal ou a eleição como sucessor de Pedro?
- Pe. Georg Ratzinger: A ordenação sacerdotal é fundamental. Para ser papa é necessário ter recebido este sacramento. Obviamente, a responsabilidade e as funções são muito mais difíceis para um pontífice do que para um sacerdote. De qualquer maneira, a ordenação sacerdotal é o fundamento para a ordenação episcopal e para a eleição pontifícia.
- Para o sexagésimo aniversário da ordenação sacerdotal, o senhor tem em mente a interpretação de alguma peça musical?
- Pe. Georg Ratzinger: Eu tenho dificuldade, infelizmente, para ler as notas. E as minhas mãos não têm mais condições de se mover do jeito adequado. Mas eu tenho na minha mente as notas que eu gostaria de escutar. Tenho muitos CDs dos meus anos como diretor do coro dos Domspatzen. Essas são lembranças muito belas.
- Trouxe algum CD para ouvir com seu irmão nesta quarta-feira?
- Pe. Georg Ratzinger: Não, não trouxe nada. Mas no apartamento ele tem tudo de que precisa.
Fonte: Zenit - (Gudrun Sailer)
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