A situação dos cristãos no Iraque é muito difícil. Alguns grupos extremistas querem eliminar a presença deles no país, enquanto outros aproveitam os atos violentos para se enriquecer.
Esse é o comentário do padre Amir Jaje, novo superior dos dominicanos em Bagdá, e vigário provincial de sua ordem no mundo árabe.
Falando a AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), o religioso assinala que a “Al-Qaeda quer eliminar tudo que é alheio ao Islã”.
Os cristãos se convertem frequentemente em moeda de troca entre os sunitas e xiitas, ou, como ocorre no norte, entre sunitas e curdos. Estes últimos estariam dispostos a defender os cristãos no vale do Nínive unicamente com o objetivo de dominar este território historicamente sunita.
“Se um dia se chegar a um conflito – afirmou –, seremos nós, os cristãos, a pagar o preço mais alto. Reunir os fiéis em uma área em particular é muito perigoso, porque nos arriscamos a ser completamente eliminados. Os cristãos deveriam estar espalhados por todo o Iraque; de outro modo, o país perderia uma grande riqueza.”
O sacerdote descreve um cenário iraquiano dramático, onde há uma drástica redução do número de padres. Há seis anos, havia cerca de 30. Agora, de rito caldeu, há apenas oito.
“Vivemos em contínua insegurança. Pela manhã, quando saio do convento, não sei se voltarei. Apesar do medo, devemos viver e crer no futuro”, afirmou.
Os dominicanos estão presentes no Iraque há mais de 260 anos. Padre Jaje entrou no seminário de Bagdá com 17 anos. Foi ordenado em 1995. Fez doutorado na França e tinha voltado ao Iraque no dia 22 de outubro de 2010, uma semana antes do trágico atentado contra a igreja no Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
No dia do atentado, era para o religioso estar na igreja, mas foi substituído na última hora. Quando os fiéis e os dois sacerdotes foram tomados como reféns, ele se encontrava no norte do país.
“Foi terrível – ele conta –, a Igreja estava cheia de cadáveres”. O dominicano era muito amigo dos dois sacerdotes assassinados. O mais jovem inclusive era seu primo e tinha apenas 27 anos.
“Quando soube que 58 pessoas tinham morrido, disse que não havia esperança para o Iraque, que nós deveríamos ir embora.”
Nos dias seguintes, estando ao lado dos feridos e das famílias das vítimas, ele entendeu, no entanto, a importância de sua presença. “Eu não tinha o direito de perder a esperança. Se estava vivo, era para realizar uma missão”.
Fonte: Zenit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário