"Realmente acreditávamos que conseguiriam": foi o que afirmou Ameen Sabbagh, coordenador da Cáritas em Gaza, ainda em choque após as notícias sobre o ataque das forças armadas israelenses ao comboio naval de ajuda humanitária com destino a Gaza.
A operação israelense, realizada em águas internacionais, encontrou resistência por parte de alguns dos ocupantes da embarcação Mavi Marmara, integrante da Freedom Flotilla, e resultou na morte de 10 pessoas, deixando outras 30 feridas.
A frota composta por seis embarcações transportava cerca de 750 ativistas e uma carga de 10 mil toneladas de ajuda humanitária destinada à população de Gaza - incluindo material médico e de construção.
Gaza encontra-se sob bloqueio imposto por Israel desde 2007.
"O porto de Gaza - acrescentou Ameen Sabbagh - havia sido reparado para receber a frota."
"Mal podíamos esperar para dar as boas-vindas a estes ativistas de paz estrangeiros. Haviam sido organizados eventos, conferências e visitas a hospitais e centros para deficientes. Era nossa oportunidade de mostrar ao mundo os efeitos do bloqueio imposto a 1,5 milhão de pessoas."
Claudette Habesch, secretária-geral da Cáritas Jerusalém, expressou seu desconforto com a situação atual: "Neste mês, o bloqueio completará quatro anos. Nós sabemos perfeitamente como são duras as condições de trabalho de nosso pessoal, e como as pessoas se sentem isoladas. Estão desesperadas e desiludidas, já não esperam por um futuro melhor a curto prazo. O ataque brutal contra a frota cortou a linha vital de esperança e solidariedade entre todos os habitantes de Gaza, até mesmo entre os agentes da Cáritas confinados a esta pequena faixa de terra".
A Cáritas Jerusalém exortou todos os seus colaboradores a pressionarem Israel para que respeite as leis internacionais e a Convenção de Genebra, que prevê a proteção de civis desarmados e de agentes humanitários.
"O bloqueio a Gaza - lê-se em um comunicado da Cáritas Jerusalém - é um ato ilegal e desumano de punição coletiva que favorece apenas os extremistas. Agora deve acabar."
A Cáritas Jerusalém administra, desde 2003, um posto de saúde que fornece assistência médica, psicológica e social a mais de 2 mil pacientes em Gaza. Uma unidade móvel atende a parcela da população que não tem acesso à assistência médica.
Com a Operação Chumbo Fundido, deflagrada em 2009 pelas forças armadas israelenses na Faixa de Gaza, a Cáritas passou a fornecer tendas aos desabrigados, bem como alimento e itens de primeira necessidade à população atingida.
Desde então, apenas uma parte dos graves danos causados pela ofensiva israelense em moradias, infraestruturas civis, serviços públicos, propriedades agrícolas e comércio pôde ser reparada, uma vez que a população civil e as agências de ajuda humanitária estão proibidas de importar materiais como cimento e vidro.
Segundo a Anistia Internacional, o bloqueio, iniciado em junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, incrementou drasticamente a pobreza e contribuiu para que 8 em cada 10 pessoas ficassem dependentes de alguma forma de ajuda. Comércio e agricultura foram obrigados a fechar e a demitir seus funcionários. Uma proibição praticamente total das exportações afeta profundamente os agricultores e é agravada por uma ofensiva militar que já destruiu 17% das terras de cultivo, das estufas e dos mecanismos de irrigação, deixando outros 30% inutilizáveis nas intransitáveis zonas temporárias de segurança, ampliadas pelo exército israelense depois do fim da ofensiva.
Fonte: Zenit.
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