terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Príncipe que quer dar voz aos cristãos do Oriente Médio

Depois de ser recebido no Vaticano pelo Papa Francisco, o príncipe Gharios, líder legítimo da casa de Ghassan, a única dinastia cristã do Oriente Médio, deu uma entrevista à ZENIT na qual lançou um apelo para defender e salvaguardar o cristianismo do Oriente Médio .
O príncipe argumentou que temos de estar perto das pessoas, e que temos de "sujar as mãos" e lutar até o último suspiro, a fim de envolver todo o mundo para proteger os cristãos no Oriente Médio. Nascido no Brasil, o príncipe mudou-se para Los Angeles. Abriu uma residência na Jordânia para ajudar as pessoas carentes de toda a região.
A família de sua avó paterna era greco-ortodoxa e o avô maronita. Quando chegaram no sul do Brasil, não havia nenhuma igreja maronita em sua cidade, por isso participaram de uma Igreja Católica Romana. Crescido em uma família italiana, o príncipe Gharios tem o orgulho de pertencer à Igreja católica romana.
O príncipe Gharios recebeu muitos reconhecimentos formais e informais de governos e autoridades de todo o mundo. Em 2014, recebeu um reconhecimento especial do Congresso dos Estados Unidos. Recebeu o título de Cavaleiro do Santo Sepulcro, uma das honras pontifícias, e também recebeu o reconhecimento de Sua Santidade o Papa Tawadros II da Igreja copta Ortodoxa, bem como de vários líderes religiosos e líderes políticos muçulmanos e cristãos.
Ghassan é uma das mais antigas dinastias árabes. Convertidos ao cristianismo nos primeiros séculos depois de Cristo. Sobreviventes das perseguições, permaneceram como cristãos nas comunidades melquitas e sírias. Estão presentes na Jordânia, Síria e Líbano. Os Ghassanides são bem conhecidos no Oriente Médio. Pertencem às comunidades dos Ghassan o patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, e o vigário patriarcal para a Jordânia, Mons. Maroun Lahham. ZENIT entrevistou o príncipe Gharios de Ghassan.


 Na Jordânia surgiu o seu papel de porta-voz dos cristãos perseguidos. O que o convenceu a apoiar esta missão?

Príncipe Gharios: Em primeiro lugar, a urgência da questão. Com o aumento das perseguições e o ritmo das migrações não temos muito tempo. Poderia acontecer que daqui a 20 anos desapareçam os cristão no Oriente Médio. E precisamos recordar que estas terras foram o berço do cristianismo. Aqui estão as igrejas mais antigas, e infelizmente correm o risco de serem apagadas na frente dos nossos olhos. Estou plenamente de acordo com o Papa Francisco quando critica a “globalização da indiferença” e apoia “o ecumenismo do sangue”. Não posso ignorar os apelos do Papa, não só porque as minhas raízes são cristãs, mas porque sinto o dever de tutelar não só o meu povo, mas todos os cristãos.

Poderia falar um pouco mais sobre a situação dos cristãos perseguidos e as ameaças a que estão submetidos?

Príncipe Gharios: Não existe só a perseguição, mas também razões econômicas obrigando a emigração dos cristãos para outros Países. Ajudar os refugiados sírios, palestinos e iraquianos juntamente com o povo do Líbano e Egito. Ouvir as histórias de suas tragédias e ver as suas lágrimas me deu uma compreensão única. Senti a gravidade e a urgência da situação, por isso temos de agir agora. Tenho a impressão de que o cristianismo do Oriente Médio seja como um paciente com parada cardíaca. É necessário uma forte sacudida com o desfibrilador, para salvar o paciente.

 Quais são seus planos para ajudá-los? Existe alguma ação concreta que pode ser feita? Vocês receberam o apoio de outras denominações cristãs, bispos ou patriarcas do Oriente?

Príncipe Gharios: É urgente criar uma única voz para os cristãos no Oriente Médio. A ideia é a de criar um Conselho que reúna todas as denominações cristãs do Oriente Médio com o compromisso de defender e representar os interesses cristãos na região. A primeira tarefa será a de levar ajuda e alívio para os refugiados cristãos. O Conselho será baseado nos mesmos critérios das Nações Unidas, a fim de gozar da representação das Nações Unidas e de ser reconhecido como organização de Observadores da ONU. O projeto é unificar as vozes e as exigências cristãs do Oriente Médio sem interferir na independência e liberdade de cada denominação. O Conselho organizado dessa forma poderá otimizar o diálogo inter-religioso na região envolvendo conjuntamente também os muçulmanos e judeus. Neste contexto, o diálogo ecumênico vai crescer muito. É importante que os cristãos do Oriente Médio, falem com uma só voz, resultado da cooperação dos Bispos, Patriarcas, comunidades cristãs das diversas confissões. Falei sobre esse projeto e já tive o apoio de muitos líderes, especialmente do Patriarcado Latino de Jerusalém, da Igreja Maronita e da Igreja Copta Ortodoxa. Do ponto de vista político, tenho grande respeito e admiração por Sua Majestade o Rei Abdullah II (rei da Jordânia, ndr) e pelo seu falecido pai, o rei Hussein, e um relacionamento muito bom com alguns príncipes e princesas da casa real. Estão seriamente empenhados em defender e servir o seu povo. Sobre a tolerância, o respeito e a convivência, a Jordânia é um exemplo não só para o Oriente Médio, mas para todo o mundo.

 Em maio e junho, você esteve em Roma para encontrar membros da Cúria vaticana e também o Papa Francisco. Com quem se encontrou e quais foram os comentários e reações?

Príncipe Gharios: Tive dois encontros breves com o Papa Francisco, e não vejo a hora de discutir a situação e as minhas propostas diretamente com ele. Encontrei-me com o cardeal Kurt Koch (presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos) e o Cardeal Leonardo Sandri (prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais). Ambos são homens santos. O cardeal Koch mostrou-se muito interessado nas nossas ideias.

 Quais os próximos passos?

Príncipe Gharios: Estamos reunindo consensos e apoio para o Conselho Cristão do Oriente Médio. Continuarei a trabalhar em todo o mundo para proteger os cristãos no Oriente Mèdio e também para promover o legado dos Ghassanides. Precisamos de toda a ajuda que puderem obter e das orações porque a tarefa que nos propusemos é colossal. As pessoas interessadas podem contactar-nos visitando o site: www.ghassan.org ou escrevendo para: info@princegharios.com

Fonte: Zenit.

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